Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Gramado monta um santuário do gauchismo de espetáculo

Depois não entendem por que somos motivo de gozação no Brasil inteiro
 
Em setembro de 2004 eu escrevi um pequeno artigo que chamei de “A Disneylândia de bombacha”, publicado no portal da Agência Carta Maior (leia aqui).
Neste artigo, eu brincava que se o movimento tradicionalista gaúcho (MTG) “tivesse bala na agulha, ousadia, empreendedorismo, poderia associar-se à Walt Disney Corporation no sentido de negociar o direito de ser objeto da dramaturgia materializada em parques temáticos e embalsamar mitologias e histórias”. O MTG, assim, “poderia montar uma mega Disneylandia de bombachas, que é a aspiração mais legítima do tradicionalismo de espetáculo”.
Pois, ontem, lendo o jornal Zero Hora, noto que esse artigo despretensioso foi uma espécie de vaticínio. Em Gramado, segundo o jornal do bairro Azenha, alguém montou uma Disneylândia mirim com temática baseada no mito do gaúcho. O jornal não identifica os “vivarachos”, responsáveis por esse caça-níqueis para arrancar dinheiro de turista desavisado.
Gramado e Canela viraram a sede de oportunistas que montaram uma usina de tradições inventadas. Eles exploram vários imaginários visando transformá-los em mercadorias para a demanda turística: o Natal cristão, o mundo do chocolate, uma ideia de cultura europeia transplantada, uma estética arquitetônica germano-suíça, uma confusa gastronomia da quantidade e do entulho (vide o chamado café-colonial), e a estética do frio, que nos últimos anos exagerou na dose a ponto de inventar a virtualidade da neve (em combinação com a mídia regional).
Todos esses elementos são - evidentemente - fakes, conscientemente falsificados, um simulacro mal ajambrado de um fantasmático imaginário de classe média calcado em ícones da infância-adolescência dos indivíduos. Mas um elemento se destaca pela autenticidade e uma certa originalidade: o festival de cinema, com altos e baixos na organização das edições anuais. Mas isso é outra história, e merece uma análise própria.
Gramadocanela (a conurbação-grife) se transformou numa linha de montagem de produtos turísticos voltados para iludir um público ingênuo e predisposto ao autoengano.
O mito do gaúcho ainda estava de fora deste cenário de espetáculo. Agora não está mais. Foi inaugurado ontem (17/8) o Parque do Gaúcho, que segundo o jornal ZH, “é um santuário de estancieiros e indígenas”.
A matéria vai mais além na confusão e na mistura de conceitos tomados emprestados da biologia (“miscigenação”), da antropologia (etnias autóctones), da economia regional da Campanha (a unidade produtiva da estância latifundiária, voltada para a economia mercantil de exportação, subordinado ao circuito mercantil inglês do século 19), e da sociologia (o gaúcho, como constructo mítico do homem-síntese do Rio Grande do Sul, outrora um tipo socialmente marginal, hoje, um gentílico aceito quase universalmente).
O jornal garante que o gaúcho resulta da miscigenação do estancieiro com o indígena. Ora, isso é de uma impossibilidade total. Zero Hora quer cruzar biologicamente - vejam só - um sujeito econômico (estancieiro) com um sujeito étnico-autóctone (índio) e garantir que o resultado disso é o constructo ideológico chamado “gaúcho”. Nem o mais fértil dos mentirosos (ou ficcionista) poderia conceber tal sujeito, fruto híbrido de uma “bricolage” improvável - a combinação não entre seres biológicos - mas entre o tipo ideal (Weber) da economia e o tipo ideal da etnia, que lograram parir o tipo ideal ideológico - o gaúcho. Sem esquecer que esse tipo ideal ideológico ainda sofreu uma completa repaginação moral, que o transformou no seu contrário, uma vez que originalmente era tido como um pária social e passou a ser o gentílico ufanista de todo um povo.
Não satisfeita com esse insólita unidade de materiais tão distintos, numa bricolage que não para de pé, o jornal Zero Hora ousa agregar outra dimensão cultural para sustentar a narrativa do nosso improvável “gaúcho”: refiro-me à religião, uma vez que ao festejado Parque do Gaúcho de Gramado está sendo conferido o grau de “santuário”. É isso mesmo, o gaúcho está sendo entronizado em um santuário em Gramado, ou seja, o antigo andarilho guasca (“sem rei, sem lei e sem fé”), sempre vivendo no limite da lei, da ordem, e da moral vigente, hoje ascende à condição do sagrado, do augusto e do divino.
Eu suspeito mesmo que essa gente desconhece o alcance da tolice que acabaram de cometer e que pode colocar o estado do Rio Grande do Sul e sua gente como objeto de deboche e escárnio dos demais "gauchos" do Uruguai e da Argentina, bem como dos demais brasileiros.
Inventar tradições é uma prática cultural admitida no mundo todo, especialmente depois que o turismo virou uma grande indústria que gera emprego e renda para milhões de pessoas em todos os lugares onde é incentivado. Mas como na arte da literatura de ficção, no Direito e na ciência Estatística não se pode violar um atributo intocável, o da verossimilhança. A narrativa do tal “gaúcho” não pode estar divorciada da realidade, é necessário que haja uma probabilidade de verdade na relação entre ideia e imagem.
Ademais essa súbita divinização do “gaúcho”, além de constituir um exagero passível de troça e riso viral, é um fator de exclusão de tudo quanto a cultura sul-rio-grandense tem de rica e variada. O RS tem certamente o mais colorido mosaico étnico-cultural do Brasil, somos imbatíveis neste quesito. Temos uma coleção de contribuições de nacionalidades e etnias europeias, de etnias autóctones, de afrodescendentes (Porto Alegre é a cidade brasileira com o maior número de manifestações ativas das religiões africanas, mais do que Salvador da Bahia.), etc. Por que, então, representar o sul-rio-grandense somente através do unidimensional “gaúcho”? Está certo, a expressão “gaúcho” virou um gentílico (como carioca, por exemplo), mas daí a garantir que esta projeção idealizada se transforme no sagrado (com direito a santuário), vamos convir, é encaminhar requerimento urbi et orbi para que sejamos motivo de raro estranhamento. De zombaria, mesmo.


P.S.: Alô, editores de Zero Hora, a palavra cacimba se escreve assim: cacimba, e não cassimba, como vocês permitiram escrever e publicar, em claro desrespeito ao público leitor. Ou “consumidor”, como vocês dizem nas internas. Ver fac-símile ao lado.




 

 

 

Recebo mensagem do santuário gaucheiro


A resposta está aqui abaixo:


Aguardemos, pois. E puxem um banco.

sexta-feira, 20 de julho de 2012

A história de Saraiva, um tucaninho em campanha. Ou, como se criam os fascistas

Ontem o candidato do PT a prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, foi interrompido por quatro “manifestantes” durante atividade de campanha realizada no Brás. Os quatro rapazes, que se diziam estudantes de universidades federais, seguravam cartazes de protesto pedindo solução para a greve nessas universidades .
Haddad tentou conversar com o grupo, mas a ação parecia orquestrada. E era. Um deles ficava gritando:  “Em quanto tempo o senhor resolve? Em quanto tempo o senhor resolve? Em quanto tempo a gente pode voltar a estudar?”
Após a saída de Haddad, um dos manifestantes se colocou à disposição dos jornalistas para entrevistas, onde afirmou: “Ele quer ganhar a eleição, mas não consegue resolver um problema com professor, não consegue fazer um Enem”. Indagado sobre em quem votaria na eleição municipal, o distinto garoto afinou o bico e disse: “Não vou declarar voto porque não sou líder de nada”, afirmou.
Eles podem não ser líderes de nada, mas são manifestantes de nada também. Na verdade, são tucanos em campanha usando os métodos que José Serra sempre usa nas suas campanhas. Quem desvendou o fato foi o pessoal do PenseNovo. Mas como eu gosto de tucaninhos, resolvi dar uma pesquisadinha a mais.
Um deles se chama Marcos Saraiva e tem 20 anos. Novinho para ser tão cara-de-pau. No facebook do “manifestante” nenhuma menção ao fato dele estudar, ou já ter estudado,  em alguma universidade federal. Por outro lado, o que não faltam são referências a sua paixão pelo PSDB. Entre elas, uma foto sua ao lado do senador Alvaro  Dias, líder do PSDB no Senado.
Além de tucano, Saraiva é anti-comunista. Na mesma página no Facebook ele publica um emblema do CCC (Comando de Caça aos Comunistas), grupo de extrema-direita que realizou atentados e agressões contra estudantes, artistas e intelectuais durante a ditadura militar.
Vejam alguns outros tweets do moço que não é “líder de nada”:
Tweet de 13 de julho:
@gabriel_chalita insiste em fazer missa na campanha, não adianta pedir a Deus, o povo conhece o melhro candidato, é @joseserra_ !
Troca de Tweets entre Tripoli e Saraiva em 13 de Julho:
@marcossaraiva_ festa merecida! Abração
@ricardotripoli vamos tomar um café na segunda?
E não é que já tomaram café juntos mesmo!
Tweet de 16 de julho:
Hey @Haddad_Fernando como funciona ser funcionario da @MartaSenadora e depois puxar o tapete dela? É legal?
Mas a tucanisse do Saraivinha não para por aí. Ele mantém o blog http://marcossaraiva45.wordpress.com/, onde se define da seguinte maneira: “Sou irredutivelmente Capitalista (mas nunca capitalista selvagem), sou TUCANO no amago de meu ser apoiando sempre o Partido da Social Democraia Brasileira”. E vejam com quem ele aparece na foto. Tcham, tcham, tcham…

Saraiva ao lado de Geraldo Alckmin no Palácio dos Bandeirantes (Foto: Reprodução / Facebook)
Não foi só o “manifestante” Saraiva que foi desmascarado. Ha um outro rapaz que aparece no vídeo do PenseNovo é Victor Ferreira, secretário da Juventude Tucana. Ferreira tomou posse no cargo em abril deste ano.
Diante da cara de pau da militância tucana (são poucos, mas existem), o presidente do PT municipal de São Paulo e coordenador da campanha de Fernando Haddad, vereador Antônio Donato, publicou uma nota de repúdio, no site do diretório municipal do partido, onde classifica a atitude dos tucanos como lamentável e fascista.
Tem toda razão. E este blogueiro sujo tem dito o tempo todo por aí. Só tenho uma certeza em relação a este eleição: ela vai ser suja. Com o Serra na disputa, não existe campanha limpa.
(Colaborou: Felipe Rousselet)

terça-feira, 23 de agosto de 2011

UDN já tem seu futuro ministro da educação

AFINIDADE: O pres. Zezinho emocionou-se ao ler a biografia do seu futuro ministro da educação.
O Mais Preparado dos Brasileiros, o futuro pres. Zezinho, já está pensando na composição de seu ministério, quando assumir o lugar que é seu, por direito, em 2015.
Dada a importância que dá ao tema, o primeiro nome já definido pelo Presidente de Nascença é o futuro ministro da educação.
Trata-se de um ilustre parlamentar udenista, o Sr. Dario Bueno (PFL-SP), vereador de Jacareí-SP e grande educador pátrio. Ele é, carinhosamente,  chamado por seus amigos, correligionários e familiares de Dario Burrro, em uma clara brincadeira com seu intelecto superior.
INTELECTUAIS QUADRÚPEDES: o Sr. Burrro costuma convidar o Cachorro-Lagosta para seus saraus literários em Jacareí.
O Sr. Burrro (foi necessário acrescentar um terceiro “r” por conta do tamanho incomum de sua inteligência), tem se notabilizado pelo seu compromisso com o magistério e seu grande amor aos educadores pátrios, comparável apenas à ternura devotada pelo Almirante do Tietê a  essa maltratada classe.
O importante parlamentar asinino já aceitou o convite do Maior dos Educadores Brasileiros, e declarou-se honrado em ocupar a cadeira que já foi de Jorge Bornhausen, Hugo Napoleão e Jarbas Passarinho.
Talento disputado
Enquanto 2015 não chega, algumas das principais lideranças da UDN estão disputando a o auxílio do Sr. Burrro como secretário de educação, já que o petista ignorante que é prefeito de sua cidade despreza a contribuição desse novo Anísio Teixeira.
NA HORA CERTA: Geraldinho do Vale estava à procura de um novo educador, depois que seu Chalita mudou de lado e de preferências.
O muy amigo do pres. Zezinho, Geraldinho do Vale, já convidou o Sr. Burrro para assumir a secretaria estadual de educação. Ao convidá-lo, disse que o Sr. Burrro era o nome ideal para continuar o legado do inesquecível Paulo R. Gates de Souza, primeiro como secretário estadual, depois como ministro.
Também o pitta de estimação do pres. Zezinho tem assediado o Sr. Burrro para assumir  a direção da Secretaria Municipal de Educação. Além disso, Tancredo Neves tem cogitado convidá-lo à assumir a pasta da educação em sua pirâmide administrativa em Minas Gerais.
Comentário da tia Carmela
QUADRILHA: O futuro ministro da educação adora as festas juninas da UDN.
O Zezinho sempre gostou de burros. Quando ele era criança, na Mooca tinha o seu Odair, um peixeiro que passava todo dia vendendo peixe em sua carroça puxada por um burrinho. O Zezinho gostava de ir olhar o burrinho, quando ele passava. Uma vez, ele inventou que o burrinho era capaz de falar, e convenceu o Reinaldinho Cabeção, que foi conversar com o burro, que, é claro, não respondia. O Reinaldinho Cabeção foi se queixar ao Zezinho, que disse: o burro não quer conversar com você porque você é mais burro que ele. O Reinaldinho Cabeção voltou chorando pra casa. No dia seguinte, os dois estavam brincando quando o seu Odair apareceu, com o burrinho puxando a carroça. O Reinaldinho Cabeção, todo animado, virou para o Zezinho e disse: Zezinho, será que hoje o burro vai querer falar comigo?

sexta-feira, 1 de abril de 2011

A vida secreta dos economistas do sistema


Nos editoriais e aparições públicas, os economistas acadêmicos não costumam revelar seus investimentos em – ou contratos com – instituições financeiras privadas, que poderiam influir em suas recomendações políticas. Mas desde que dois investigadores expuseram uma série de potenciais conflitos de interesse entre membros de sua profissão, os economistas estão agora, pela primeira vez, levando em consideração regras éticas que os obrigariam a divulgar qualquer conexão entre suas finanças pessoais e as políticas públicas que eles defendem. O artigo é de Mica Uetricht.

Se os norteamericanos soubessem que alguns dos economistas que defendem publicamente as desregulações financeiras, que contribuíram para desencadear a Grande Recessão, aproveitaram-se de sua implantação, sentiriam-se mais interessados por elas?

É difícil saber, porque nos editoriais e aparições públicas, os economistas acadêmicos não costumam revelar seus investimentos em – ou contratos com – instituições financeiras privadas, que poderiam influir em suas recomendações políticas. Mas desde que dois investigadores expuseram uma série de potenciais conflitos de interesse entre membros de sua profissão, os economistas estão agora, pela primeira vez, levando em consideração regras éticas que os obrigariam a divulgar qualquer conexão entre suas finanças pessoais e as políticas públicas que eles defendem.

No ano passado, os economistas Gerald Epstein e Jessica Carrick-Hagenbarth, da Universidade de Massachusetts Amherst, publicaram um trabalho intitulado “Economistas financeiros, interesses financeiros e recantos obscuros dessa combinação”. Sugeriam uma causa da crise até então não explorada: os economistas não previram o colapso porque muitos deles estavam se beneficiando das políticas que levaram ao desastre. “Os economistas, como muitos outros, tinham incentivos perversos para não reconhecer a crise”, escrevem Epstein e Carrick-Hagenbarth no trabalho que foi publicado pelo Instituto de Investigação de Economia Política, de tendência de esquerda, de sua universidade.

O estudo examinou 19 economistas financeiros, acadêmicos e anônimos, cujas opiniões foram proeminentes nos meios de comunicação durante a promoção de reformas financeiras e depois do colapso do mercado. Treze dos acadêmicos tinham interesses ou contratos com instituições financeiras, cujos investimentos poderiam aumentar de valor se e quando as sugestões dos economistas se convertessem em política. Oito destes treze não revelaram tais conflitos de interesse.

Epstein disse que o silêncio dos economistas acerca dos perigos da desregulação pode ser atribuído em parte aos interesses econômicos destes acadêmicos: “Se você é um economista financeiro e ganha milhares de dólares trabalhando para uma empresa financeira, que pode estar menos inclinada a empregar-te caso se pronuncie publicamente a favor de uma reforma financeira, vai pensar duas vezes antes de defender tal reforma”.

Em 2006, a Câmara de Comércio da Islândia pagou a Frederic Mishkin, professor da Columbia Business School e ex-governador do Conselho de Administração do Federal Reserve (o banco central dos EUA), 124 mil por participar de um estudo sobre a situação financeira da Islândia, no qual explicou muitos dos fatores que logo iam provocar a implosão da economia do país. O documento Inside Job (“Trabalho interno”), vencedor de um Oscar, explica que, em seu currículo, Mishkin mudou o título do estudo “Estabilidade financeira na Islândia” por “Instabilidade financeira na Islândia”.

American Economics Association (AEA), organização profissional de economistas acadêmicos, não tem regras éticas que proíbam ou exijam a manifestação deste tipo de conflito de interesse, além de alguns requerimentos a respeito de trabalhos apresentados à publicação da organização. De fato, normalmente o organismo não tem nenhum tipo de código ético oficial.

Epstein e Carrick-Hagenbarth distribuíram uma carta em janeiro, assinada por quase 300 economistas, defendendo a criação desse código. “Acreditamos que seria um passo importante e necessário para reforçar a credibilidade e a integridade da profissão”, dizia a carta.

Parece que teve algum efeito. Em sua conferência de janeiro em Denver, a AEA anunciou a criação de um comitê para desenvolver regras éticas. (Ironicamente a identidade dos membros do comitê manteve-se secreta, ainda que, segundo Epstein, o organismo vá revelar seus nomes em futuro próximo). Representantes da AEA não quiseram fazer comentários sobre o progresso do comitê.

Outras ciências sociais, como a sociologia, têm cláusulas éticas que requerem uma clareza total acerca de conflitos de interesse potenciais em discursos públicos, artigos e publicações acadêmicas. Epstein sabe que um código ético para economistas não consertará a economia do país. Mas sua reclamação é um passo na direção de políticas financeiras mais morais. “Um código de ética não é uma panaceia”, diz. “Mas pode ajudar a criar um ambiente no qual a economia e os economistas possam se considerar mais responsáveis”.

(*) Micah Uetricht, antigo editorialista de In These Times, é membro da redação da revista eletrônica de Chicago Gaspers Block e Campus Progress. Já escreveu também para Alternet, YES!, Labor Notes, Truthout.org e The Indypendent. Atualmente vive em Chicago e pode ser contatado em micah.uetricht@gamil.com.

Tradução: Katarina Peixoto

quarta-feira, 16 de março de 2011

O “déficit zero” não tinha sido um sucesso?


O povo gaúcho – em especial, o leitor de Zero Hora – foi bombardeado nos últimos quatro anos por notícias que anunciavam e elogiavam a fantástica recuperação das finanças do Rio Grande do Sul, façanha maior do governo tucano de Yeda Crusius, o badalado “déficit zero”.
Não é preciso ser técnico em finanças, qualquer cidadão bem informado sabe que o “déficit zero” foi uma fórmula fantasiosa criada para esconder a desordem financeira estrutural que surgiu e se agrava no estado. Essa desordem tem inúmeras causas, todas decorrentes de decisões insensatas e imprudentes de quase todos gestores públicos estaduais das últimas quatro décadas e que resultaram numa enorme dívida fundada e num imenso passivo judiciário. Dívida contratual, aliás, cujas condições – extremamente prejudiciais -, foram negociadas por um governador ex-funcionário da RBS, portanto íntimo da casa e à época o número 1 na lista dos “queridinhos de ZH”. Além disso, há uma grande despesa com os aposentados – hoje representam mais de 50% da folha – que significa um crescente déficit previdenciário. Nada disso avançou um milímetro no governo Yeda.
O que Yeda fez foi obter uma pequena melhora no equilíbrio receita-despesa à custa do desvio de bilhões e bilhões de reais que deveriam ser destinados à saúde e à educação e não o foram; à custa de um forte arrocho salarial e do sucateamento dos serviços essenciais. Só nas áreas da educação e na saúde o número de servidores ativos diminuiu 10%.
Yeda que, até o último minuto de seu governo, insistiu na absurda tese do “déficit zero” tentou um “grand finale”, um golpe de mestre, verdadeiro “fecho de ouro” para seu desastrado governo. Ao rufar de tambores e ao som de fanfarras, anunciou a herança bendita: deixava 3,6 bilhões em caixa para o novo governo que assumia! Os desavisados e mal informados soltaram foguetes e festejaram o “milagre”.
Ledo engano, farsa barata. Poucos dias depois o secretário da Fazenda que assumia anunciava o quadro real: déficit orçamentário, dívida de bilhões no caixa única e cofres zerados. A farsa do “déficit zero” virou fumaça.
ZH – em especial a sua página 10 – dá agora um giro de 180 graus. Passa a anunciar, com destaque e constante repetição a “novidade”: a crise das finanças estaduais! Nas entrelinhas, subliminarmente passa a ideia de que com o novo governo surge uma nova realidade, que maus ventos começam a soprar nos céus do Rio Grande. Mas o déficit zero não tinha sido um sucesso?
Paulo Muzell

terça-feira, 1 de março de 2011

Bomba ! Bomba ! O day after do Cerra ! KKKK....Olha a cara dos cornos!!!!!


The Day After (the election)


Jatinho Pigtasso (Tenho Porque Posso), Cessna Citation XLS+,

US$ 11,6 milhões (Paulo Afro precisaria de mais 7,6)


TV LED 15′ (sempre sintonizada na Piglobo), mostrando resultado das eleições 2010,

R$ 600


Chapéu de Coroné autografado por ACM, “O DEMO-mor”,

R$ 699


Latinha de Cachaça Pitu 473 ml, importada da terra do Nunca Dantes,

R$ 3,99


Fivela com boi, a mais alta condecoração concedida a um político traído pelos eleitores cearenses,

R$ 45 (homenagem ao casal45)


Chapéu papal Saturno-Galero do Padim Padre Cerra,

R$ 300 (homenagem ao Aloysio300)


Orelhas e Nariz de PIGnóquio, autenticados pelo Richard PigMolina durante a campanha,

R$ 6000 (salário mínimo do Padim)


Crucifixo usado para ganhar os votos das beatas indecisas de Guarulhos,

R$ 15


Garrafa de cachaça Pitu Gold, comprada para comemorar a vitória? para uma mulher,

R$ 69


Bolinha de Papel, materialização incontestável da propaganda enganosa do PIG-JN,

R$ 6000 (salário mínimo do Itaético)


Saber que todas as taxas de sucesso não foram suficientes para impedir esse

porre-derrota e dar gargalhadas com esta cena patética…,


N ã o   T e m    P r e ç o!


-


Oi Homer,


Aqui vai uma do Padim com o Coroné!

divirta-se!

Jliano

PIG IconoLEAKS

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Vice de Serra quis punir quem dá esmola



Imagine uma senhora caminhando pela rua e se deparando com uma outra mulher, muito pobre, pedindo esmolas. Comovida pela situação, que nenhum de nós gostaria de ver alguém passar, a senhorinha abre a bolsa e oferece um trocado, sugerindo que o dinheiro seja usado para comprar um alimento para a criança. Mas eis que surge um guarda municipal, interpela a solidária senhora e avisa: a senhora está multada!

Pois foi exatamente isso que o vice “mauricinho” de José Serra propôs quando foi vereador no Rio de Janeiro. Em projeto de lei (nº 558), de 1997, obviamente rejeitado, Índio da Costa tentou proibir o ato de esmolar no município.

E como pretendia que o poder público proibisse o ato de esmolar? “Aquele que for apanhado esmolando, será recolhido a albergue ou centro de atendimento”. E “quem doar esmola pagará multa a ser definida pelo Poder Executivo”. 

Se o mendigo ficasse lá, deitado na rua, sem pedir esmola, não seria atendido pelo poder público. Afinal, a lei previa que fosse recolhido para albergue aquele que fosse apanhado esmolando. E o cidadão compungido pela miséria humana ficava tolhido de tentar ajudar, mesmo que momentaneamente, aqueles que mais necessitam.

Na justificativa apresentada para seu edificante projeto, Índio da Costa afirmava que a mendicância vinha se acentuando a cada dia, com “famílias inteiras molestando os transeuntes com pedidos insistentes e até ameaçadores”.

O jovem vereador, externando desde cedo sua ideologia de direita, tachava a mendicância de “vício” e dizia que “tais indivíduos fazem desse ato sua profissão.”

A Índio não interessava as causas da pobreza e a desestruturação que provoca em famílias inteiras. Como uma Sandra Cavalcanti de calças curtas, devia, no fundo, sonhar com um tempo onde a indiferença dos governos permitiu acontecerem monstruosidades como aquelas do Rio da Guarda. Não se dá conta que essa enorme quantidade de pessoas em situação limite foi acumulada em décadas de estagnação econômica que, além de eliminar o emprego, tirou de muita gente a fé no trabalho como ferramenta de uma vida digna. Décadas num país que crescia a taxas ínfimas, comandado por uma coligação entre seu partido e os tucanos. 

Seu projeto reacionário teve vida curta, assim como sua irresponsável candidatura a vice-presidente, que termina derrotada em quatro meses, se é que sobrevive até lá.
Brizola Neto em seu Blog

sábado, 11 de setembro de 2010

Veja é um panfleto sujo de uma campanha suja


A Veja não é jornalismo, é panfleto sujo
Tijolaço, do Brizola Neto

Este senhor, famoso na Chicago dos anos 30, não faria melhor na direção da Veja
Quero registrar de público meu aplauso à reação pronta e dura da Ministra Erenice Guerra ao monte de lixo publicado hoje pela Veja, acusando-a e ao seu filho de reberem propinas para intermediarem negócios públicos. Reagiu como devem reagir pessoas de bem, não gaguejando explicações, mas partindo para cima de seus ofensores com a civilizada arma do processo judicial.

A vocês, posso dizer que, depois de três anos e meio circulando em Brasília, que é literalmente impossível que um rapaz, filho da pessoa que todos sabemos ser braço direito – e, agora ela própria Ministra – da Casa Civil estivesse vendendo lobby a empresários na capital. Isso ia correr à boca pequena no máximo por alguns poucos dias e logo estouraria. Não há segredos deste tamanho em Brasília que não sejam cochichados ou virem boatos.

Se há algo que deploro, neste assunto, foi a ministra ter recebido o enviado da Veja como jornalista e prestado os esclarecimentos que julgou necessário. Uma autoridade do Governo, ao ser procurada pela Veja, deve imediatamente munir-se de uma câmara, um gravador e um advogado. Porque certamente se estará preparando ali um ato de delinqüência político-eleitoral.

A história da Veja não bate, nem precisa bater. Não é jornalismo, é patifaria. A Veja é um panfleto sujo de uma campanha suja.