Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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terça-feira, 26 de agosto de 2014

O Brasil espremido entre dentaduras e dentadas


Enquanto a dentadura da boca sertaneja é tratada como um escândalo, a dentada rentista desfruta o espaço de uma pauta séria nos seus espaços midiáticos.

por: Saul Leblon
 
Arquivo

O Brasil espremido entre dentaduras e dentadas

A dentadura que devolveu o sorriso à boca de uma sertaneja pobre de Paulo Afonso, na Bahia, foi transformada pela mídia isenta em um escândalo eleitoral.

As escolhas que ela envolve são mais sérias do que esse factoide.

Oito incisivos, 4 caninos e 20 molares de resina da sertaneja Nalvinha receberam da mídia um tratamento equivalente ao dispensado ao aeroporto de R$ 14 milhões que Aécio construiu com dinheiro público na fazenda do tio Múcio.

Mereceram a mesma gravidade atribuída ao misterioso jatinho Cessna, de R$ 24 milhões, cuja queda matou Eduardo Campos e abriu uma cratera de dúvidas quanto à origem, a legalidade e os interesses que embalam a candidatura do PSB.

Não importa que os trinta e dois dentes novos façam parte de um amplo programa federal lançado em março de 2004, destinado a devolver o sorriso a milhões de brasileiros cujo único vínculo com a saúde bucal era o velho boticão.

Não é uma miragem.

Ao completar uma década, o ‘Brasil Sorridente’ já entregou quase 500 mil próteses dentárias parecidas com a de Nalvinha. Estendeu o direito a tratamento dentário a 79,6 milhões de adultos e crianças em 4.971 municípios brasileiros.

A julgar pelo martelete midiático, tudo não passa de uma fraude.

A tola e/ou ingênua decisão de providenciar a prótese da sertaneja Nalvinha na véspera da visita da Presidenta Dilma a sua casa, também equipada de cisternas –o governo federal já financiou 481 mil delas em 1.426 municípios do semiárido nordestino e liberou R$ 1 bilhão este ano para chegar a 750 mil até dezembro— alimentou o banzeiro.

Foi o suficiente para que o maior programa de saúde bucal do mundo evaporasse na conveniência da narrativa conservadora.

O episódio seria só mais um embate em torno de um programa social, não fosse tão representativo da imensa dificuldade que é mover a fronteira da inclusão social no Brasil à margem do Estado e das políticas públicas.

Entre outras coisas, a polêmica da ‘dentadura eleitoral’ sonegou ao eleitor alguns paradoxos de uma matriz conhecida.

Por exemplo, o fato de o Brasil ser o país com o maior número de dentistas do mundo.

Tem-se aqui quase 20% dos profissionais de odontologia do planeta.

São cerca de 250 mil dentistas de um total pouco superior a um milhão no mundo; um contingente que mesmo em termos relativos impressiona. Com população superior a nossa, os EUA, por exemplo, dispõem de pouco mais que 170 mil dentistas; a Alemanha tem 70 mil deles; França, México e Argentina contam com 40 mil cada.

A dianteira pelo jeito veio para ficar.

A Associação Brasileira de Odontologia (ABO) informa que quase 15 mil novos dentistas chegam ao mercado brasileiro a cada ano, formados pelas 203 faculdades de odontologia existentes no país.

O segundo paradoxo: esse superlativo arsenal está longe de se refletir no sorriso de boa parte da população que não tem acesso ao cuidado odontológico.

Até entrar em campo o ‘Brasil Sorridente’, um contingente da ordem de 30 milhões de brasileiros nunca havia sentado em uma cadeira de dentista.

A razão é a mesma que levou o governo a importar mais de 14 mil médicos cubanos para levar assistência a 50 milhões de brasileiros pobres, através do ‘Mais Médicos’.

A mesma que gerou o Bolsa Família. A mesma que levou à criação do Prouni. A mesma que promoveu a instituição de cotas na universidade. A mesma que impulsionou o crédito subsidiado à agricultura familiar. A mesma que leva o BNDES a carrear recursos do Tesouro para áreas do interesse estratégico do país. A mesma que fez o governo Lula instituir uma regulação soberana para o pré-sal. A mesma que encorajou a Petrobrás a impor um índice de nacionalização de 60% nas encomendas de serviços e equipamentos necessários à exploração.

A razão é que o capitalismo deixado à própria sorte é incapaz de construir uma sociedade. E menos ainda uma democracia social como a que se pretende no Brasil.

O sorriso devolvido à sertaneja Nalvinha não é fruto das forças de mercado.

Ele só ressurgiu no rosto da sertaneja de Paulo Afonso porque os governos Lula e Dilma tomaram a decisão política de resgatá-lo investindo R$ 10 bilhões no ‘Brasil Sorridente’.

Vem daí a pergunta incomoda, abafada pela pauta dos operadores e herdeiros da alta finança.

Se nem mesmo uma dentadura chega à boca do brasileiro pobre, sem a ação do Estado, como conceber que um novo ciclo de desenvolvimento associado à justiça social possa florescer por força da lógica estrita da ‘racionalidade dos mercados’?

Aquela que inclui entre os seus preceitos a ideia de que a moeda de uma nação deve ser entregue à administração de um banco central independente do governo e da democracia.

A diretriz anunciada tanto pelo operador tucano Armínio Fraga, quanto pela coordenadora do programa do Partido Socialista, Neca do Itaú, vende como ciência aquilo que é a essência da dominação financeira no capitalismo: o manejo dos juros na economia.

Trata-se de ‘proteger’ as decisões monetárias das pressões originárias do mundo político, alega-se.

Por mundo político entenda-se o conflito de classes, ilegítimo aos olhos de quem enxerga a política como excrescência e o seu interesse como uma segunda natureza, e não parte de uma correlação de forças que disputa o destino da economia e o da sociedade.

A repartição do ônus gerado pela maior crise do capitalismo dos últimos 80 anos demonstra a pouca aderência dessa visão à realidade.

Seis anos após o colapso de 2008, a lucratividade dos bancos norte-americanos registrou lucros recordes nesse segundo trimestre.

Em contrapartida, a subutilização da força de trabalho –indicador que soma emprego parcial e desistência de buscar vaga- atinge assustadores 13%.

Na maior economia capitalista da terra, metade das vagas criadas no pós-crise é de tempo parcial, com salários depreciados.

Não é um aquecimento de motores. É o padrão de uma economia desossada em seus esteios produtivos , por obra da desregulação financeira promovida pelo ciclo neoliberal, a partir de Reagan.

É esse subenredo de uma recuperação tíbia que leva a criteriosa presidente do BC de lá, Janet Yellen, a resistir às pressões dos interesses rentistas para elevar as taxas de juros do mercado.

Pressões políticas, como se vê, partem muitas vezes de onde menos esperam os defensores da independência do BC por essas bandas.

Um dos maiores gargalos do Brasil nesse momento é justamente a ausência de espaço para a discussão madura dessas interações entre política e economia, entre opções, custos, concessões, salvaguardas e requisitos à ordenação de um novo ciclo de crescimento, que só virá por força de uma repactuação democrática da sociedade.

A eleição deveria servir para isso.

Mas enquanto a dentadura da boca sertaneja é tratada como escândalo, a dentada rentista subjacente ao BC independente desfruta do privilégio de pauta ‘séria’.

Sob a pressão desse maxilar ideológico o passo seguinte do desenvolvimento brasileiro gira em círculos que sonegam futuro ao país e esclarecimento à sociedade.

Não é uma combinação promissora. E a história já evidenciou isso algumas vezes. A ver.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Como o Estadão fez sumir sua chantagem contra Aécio.


Em fevereiro de 2010, uma guerra fratricida foi desencadeada no PSDB. O segundo mandato de Lula chegava ao fim e ele não podia ser candidato à própria sucessão. Os tucanos e a mídia sua aliada estavam céticos quanto às possibilidades do “poste” que achavam que Dilma era e, assim, acreditavam que, fosse quem fosse o candidato deles, seria eleito.
Dois pré-candidatos disputavam a indicação do PSDB para a “barbada” eleitoral que a direita brasileira acreditava que se avizinhava – derrotar uma mulher sem o carisma de Lula e que jamais disputara uma eleição na vida. José Serra e Aécio Neves, então, digladiavam-se pela primazia de enfrentar Dilma.
A imprensa atucanada de São Paulo e do Rio de Janeiro (leia-se Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo e O Globo) estava muito irritada com Aécio. Apesar de esses veículos e o PSDB acreditarem que Dilma, então praticamente estagnada nas pesquisas, seria mera sparring de dois políticos profissionais como Aécio e Serra, preferia o segundo.
No caso da imprensa paulista, até por Serra ser paulista também – sem falar na maior identificação ideológica com ele –, essa “imprensa” fustigou o PSDB por meses até que Aécio fosse preterido.
Serra estava melhor nas pesquisas e esses veículos, que há mais de uma década demonstram que não entendem a política brasileira, não acreditavam que alguém pudesse começar uma campanha eleitoral com percentuais de intenção de voto tão baixos quanto Dilma e o próprio Aécio tinham e chegar a vencer a eleição.
Nesse jogo, o jornal O Estado de São Paulo fez o movimento mais ousado: chantageou Aécio com um texto literalmente criminoso, escrito por seu ex-editorialista e ex-colunista Mauro Chaves, que faleceria um ano depois.
No auge dessa disputa entre Serra e Aécio, o Estadão publicou artigo de Chaves contendo uma chantagem contra o então governador de Minas Gerais, conhecido por sua vida de “playboy” e sobre quem circulam, há anos, boatos sobre ser usuário de cocaína.
O título do artigo que Chaves escreveu e que foi publicado pelo Estadão em 28 de fevereiro de 2010 já dispensaria o resto do texto: “Pó pará, governador”. Confira, abaixo, a íntegra do artigo.


Chaves era um homem bastante erudito. Seu texto era escorreito. Por que usar um título como esse? Por que não “Pode parar, governador”? Ora, porque estava mandado um recado de que os boatos sobre Aécio ser usuário de “pó” (cocaína) viriam à tona caso insistisse em criar dificuldades à candidatura Serra.
O artigo causou grande alvoroço e, pouco depois, Serra foi sagrado candidato para a “barbada” que a mídia ligada ao PSDB e o próprio partido acreditavam que seria a disputa contra o “poste de Lula”.
Faltara, entretanto, combinar com os “russos”, ou seja, com o povo.
Voltemos ao presente. Escrevendo um post sobre os ataques de Aécio ao PT durante a convenção do PSDB do último sábado, na qual o hoje senador por Minas Gerais foi eleito presidente do partido, abordei o artigo chantagista em questão.
Pretendia colocar o link para ele no texto. Fazendo a busca no portal do Estadão para localizá-lo, encontro esse link. Contudo, quando tento acessá-lo não consigo – conduz a uma página em branco.
Veja o link:
Cito no post, então, o fenômeno. Digo que, “estranhamente”, o link do Estadão para sua matéria conduz a lugar nenhum.
Eis que o leitor Reinaldo Luciano, intrigado como eu, usa seus conhecimentos e mostra que ninguém consegue esconder nada na internet.
O excelente trabalho de Reinaldo desvendou o mistério. Leia, abaixo, o comentário que ele colocou no post anterior, onde explica como o Estadão conseguiu fazer sumir a chantagem que fez Aécio desistir de ser o candidato do PSDB à Presidência da República em 2010 em favor de Serra.
—–
Reinaldo Luciano
twitter.com/rei_lux
Comentário enviado em 20/05/2013 as 11:16
A respeito da matéria que não abre no Estadão, verifiquei a página e realmente não abria.
Usei o http://archive.org/web/web.php e localizei a dita página, que foi armazenada em cache 28 vezes desde que foi publicada.
Este é o link original, onde a matéria não abre:
E este é o link recuperado:
Ao analisar o cache, notei que, em 26/08/2010, a matéria teve uma linha alterada ou acrescentada, como pode ser vista aqui:
O fato é que, após essa mudança (quando Serra já era candidato e Aécio não representava mais problema), a página sumiu…
Fiz um print screen da página e postei no twitter
E, para ser ainda mais chato com o Estadão, fiz um videozinho de minhas andanças pelo cache. Veja, abaixo.

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Mas Erenice não era “culpada”?

A mídia, no mundo inteiro, tem um poder que ninguém deveria ter nas democracias: condenar e absolver quem quiser das acusações que faz ou que, para os políticos “amigos”, tenta desfazer. Agora mesmo, o país está às portas de ver no que vai dar uma dessas feitiçarias midiáticas, a do escândalo do mensalão “do PT”.
Há mais ou menos sete anos que a opinião pública vem sendo induzida pela mídia a acreditar piamente na culpa “inquestionável” dos 38 réus no inquérito do mensalão, o qual vai a julgamento no STF a partir da semana que vem. Muita gente caiu nessa, inclusive pessoas que não são movidas pela má fé da imprensa partidarizada.
Na semana que finda, porém, ainda que a notícia tenha sido dada com extrema discrição, mais um dos integrantes de um governo petista que fora “condenado” pela mídia foi absolvido pela Justiça, gerando perplexidade naqueles que tiveram acesso à notícia mal-divulgada sobre essa absolvição.
O Tribunal Regional Federal da 1ª Região arquivou o processo contra a ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra por suposto tráfico de influência, após acatar recomendação do Ministério Público Federal (MPF). A decisão foi decretada na sexta-feira passada (20) pelo juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal.
Em 2010, no auge da campanha eleitoral em que Dilma Rousseff derrotou José Serra, Erenice – sucessora de Dilma na Casa Civil – fora acusada pela mídia de ter beneficiado parentes em contratações de serviços aéreos para os Correios, estudos para projetos de mobilidade urbana e outorgas de concessão de serviço móvel especializado.
As denúncias contra Erenice, entre outros fatores, ajudaram a levar a eleição presidencial de 2010 para o segundo turno, favorecendo José Serra, que por pouco não sofreu uma derrota ainda maior para alguém como Dilma, que, ao contrário dele, jamais disputara uma eleição na vida.
A indisposição da mídia com Erenice, em particular, fora desencadeada mais de dois anos antes, ainda em 2008, quando também sofrera outra acusação que se esboroou ao ser investigada pela Justiça e pela Polícia Federal.
Naquele início de 2008, a oposição acusara o governo Lula de montar um dossiê com gastos sigilosos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. O objetivo, de acordo com a oposição, seria constrangê-la na CPI dos Cartões, criada naquele ano para investigar possíveis irregularidades no uso dos cartões corporativos do governo federal.
Não tardou para a mídia comprar a tese tucana. O suposto dossiê, de acordo com reportagem da Folha, foi montado pela secretária-executiva da Casa Civil, Erenice Guerra, braço direito da ministra Dilma Rousseff. A oposição e aquele jornal, e posteriormente o resto da mídia, insinuaram que a hoje presidente da República tinha ordenado a Erenice a confecção do dossiê.
Ainda hoje, apesar da primeira absolvição de Erenice, a mídia e a oposição a Dilma tratam aquele caso como se tivesse dado em alguma coisa – continuam repetindo uma acusação que, após ser investigada exaustivamente, mostrou-se mentirosa.
Todavia, nada seria mais contundente e massacrante do que a denúncia eleitoreira que se daria contra Erenice na véspera do primeiro turno da eleição presidencial de 2010, sobre tráfico de influência por Erenice, a qual a Justiça acaba de rechaçar por falta de provas que a imprensa, então, dizia que abundavam.
Em 11 de setembro de 2010, a 3 semanas do primeiro turno da eleição presidencial, justamente em um momento em que as pesquisas davam conta de enorme superioridade de Dilma sobre Serra, a revista Veja acusa o filho de Erenice de fazer “tráfico de influência” usando o cargo da mãe, então ministra da Casa Civil.
A partir dali, todo o noticiário foi sendo construído de forma a garantir à sociedade que Erenice  e Dilma eram culpadas das acusações sem provas que a Veja fez e que toda a grande imprensa comprou sem questionar nada. O noticiário não deixava margem para sequer cogitar que a acusação não fosse séria.
Abaixo, algumas capas da Folha – que poderiam ser da Veja, de O Globo, do Estadão etc – que acusaram Erenice de forma tão cabal que não houve outro jeito senão demiti-la, e que servem de amostra de um fato impressionante: de 11 de setembro a 3 de outubro, todo dia Folha, Estadão, Globo e (semanalmente) Veja fustigaram a campanha de Dilma com o caso Erenice até a eleição ir ao segundo turno.
Observação: leia a primeira coluna de capas da Folha e depois a segunda coluna, obedecendo à ordem de datas abaixo de cada capa.


Agora, leitor, dê uma olhada, abaixo, em como saiu a notícia da absolvição de Erenice nesse mesmo jornal.

Não é por outra razão que Erenice Guerra anunciou, após ser absolvida, que estuda processar por danos morais os veículos de comunicação que, segundo afirmou, “promoveram um verdadeiro linchamento público” com objetivo eleitoral.
Essa é uma causa ganha – ou deveria ser, devido ao que prova este post sobre o que fez a mídia na reta final do primeiro turno da campanha eleitoral de 2010. O que se espera, portanto, é que Erenice não esmoreça e leve esse processo até o fim, pois esse tipo de armação continua sendo praticado a cada ano eleitoral pela mídia.
Agora mesmo, isso está acontecendo no que tange ao inquérito do mensalão, que começa a ser julgado pelo STF nos próximos dias. O uso eleitoral do processo está ocorrendo tal qual ocorreu em 2010, conforme se vê acima.
Todavia, assim como em 2010 não deu certo, em 2012 isso pode se repetir. Até porque, caso o STF absolva José Dirceu – e, quando se fala no inquérito do mensalão, fala-se especificamente nele – não apenas o resultado eleitoral que a mídia tucana busca pode ser de novo frustrado, mas essa mídia pode sofrer uma desmoralização muito maior do que a de 2010.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Sobre o calcanhar de Aquiles de José Serra

A blogofobia de José Serra
 

A blogosfera e as redes sociais são o calcanhar de Aquiles de José Serra, e não é de agora. Na campanha eleitoral de 2010, o tucano experimentou, pela primeira vez, o gosto amargo da quebra da hegemonia da mídia que o apóia – toda a velha mídia, incluindo os jornalões, as Organizações Globo e afins. O marco zero desse processo foi a desconstrução imediata,online, da farsa da bolinha de papel na careca do tucano, naquele mesmo ano, talvez a ação mais vexatória da relação imprensa/política desde a edição do debate Collor x Lula, em 1989, pela TV Globo. Aliás, não houvesse a internet, o que restaria do episódio do “atentado” ao candidato tucano seria a versão risível e jornalisticamente degradante do ataque do rolo de fita crepe montado às pressas pelo Jornal Nacional, à custa da inesquecível performance do perito Ricardo Molina.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Legislação sobre aborto expõe a insuperável hipocrisia brasileira


No Brasil, praticar aborto por gravidez indesejada é prática tipificada no Código Penal como crime contra a vida. A pena prevê detenção de 1 a 10 anos, variando de acordo com as circunstâncias em que o crime foi cometido. O artigo 128 do Código Penal prevê punição ao crime de aborto quando não há outro meio para salvar a vida da mãe ou quando a gravidez resultar de estupro.
Na prática, porém, a punição não ocorre nem quando há denúncia.  Juristas defendem que o crime não seja punido usando uma figura jurídica chamada “escusa absolutória”. A escusa não elide o ato criminoso, apenas autoriza que o Judiciário interprete de forma idiossincrática o crime de interrupção da gravidez que for cometido sem amparo das circunstâncias previstas em lei.
Vale lembrar que o artigo 2º do Código Civil protege o nascituro desde a concepção (desde que a mulher engravida), e o artigo 7º do Estatuto da Criança e do Adolescente reza que o nascituro tem direito à vida mediante políticas públicas que permitam seu nascimento, ou seja, desde que o Estado ofereça atendimento médico-hospitalar à parturiente.
Em 1992, o Brasil ratificou a Convenção Americana de Direitos Humanos, que, em seu artigo 4º, reza que o direito à vida deve ser protegido desde a concepção. A Constituição, no caput do artigo 5º, também estabelece a inviolabilidade do “direito à vida”.
Em julho de 2004, o Supremo Tribunal Federal concedeu liminar autorizando a interrupção da gravidez nos casos de anencefalia, quando a mãe sabe que logo após nascer a criança irá falecer. Contudo, a decisão foi revogada no mesmo ano e até hoje o processo não foi julgado. Ou seja: a lei brasileira obriga a mulher a ter um filho que perecerá logo após ser dado à luz.
Em um país em que o aborto não previsto pelas exceções legais é considerado crime, o Ministério da Saúde calcula que ocorrem entre 700 mil e 1,25 milhão desses procedimentos ao ano, embora a estimativa seja especulativa devido a que são abortos clandestinos, não havendo como comprová-los estatisticamente.
Já os números de abortos induzidos que causaram mortes de mulheres por falha no procedimento foram estimados em 87 em 1996, em 105 em 1997, em 69 em 1998, em 84 em 1999, em 80 em 2000, em 87 em 2001, em 70 em 2002, em 84 em 2003 e por aí vai.
O Ministério da Saúde também calcula que 1/5 das mulheres que passaram por aborto clandestino tiveram que recorrer ao sistema público de saúde devido a sequelas deixadas por procedimentos mal feitos, como por introdução de objetos na vagina para matar o feto, uso inapropriado de medicação abortiva ou expulsão incompleta.
Ainda segundo as estatísticas oficiais, 15 mulheres em cada 100, na faixa de 18 a 39 anos, já fez aborto, e uma em cada 5 na faixa de 35 a 39 anos, idem. Já a região que apresenta o maior número de abortos é a Nordeste, e a que tem menos casos é a região Sul. Entre 18 e 19 anos, uma em cada 20 mulheres já praticou aborto.
O medicamento abortivo misoprostol (Cytotec) é usado por 50% a 80% das mulheres que praticam aborto. Em média, elas têm entre 20 e 29 anos. São predominantemente da religião católica, seguidas de protestantes e evangélicas. Em média, têm 8 anos de estudo.  70% têm união estável com homens e um só filho.
Uma curiosidade é a de que a mesma lei que proíbe o aborto no Brasil permite que seja feito em países em que a prática é legalizada. É comum, portanto, que quem tem bom poder aquisitivo viaje a lugares como Europa para interromper a gravidez.
A lei brasileira, portanto, é injusta, pois quem tem dinheiro aborta com segurança em milhares de clínicas caras, especializadas e clandestinas espalhadas pelo pais ou então viaja ao exterior para abortar. Já quem não tem recursos recorre a “curandeiros” sem qualquer formação médica que fazem abortos sem higiene ou mesmo instalações adequadas.
O fato, portanto, é que o aborto é permitido no Brasil inclusive pela lei, pois mulher alguma é presa por ter abortado por decisão própria devido ao tal mecanismo legal da “escusa absolutória”. A proibição só funciona no sentido de impedir que mulheres pobres tenham acesso ao que têm as ricas, ou seja, a fazer abortos seguros.
O único efeito prático da proibição legal do aborto é impedir que hospitais públicos tirem as mulheres pobres das mãos de açougueiros ou que elas não se entupam de medicamentos abortivos que podem lhes trazer sérias complicações de saúde.
Não é por outra razão que Canadá, Estados Unidos, TODOS os países europeus (à exceção de Malta) e até a Austrália permitem o aborto e oferecem clínicas públicas para que seja feito com higiene e segurança. Isso ocorre porque nesses países a lei é para valer e não só para contentar grupos religiosos como ocorre no Brasil, onde a hipocrisia condena o pobre e absolve o rico.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

PF intimará Datafolha, Ibope, Sensus e Vox Populi

Compareci nesta quarta-feira (7/12) à sede da Polícia Federal em São Paulo atendendo a intimação para que lá comparecesse a fim de ratificar – ou não – informações contidas em representação que o Movimento dos Sem Mídia protocolou no ano passado no Ministério Público Federal (Eleitoral) contra os institutos de pesquisa Datafolha, Ibope, Sensus e Vox Populi e para eventualmente oferecer novas informações.
A ONG Movimento dos Sem Mídia, por conta de denúncias veiculadas pela imprensa em 2010 que davam conta de que institutos de pesquisa teriam praticado fraudes em favor do candidato José Serra ou da candidata Dilma Rousseff, representou à Procuradoria Geral Eleitoral pedindo investigação e a mesma determinou à Polícia Federal que abrisse o inquérito.
Apesar do grande atraso, agora o processo começou a andar.
Fui atendido pelo delegado Fernando Reis, da Delegacia de Defesa Institucional, que cuida justamente de crimes eleitorais. Ele pediu que eu ratificasse ou não os termos da Representação que assinei em nome do MSM e perguntou se tinha outros elementos a oferecer.
Abaixo, a declaração que assinei não apenas ratificando o que dissera anteriormente, mas esclarecendo a natureza da iniciativa da ONG.

Apesar de o delegado ter concordado comigo que a representação está fundamentada pelo fato de que quem levantou a hipótese de fraude nas pesquisas foi ao menos um dos investigados, a Folha de São Paulo, dona do Datafolha, que acusou publicamente – e mais de uma vez – os institutos Sensus e Vox Populi de usarem planilhas de pesquisa que teriam induzido os entrevistados a declararem voto em Dilma Rousseff, o policial se queixou, em tom confessional, de que quem poderia ter investigado a denúncia do MSM a tempo, a Procuradoria Geral Eleitoral, em vez de investigar remeteu caso a PF, o que retardou e tornou mais difícil a investigação.
Sempre usando o mesmo tom confessional – apesar de não ter recebido de mim qualquer garantia de sigilo quanto ao que estava sendo dito –, informou-me de que seria difícil tomar providência devido ao tempo transcorrido desde a denúncia, mesmo achando que a mídia “manipula mesmo, tanto para a direita quanto para a esquerda”, uma afirmação da qual este blogueiro discorda, pois, em sua opinião, a mídia brasileira é toda de direita.
Ungido por presença de espírito advinda de seu grande interesse em colaborar com a lei, este intimado houve por bem lembrar ao douto policial que, assim como o PSDB conseguiu investigar pesquisa Sensus, ano passado, enviando especialista contratado à sede do instituto para examinar as planilhas das entrevistas da pesquisa da qual o partido, à época, não gostou, a Polícia Federal poderia fazer o mesmo, pois a lei eleitoral determina que as planilhas das entrevistas devem permanecer arquivadas.
Além da informação sobre como fazer, este intimado também revelou ao delegado por que fazer – porque temos eleições, ano que vem, e se as denúncias dos próprios institutos contra seus concorrentes forem ignoradas será escancarada uma porta para novas fraudes, o que, em uma questão como processos eleitorais, constitui legítimo atentado à democracia.
Naquele momento, produziu-se uma luminescência no olhar do doutor Reis, seguida por uma declaração animadora:
O senhor me deu uma idéia. Vou pedir essas informações aos institutos”.
Em resumo, portanto, a Polícia Federal do Brasil, de acordo com as palavras de seu delegado, intimará os institutos Datafolha, Ibope, Sensus e Vox Populi a fornecerem as planilhas de cada uma das pesquisas citadas na representação do Movimento dos Sem Mídia, planilhas que, como se sabe, têm nome, endereço e telefone dos pesquisados, bem como as informações sobre metodologia, para que tudo seja submetido a análise pericial.
Resta relatar que o delegado da Polícia Federal doutor Fernando Reis concordou com este blogueiro que diferenças de até 12 pontos percentuais entre pesquisas realizadas com intervalo de poucos dias, como ocorreu com aquelas que deram causa à representação em tela, não são aceitáveis e denotam que alguém andou mentindo. E, em sendo assim, a investigação proposta poderá, sim, apontar quem foi.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

"CRIME DE IMPRENSA"


Acabo de receber a publicação acima. Crime de imprensa, de Palmério Dória e Mylton Severiano, editora Plena com prefácio de Lima Barreto.
Já nas primeiras páginas o livro mostra a que veio. Não consegui  parar de lê-lo.
É muito sarcástico em sua linguagem misturada a uma comicidade esclarecedora, principalmente em relação aos últimos acontecimentos políticos recentes, relativo as eleições presidenciais de 2010. Agora passado quase um ano das eleições e, relembrando com mais calma os acontecimentos ocorridos naquela data, muito do que  é  relembrado , sequer foi ventilado pela mídia e, quando foi , foi apenas em pé de página, escondido em letras miúdas. Como eles dizem " Os grandes irmãos- FOLHA, ESTADÃO,GLOBO, VEJA, ÉPOCA, O GRUPELHO , DIGO GRUPO RBS " e, outros irmãozinhos pequenos do Brasil  afora".
As façanhas do PIG , vale a pena.


quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Escrevinhador: quem é Paulo Preto, ferido na estrada


José Serra e Paulo Preto (agachado, com jornal na mão): líder do que? líder de quem?


O Conversa Afiada reproduz post de Rodrigo Vianna:

Paulo Preto, o “líder ferido na estrada”


por Rodrigo Vianna


“Não se abandona um líder ferido na estrada”. A frase, pungente, marcou a campanha de 2010 – tanto quanto a bolinha de papel que atingiu a cabeça de Serra, e que o “JN” da Globo tentou transformar num atentado.


O líder – ferido e abandonado – era Paulo Preto. E o destinatário do recado  (sempre é bom lembrar) era José Serra. Paulo Preto estava magoado quando proferiu a frase. A revista “Istoé” havia publicado – em agosto de 2010 – reportagem bastante longa, mostrando o perfil de Paulo. “Veja” e “Época” haviam dado reportagens discretas sobre o sujeito, chamado de “homem-bomba tucano”.


Nada disso repercutiu. A velha mídia fingiu que Paulo Preto era um caso menor. E não era. No primeiro debate do segundo turno, Dilma trouxe Paulo Preto à tona. Colou Paulo Preto na testa de Serra. O tucano fingiu-se de morto. Disse que nem conhecia Paulo Preto. Magoado, Paulo proferiu então a frase – certeira feito uma flecha: “não se abandona um líder ferido na estrada”.


Até hoje, não conseguimos saber. Paulo Preto era líder do que? Pelo que se sabe, é um ex-funcionário da estatal paulista Dersa – que construiu obras milionárias, como o Rodoanel. Teria trabalhado também no Palácio do Planalto, na época de FHC. Imaginem se fosse um petista e tivesse trabalhado perto de Lula! Mas Paulo Preto não era propriamente um “líder político”.  Que tipo de negócios Paulo Preto liderava para se intitular assim: “um líder ferido na estrada”?


Agora, fica mais claro. Parece que, entre outras atividades, ele se dedica a liderar advogados. Paulo Preto aderiu à onda de processos contra jornalistas – que inunda a Justiça. Paulo Henrique Amorim acaba de revelar que Paulo Preto resolveu processar o titular do Conversa Afiada. Agora, são 40 processos contra PH Amorim. Ali Kamel da Globo – um dos que processam PH Amorim – resolveu abrir processos também contra esse escrevinhador, contra Azenha, Marco Aurélio (blog “Doladodelá”), Nassif – entre outros. Perto de Ali Kamel, Paulo Preto ainda é um amador…


Mas voltemos ao tucano. Um homem ferido e abandonado não teria tempo para se dedicar a processos. Pelo visto, Paulo Preto já foi recolhido pelos companheiros. Talvez ainda esteja ferido. Mas já não parece abandonado à beira da estrada.


Curioso é saber: o que esse homem tem a ver com as investigações da “Operação Castelo de Areia” – suspensa por ordem (!?) da Justiça. Em reportagem do R-7, ano passado, já se dizia que Paulo Preto fora citado na Castelo de Areia.


Um passarinho me contou que fatos novos sobre a “Castelo de Areia” podem aparecer em breve. Só que dessa vez Paulo Preto não estará sozinho à beira da estrada.


A conferir.

sábado, 23 de julho de 2011

CAIXA 2 DE FURNAS:R$ 19,2 MI A ALKIMIN E SERRA EM 2002.E AGORA JOSÉ,VAI TUITAR ISTO TAMBÉM?

As campanhas à Presidência da República de José Serra e ao governo de São Paulo de Geraldo Alckmin, em 2002, teriam sido beneficiadas pelo esquema do caixa 2 de Furnas, de acordo com as revelações do ex-presidente da estatal Dimas Fabiano Toledo. É o que consta na Declaração para Fins de Prova Judicial ou Extrajudicial que ele assinou e registrou, em 6 de novembro de 2008, no 23º Ofício de Notas do Rio de Janeiro.
No mesmo parágrafo em que afirma que o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, (veja aqui) teria recebido R$ 27 milhões e 843 mil reais “dos recursos do caixa dois provenientes empresa Furnas Centrais Elétricas S/A”, Toledo continua:
“Somente na campanha do candidato ao governo do estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, e de José Serra para a Presidência da República foram disponibilizados R$ 19.275.000,00 (dezenove milhões e duzentos e setenta e cinco mil reais). O ex-deputado federal Gilberto Kassab destinou R$ 100.000,00 (cem mil reais) para a sua campanha, conforme consta na Lista de Furnas e no relatório por ele elaborado e sendo assinado posteriormente pelo mesmo”, afirma Toledo.
O ex-presidente de Furnas, no mesmo documento assinado e registrado em cartório, explica como se formou o caixa 2 de Furnas que alimentou diversas campanhas eleitorais em 2002:
“Os esquemas de arrecadação de recursos ilícitos, ocorridos através de licitações fraudulentas e dos superfaturamentos de várias obras públicas, visavam formar o caixa dois, com a finalidade de comprar o apoio de parlamentares e assim criar uma forte base aliada, garantindo os mais variados interesses de políticos, em troca da mesada recebida”, assinala Toledo, para arrematar:
“A presente declaração será aceita e válida para fins de prova judicial ou extrajudicial, assumindo desde já o declarante Dimas Fabiano Toledo pelas responsabilidades e das demais informações aqui prestadas, ciente das penalidades cabíveis e previstas no Artigo 299 do Código Penal Brasileiro”.
Marco Damiani - Brasil 247
Vi no Maria da Penha Neles!

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Dossiê da Dilma contra FHC era um blefe



Na foto, Dias mostra o blefe

Justiça Federal arquiva caso do dossiê anti-FHC

FERNANDA ODILLA

DE BRASÍLIA


A Justiça Federal determinou o arquivamento do inquérito que apura a confecção e o vazamento do dossiê com gastos do governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). A decisão foi tomada na segunda-feira desta semana.


Depois de quase três anos de investigação, o juiz Marcos Vinícius Bastos, da 12ª Vara Federal de Brasília, acatou os argumentos do Ministério Público Federal que alegou que a planilha de gastos dos tucanos com cartões corporativos não continha informações sigilosas quando foi feita.


Segundo decidiu a Justiça, não é possível apurar se houve crime de violação de sigilo funcional.


A Folha revelou, em 2008, que o dossiê foi produzido a mando de Erenice Guerra, que era secretária-executiva da Casa Civil e braço direito da então ministra Dilma Rousseff.


A hoje presidente sempre negou se tratar de um dossiê, classificando a planilha como “banco de dados”.

Navalha
O amigo navegante se lembra da tentativa de Golpe por causa do cartão corporativo.
Começou com o vazamento feito pelo impoluto senador Álvaro Dias – que queria “proteger” Fernando Henrique e por isso vazou o que seria, segundo o PiG (*) e a oposição, um “dossiê” para perseguir FHC.
Na verdade, como a então Ministra Dilma Rousseff sempre disse, era uma planilha sem dados sigilosos.
Planilha essa, por acaso, que revelou as despesas de D Ruth Cardoso com atividades culturais na Europa, com o cartão corporativo.
Foi um “caosaéreo” de menores proporções.
Mas, a intenção era a mesma: derrubar o Governo.
Agora se vê: a denúncia era vazia.
Um blefe.
O que não é um blefe é a denúncia do Leandro Fortes de que a filha do Cerra e a irmã do Dantas violaram milhões de sigilos fiscais, com a ajuda de algum “trabalho interno” no Banco do Brasil.
O amigo navegante se lembra dessa reportagem na Carta, não é isso ?
Pois é: isso não é um blefe.
Clique aqui para ler sobre a devastadora estreia de Aécio Neves como representante da oposição na campanha presidencial de 2014: é um discurso “superficial”, segundo a Folha (**) e “”diet”, segundo este ansioso blog.




Paulo Henrique Amorim


(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

(**) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é,  porque o dono é o que é; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

A tática dos vencidos


  • Dilma Roussef, na sua segunda ida ao exterior na condição de Presidenta da República,como já o fizera na Argentina,  marcou a viagem por alguns simbolismos expressivos.
    Foi bom e oportuno o seu posicionamento de solidariedade a Portugal,  país de indeléveis laços históricos com o Brasil e  que atravessa sérios problemas econômicos. Ao acenar com a possibilidade (nem sei se concretizável) de um apoio material aos portugueses, a Presidenta produziu um gesto afirmativo revelador de um  país que  vai, aos poucos, deixando de lado o seu espírito de colonizado para assumir uma postura que o equipara às nações mais respeitadas no planeta.
    Além dessa afirmação diplomática, é relevante destacar que a  visita de Dilma teve como objetivo prestigiar os títulos honoríficos conferidos ao ex-presidente Lula, repercutindo a grande expressão política por ele alcançada, no âmbito mundial, durante o seu governo. A presença solidária da Presidenta é também resposta inequívoca a quantos estão pretendendo, levianamente, na grande imprensa, semear divergências entre os dois.
    “Dividir para conquistar” está longe de ser um dito original no campo da política. A mídia oportunista  sabe disso e tenta, de todas as formas, desestabilizar a estreita ligação pessoal  e ideológica que une Dilma a Lula. Alguns comentários nesse sentido são “plantados” de forma que imaginam ser sutil, mas que, muitas vezes, beiram o ridículo. Em um artigo publicado um dia desses em “O Globo”, o colunista Nelson Motta chega a desenhar a possibilidade literal de um romance de Dilma com Fernando Henrique, por conta da cortesia que norteou o encontro dos dois no banquete oferecido ao Obama...
    Em matéria de especulação tendenciosa, aliás, a vinda de Obama ao Brasil e a não participação de Lula no citado banquete serviram – permitam os trocadilhos – de prato cheio para essa imprensa faminta por dissensões:  Lula não teria comparecido por estar, de alguma forma, agastado com a Presidenta. Mas o que se viu em Portugal  reduziu a pó o delírio da mídia.
    O fato é que os vencidos nas recentíssimas eleições, cinicamente, estão fingindo que a venceram. De repente, é como se Dilma tivesse sido eleita como contraponto a Lula, quase uma opositora...
    Quem tivesse saído do Brasil um pouco antes das eleições e apenas agora tivesse retornado ao país teria dificuldade de entender  os acordes dessa orquestrada sucessão de mesuras e rapapés, de elogios quase aclamatórios à candidata eleita, reproduzidos por setores midiáticos que fizeram o possível e o impossível  - com sérios arranhões na ética -  para que ela fosse derrotada. Agora,  Dilma não é mais um “poste”, mas tem luz própria que ofusca Lula; não é mais despreparada para governar, mas tem a silenciosa sabedoria dos estadistas que muitas vezes faltou ao antecessor;  não é mais a perigosa e sanguinária guerrilheira, mas uma defensora intransigente das liberdades democráticas arranhadas por Lula em posicionamentos anteriores; não é mais uma invenção de Lula, mas a sua negação...
    Quem viu e ouviu o que diziam sobre Dilma os jornalistas globais  (como Merval Pereira, Miriam Leitão, Arnaldo Jabor , Lúcia Hipólito e tantos outros), e compara com muito do que se diz agora  na midia majoritária tem vontade de beliscar-se para ter certeza de que está diante de algo concreto, real. Mudaram os tempos ou as pessoas? Nem uma coisa nem outra. Tudo isso tem um propósito e é só verificar como se encaixa com as posturas da própria oposição nas figuras de Aécio, Kassab e muitos mais. Em estratégia que acreditam poder dar certo, entoam todos um canto de sereia para atrair a Presidenta. E, é claro, para depois jogá-la às feras.
    Esse assunto já mereceu, aqui no DR, oportunos artigos –  do Mair Pena Neto (“Do “poste à governante encantadora”) e do Eliakim Araújo (“Estará Dilma se distanciando de Lula ?”), cuja releitura sugiro.  Volto a ele, contudo, pela sua importância.  Penso que os hipócritas  vão dar com os burros n’água. Lula e Dilma são, sim , pessoas diferentes. Isso é o óbvio. Mas o que os brasileiros estão percebendo  quando comparam os dois não é uma divisão, uma secessão, mas uma soma, uma complementaridade, que vai permitir ao  país– com a continuidade dos projetos sociais - mais e maiores saltos rumo à dignidade de seus cidadãos.


    Rodolpho Motta Lima
    no Direto da Redação

terça-feira, 15 de março de 2011

Risco de retrocesso na ABL


E por estas bandas, depois da perda irreparável que representou a morte do escritor Moacir Scliar (foto), um expoente da literatura brasileira, começa a corrida na Academia Brasileira de Letras para o preenchimento da vaga deixada por ele.

Nos últimos anos até que a ABL estava deixando para trás os tempos em que até um general da ditadura brasileira, Aurélio Lira Tavares, ocupou uma cadeira. Nomes do primeiro time foram escolhidos nos últimos anos. Por lá passaram, entre outros, Darci Ribeiro, que dispensa apresentação, e seguem Ana Maria Machado, Nélida Piñon e Cícero Sandroni, entre outros.

Pois bem, não é que agora aparece um pleiteante, uma figura que representaria um retrocesso para a ABL se fosse escolhido. Trata-se do colunista de O Globo, Merval Pereira, autor de um livro intitulado “Lulismo no Poder”, um trabalho que politicamente se inscreve na categoria de panfleto de direita. E só.

Para se ter uma ideia, o referido jornalista, em setembro do ano passado, portanto, em plena campanha eleitoral, esteve no Clube Militar junto com Reinaldo Azevedo, da Veja, destilando ódio contra o então Presidente Lula e fazendo proselitismo reacionário contra a candidata Dilma Rousseff. Foi ovacionado por vários oficiais da reserva que rezam a mesma cartilha de Merval Pereira e do outro. Parte do receituário apresentado aos que tinham comando durante a ditadura encontra-se no livro que ele apresenta e com isso pretende pleitear a vaga de Scliar.

Espera-se que os acadêmicos não se dobrem ao esquema plim-plim, que além de um retrocesso representaria uma ofensa à memória de Moacir Scliar e à própria literatura brasileira. Eles farão justiça e dignificarão a Casa se escolherem, agora em abril, o escritor, aí sim um escritor na verdadeira acepção da palavra, baiano radicado no Rio de Janeiro, Antonio Torres, autor de consagradas obras, algumas circulando no exterior, como “Essa Terra”, “Um cão uivando para a Lua”, “Balada da infância perdida” e “Um táxi para Viena d’Áustria”, entre outras.

Não há grau de comparação entre um e outro. Com a palavra os acadêmicos.

Em matéria de democratização da comunicação foi dado um passo adiante com a reunião no Congresso da Frente Parlamentar pela Liberdade de Expressão e o Direito à Comunicação com Participação Popular. Do grupo que está sendo criado participam parlamentares e representantes de movimentos que lutam pela democratização da mídia.

Estiveram presentes, entre outros a deputada Luiza Erundina (PSB-SP), os deputados Ivan Valente (PSOL-SP) e Paulo Pimenta (PT-RS). Como representantes de entidades da sociedade civil compareceram, entre outras, a Associação Mundial de Rádios Comunitárias (AMARC), a Campanha Ética na TV, o Centro de Estudos da Mídi Barão de Itararé, a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj).

E, como afirmou Erundina, “a liberdade de expressão e o direito à comunicação são condição para o pleno exercício da democracia no Brasil”. Sem isso, podem crer, não há democracia na pura acepção da palavra, apenas a “democracia” defendida pela mídia de mercado.

Enquanto isso, na Líbia permanece o impasse nos confrontos entre as forças leais a Muammar Khadafi e os insurgentes que anunciaram a instalação de um governo na cidade de Benghazi, já reconhecido pelo Presidente francês Nicolas Sarkozy. Os países integrantes da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), capitaneados pelos Estados Unidos, seguem os preparativos para desencadearem algum tipo de ação militar que vai agravar a situação. As últimas informações indicam uma retomada de áreas pelas forças leais a Khadafi.

A Secretária de Estado (ou será Sectária de Estado?) norte-americana, cinicamente diz que o seu país não vai abandonar o povo líbio. Clinton e os seus seguidores têm menosprezo pelos líbios ou qualquer outro povo, pois o negócio deles é escoar armas e pegar o petróleo em regiões ricas pelo mundo a fora.

O Brasil que se cuide com o pré-sal, muito cobiçado pelos Estados Unidos, tanto assim que Barack Obama está vindo por aqui, isso se não acontecer nenhum adiamento da visita em função dos acontecimentos na Líbia.

Antes de falar qualquer coisa, Clinton deveria dizer a verdade segundo a qual a indústria armamentista estadunidense desovou material. bélico na Líbia, o mesmo que está sendo usado nos confrontos. Afinal de contas, para os comerciantes da morte, negócios são negócios. Agora vir com a história de que o governo estadunidense está preocupado com o povo líbio é conversa para enganar eventuais incautos e abastecer as editorias internacionais dos jornalões e telejornalões. Vamos ver o que vem por aí.

A tragédia da natureza no Japão colocou a Líbia em segundo plano nos telejornalões.


Mário Augusto Jakobskind
Direto da Redação