Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Gabrielli defende Petrobrás de ataque do PiG (*)

O preço de um titulo PBR, equivalente a ações da empresa no mercado de NY, saiu de 3,67 dólares em 31/12/2002 para 55,31 dólares em 1/08/2008, aumentando 15 vezes, até que veio a crise de 2008.

Na foto, o Estadão. Recomendação do amigo navegante Pall Kunkanen


Saiu no Blog do Dirceu:


Carta-resposta de José Sérgio Gabrielli a Suely Caldas

Prezado Editor,
Prezada Suely Caldas

Respeitando inteiramente seu direito de opinião, gostaria também de ter direito de discordar e emitir minha opinião contraria sobre o artigo assinado e publicado no Estado de São Paulo de hoje, 19/08/2012, pagina B2,  em que sou mencionado várias vezes.

De acordo com Suely Caldas, parece que a Petrobras viveu uma intensa crise de confiança, durante os oito anos de gestão de Lula na presidência da República e o tempo que fiquei na direção da Petrobras. O preço de um titulo PBR, equivalente a ações da empresa no mercado de  NY, saiu de 3,67 dólares em 31/12/2002 para 55,31 dólares em 1/08/2008, aumentando 15 vezes, até que veio a crise de 2008. Mesmo depois da crise, em finais de 2011, o valor da PBR era US24,67, o que equivalia a 6,7 vezes o seu valor de antes do tempo em que a equipe indicada pelo presidente Lula assumisse a direção da companhia em 2003.

Ela diz que entre Agosto de 2008 e Dezembro de 2011 o valor de Mercado da Petrobras caiu quase à metade devido, segundo ela, a “interferência política nos negócios”(sic). De acordo com a nossa prestigiada analista econômica e politica essa seria a principal causa da “intensa crise de confiança vivida pela estatal”.

Vamos aos fatos:

1. A chamada crise não parece se manifestar na opinião dos analistas do mercado financeiro que acompanham a Petrobras. De acordo com a empresa, no seu site público, nenhum, repito nenhum, dos analistas de 21 corretoras que negociam ações  no Brasil e das 18 que negociam no exterior, recomenda a venda de ações da empresa. Nenhum analista!

2. No mesmo período mencionado pela autora o valor do real caiu de 1,55 reais por dólar para 1,87 reais por dólar. A conta da Doutora Suely Caldas deixaria de ser uma perda de valor de mercado em dólares de 48,8%, para ser uma queda de 38% do valor de mercado em reais. Esses 10% de diferença não têm nada a ver com a causa suposta pela autora.

3. O preço do petróleo internacional, elemento fundamental para a precificação do valor de mercado das empresas petrolíferas, estava em 124,1 dólares em final de julho de 2008, caiu para US$35,82 em finais de dezembro de 2008, atingindo 108,9 dólares em dezembro de 2011, o que significa uma perda de 12% de valor internacional do barril de Brent associado a variação dos preços externos. Não me consta que o preço internacional do barril de petróleo tenha a ver com a interferência política de Lula na Petrobras.

4. Todas as empresas do mercado de ações do mundo sofreram perdas decorrentes da crise financeira posterior a queda do Lehman Brothers, que pediu concordata em 15/09/2008. Isso também não foi causado por influencias politicas na Petrobras.

5. A comparação com a Ecopetrol e com a Vale é uma mistura de empresas completamente dispares em seus ciclos. A Ecopetrol, uma empresa colombiana com forte base em petróleo onshore, iniciando seu processo de entrada no mercado de capitais e a Vale, uma grande exportadora de minério de ferro, que tem seu valor altamente correlacionado com o preço dessa mercadoria, com vendas internas muito pequenas em relação ao seu faturamento total. O movimento dos seus valores de mercado têm muito mais relações com o momento do ciclo de cada uma de suas mercadorias em relação ao Petróleo, do que a comparação entre as gestões das empresas.

6. Foi o ciclo de expansão das expectativas sobre as perspectivas de crescimento da produção offshore da Petrobras a principal razão do descolamento do crescimento de seu valor de mercado anterior a 2008.  A grande valorização o anterior à crise, a enorme capitalização (a maior da história do capitalismo) da empresa em 2010 e o melhor conhecimento sobre as realidades do gigantesco potencial do pré-sal ajustaram as expectativas e colocaram ancoras na elevação do valor de suas ações, durante a recuperação pós Lehman Brothers. Nada disso foi influência da política brasileira.

7. Segundo a Doutora Suely Caldas os efeitos da “ruinosa interferência política”(sic) do Presidente Lula sobre a Petrobras foram muito nocivos para a empresa. De acordo com apresentação da Presidente Graça Foster, no 13o. Encontro Internacional da FIESP, em 7/08/2012 o Brasil cresceu sua produção de petróleo de 73% de 2000 a 2011, durante o período nefasto à la Suely Caldas, contra um crescimento mundial de 12%. A produção de gás cresceu 61% contra 36% do mundo, as reservas cresceram de 73% contra 38% do mundo.

8. Entre 2000 e 2011, o Brasil cresce 729% de capacidade de geração de energia a Gás Natural, 124% a energia a óleo e atinge 1,3 mil MW de capacidade de geração de energia eólica. Em todo esse crescimento, o papel da Petrobras foi fundamental.

9. A Petrobras construiu parcerias com mais de 120 universidades e centros de pesquisa no Brasil, pais que está vivendo uma extraordinária expansão do seu mercado de derivados de petróleo. Durante o período “ruinoso” segundo a autora do artigo, de Lula e da Presidenta Dilma, de 2000 a 2011, o mercado de combustíveis, que vinha de uma longa estagnação, se acelera.  De acordo com dados da presidente Graça, a demanda de gasolina subiu 49% no período, contra uma expansão mundial de apenas 15%. No diesel, a diferença entre o Brasil e o mundo é de 43% a 29%, no QAV foi de 53% e -2%. Crescimento econômico, distribuição de renda e boa politica econômica sob o comando dos dois presidentes é o que explica essa diferença.

A Doutora Suely Caldas perdeu a objetividade por causa de seus preconceitos ideológicos.  Como toda boa jornalista ela deveria pesquisar um pouco para informar aos seus leitores que, durante os nove anos em que estive na Diretoria da Petrobras, o numero de mudança de diretores foi das menores da história da empresa e sempre com profissionais com reconhecida competência em suas áreas de conhecimento.  Eu substitui o presidente Dutra, depois de quase três anos de Diretor Financeiro, o diretor Paulo Roberto substituiu o diretor Manso no Abastecimento, a atual presidente Graça Foster substituiu o diretor Ildo Sauer na Diretoria de Gás e o diretor Zelada substituiu Nestor Cervero na Internacional. Foram somente essas trocas de comando nos nove anos  em que estive na direção executiva da maior empresa da América Latina, em um período em que ela viveu extraordinário crescimento.

Todos podem ter a ideologia que quiser. O que o jornalista deve evitar é ser contaminado pela sua e perder a objetividade.

Despedindo-me
Atenciosamente

Jose Sergio Gabrielli de Azevedo
Secretario do Planejamento do Estado da Bahia, professor titular licenciado da UFBa e ex-CEO e ex-CFO da Petrobras.

(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

Gramado monta um santuário do gauchismo de espetáculo

Depois não entendem por que somos motivo de gozação no Brasil inteiro
 
Em setembro de 2004 eu escrevi um pequeno artigo que chamei de “A Disneylândia de bombacha”, publicado no portal da Agência Carta Maior (leia aqui).
Neste artigo, eu brincava que se o movimento tradicionalista gaúcho (MTG) “tivesse bala na agulha, ousadia, empreendedorismo, poderia associar-se à Walt Disney Corporation no sentido de negociar o direito de ser objeto da dramaturgia materializada em parques temáticos e embalsamar mitologias e histórias”. O MTG, assim, “poderia montar uma mega Disneylandia de bombachas, que é a aspiração mais legítima do tradicionalismo de espetáculo”.
Pois, ontem, lendo o jornal Zero Hora, noto que esse artigo despretensioso foi uma espécie de vaticínio. Em Gramado, segundo o jornal do bairro Azenha, alguém montou uma Disneylândia mirim com temática baseada no mito do gaúcho. O jornal não identifica os “vivarachos”, responsáveis por esse caça-níqueis para arrancar dinheiro de turista desavisado.
Gramado e Canela viraram a sede de oportunistas que montaram uma usina de tradições inventadas. Eles exploram vários imaginários visando transformá-los em mercadorias para a demanda turística: o Natal cristão, o mundo do chocolate, uma ideia de cultura europeia transplantada, uma estética arquitetônica germano-suíça, uma confusa gastronomia da quantidade e do entulho (vide o chamado café-colonial), e a estética do frio, que nos últimos anos exagerou na dose a ponto de inventar a virtualidade da neve (em combinação com a mídia regional).
Todos esses elementos são - evidentemente - fakes, conscientemente falsificados, um simulacro mal ajambrado de um fantasmático imaginário de classe média calcado em ícones da infância-adolescência dos indivíduos. Mas um elemento se destaca pela autenticidade e uma certa originalidade: o festival de cinema, com altos e baixos na organização das edições anuais. Mas isso é outra história, e merece uma análise própria.
Gramadocanela (a conurbação-grife) se transformou numa linha de montagem de produtos turísticos voltados para iludir um público ingênuo e predisposto ao autoengano.
O mito do gaúcho ainda estava de fora deste cenário de espetáculo. Agora não está mais. Foi inaugurado ontem (17/8) o Parque do Gaúcho, que segundo o jornal ZH, “é um santuário de estancieiros e indígenas”.
A matéria vai mais além na confusão e na mistura de conceitos tomados emprestados da biologia (“miscigenação”), da antropologia (etnias autóctones), da economia regional da Campanha (a unidade produtiva da estância latifundiária, voltada para a economia mercantil de exportação, subordinado ao circuito mercantil inglês do século 19), e da sociologia (o gaúcho, como constructo mítico do homem-síntese do Rio Grande do Sul, outrora um tipo socialmente marginal, hoje, um gentílico aceito quase universalmente).
O jornal garante que o gaúcho resulta da miscigenação do estancieiro com o indígena. Ora, isso é de uma impossibilidade total. Zero Hora quer cruzar biologicamente - vejam só - um sujeito econômico (estancieiro) com um sujeito étnico-autóctone (índio) e garantir que o resultado disso é o constructo ideológico chamado “gaúcho”. Nem o mais fértil dos mentirosos (ou ficcionista) poderia conceber tal sujeito, fruto híbrido de uma “bricolage” improvável - a combinação não entre seres biológicos - mas entre o tipo ideal (Weber) da economia e o tipo ideal da etnia, que lograram parir o tipo ideal ideológico - o gaúcho. Sem esquecer que esse tipo ideal ideológico ainda sofreu uma completa repaginação moral, que o transformou no seu contrário, uma vez que originalmente era tido como um pária social e passou a ser o gentílico ufanista de todo um povo.
Não satisfeita com esse insólita unidade de materiais tão distintos, numa bricolage que não para de pé, o jornal Zero Hora ousa agregar outra dimensão cultural para sustentar a narrativa do nosso improvável “gaúcho”: refiro-me à religião, uma vez que ao festejado Parque do Gaúcho de Gramado está sendo conferido o grau de “santuário”. É isso mesmo, o gaúcho está sendo entronizado em um santuário em Gramado, ou seja, o antigo andarilho guasca (“sem rei, sem lei e sem fé”), sempre vivendo no limite da lei, da ordem, e da moral vigente, hoje ascende à condição do sagrado, do augusto e do divino.
Eu suspeito mesmo que essa gente desconhece o alcance da tolice que acabaram de cometer e que pode colocar o estado do Rio Grande do Sul e sua gente como objeto de deboche e escárnio dos demais "gauchos" do Uruguai e da Argentina, bem como dos demais brasileiros.
Inventar tradições é uma prática cultural admitida no mundo todo, especialmente depois que o turismo virou uma grande indústria que gera emprego e renda para milhões de pessoas em todos os lugares onde é incentivado. Mas como na arte da literatura de ficção, no Direito e na ciência Estatística não se pode violar um atributo intocável, o da verossimilhança. A narrativa do tal “gaúcho” não pode estar divorciada da realidade, é necessário que haja uma probabilidade de verdade na relação entre ideia e imagem.
Ademais essa súbita divinização do “gaúcho”, além de constituir um exagero passível de troça e riso viral, é um fator de exclusão de tudo quanto a cultura sul-rio-grandense tem de rica e variada. O RS tem certamente o mais colorido mosaico étnico-cultural do Brasil, somos imbatíveis neste quesito. Temos uma coleção de contribuições de nacionalidades e etnias europeias, de etnias autóctones, de afrodescendentes (Porto Alegre é a cidade brasileira com o maior número de manifestações ativas das religiões africanas, mais do que Salvador da Bahia.), etc. Por que, então, representar o sul-rio-grandense somente através do unidimensional “gaúcho”? Está certo, a expressão “gaúcho” virou um gentílico (como carioca, por exemplo), mas daí a garantir que esta projeção idealizada se transforme no sagrado (com direito a santuário), vamos convir, é encaminhar requerimento urbi et orbi para que sejamos motivo de raro estranhamento. De zombaria, mesmo.


P.S.: Alô, editores de Zero Hora, a palavra cacimba se escreve assim: cacimba, e não cassimba, como vocês permitiram escrever e publicar, em claro desrespeito ao público leitor. Ou “consumidor”, como vocês dizem nas internas. Ver fac-símile ao lado.




 

 

 

Recebo mensagem do santuário gaucheiro


A resposta está aqui abaixo:


Aguardemos, pois. E puxem um banco.

Tucana preconceituosa quer alugar o blog

 
 
Caso vocês se lembrem da existência de uma tal Daniela Schwery, a dita cuja veio a esse espaço querendo responder a uma crítica com espaço dez vezes maior do que o usado pelo crítico. Mesmo eu tendo colocando a fonte e o nome do crítico a infeliz nem leu e respondeu com a ignorância que lhe é peculiar como se estivesse respondendo a mim. 

Sorry, periferia: espaço para a direita já existe demais, aqui não. 

Isso é só uma parte, tem mais...

 
 

Daniela Schwery, uma tucana legítima


Piadinha básica do dia:


Um prédio de 4 andares foi totalmente destruído pelo fogo; um incêndio terrível.

Todas as pessoas das 10 famílias de Sem-teto, que haviam invadido o 1º andar, filhos de presidiários que ganham salário de R$ 850,00, faleceram no incêndio.

No 2º andar, todos os componentes das 12 famílias de retirantes, que viviam dos proventos da "Bolsa Família", também não escaparam.

O 3º andar era ocupado por 4 famílias de ex-guerrilheiros, todos beneficiários de ações bem sucedidas contra o Governo, filiados a um ParTido politico influente, com altos cargos em estatais e empresas governamentais, que também faleceram.

No 4º andar viviam engenheiros,médicos, advogados, professores, empresários, bancários, vendedores, comerciantes e trabalhadores com suas famílias. Todos escaparam. Imediatamente a "Presidenta da Nação" e toda a sua assessoria mandou instaurar um inquérito para que o "Chefe do Corpo de Bombeiros" explicasse a morte dos "cumpanheiros" e por que somente os moradores, do 4º andar haviam escapado.

O Chefe dos Bombeiros respondeu:

- "Eles não estavam em casa. Estavam trabalhando."


A MELHOR DO ANO ATÉ AGORA

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Resposta de Eremita na Cidade

Vamos tentar comentar esse balde de preconceito e deboche da população pobre que a tucaninha tornou público:

1) Filhos de presidiários NÃO GANHAM R$ 850,00. Trata-se de um SEGURO (que quem trabalha PAGA por ele; você não sabe porque não é trabalhadora). Quanto aos sem teto, devo lembrar que após o crime contra a humanidade patrocinado pelo governador de São Paulo e o Prefeito de São José dos Campos, ambos do seu partido - PSDB - agora contamos com mais deles;

2) As famílias de retirantes, por acaso, devem ter saído de estados como Alagoas, Roraima e Pará, governados pelo seu partido - o PSDB. O bolsa família serve para complementar a miséria que você e seus coleguinhas pagam para eles, em troca do que vocês consideram serviços menores (construir casas, consertar carros, limpar);

3) Apesar de não concordar com a tese da luta armada, devo alertá-la que as famílias de ex-guerrilheiros perderam seus entes queridos, que foram assassinados enquanto um dos seus líderes, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso chegava em Paris, fugindo do segundo golpe de Estado que ele não teve coragem para enfrentar;

4) Só pela formação do quarto andar do seu texto infeliz, já sabemos que você não tem contato algum com a realidade. E quer ser vereadora? Quais são suas propostas como vereadora? Matar os sem-tetos e expulsar os "retirantes"?

Lugar de tucano é na floresta, voando e livre. Não elejam candidatos do PSDB. É o partido que vendeu a Vale. Não elejam Daniela Schwery, que além de bradar ódio aos pobres, não conhece nada sobre sua cidade.

 
 

 

Assange acusa EUA de caça às bruxas contra Wikileaks







*Cresce a solidariedade a Assange: Pérez Esquivel, Prêmio Nobel da Paz, acusa a Inglaterra de colonialista por desrespeitar o asilo político oferecido pelo Equador e apoiado pela Unasul; Esquivel teme pela vida de Assange (leia mais nesta pág.) 



Em sua primeira aparição pública em dois meses, falando da sacada da embaixada do Equador em Londres, Julian Assange acusou os Estados Unidos de levar adiante uma “caça às bruxas contra Wikileaks” e a liberdade de imprensa. Assange também pediu a libertação do soldado Bradley Manning, suspeito de ser a fonte dos documentos secretos estadunidenses que Wikileaks difundiu em 2010, alguns meses antes de ser iniciada uma investigação contra Assange na Suécia por supostos delitos sexuais contra duas mulheres. O artigo é de Marcelo Justo, direto de Londres.

Londres - Em sua primeira aparição pública em dois meses, falando desde a sacada da embaixada do Equador em Londres, Julian Assange acusou os Estados Unidos de levar adiante uma “caça às bruxas contra Wikileaks” e a liberdade de imprensa. Assange agradeceu ao Equador e a cada um dos governos da América Latina pelo apoio recebido, ao mesmo tempo em que pediu a libertação do soldado Bradley Manning, suspeito de ser a fonte dos documentos secretos estadunidenses que Wikileaks difundiu em 2010, alguns meses antes de ser iniciada uma investigação contra Assange na Suécia por supostos delitos sexuais contra duas mulheres.

Assange não colocou o pé para fora da embaixada como havia insinuado a organização Wikileaks, pelo twitter, depois que o Equador concedeu-lhe o asilo diplomático: isso teria sido brincar com fogo. O Reino Unido está esperando um passo em falso para poder prendê-lo sem ter que violar a imunidade diplomática. A estratégia para poder falar a seus seguidores e apresentar um rosto desafiador à opinião pública mundial foi usar a sacada da embaixada. Alguns operários foram vistos trabalhando pela manhã em uma janela que se comunicava com uma sacada da embaixada, na qual Assange apareceu de gravata, formal e tenso, em um pouco usual domingo caloroso em Londres.

Lendo um papel, Assange disse que o Reino Unido estava pronto quarta-feira à noite para invadir a embaixada equatoriana e que a presença de seus seguidores evitou isso. “Na quarta-feira à noite, depois da ameaça enviada a esta embaixada e de a polícia ter cercado o edifício, vocês saíram no meio da noite e trouxeram com vocês os olhos do mundo. Dentro da embaixada, à noite, eu podia escutar as equipes da polícia subindo as escadas da saída de emergência. Se o Reino Unido decidiu não violar a Convenção de Viena foi porque o mundo estava olhando”, disse Assange.

A Convenção de Viena de 1961 especifica o conceito de imunidade diplomática, pelo qual a embaixada de um país é considerada parte inviolável de seu território. Na já famosa nota que a embaixada britânica passou para a chancelaria equatoriana na quarta, o Reino Unido lembrava o governo de Rafael Correa que uma lei de 1987 – o Diplomatic and Consular Premises Act – permitia-lhe revogar o status diplomático de uma missão estrangeira se esta “não fosse usada para seu propósito específico”.

Na quinta, o chanceler britânico William Hague esclareceu que não estavam ameaçando invadir a embaixada do Equador, mas sim simplesmente informando esse país sobre a legislação britânica. Não foi isso que entendeu o Equador nem o resto da América Latina. O governo de Rafael Correa pediu uma reunião da Organização de Estados Americanos para debater o tema da imunidade diplomática e neste fim de semana obteve o apoio da Unasul e da Alba.

Em sua mensagem neste domingo, Assange agradeceu especificamente ao presidente equatoriano e ao seu povo. “Agradeço ao presidente Correa pela coragem que mostrou ao conceder-me o asilo político. Agradeço também ao governo e ao chanceler Ricardo Patiño que respeitou a Constituição e sua noção de direitos universais”, disse Assange. O fundador de Wikileaks pediu ao presidente Barack Obama que renunciasse à caça às bruxas” empreendida contra sua organização, que terminasse com a investigação levado a cabo pelo FBI e se comprometesse a não perseguir judicialmente os trabalhadores e simpatizantes do Wikileaks.

O pedido de asilo político ao Equador se fundamenta em que, por detrás da investigação policial sueco e o pedido da justiça desse país para interroga-lo, está a possibilidade de que Assange seja extraditado para os Estados Unidos, onde poderia ser condenado a morte. O Equador informou que solicitou garantias aos Estados Unidos, Suécia e Reino Unido de que isso não ocorreria, mas não recebeu tais garantias de nenhum destes países.

Se é verdade que os EUA não pediram ao Reino Unido a extradição de Assange, nem o acusaram formalmente, seu desejo ficou claro tanto em nível do Executivo – o vice-presidente Joe Biden chamou Assange de “terrorista high-tech” – como do Congresso – foi acusado por congressistas de ambos partidos – e da Justiça – em abril de 2011 se constituiu um grande júri na Virgínia para decidir sobre o início de ações legais.

O advogado de Assange, Baltasar Garzón, assinalou ontem que o fundador do Wikileaks autorizou-o a iniciar todas as ações legais correspondentes para reclamar “seus direitos e os de Wikileaks que estão sendo violentados tantos nos aspectos legais como nos financeiros”. Garzón solicitou ao Reino Unido que lhe outorguem um salvo conduto para abandonar o país e assinalou que Assange está disposto a “responder ante a Justiça, mas com garantias mínimas que têm qualquer cidadão”.

Quanto ao salvo conduto, o Reino Unido foi explícito que não vai concedê-lo
porque tem que cumprir com suas obrigações legais e internacionais: a justiça britânica decidiu em todas as suas instâncias, incluindo a corte suprema, a favor da sua extradição para a Suécia.

A outra possibilidade cogitada pelos advogados de Assange é que a Suécia o interrogue pessoalmente na embaixada do Equador ou por vídeo, via internet. A Suécia se negou expressamente no passado a ceder sobre esse ponto. O governo considerou ofensivo que o Equador duvide sobre a transparência e equanimidade de sua justiça. No momento, tudo leva a pensar que Julian Assange passará bastante tempo no pequeno escritório que ocupa na embaixada equatoriana.

O caso judicial
Em agosto de 2010, Assange era uma das pessoas mais odiadas pelos Estados Unidos por causa da publicação dos “diários afegãos” e de outros materiais secretos. No centro da atenção global, Assange viajou a Suécia para participar de várias conferências, convidados por seus seguidores. Em Estocolmo, teve relações sexuais com duas mulheres suecas, Anna Ardin e Sofía Wilen. Isso não é negado nem por Assange nem pelas duas mulheres, mas é o único consenso. As duas mulheres foram a uma delegacia para informar-se sobre o perigo de contrair uma enfermidade sexual por terem praticado sexo sem preservativo. Com base nisso, a promotoria iniciou uma investigação pelos delitos de assédio sexual e coação física no caso de Ardin e de violação no de Wilen.

Um problema linguístico: na Suécia a tradução literal da acusação é “sexo com surpresa”. Em um caso a mulher disse que Assange começou e continuou a relação apesar de o preservativo ter se rompido; no outro, ele teria se negado a usar preservativo. Segundo Wilen, a relação, no seu caso, havia começado quando ela estava adormecida, sem preservativo, apesar dela ter dito anteriormente que não aceitaria uma relação assim, mas depois ela concordou em ter a relação. No segundo caso, “ele estava em cima dela e ela sentiu que ele queria inserir seu pênis em sua vagina sem preservativo e ela tentou fechar as pernas e quis várias vezes agarrar um preservativo, mas Assange impediu segurando seus braços”.

Em uma primeira instância da investigação, a justiça sueca desconsiderou o caso que foi retomado por uma nova promotora que conseguiu que as autoridades suecas solicitassem em novembro de 2010 o pedido de extradição ao Reino Unido. A tormenta não parou e tem uma curiosidade. Assange não foi acusado de nada. No momento, a polícia só quer interrogá-lo.

Tradução: Katarina Peixoto


Fotos: The Guardian

A MÍDIA E O ÓDIO À POLÍTICA

A mesma edição dominical da 'Folha' que critica o horário eleitoral gratuito --que começa nesta 3ªfeira-- identificado como um instrumento impositivo, oneroso e de má qualidade, oferece ao leitor um suplemento ilustrativo de sua contribuição ao aperfeiçoamento do debate nacional. Um encarte na forma de quadrinhos, que almeja reverter o desinteresse pelo julgamento do chamado mensalão, condensa todo um coquetel tóxico de preconceito e generalização colegial. O conjunto está na raiz da infantilização e das deformações da vida política que o jornal critica. Aos bordões típicos do  ódio conservador aos partidos, sobretudo os progressistas, subjaz uma dissimulada genuflexão ao agonizante credo neoliberal, a saber: tudo o que não é mercado é corrupção; tudo o que não é mercado é ineficiente; tudo o que não é mercado é irrelevante, é descartável e suspeito. (LEIA MAIS AQUI)



O problema da mídia não é este Lula, são os próximos


 

Recebo telefonema de amiga que fiz nesta página ao longo dos anos. De lá das Minas Gerais, ela, vez por outra, demonstra acreditar na opinião deste seu criado e vem saber dele que rumo tomará a política após o processo eleitoral e o julgamento do mensalão.
Refletimos que Lula deve ser o primeiro ex-presidente a sofrer oposição após cumprir seu mandato, como se ainda estivesse governando.
Impressiona a máquina publicitária de destruição política mobilizada contra o ex-presidente, contra seu partido e contra o governo de seu partido.
O Ministério Público Federal e, agora, a Folha de São Paulo fizeram cartilhas para crianças contando a história do mensalão. Os telejornais repetem, a cada edição, as acusações como se fossem sentenças condenatórias.
O plano de infraestrutura anunciado por Dilma só é comentado por um aspecto ruim para o governo, de ser prova da demagogia pretérita do PT quanto a privatizações.
Lula é arrolado por jornais, revistas e blogs como réu oficioso do mensalão.
Reflito muito sobre a preocupação em aliciar crianças para a visão política da mídia e da oposição. Tentam implantar na mente delas o que as pesquisas de opinião mostram que não conseguem implantar na mente dos adultos.
Chega a ser incompreensível todo esse aparato. Lula é um sexagenário doente – ao menos durante os próximos cinco anos, até que se constate se ficou ou não livre do câncer.  Quando ou se ficar livre da doença, será septuagenário.
Alguém já parou para pensar em quanto dinheiro já foi gasto para tentarem destruir a biografia de Lula? A mídia usa uma bomba atômica para tentar matar um coelho. Então você se pergunta: por quê?
A questão da mídia com Lula não é com ele, especificamente, mas com os próximos Lulas que poderão surgir se o primeiro terminar sua carreira política sem ser desmoralizado.
Por isso a mídia tenta fazer Lula, José Dirceu e o PT de exemplos do que acontece com quem a desafia. Para que não surjam outros Lulas, que nem precisarão ser retirantes nordestinos de origem humilde e sem formação universitária. Poderão ser de classe média ou até rica.
O que definirá os novos Lulas que surgirão se a mídia continuar fracassando em suas sucessivas tentativas de destruir politicamente o Lula original será a ousadia de desafiarem os que julgam que não podem ser desafiados.
Não se pode prever o fim disso. É um poder imensurável o que está sendo mobilizado. Milhões de dólares financiam a campanha de destruição política da “ideologia lulista”. Há uma busca por qualquer coisa que possa ser usada contra ele que já dura mais de duas décadas.
Será que um aparato que conta com televisão, rádio, internet, a cúpula do Ministério Público, setores inteiros do Judiciário, uma tropa de parlamentares e uma montanha de capital (inclusive estrangeiro) tem como fracassar na destruição de um único homem?
*
Estou no quarto de hospital com Victoria desde a tarde de quinta-feira. Há 72 horas velo por minha filha. Não posso sair de perto dela por mais do que alguns minutos a cada vez, no máximo para ir até a lanchonete do hospital tomar um café e depois fumar um cigarro.
O estado de torpor da menina é induzido por medicação e pelo cansaço dos sucessivos abalos físicos. A situação parece me contaminar. Bate um desalento.
A saúde de Victoria se soma a um sentimento de impotência contra uma campanha politiqueira hipócrita e injusta que esbofeteia quem sabe do que é feita.
Eis que adentra o quarto a jovem enfermeira que vem manipular minha filha em seu sono interminável. Enquanto a atende, demonstra curiosidade sobre o que tanto escrevo. Relato a atividade de blogueiro político e tento saber da moça o que ela sabe sobre política.
A jovem de vinte e poucos anos é filha de um casal paraibano. Conversamos sobre o preconceito contra nordestinos em São Paulo e ela relata o que seu pai lhe contou que sofreu quando aqui chegou com a esposa e a filha no ventre.
Quero saber se acredita no que a mídia diz de Lula, do PT e do mensalão. Ela olha para os lados, como se quisesse certificar-se de que não é ouvida.
Confidencia que, para ela, é tudo mentira. Diz que “querem” destruir Lula porque ele ajudou seu povo e “eles” não gostam de nordestinos. Diz que as coisas melhoraram principalmente para quem mais precisa. E atribui tudinho a Lula.
Entra a chefe das enfermeiras no quarto. Uma oriental. A conversa com a filha de paraibanos termina por iniciativa dela…
Volto à tela do computador para concluir o post. Os sentimentos depressivos, a sensação de impotência, a indignação com a injustiça e a dor pela situação de minha filha parecem menos pesados. Talvez eu deva confiar mais neste povo. E em Victoria.
*
Contudo, minha filha não está nada bem. A doença está cada vez mais pesada. As complicações se amontoam. Agora, além dos problemas motores, pulmonares e cognitivos, há uma úlcera enorme. E ela não desperta. Já dorme há quase 24 horas.
Enquanto isso, estou há quase três dias praticamente sem dormir neste quarto de hospital. Isso, claro, deixa a pessoa meio deprimida, vendo fantasmas maiores e mais numerosos do que realmente são, ainda que fantasmas existam.