Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Oba, oba! Tem mico na Guiné! Deu zebra no Obiang da Globo!

teodoro3

Vocês me perdoem o tom “José Simão” deste post.
Mas não dá para ser outro.

Eu estava achando surrealista esta história do criminoso patrocínio do ditador da Guiné Equatorial à Beija-Flor.

Nunca vi isso, até porque nunca fizeram críticas ao bicheiro – e acusado de mandante de homicídios – Anísio Abraão patrocinar a escola.

Nem foram perguntar quem foi que pagou pela homenagem, ano passado, ao Boni e à TV Globo.

Mas fiquei escandalizado com a “suposta” presença do presidente daquele país, secretamente aqui, martelada toda a manhã pela CBN.

Mesmo com o desmentido do governo guineense, insistiram que uma foto no Wall Street Journal “provava” a estada secreta de  Teodoro Obiang o “sanguinário” aqui.

Desceu-lhe o sarrafo ao longo de quase nove minutos, como você pode ouvir no áudio, no fim do post.
Conseguiu até a  “confirmação” do Copacabana Palace até do horário em que Obiang teria feito “check-out” do hotel, como O Globo, antes, havia  conseguido o prefixo do avião que o trouxera e, claro, todas as informações sobre a presença do “ômi”.

Aí começa o festival da besteira.

Ora, a foto que tinham era de um senhor negro, estrangeiro, de paletó e gravata no Sambódromo só poderia ser o ditador.

Os nossos valentes setoristas da CBN na Passarela devem achar que crioulo, como japonês, são todos iguais, né?

Se os nossos “jornalistas investigativos”, que descobriram um “escândalo internacional” tivessem ido à página do Wall Street Journal, teria lido lá, logo abaixo da matéria sobre o carnaval:

A photograph in the World news section incorrectly identified one of the guests at this year’s Carnival in Rio de Janeiro as Equatorial Guinea’s leader, Teodoro Obiang Nguema Mbasogo. (Feb. 17, 2015).

Incorretamente identificado, se é que precisa tradução.

Permitam-me a expressão: caceta, que mico!

E mico acompanhado de lições sobre como é a democracia, porque lá, na ditadura guineense, o governo e o partido mentiam, não apenas negando que aquele fosse Teodoro, como afirmando que o dito cujo estava numa reunião de chefes de Estado Centro-Africanos, em Camarões, discutindo medidas contra o avanço do grupo Boko-Haram!

Psi, ô, galera,  lá no site da Deutsche Welle, a agência alemã (estatal) de notícias  vocês vão dar de cara com uma foto do tal Teodoro, sentadinho ao lado presidente de Camarões, no mesmo dia 17, fazendo aquilo mesmo que a nota de seu governo diz que estava fazendo. E com o texto do repórter Mark Caldwell dizendo quem eram os chefes de Estado que estavam lá (Obiang é um deles) e quais países mandaram delegados.

E se duvidarem que é ele, apesar da plaquinha com seu nome (ampliem a foto e vejam), procurem no Google e verão que o cidadão é ele mesmo que não se parece em nada com o da foto do Sambódromo, a não ser pelo fato de ser negro. O que, aliás, quase todo mundo é lá na Guiné.

Vou ligar o rádio amanhã para ver se vai haver um mea-culpa daqueles de bater no peito fazendo barulho…

Vai nada, vai ter um monte de “mas”, de “porém”, de acusações a empreiteiras brasileiras que ganham dinheiro por lá com obras e discursos sobre a falta de democracia.

Escândalo internacional, mesmo, é a imprensa brasileira, histérica, irresponsável e incompetente, exceto numa coisa: esculhambar o Brasil.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

POLICARPO E GURGEL:RUÍDOS DISSONANTES.


*Oito dias e 145 mortes depois: Israel e Hamas concordam em cessar fogo.




O indiciamento do diretor de Veja em Brasília, Apolinário Jr, e o pedido de investigação contra o procurador-geral,  Roberto Gurgel, feitos pela CPI do Cachoeira, forçam a tampa de um bueiro capaz de revelar detritos omitidos na narrativa conservadora da Ação Penal 470. São processos distintos, mas os personagens se repetem. As linhas de passagem entre um caso e outro foram represadas na pauta das conveniências. O mesmo Gurgel que chocou por três anos os ovos do braço parlamentar de Cachoeira embala-se em caçar passaportes e exigir a prisão imediata dos condenados pelo STF.Urgências eletivas elucidam impropriedades cometidas  nas denúncias do procurador. A manipulação rudimentar acoplou o Visanet e seus recursos à esfera pública; esta semana, pretende-se provar o peculato doloso do petismo por desvio de 'bônus de volume' . Trata-se de um prêmio pago por veículos de comunicação a agências de publicidade sobre o qual anunciantes, Globo ou Visanet, não tem qualquer ingerência. A criminalização do PT neste caso deveria ser estendida à família Marinho. 



O caso Fantástico-UFRJ e o papel do CNJ


 

O produto notícia sempre explorou a escandalização como um de seus maiores fatores de venda. Não se trata propriamente de serviço público, mas de uma operação comercial, que visa vender mais, atrair mais leitores/espectadores e, em alguns casos, pressionar anunciantes ou tomar partido em disputas empresariais ou políticas.
O escândalo é um produto jornalístico é, como tal, tratado como marketing, da mesma forma que qualquer produto de consumo. E os ingredientes centrais desse marketing são a ampliação de verdadeira dimensão, “esquentar” a notícia, como se diz no jargão jornalístico.
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Em geral, tende-se a analisar a imprensa apenas como contraponto ao Estado, como representante da opinião pública.
Ora, no universo da opinião pública há um sem-número de personagens: o Estado, os grandes interesses econômicos, os partidos políticos, os demais poderes da República e, principalmente, o cidadão, o indivíduo, frágil, vulnerável em relação aos poderes maiores.
É para este cidadão que deveria se voltar a olhar da Justiça. No entanto, sua única forma de defesa, hoje em dia, são as redes sociais, jamais o Judiciário.
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Na semana retrasada o programa “Fantástico” anunciou uma matéria bombástica contra a UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Falava-se em desvio de dinheiro, lançavam-se suspeitas de enriquecimento ilícito e por aí afora.
Das redes sociais veio o alerta de que estariam cometendo um “assassinato de reputação”. A matéria foi suspensa e transferida para domingo passado, agora com um cuidado jornalístico maior.
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E aí se entra em um dos muitos recursos de manipulação de escândalos utilizados atemporalmente pela mídia: a confusão intencional entre problemas administrativos e desvio de recursos. Ou o superdimensionamento de pequenas infrações, tratadas como se fossem grandes crimes contra a ordem pública.
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De acordo com o site do Fantástico, há 4 anos a UFRJ começou a ser investigada pelo Ministério Público Federal (MPF) – que provavelmente encaminhou ao programa o inquérito sigiloso – e pela AGU (Advocacia Geral da União).
Tirando toda a retórica, o caso fica resumido a isto:
1. A UFRJ firmou convênio com o Banco do Brasil que, em troca da administração das contas, pagaria uma quantia anual à instituição. De 2005 a 2009. Segundo o MPF, deveria ter havido licitação. Mas era um banco público e uma instituição pública.
2. O dinheiro foi repassado para uma fundação, e não para o orçamento da Universidade e não foi incluído no SIAFI (Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal). Aí se tem uma irregularidade administrativa, sim. Mas, na própria matéria, especialistas atestam que quase todas as universidades procedem assim, para não cair no emaranhado burocrático da administração pública. De dois anos para cá mudou a legislação. A matéria reconhece que o contrato com o BB é anterior. Sem escândalo.
***
O contrato com o BB envolveu a quantia de R$ 43.520.000 em cinco anos.
Os “escândalos”
Identificaram-se, concretamente, as seguintes irregularidades: 1. Um professor utilizou notas frias para justificar despesas (R$ 10.083,00). 2. Outro professor recebeu através de uma empresa dele a quantia de R$ 27 mil. 3. Contratação de uma empresa para fornecer agendas para a UFRJ (R$ 27 mil). 4. A concessão de dois restaurantes. 5. o pagamento de R$ 264 mil a uma empresa que fornecia coquetéis e lanches.
“Esquentando” o escândalo
A nota da UFRJ mostra que a empresa que emitiu a nota não havia desaparecido, mas apenas mudando de endereço. O reitor recebeu o Fantástico e apresentou um balanço do que foi feito com o dinheiro do BB: seminários, congressos e recepções, na manutenção e reformas de prédios, na construção de restaurantes. Em vez de focar nas obras que foram realizadas com os recursos, deu-se destaque para as que não foram.
O vazamento do MPF
O “Fantástico” recebeu o inquérito antes dos indiciados. Com isso, ficou com o poder de julgar e condenar sete pessoas perante dezenas de milhões de telespectadores. As ressalvas às denúncias só foram entendidas por um diminuto número de espectadores, que sabem diferenciar problemas administrativos de malversação graúda de dinheiro. Mesmo com os cuidados da reportagem, perante a opinião pública estão todos condenados.
O papel do CNJ - 1
E aí se entra nessa escandalosa iniciativa do Ministro Ayres Britto, de criar uma comissão permanente, no âmbito do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), para garantir a grande mídia contra as ações propostas pelas vítimas. A comissão será composta por integrantes do poder judiciário e por representantes de órgãos de mídia. Não se cogitou sequer de defensores das vítimas de pequenos e grandes crimes.
O papel do CNJ - 2
Quando Ministro do STF, Ayres Britto, a pretexto de acabar com a Lei de Imprensa, deixou um vácuo jurídico que prejudicou fundamentalmente o direito de resposta. Agiu exclusivamente com o propósito de agradar a mídia, principalmente depois que espocaram denúncias sobre o uso do seu nome por seu próprio genro, em ações que passavam pelo STF e pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Coincidentemente, as denúncias sumiram do noticiário
O cidadão desprotegido
Tem-se, agora, o ensaio de uma briga de gigantes. De um lado, Congresso Nacional, partidos políticos; de outro, o Executivo; na terceira ponta, MPF, STF e mídia. E onde fica o cidadão comum? Em nenhum momento, Ayres Britto – ou o próprio STF – pensou no cidadão comum. Este continua à mercê de um Judiciário que entende a mídia com olhos do governante norte-americano do século 18. Muitos assassinatos ainda serão cometidos.
Luis Nassif
No Advivo

terça-feira, 12 de julho de 2011

WikiLeaks: A embaixada e a mídia

A pedido da Pública, repórter avaliou como a diplomacia americana usa nossa mídia – e os nossos jornalistas – como fontes para levantar informações que são enviadas a Washington
Boa parte dos 3 mil telegramas da estrutura diplomática dos Estados Unidos no mundo que dizem respeito ao Brasil vazados pelo Wikileaks consiste em resenhas do que foi publicado em jornais e revistas nacionais, chamados no jargão dos diplomatas como “reação da mídia” (“media reaction”).
Há ainda relatos de reuniões com jornalistas, entrevistas concedidas “off the record” (nas quais o repórter compromete-se a não revelar a fonte das informações), conversas casuais que mostram um e bom relacionamento com a mídia. Termos associados à imprensa e menções a grandes veículos noticiosos ocorrem em 1.305 telegramas, 40,8% do total¹.
Entre os jornais, o mais citado como fonte nos telegramas é a Folha de S.Paulo, com 541 menções em 384 mensagens. Comumente qualificado como o “diário de maior tiragem do país”, em algumas ocorrências, o impresso dirigido por Octávio Frias Filho é descrito como o “maior diário esquerdista” ou como “progressista” (“liberal”) no jargão dos telegramas diplomáticos.
O segundo campeão de leitura e atenção por parte dos funcionários da diplomacia é O Estado de S.Paulo, qualificado por diversas vezes como “conservador” e mais frequentemente “de centro-direita”.
Nas buscas pelo nome do jornal, são 480 citações em 317 telegramas.
O Globo (em 89 mensagens), Valor Econômico (em 84), Jornal do Brasil (em 23) e Correio Braziliense (em 11) são citados a respeito de reportagens e artigos pontuais. Outros diários aparecem com bem menos frequência. O Jornal da Tarde, também do Grupo Estado, surge em 2003 como “jornal regional de esquerda”.
Entre as revistas, Veja é a preferida nas leituras dos diplomatas. São 85 referências em 51 telegramas, sem qualquer qualificação além de “semanal”. Em um único episódio, ela é comparada à norte-americana Time. Em outros, como “líder de circulação”. Época é mencionada em nove mensagens (em uma, é classificada como “revista financeira”, em outras como “semanal noticiosa”) e CartaCapital aparece em duas ocasiões, sendo em uma delas, em dezembro de 2004, descrita como “nacionalista de esquerda”.
IstoÉ e IstoÉ Dinheiro são citadas em 16 oportunidades. Em um único episódio, referente à Liga dos Camponeses Pobres de Rondônia, a cobertura da publicação da Editora Três é vista como “geralmente precisa e justa”, embora suas reportagens sejam “mais desequilibradas do que a líder em circulação Veja”.
Colunistas
Poucos colunistas têm prestígio entre os diplomatas como fontes de informação citadas nos telegramas.
O editorialista da Folha Clovis Rossi lidera com 40 menções, restritas a excertos de sua coluna diária. Demétrio Magnoli, “geógrafo” e “sociólogo”, aparece em resenhas de mídia por oito vezes. Miriam Leitão, analista de economia do grupo Globo, é mencionada cinco vezes, como “respeitada”, “altamente influente” e “aclamada”. Dora Kramer aparece por duas vezes, adjetivada como “influente”.
Há também duas menções ao recém-eleito imortal da Academia Brasileira de Letras, Merval Pereira, e uma singela citação a Diogo Mainardi. O primeiro é taxado ora como “proeminente”, ora como “realista” e “menos otimista” do que o restante dos analistas de plantão. O segundo, como “popular colunista”, à época em que escrevia para a Veja.
O âncora Boris Casoy, em 2004 na Rede Record, também recebe o adjetivo de “popular” quando é citado condenando o projeto de Conselho Nacional de Jornalistas, proposto pela Federação Nacional da categoria. Um documento assinado pelo embaixador Danilovich reproduz sua fala na TV quando ele taxou a iniciativa de “abominável” e uma “óbvia tentativa de controlar jornalistas e a imprensa”.
Documentos mostram encontros de membros do corpo diplomático com diversos jornalistas de peso e representantes de grandes grupos midiáticos
A estrutura diplomática dos Estados Unidos mantém-se permanentemente alerta para o comportamento da imprensa. Um dos centros das atenções, segundo mostram documentos vazados pelo WikiLeaks, é a repercussão de questões relacionadas à política interna norte-americana, além de questões de relações bilaterais e temas relacionados a Israel.
Em meio a diversas análises do que sai na imprensa brasileira, há divagações curiosas. Em 23 de outubro de 2009, em meio à discussão de como a mídia se comporta, um telegrama (UNCLAS SECTION 01 OF 08 BRASILIA 001254) assinado pela conselheira diplomática Lisa Kubiske, tudo começa por elogios: “Os jornalistas brasileiros, falando genericamente, são profissionais, equilibrados e buscam objetividade”.
A seguir, ela sustenta que muitos são “imparciais” no tratamento concedido aos Estados Unidos, ainda que não concordem pessoalmente com as políticas norte-americanas. “Alguns articulistas da mídia dominante demonstram viés contra as políticas dos EUA, embora a tendência tenha começado a mudar com a eleição do presidente (Barack) Obama”, avalia.
A análise se aprofunda: “Um pequeno segmento do público brasileiro aceita a noção de que os Estados Unidos tem uma campanha para subjugar o Brasil economicamente, miná-lo culturalmente e ocupar com tropas pelo menos uma parte de seus territórios. Esse tipo de atitude e de crenças influenciam repórteres e comentaristas em questões como o retabelecimento da Quarta Frota da Marinha dos EUA (caracterizada como uma ameaça para o Brasil), supostamente por nefastas intenções em direção à Amazônia e à ‘Amazônia Azul’ (mares onde novas reservas de petróleo foram encontradas) e mais recentemente o anúncio do acesso dos EUA a bases militares colombianas”.
Há alguns telegramas que relatam encontros de membros da imprensa com embaixadores, cônsules e funcionários da diplomacia.
RBS amiga
Em um telegrama de 2005, o então cônsul de São Paulo, Patrick Dennis Duddy, narra uma visita do então embaixador John Danilovich a Porto Alegre. A capital gaúcha contava com um consulado próprio, até 1997, quando passou a ter apenas uma agência consular.
O embaixador teve três dias agitados, recheados de encontros com empresários e políticos.
Um dos pontos mais curiosos do relato diz respeito a uma entrevista concedida por Danilovich aos veículos da RBS. “O embaixador teve um almoço ‘off the record’ com a direção editorial do grupo RBS, o maior grupo regional de comunicação da América Latina”.
Os números da empresa são apresentados no relato, com detalhamentos sobre operações no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, incluindo a afiliação à Rede Globo, as 120 estações de rádio em dez estados e o jornal Zero Hora.
“O embaixador subsequentemente concedeu uma entrevista ‘on the record’ para o Zero Hora e para a rede de rádios.”
O documento ainda frisa, em sequência, as relações política entremeadas ao grupo de comunicação. “Pedro Parente, que era chefe da Casa Civil do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), é vice-presidente executivo da RBS”, aponta Duddy. Imediatamente a seguir, uma “nota” complementa a informação: “Nós temos tradicionamente tido acesso e relações excelentes com o grupo”.
Estadão amigo
Um telegrama de março de 2005, vazado em fevereiro de 2011, relata um encontro entre o embaixador John Danilovich e líderes da comunidade judaica da capital paulista. A audiência — dois meses antes da Cúpula América do Sul-Países Árabes daquele ano, em Brasília — teve a presença de Abraham Goldstein, presidente da B’nai Brith do Brasil, e Henry Sobel, rabino chefe da maior sinagoga paulistana.
O relato da conversa transcorre no sentido de aprofundar laços com comunidade judaica, mas guarda notas sobre a mídia que passaram despercebidas na ocasião do vazamento, em dezembro do ano passado (o documento já foi publicado pelo WikiLeaks).
Goldstein teria dito a Danilovich que possivelmente haveria uma campanha de imprensa para garantir os pontos de vista favoráveis a Israel e à comunidade de judeus no país.
“Goldstein disse que enquanto o editor de O Estado de S.Paulo prometeu cobertura “positiva”, outros jornais de grande circulação são vistos como tento inclinação pró-Palestina e não parecem ser de grande ajuda”, redige o embaixador. Na “campanha” estudada, havia menção a buscar não judeus que pudessem criticar o governo brasileiro no que eles consideravam uma tendência anti sionista, centrada na figura do secretário-geral do Itamaraty Samuel Pinheiro Guimarães.
Encontros com jornalistas
Nos telegramas, além de muita leitura e fichamento de jornais, há relatos de reuniões esporádicas com profissionais de mídia.
Carlos Eduardo Lins da Silva, ex-ombudsman da Folha de S.Paulo, participou de quatro encontros com diplomatas descritos nos telegramas. O primeiro, em abril de 2006, foi um encontro com Anthony Wayne, assistente do Departamento de Estado para assuntos econômicos que participava do Fórum Econômico Mundial América Latina. Durante o evento, sediado na capital paulista, Lins da Silva é apresentado como “ex-jornalista” e “consultor político”. No encontro, ele teria afirmado acreditar na viabilidade de Geraldo Alckmin (PSDB) como candidato da oposição.
O segundo encontro ocorreu em 2008, quando Lins da Silva havia sido reconduzido ao posto de ombudsman da Folha.
O então senador do Nebraska, o republicano Chuck Hagel, teve um almoço em São Paulo com a participação de Celso Lafer, ministro de Relações Exteriores (1995-2002) da gestão Fernando Henrique Cardoso, Rubens Barbosa, embaixador brasileiro em Washington (1999 a 2004), Rubens Ricupero, ex-ministro da Fazenda e ex-embaixador nos EUA e na OMC, e Sérgio Amaral, ex-ministro da Indústria (2001-2002). Mas o único participante sem elos com ministérios nem com o Itamaraty não tem nenhuma declaração citada.
Em novembro de 2008, ainda em seu segundo mandato como ouvidor da Folha, Lins da Silva é qualificado como “ex-editor sênior” do Valor Econômico. A reunião, no caso, foi com o cônsul-geral Thomas White a respeito dos planos de exploração dos campos de petróleo do Pré-Sal. O jornalista avaliava que a crise financeira atrasaria os prazos de extração dos poços do campo de Tupi.
Quando Arturo Valenzuela, secretário assistente para assuntos do hemisfério ocidental, passou pelo Cone Sul em 2010, Lins da Silva aparece novamente em um telegrama diplomático. No mesmo encontro estavam o sociólogo Bolivar Lamounier, Lafer, Barbosa e José Goldemberg, ex-ministro de Ciência e Tecnologia e da Educação na década de 1990.
O ombudsman “destacou o vigor financeiro sem precedentes do PT para executar uma campanha, após oito anos no governo” que, em caso de derrota, produziria uma oposição “muito problemática”.
Lamounier aparece em episódio anterior, ainda em 2007. Ele teria almoçado em 28 de setembro ao lado de Jose Augusto Guilhon de Albuquerque com funcionários da embaixada em São Paulo. Ambos são apresentados como acadêmicos “associados” ao PSDB. O blogueiro do site da revista Exame, da editora Abril, apostava que Lula não tentaria terceiro mandato e que a candidatura apoiada por ele levaria a melhor. Acertou.
E disse ainda que o presidente seguinte teria de buscar apoio do PMDB, em função de seu tamanho e peso. “O PMDB, avisou Lamounier, é sempre o problema, nunca a solução, porque não tem nenhuma identidade política nem ideológica e existe com o único propósito de avançar em interesses pessoais para seus membros.
Waack
Quem também participou de almoços e encontros com funcionários do governo dos Estados Unidos foi o apresentador do Jornal da Globo, William Waack. O primeiro entre os citados foi em 28 de abril de 2008. Uma visita de jornalistas ao almirante Philip Cullom, que passava pelo Brasil para uma série de exercícios conjuntos entre as marinhas dos Estados Undidos, Brasil e Argentina.
De acordo com o relato do então embaixador Clifford Sobel, a visita de “membros da imprensa brasileira” resultou numa “cobertura positiva”. Entre todos os jornalistas, apenas o apresentador do Jornal da Globo é nomeado, por ter “apresentado em duas reportagens para O Globo sobre a visita que reflete a importância da parceria dos EUA com o Brasil”.
Outro encontro deu-se em setembro de 2009, com a presença Sérgio Fausto, à época diretor do Instituto Fernando Henrique Cardoso (iFHC). Nele, Waack trouxe a informação, que posteriormente se revelaria falsa, de que os então governadores de São Paulo, José Serra, e Minas Gerais, Aécio Neves, teriam acertado uma chapa-puro-sangue do PSDB para rivalizar com Dilma Rousseff.
O terceiro encontro foi com o atual embaixador, Thomas Shannon, em fevereiro de 2010. Waak teria dito que em um fórum com empresários, Aécio Neves teria se mostado “o mais carismático”, Ciro Gomes “o mais forte”, Serra “claramente competente” e Dilma “a menos coerente”.
Em agosto de 2005, há menção a um encontro com oito jornalistas e comentaristas de jornais, revistas, TV e internet. Nenhum é mencionado, mas muitas teorias são listadas sobre o que se sucederia às denúncias de corrupção consagradas como o escândalo do “Mensalão”.
Fernando Rodrigues, repórter especial de política da Folha e autor do blog UolPolítica, teve pelo menos duas conversas com o assessor político da embaixada dos Estados Unidos, segundo os documentos. Em ambos, foi procurado para dar a contextualização de questões relativas ao país: o funcionamento do Tribunal de Contas da União e o futuro de Aldo Rebelo (PCdoB-SP) caso perdesse a eleição para presidente da Câmara dos Deputados em 2007.
Anselmo Massad, especial para a Pública

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Os intelectuais midiáticos, esses especialistas em mentira. Aos mervais e merdais da mídia. Plim...Plim..

do TERRA BRASILIS
Foi publicado na França este mês, mas poderia ter sido no Brasil. Os intelectuais farsantes – O triunfo midiático dos especialistas em mentira, do diretor do Instituto de Relações Internacionais e estratégicas e professor da Universidade de Paris VIII, Pascal Boniface, o livro retrata o tipo de “intelectual midiático” que prolifera pelo mundo afora e do qual nem a França, nem o Brasil ficaram excluídos.

A preocupação central dele não é com os que fazem análises equivocadas, mas com os que mentem deliberadamente para ganhar espaços midiáticos, a partir do qual se projetam como supostos “intelectuais” e ganham suposta “autoridade” para opinar sobre qualquer coisa. “São farsantes que fabricam a falsa moeda intelectual para garantir seu triunfo sobre o mercado da convicção”.

Como o fim justifica os meios, “a fronteira entre farsantes e mercenários não é clara”. Os que circulam pelas páginas econômicas articulam suas “verdades” com assessorias a setores empresariais. É um negocio redondo: publicam “preocupações” de empresas privadas – na verdade, seus “interesses” – depois de ter feito palestras e ouvido suas opiniões, de forma remunerada. Faz parte tácita do contrato, artigos defendendo os pontos de vista desses setores empresariais, como se fosse uma interpretação sobre os destinos e dilemas da economia do país.

Na primeira parte do livro, Boniface analisa o fenômeno e destaca alguns dos temas prioritários, como a defesa do Ocidente como defesa da democracia, Israel como ilha de civilização cercada de regimes totalitários que o querem destruir, o conceito de “islamofascismo”, o pânico do Islã.

Na segunda parte, ele analisa alguns personagens conspícuos, similares aos que temos no Brasil. O caso mais conhecido é o de Bernard-Henri Lévy: BHL (foto ao lado) é certamente o próprio modelo do farsante, o “mestre absoluto”, alguém que construiu sua carreira “manejando sem vergonha a mentira”.

Aqui nós conhecemos seus nomes ou pelo menos topamos em algum momento com suas caras, se zapeamos ao acaso pela televisão. Todos cabem na definição de Boniface, com suas carreiras perfeitamente enquadradas no conceito de “intelectual farsante”. (Um deles chegou até à Academia Brasileira de Letras.)

São exatamente o contrário do intelectual da esfera pública, aquele voltado para os grandes temas de interesse nacional e popular, oposto aos donos do poder, com abordagem alternativa e com linguagem acessível a todos.

Texto do professor Emir Sader, publicado no blog da editora Boitempo.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

A tática dos vencidos


  • Dilma Roussef, na sua segunda ida ao exterior na condição de Presidenta da República,como já o fizera na Argentina,  marcou a viagem por alguns simbolismos expressivos.
    Foi bom e oportuno o seu posicionamento de solidariedade a Portugal,  país de indeléveis laços históricos com o Brasil e  que atravessa sérios problemas econômicos. Ao acenar com a possibilidade (nem sei se concretizável) de um apoio material aos portugueses, a Presidenta produziu um gesto afirmativo revelador de um  país que  vai, aos poucos, deixando de lado o seu espírito de colonizado para assumir uma postura que o equipara às nações mais respeitadas no planeta.
    Além dessa afirmação diplomática, é relevante destacar que a  visita de Dilma teve como objetivo prestigiar os títulos honoríficos conferidos ao ex-presidente Lula, repercutindo a grande expressão política por ele alcançada, no âmbito mundial, durante o seu governo. A presença solidária da Presidenta é também resposta inequívoca a quantos estão pretendendo, levianamente, na grande imprensa, semear divergências entre os dois.
    “Dividir para conquistar” está longe de ser um dito original no campo da política. A mídia oportunista  sabe disso e tenta, de todas as formas, desestabilizar a estreita ligação pessoal  e ideológica que une Dilma a Lula. Alguns comentários nesse sentido são “plantados” de forma que imaginam ser sutil, mas que, muitas vezes, beiram o ridículo. Em um artigo publicado um dia desses em “O Globo”, o colunista Nelson Motta chega a desenhar a possibilidade literal de um romance de Dilma com Fernando Henrique, por conta da cortesia que norteou o encontro dos dois no banquete oferecido ao Obama...
    Em matéria de especulação tendenciosa, aliás, a vinda de Obama ao Brasil e a não participação de Lula no citado banquete serviram – permitam os trocadilhos – de prato cheio para essa imprensa faminta por dissensões:  Lula não teria comparecido por estar, de alguma forma, agastado com a Presidenta. Mas o que se viu em Portugal  reduziu a pó o delírio da mídia.
    O fato é que os vencidos nas recentíssimas eleições, cinicamente, estão fingindo que a venceram. De repente, é como se Dilma tivesse sido eleita como contraponto a Lula, quase uma opositora...
    Quem tivesse saído do Brasil um pouco antes das eleições e apenas agora tivesse retornado ao país teria dificuldade de entender  os acordes dessa orquestrada sucessão de mesuras e rapapés, de elogios quase aclamatórios à candidata eleita, reproduzidos por setores midiáticos que fizeram o possível e o impossível  - com sérios arranhões na ética -  para que ela fosse derrotada. Agora,  Dilma não é mais um “poste”, mas tem luz própria que ofusca Lula; não é mais despreparada para governar, mas tem a silenciosa sabedoria dos estadistas que muitas vezes faltou ao antecessor;  não é mais a perigosa e sanguinária guerrilheira, mas uma defensora intransigente das liberdades democráticas arranhadas por Lula em posicionamentos anteriores; não é mais uma invenção de Lula, mas a sua negação...
    Quem viu e ouviu o que diziam sobre Dilma os jornalistas globais  (como Merval Pereira, Miriam Leitão, Arnaldo Jabor , Lúcia Hipólito e tantos outros), e compara com muito do que se diz agora  na midia majoritária tem vontade de beliscar-se para ter certeza de que está diante de algo concreto, real. Mudaram os tempos ou as pessoas? Nem uma coisa nem outra. Tudo isso tem um propósito e é só verificar como se encaixa com as posturas da própria oposição nas figuras de Aécio, Kassab e muitos mais. Em estratégia que acreditam poder dar certo, entoam todos um canto de sereia para atrair a Presidenta. E, é claro, para depois jogá-la às feras.
    Esse assunto já mereceu, aqui no DR, oportunos artigos –  do Mair Pena Neto (“Do “poste à governante encantadora”) e do Eliakim Araújo (“Estará Dilma se distanciando de Lula ?”), cuja releitura sugiro.  Volto a ele, contudo, pela sua importância.  Penso que os hipócritas  vão dar com os burros n’água. Lula e Dilma são, sim , pessoas diferentes. Isso é o óbvio. Mas o que os brasileiros estão percebendo  quando comparam os dois não é uma divisão, uma secessão, mas uma soma, uma complementaridade, que vai permitir ao  país– com a continuidade dos projetos sociais - mais e maiores saltos rumo à dignidade de seus cidadãos.


    Rodolpho Motta Lima
    no Direto da Redação

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Persons of the PIG/2010

Arnaldo Jaburanga Jabor, Supremo Dono da Verdade, Inteligência Arrombadora de Todos os QIs do Mundo (Desiclopédia), festejado Cineasta de um Filme Só, e que ficou com o título de Emo do Ano graças a fuga do seu parceiro e jornalista Diogo Maisnada que se picou pra Sicília, muito antes da morte anuncidada do esquemão da pocilga. Para os desavisados, Sicíla é o codinome que essa "tribo" teima em chamar a riquíssima, badalada e segregacionista cidade de Milão, ou Roma, a eterna cidade dos gays brasileiros.
Vazou da sua rival, Época, que a pouquíssima verba pra assepsia na redação da ex-maior revista do país, está sendo repassada pela irmã, uma coelhinha da PlayBoy. Deve estar sendo difícil pra quem vendia 850 mil exemplares, ter que conviver com pouco mais de 200 mil que nem chegam aos seus destinos: se perdem nos depósitos de alguma Secretaria de Governo do Estado e da Prefeitura de São Paulo, carimbada de EXEMPLAR DE ASSINANTE
Haja Dossiê Falso para saciar a fome das gigantesca impressoras da Folha que a cada dia imprime menos. Estão sentindo no papel a escacez de tinta tão abundante no período da dona Branda. Na mesma proporção do resultado das sessões de torturas.
João de Deus Netto

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

O GROBO não Mente, Mas Também Não Fala a Verdade O pessimismo antibrasileiro do Globo



(As pinturas da capa e acima pertencem ao alemão Jonathan Meese.)
O Brasil deve crescer de 7,5% a 8% este ano, o maior crescimento em 24 anos. Mas essa comparação é enganosa. O crescimento verificado no início da redemocratização, sob o governo Sarney, vinha acompanhado de inflação galopante, desemprego em alta e uma dívida externa insustentável. A situação atual, portanto, não encontra paralelo nas últimas décadas. Durante a ditadura, houve picos de crescimento, mas igualmente amparados no endividamento externo e num cenário de profunda concentração de renda. Talvez pudéssemos lembrar dos “anos dourados” da era Vargas, sempre mencionado por setores sindicais por causa do alto valor do salário mínimo da época. Mas estes salários eram uma realidade somente em ilhas de prosperidade, como o Rio de Janeiro dos anos 30 ao 50, sede do governo – e era sustentada em parte pela proliferação de estatais (necessárias, mas que geravam vagas somente aqui), em parte pelo estágio ainda não avançado das indústrias, que exigiam grande quantidade de mão-de-obra para funções que, hoje, são desempenhadas por robôs. O crescimento econômico da época restringia-se a poucas regiões do país.
O crescimento econômico de 2010 inclui ampla distribuição de renda, tanto a nível regional, com maior desempenho de áreas menos desenvolvidas, como Norte e Nordeste, como a nível de classe, com inclusão social de milhões de pessoas antes alijadas do mercado de consumo.
Em suma, sem querer parecer ufanista, atendo-se unicamente aos números, o crescimento que devemos registrar nesse peripatético ano de 2010 corresponde a recorde absoluto na história brasileira moderna. E como seria ridículo atribuir a qualquer ano de nossa triste história pré-abolição qualidades superiores aos de nossa recente e pujante democracia republicana, não seria nenhum absurdo afirmar que 2010 será o melhor ano jamais vivido pelo Brasil!
Jornalismo econômico se faz comparando, e para isso se exige parâmetros racionais. Por exemplo, se o Haiti crescer, no ano que vem, 20%, e o Brasil, 5%, seria estupidez ou mau caratismo (ou ambos) menosprezar os números brasileiros em função dos haitianos.
Pois é justamente isso o que a nossa famigerada mídia faz sistematicamente. Repare a manchete do Globo desta sexta-feira, 10 de dezembro de 2010:

Quem são esses emergentes? Quem é a América Latina? Vamos ao caderno de Economia do jornal, onde está a matéria que originou essa melancólica manchete platinada:
Em relação à América Latina, o Brasil só pode ser comparado, por seu tamanho, ao México e um pouco à Argentina. O crescimento desta última tinha que ser muito grande mesmo, em virtude do rombo terrível vivido pelo país na década de 90, por ter seguido políticas neoliberais. Observe que a média de crescimento da Argentina nos anos de 2003 a 2010, de 7,3%, deve nos trazer à lembrança um nome, ou melhor, um sobrenome, Kirchnner. Sempre que você ler uma matéria nos jornais bombardeando o casal K, lembre-se que os presidentes Nestor Kirchner e sua sucessora, Cristina, tiraram a Argentina do buraco. E lembre-se também que a Argentina, nesse mesmo período, tornou-se a segundo maior compradora de produtos brasileiros, superando os Estados Unidos; e mais, a Argentina consolidou-se como o grande destino de nossos manufaturados; sim, porque a China é uma grande parceira comercial, mas ninguém enfatiza o fato dos chineses importarem somente matéria-prima barata do Brasil, enquanto a Argentina importa sobretudo autopeças, máquinas e aparelhos elétricos brasileiros.
Em relação aos “emergentes” que teriam crescido mais que o Brasil, na verdade a matéria se refere ao BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China). Vejamos: a China é incomparável. Ela tem que crescer muito porque sua renda per capita é baixíssima, e pode crescer rápido porque toda ditadura tem facilidade para gerir política econômica. A história mostra que os ditadores, quando são competentes tecnicamente, tem vantagens enormes para gerenciarem grandes projetos de crescimento. Não tem imprensa enchendo saco. Não tem Ibama enchendo saco. Não tem Tribunal de Contas. Não tem CPI. A ordem é construir a maior hidrelétrica do mundo? Remove-se 10 milhões de pessoas sem choro nem vela, alaga-se paraísos naturais, impõe-se silêncio a qualquer crítica, e faz-se a usina, ponto final. Assim até eu!
Quanto à Índia, é um país igualmente com renda per capita baixíssima, com grande parte da população totalmente marginalizada de tudo, vivendo em miséria absoluta, trabalhando a qualquer preço. O Brasil poderia, pelo tamanho da população, ser comparado à Rússia, que cresceu numa média de 4,8% nos últimos anos. Mas a Rússia não distribuiu renda, não controlou a inflação nem tem uma economia diversificada como a brasileira. Seu crescimento baseou-se unicamente na indústria do petróleo.
Portanto, e agora já com medo de parecer um ufanista ridículo, também se poderia afirmar que o crescimento do Brasil de 2003 a 2010 apresenta muito mais qualidades do que o dos outros países do Bric e do resto da América Latina. A manchete do Globo escamoteia a realidade. Como a maioria das pessoas sequer lêem com atenção as matérias do caderno econômico, restringindo-se a um passar de vista sobre as manchetes, o substrato informativo que fica na mente do leitor é confuso e equivocado.
E por que o Globo faz isso?
Ora, porque a orientação dos editores do Globo, assim como de toda grande imprensa, é filtrar qualquer notícia que possa beneficiar politicamente o governo Lula.
Eu tento ver o lado positivo de tudo isso. O crescimento do Brasil está quase acima do recomendado, tanto que há um pico inflacionário (nada grave, mas que requer atenção). O negativismo do Globo serviria para esfriar o entusiasmo excessivo das massas consumidoras. Mas não é essa a intenção do Globo, nem a imprensa deve assumir esse papel triste e obscuro de puxar para baixo o astral de um país, por uma duvidosa estratégia macro-econômica. O que o Globo faz é puro desespero de torcer a realidadade. O resultado, embora pífio (vide a popularidade recorde de Lula, que periga chegar a 100% até o fim do mandato), tem como objetivo manter viva um núcleo de antipetismo, que servirá de base para a construir a estratégia de oposição ao governo Dilma nos próximos quatro anos e emplacar Aécio Neves em 2014.  Não podemos subestimar a oposição midiática, que sequer se preocupa em disfarçar melhor suas intenções: veja como a matéria termina:
E se o Brasil conseguiu avançar no governo Lula, isso também se deveu aos esforços da era FH, destacou Agostini:
- São dois momentos. É que nem Maradona e Pelé.
O economista da Cepal não está totalmente errado. Todos os presidentes anteriores a Lula participaram um pouco da situação atual. Mas por que essa obsessão em defender FHC? Por que não usar o espaço para trazer mais informações sobre a qualidade do nosso crescimento? Por que a insistência em diminuir o valor simbólico do espetacular crescimento econômico de nosso país em 2010, num ambiente internacional fortemente negativo, com as grandes potências em crise?
Claro que há problemas graves que devem ser abordados. Há outras matérias na mesma edição mencionando o aumento forte das importações e o perigo que isso traz para a indústria nacional. O que me espanta é não haver, em parte alguma do jornal, um grama de alegria com o desempenho recorde da economia. Essa obsessão por uma visão negativista, irritada, rancorosa, de toda notícia boa para o Brasil, não estaria por trás desses surtos de ódio que explodiram nas últimas eleições? Arriscaria-me até a dizer que ela tem alguma influência sobre as manifestações racistas e homofóbicas que vemos em São Paulo, pois não posso crer que alguém que vê o Brasil com otimismo e esperança, e que votou em Dilma Rousseff, possa cometer o desatino de espancar gratuitamente uma pessoa apenas porque ela é gay ou nordestina. Sei que a maioria dos eleitores do Serra são pessoas boas, simples, honestas e pacíficas. Mas há uma minoria barulhenta, reacionária, cujo ódio é alimentado pela interpretação negativa de qualquer coisa boa que exista no Brasil. Onde está o governador eleito Geraldo Alckmin que até agora não fez declarações enfáticas contra os atos de agressão em São Paulo? Onde está Serra?
Eu não sou nenhum fanático do otimismo; ao contrário, procuro alimentar uma visão do mundo que seja imparcial neste sentido. Há coisas que se deterioram, outras que evoluem. Mas é claro que o otimismo tem uma função biológica e psicológica fundamental para o progresso de indivíduos e nações. Como dizia um grande filósofo (William James) dos Estados Unidos, nação fundada sobre um otimismo inquebrantável, messiânico: O pessimismo conduz à fraqueza, o otimismo ao poder!

DO Gonzum ex Óleo do Diabo
do  Miguel do Rosário
René Amaral

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Dá-lhe Moura!! Agora é Na Cabeça do Noblatblabla

Já está no blog, mas também transcrevo aqui (o artigo dele tá embaixo). Esta é minha carta de hoje ao Ricardo Noblat, do Globo.
Abraços,

Carlim Moura  



“ Só conseguiremos conversar com cachorros no dia em que aprendermos a latir “ (Christopher Marlowe, dramaturgo britânico, assistindo do além as eleições brasileiras)

Noblat,

Quem é você para decidir pelo Brasil (e pela História) quem é grande ou quem deixa de ser? Quem lhe deu a procuração? O Globo? A Veja? O Estadão? A Folha?

Apresento-me: sou um brasileiro. Não sou do PT, nunca fui. Isso ajuda, porque do contrário você me desclassificaria,  jogando-me na lata de lixo como uma bolinha de papel. Sou de sua geração. Nossa diferença é que minha educação formal foi pífia, a sua acadêmica. Não pude sequer estudar num dos melhores colégios secundários que o Brasil tinha na época (o Colégio de Cataguases, MG, onde eu morava) porque era só para ricos. Nas cidades pequenas, no início dos sessenta, sequer existiam colégios públicos. Frequentar uma universidade, como a Católica de Pernambuco em que você se formou, nem utopia era, era um delírio.

Informo só para deixar claro que entre nós existe uma pedra no meio do caminho. Minha origem é tipicamente “brasileira”, da gente cabralina que nasceu falando empedrado. A sua não. Isto não nos torna piores ou melhores do que ninguém, só nos faz diferentes. A mesma diferença que tem Luis Inácio em relação ao patriciado de anel, abotoadura & mestrado. Patronato que tomou conta da loja desde a época imperial.

O que você e uma vasta geração de serviçais jornalísticos passaram oito anos sem sequer tentar entender é que Lula não pertence à ortodoxia política. Foi o mesmo erro que a esquerda cometeu quando ele apareceu como líder sindical. Vamos dizer que esta equipe furiosa, sustentada por quatro famílias que formam o oligopólio da informação no eixo Rio-S.Paulo – uma delas, a do Globo, controlando também a maior  rede de TV do país - não esteja movida pelo rancor. Coisa natural quando um feudo começa a  dividir com o resto da nação as malas repletas de cédulas alopradas que a União lhe entrega em forma de publicidade. Daí a ira natural, pois aqui em Minas se diz que homem só briga por duas coisas:barra de saia ou barra de ouro.

O que me espanta é que, movidos pela repulsa, tenham deixado de perceber que o brasileiro não é dançarino de valsa, é passista de samba. O patuá que vocês querem enfiar em Lula é o do negrinho do pastoreio, obrigado a abaixar a cabeça quando ameaçado pelo relho. O sotaque que vocês gostam é o nhém-nhém-nhém grã-fino de FHC, o da simulação, da dissimulação, da bata paramentada por láureas universitárias. Não importa se o conteúdo é grosseiro, inoportuno ou hipócrita  (“esqueçam o que eu escrevi”, “ tenho um pé na senzala” “o resultado foi um trabalho de Deus”). O que vale é a forma, o estilo envernizado.

As pessoas com quem converso não falam assim – falam como Lula. Elas também xingam quando são injustiçadas. Elas gritam quando não são ouvidas, esperneiam quando querem lhe tapar a boca.  A uma imprensa desacostumada ao direito de resposta e viciada em montar manchetes falsas   e armações ilimitadas (seu jornal chegou ao ponto de, há poucos dias, "manchetar"  a “queda” de Dilma nas pesquisas, quando ela saiu do primeiro turno com 47% e já entrou no segundo com 53 ) ficou impossível falar com candura. Ao operário no poder vocês exigem a “liturgia”  do cargo. Ao togado basta o cinismo.

Se houve erro nas falas de Lula isto não o faz menor, como você disse, imitando o Aécio. Gritos apaixonados durante uma disputa sórdida não diminuem a importância histórica de um governo que fez a maior revolução social de nossa História.  E ainda querem que, no final de mandato, o presidente aguente calado a campanha eleitoral mais baixa, desqualificada e mesquinha desde que Collor levou a ex-mulher de Lula à TV.

Sordidez que foi iniciada por um vendaval apócrifo de ultrajes contra Dilma na internet, seguida das subterrâneas ações de Índio da Costa junto a igrejas e da covarde declaração de Monica Serra sobre a “matança de criancinhas”, enfiando o manto de Herodes em Dilma. Esse cambapé de uma candidata a primeira dama – que teve o desplante de viajar ao seu país paramentada de beata de procissão, carregando uma réplica da padroeira só para explorar o drama dos mineiros chilenos no horário eleitoral – passou em branco nos editoriais. Ela é “acadêmica”.

A esta senhora e ao seu marido você deveria também exigir “caráter, nobreza de ânimo, sentimento, generosidade”.

Você não vai “decidir” que Lula ficou menor, não. A História não está sendo mais escrita só por essa súcia de jornais e televisões à qual você pertence. Há centenas de pessoas que, de graça, sem soldos de marinhos, mesquitas, frias ou civitas, estão mostrando ao país o outro lado, a face oculta da lua. Se não houvesse a democracia da internet vocês continuariamladrando sozinhos nas terras brasileiras, segurando nas rédeas o medo e o silêncio dos carneiros.

Carlos Torres Moura
Além Paraíba-MG


Abaixo o  Lixo do NOBLATBLABLA
pra quem tem estômago, ou usa fraldão

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Onze dias de fúria midiática



Apertem os cintos, preparem os corações. Além da pesquisa Vox Populi, Ibope e Datafolha devem mostrar Dilma Rousseff aumentando a vantagem em relação a José Serra. Os números de cada instituto, a esta altura do campeonato, são irrelevantes – o que importa são as tendências e até o fim da semana todos os institutos mostrarão a mesma coisa.
Segundo noticiado pelo portal de internet IG ontem à noite, até especialistas ligados ao PSDB rejeitam as acusações dos tucanos ao Vox Populi.
Segundo Murillo de Aragão, cientista político e sócio da consultoria Arko Advice, não haveria razões para que o instituto favorecesse um determinado candidato. “O Marcos Coimbra (presidente do Instituto Vox Populi) não pode fazer o instituto dele trabalhar com erros. Ele vai fazer o possível para que as pesquisas dele sejam mais precisas. O sucesso do seu negócio é ser o mais correto possível”, afirmou.
O sociólogo e cientista político Antonio Lavareda, ligado ao PSDB, diz que não há como fazer um julgamento precipitado do Vox Populi. “Parto do suposto que os institutos se comportam dentro de um padrão ético requerido. Uma vez que o resultado seja muito discrepante, aí ele terá de se explicar. É difícil que continuem a ocorrer grandes diferenças entre os institutos, daqui pra frente. A tendência já apresentada em outras eleições é que a maioria dos institutos tenha números convergentes”.
O cientista político Alberto Almeida, diretor do Instituto Análise, estima que o resultado do Vox seja confirmado pelos outros institutos. “Tenho o palpite de que as próximas pesquisas virão apontando uma margem a favor da Dilma do mesmo tamanho que o Vox Populi. Acredito na hipótese de que nunca houve essa aproximação do Serra em relação a Dilma no segundo turno”, diz o sociólogo.
Foi sintomático que o órgão de imprensa mais serrista do país – e o único que não reconhece o fato em hipótese alguma –, o jornal Folha de São Paulo, em sua edição de hoje tenha voltado a produzir manchetes para Serra usar na tevê. A Folha sai com uma manchete espalhafatosa sobre informações que teriam vazado da investigação que o governo Lula mandou a Polícia Federal fazer sobre a quebra de sigilo fiscal de tucanos.
Na noite desta quarta-feira, o Jornal Nacional deve repercutir mais uma “denúncia-bomba” da Folha contra a campanha de Dilma. Provavelmente, antes de dar os números do Ibope. A partir daí, virão mais duas capas da Veja e da Época e nove edições do Jornal Nacional, além de onze primeiras páginas da própria Folha, do Globo e do Estadão.
Durante os próximos onze dias, a mídia fará tudo, absolutamente tudo para impedir a vitória de Dilma. E o objetivo não será apenas o de tentar eleger Serra. Mesmo que a vantagem da candidata petista aumente muito, a mídia tentará diminuir o tamanho dessa vitória para que não seja acachapante para o seu candidato.
A partir de hoje, o Brasil será vitimado por onze dias da mais virulenta fúria midiática de sua história. A priori, não haverá tática que não será usada. Teremos um fim melancólico para uma das campanhas eleitorais mais sujas da história recente do país, na qual a imprensa tucana terá usado até a religião para eleger seu candidato. Preparem-se.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Serra repete FHC e persegue os velhinhos



Na foto, os velhinhos vestidos de vermelho se aproximam do jenio


Saiu site do Globo:

Serra diz ser favorável a mudança na idade para aposentadoria do servidor público

- Toda a questão da Previdência eu quero refazer no Brasil de maneira realista, que funcione. Eu prefiro mexer muito mais na idade do que na remuneração – afirmou o tucano, ao ser perguntado sobre a manutenção da integralidade da remuneração para o funcionalismo.













Navalha

Quem chamou o aposentado de vagabundo ? 

O FHC.

Quem é o filhote do FHC ?

O Serra
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Paulo Henrique Amorim