Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

sexta-feira, 22 de julho de 2016

Carta Capital: Cunha pode ter grampeado Temer

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Reportagem da revista Carta Capital deste fim de semana revela que o interino Michel Temer pode ter sido grampeado pelo deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na reunião fora da agenda que ambos tiveram no Palácio do Jaburu; no encontro, Cunha teria lembrado Temer sobre "antigas parcerias", citando a Lei dos Portos, votada em 2013 depois que o deputado conseguiu incluir um trecho que favoreceria o grupo Libra, que atua em Santos; depois disso, a Libra doou R$ 1 milhão para Temer – "dinheiro recebido pelo peemedebista em uma empresa aberta por ele para gerenciar recursos que repassaria a candidatos amigos"; na conversa, Temer teria percebido a arapuca de Cunha e reagido aos gritos com o parlamentar 

247 – Uma reportagem da revista Carta Capital, do jornalista André Barrocal, publicada neste fim de semana, revela que o interino Michel Temer pode ter sido grampeado pelo deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na reunião fora da agenda que ambos tiveram no Palácio do Jaburu.
No encontro, Cunha teria lembrado Temer sobre "antigas parcerias", citando a Lei dos Portos, votada em 2013 depois que o deputado conseguiu incluir um trecho que favoreceria o grupo Libra, que atua em Santos.
Depois disso, a Libra doou R$ 1 milhão para Temer – "dinheiro recebido pelo peemedebista em uma empresa aberta por ele para gerenciar recursos que repassaria a candidatos amigos."
Na conversa, Temer teria percebido a armadilha e, por isso, estaria tenso, às vésperas do impeachment.  "Ao sentir que poderia cair numa arapuca, o presidente em exercício teria reagido aos gritos com Cunha, no relato de uma pessoa ligada a Temer. Teria o deputado afastado gravado o interino em alguma outra oportunidade?", questiona a reportagem.
Barrocal lembra, ainda, que Cunha conseguiu mudar a lei para favorecer o grupo Libra. "A versão original da lei, proposta por medida provisória, proibia a renovação de contratos de arrendamento por terminais inadimplentes com o poder público. Era o caso de Libra, que há anos tenta na Justiça rever seu contrato com a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), um feudo político de Temer. Uma dívida bilionária, em valores atuais", diz ele. "Graças a Cunha, a Câmara inseriu na Lei um dispositivo que retirava o veto à renovação de contratos por inadimplentes. Mais: incluiu a possibilidade de litígios contratuais serem resolvidos em comissão de arbitragem, ou seja, longe dos tribunais, com membros indicados pelas partes.""
Leia, aqui, a íntegra da reportagem.

Congressistas americanos denunciam golpe no Brasil

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Nos Estados Unidos, a denúncia sobre a farsa do impeachment de Dilma Rousseff, encampada por grandes jornais como o The New York Times, ganha força agora entre parlamentares norte-americanos. Em carta a John Kerry, 33 parlamentares pedem ao secretário de Estado que se abstenha de declarações favoráveis ao golpista Michel Temer (PMDB); "Nosso governo deve expressar sua forte preocupação com as circunstâncias que envolvem o processo de impeachment e exigir a proteção da Constituição democrática no Brasil", afirmam os signatários do documento 

Por Esmael Morais

 Nos Estados Unidos, a denúncia sobre a farsa do impeachment de Dilma Rousseff, encampada por grandes jornais como o The New York Times, ganha força agora entre parlamentares norte-americanos. Em carta a John Kerry, 33 parlamentares pedem ao secretário de Estado que se abstenha de declarações favoráveis ao golpista Michel Temer (PMDB). A sugestão de matéria é de Paulo Henrique Amorim, do Conversa Afiada.
Congressistas dos EUA denunciam a ilegalidade do impeachment

por Miguel Martins, com Eduardo Graça, na CartaCapital

Em uma carta enviada na sexta-feira 22 a John Kerry, secretário de Estado, 33 congressistas do Partido Democrata e diversas entidades sociais e sindicatos, entre eles a influente Federação Americana do Trabalho e Congresso de Organizações Industriais, pediram ao integrante do governo de Barack Obama e provável representante norte-americano nas Olimpíadas do Rio de Janeiro para lidar de forma cautelosa com as "autoridades interinas" brasileiras e de se abster de declarações ou ações passíveis de serem vistas como um apoio dos Estados Unidos à campanha contra a presidenta eleita.

"Nosso governo deve expressar sua forte preocupação com as circunstâncias que envolvem o processo de impeachment e exigir a proteção da Constituição democrática no Brasil", afirmam os signatários do documento ao qual CartaCapital teve acesso.

A carta seria endereçada a Kerry na segunda-feira 25, mas teve o envio antecipado após seu vazamento para a embaixada do Brasil em Washington. Ao receber a missiva, o Luiz Alberto Figueiredo Machado, embaixador do Brasil nos EUA, encaminhou uma réplica aos signatários na quarta-feira 20, na qual defende a legalidade do processo de impeachment.

O esforço de Machado em convencer os congressistas a rever sua posição mostra como a carta é incômoda para o governo interino. A estratégia não deu certo. Em tréplica, o deputado democrata Alan Grayson afirmou esperar que a correspondência dos parlamentares "ajude a Administração a rever sua posição política em relação ao que aconteceu no Brasil".

"Este não é um julgamento legal, mas político, onde dois terços de um Senado tomado pela corrupção podem dar fim ao mandato de Dilma", afirmam os parlamentares e entidades na correspondência a Kerry. "O processo de impeachment está sob críticas de irregularidades de procedimentos, corrupção e motivações políticas desde seu início. O governo dos EUA deveria expressar sua preocupação sobre a ameaça às instituições democráticas que se desdobra em um dos nossos mais importantes aliados econômicos e políticos da região."

A carta tece duras críticas ao presidente interino: "Michel Temer chegou ao poder e imediatamente substituiu uma administração progressista, diversa e representativa por outra que inclui apenas homens brancos a anunciar planos de impor a austeridade, a privatização e uma agenda de extrema-direita". O documento lista ainda o pacote de maldades prometido pelo governo interino e a "divisão profunda" da sociedade brasileira.

A carta relata também a queda do ex-ministro Romero Jucá por causa da divulgação de sua conversa com Sérgio Machado, operador do PMDB na Lava Jato e um dos delatores da operação, e registra a decisão do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo que considerou Temer ficha-suja e o tornou inelegível, "incluindo para o cargo que atualmente ocupa", por oito anos.

Os congressistas e entidades alertam Kerry do fato de Dilma Rousseff jamais ter sido acusada de corrupção e que as pedaladas fiscais, motivo alegado para seu afastamento, são "práticas utilizadas largamente em todos os níveis de governo no Brasil, incluindo seus dois antecessores".

Em conclusão, os congressistas e entidades se dizem preocupados com os sinais emitidos pelo governo americano que "podem ser interpretados como um apoio" ao afastamento de Dilma. "Pelo fato de muitos brasileiros terem rotulado o processo de impeachment como um 'golpe' contra a presidenta brasileira eleita, é especialmente importante que as ações dos EUA não sejam interpretadas como favoráveis ao impeachment."

Eles lembram ainda que, em 19 de abril, dois dias após a Câmara dos Deputados ter votado o afastamento de Dilma, o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) reuniu-se com Thomas Shannon, subsecretário de Estado para Assuntos Políticos. "Essa medida foi interpretada como um gesto de apoio ao afastamento de Dilma do cargo."

Ao saber do conteúdo da carta, o embaixador Figueiredo enviou a réplica a cada um dos congressistas afirmando estar "surpreso". "Permita-me esclarecer que o processo de impeachment de Dilma Rousseff está sendo realizado de acordo com as exigências da lei brasileira", afirma o diplomata. "A Constituição brasileira está sendo respeitada de forma rigorosa pelas três esferas de governo, um fato que pode ser corroborado a partir de uma análise cuidadosa e imparcial."

"Eu sublinho que a firme batalha contra a corrupção tem o apoio da grande maioria da população brasileira e tem gerado demonstrações de admiração e apreciação da comunidade internacional", emenda o embaixador, para então defender o interino. "Temer expressou publica e repetidamente seu comprometimento na luta contra a corrupção e em manter o ritmo das investigações em curso no Brasil livres de qualquer tipo de viés político ou partidário".

Em uma linha semelhante à desqualificação do New York Times por seus editoriais críticos ao impeachment, o embaixador afirma que considerar o processo manchado por "irregularidades, corrupção e motivações políticas" revela "desconhecimento do sistema jurídico brasileiro".

A carta segue o discurso falacioso. "O respeito às regras orçamentárias esteve presente no Brasil em cada Constituição brasileira como um dever que um dirigente público não pode negligenciar." O festival de enganação não arrefece até o último alento.

"O embaixador não reconhece problema algum com o processo, apesar de diversas organizações internacionais, veículos de mídia, intelectuais, acadêmicos, organizações da sociedade civil, artistas, mulheres e grupos de direitos humanos terem manifestado uma séria preocupação com a falta de transparência do processo", diz Maria Luísa Mendonça, coordenadora da rede Social Justiça e Direitos Humanos.
Resta saber se Kerry, também democrata, se sensibilizará com a denúncia de seus correligionários quando vier ao Brasil para os Jogos Olímpicos.

Abaixo, a íntegra das cartas dos congressistas e de Figueiredo:

https://drive.google.com/file/d/0BzuqMfbpwX4wUDlma2FEbF9DRDQ/view

A voz das ruas: Fora, Temer!


A voz das ruas: Fora, Temer!

 
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 Emir Sader
 - Quero a verdade. Tragam-me números.

Essa ilusão quantitativa que por tanto tempo teve vigência na opinião pública não leva em conta o quanto os números escondem ou podem esconder a realidade. O desmascaramento das pesquisas do Datafalha escancara a manipulação feita pelas pesquisas e como trataram de influencias na opinião pública.

Por si só o fato de que os dois mais importantes institutos de pesquisas até aqui – o Ibope e o Datafolha – tivessem vínculos políticos muito diretos – um com a Globo, o outro com a Folha -, que tem posições partidárias claras há anos no Brasil, já demonstrava a falta de isenção deles. Ainda mais se sabemos que faziam as pesquisas quando lhes interessava, sobre os temas que lhes interessavam, com as perguntas voltadas para as respostas que lhes interessavam.

À luz desse desmascaramento do Datafalha, podemos olhar para tras e reconsiderar os consensos fabricados na opinião pública, que se tornaram verdades estabelecidas, embora forjadas na cozinha dos institutos de pesquisa. Passaram a ideia de um isolamento formidável do Lula em 2005, mas um ano depois o Lula foi reeleito. Massacram o Lula durante todo seu segundo mandato, mas ele o concluiu com popularidade de 87%.

Mais recentemente, as manipulações foram mais escandalosas. Imaginar que a Dilma poderia, em poucas semanas, baixar de mais de 50% de apoio a menos 10%. E se valer disso para propagar que a voz das ruas pedia o impeachment, o que serviu como argumento político para parlamentares que não tinham argumento sobre crimes de responsabilidade, mas que diziam estar sintonizados com as ruas. Mesmo quando obviamente as ruas passaram a ser ocupadas pelos movimentos populares, a mídia seguiu, nos seus editoriais, a se apropriar das ruas, como se as antigas pesquisas, manipuladas, lhes dessem esse direito.

Agora tanto as ruas, como as próprias pesquisas, feitas pelos mesmos órgãos da direita, apontam em outra direção: a voz das ruas quer Fora Temer. 81%, escondidos na pesquisa do Datafolha, não querem Temer, não querem o golpe, querem o Fora Temer.

Apesar de perderem todas as eleições presidenciais desde 2002, os editoriais da velha mídia usam plurais majestáticos para tentar passar seus interesses particulares pelos interesses do país. O Brasil não quer o golpe, não quer o Temer, não acredita mais na velha mídia.

Depois de intoxicar a cabeça dos brasileiros de que o problema fundamental do pais é a corrupção (do PT, claro), buscam confirmar isso nas suas pesquisas, com as formulações capciosas, que favorecam as respostas que lhes interessam, que serão destacadas devidamente nas manchetes.

Mas nessa mesma pesquisa já devidamente desmoralizada, se anunciar que a corrupção seria a principal preocupação dos brasileiros. Mas logo em seguida vem a saúde, o desemprego, a educação que, somados, superam a corrupção. Portanto os problemas sociais seguem sendo a maior preocupação dos brasileiros, ao contrário do que anunciam os arautos do golpe.

O país mudou muito desde aquele vergonhoso domingo circense preparado pela mídia, de que fazia parte uma suposta voz das ruas a favor do golpe. Agora a voz das ruas, vista nas ruas, e presente nas pesquisas, é outra: a grande maioria dos brasileiros, mais de 4 em 5, quer o Fora Temer.