Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista
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segunda-feira, 20 de maio de 2013

Como o Estadão fez sumir sua chantagem contra Aécio.


Em fevereiro de 2010, uma guerra fratricida foi desencadeada no PSDB. O segundo mandato de Lula chegava ao fim e ele não podia ser candidato à própria sucessão. Os tucanos e a mídia sua aliada estavam céticos quanto às possibilidades do “poste” que achavam que Dilma era e, assim, acreditavam que, fosse quem fosse o candidato deles, seria eleito.
Dois pré-candidatos disputavam a indicação do PSDB para a “barbada” eleitoral que a direita brasileira acreditava que se avizinhava – derrotar uma mulher sem o carisma de Lula e que jamais disputara uma eleição na vida. José Serra e Aécio Neves, então, digladiavam-se pela primazia de enfrentar Dilma.
A imprensa atucanada de São Paulo e do Rio de Janeiro (leia-se Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo e O Globo) estava muito irritada com Aécio. Apesar de esses veículos e o PSDB acreditarem que Dilma, então praticamente estagnada nas pesquisas, seria mera sparring de dois políticos profissionais como Aécio e Serra, preferia o segundo.
No caso da imprensa paulista, até por Serra ser paulista também – sem falar na maior identificação ideológica com ele –, essa “imprensa” fustigou o PSDB por meses até que Aécio fosse preterido.
Serra estava melhor nas pesquisas e esses veículos, que há mais de uma década demonstram que não entendem a política brasileira, não acreditavam que alguém pudesse começar uma campanha eleitoral com percentuais de intenção de voto tão baixos quanto Dilma e o próprio Aécio tinham e chegar a vencer a eleição.
Nesse jogo, o jornal O Estado de São Paulo fez o movimento mais ousado: chantageou Aécio com um texto literalmente criminoso, escrito por seu ex-editorialista e ex-colunista Mauro Chaves, que faleceria um ano depois.
No auge dessa disputa entre Serra e Aécio, o Estadão publicou artigo de Chaves contendo uma chantagem contra o então governador de Minas Gerais, conhecido por sua vida de “playboy” e sobre quem circulam, há anos, boatos sobre ser usuário de cocaína.
O título do artigo que Chaves escreveu e que foi publicado pelo Estadão em 28 de fevereiro de 2010 já dispensaria o resto do texto: “Pó pará, governador”. Confira, abaixo, a íntegra do artigo.


Chaves era um homem bastante erudito. Seu texto era escorreito. Por que usar um título como esse? Por que não “Pode parar, governador”? Ora, porque estava mandado um recado de que os boatos sobre Aécio ser usuário de “pó” (cocaína) viriam à tona caso insistisse em criar dificuldades à candidatura Serra.
O artigo causou grande alvoroço e, pouco depois, Serra foi sagrado candidato para a “barbada” que a mídia ligada ao PSDB e o próprio partido acreditavam que seria a disputa contra o “poste de Lula”.
Faltara, entretanto, combinar com os “russos”, ou seja, com o povo.
Voltemos ao presente. Escrevendo um post sobre os ataques de Aécio ao PT durante a convenção do PSDB do último sábado, na qual o hoje senador por Minas Gerais foi eleito presidente do partido, abordei o artigo chantagista em questão.
Pretendia colocar o link para ele no texto. Fazendo a busca no portal do Estadão para localizá-lo, encontro esse link. Contudo, quando tento acessá-lo não consigo – conduz a uma página em branco.
Veja o link:
Cito no post, então, o fenômeno. Digo que, “estranhamente”, o link do Estadão para sua matéria conduz a lugar nenhum.
Eis que o leitor Reinaldo Luciano, intrigado como eu, usa seus conhecimentos e mostra que ninguém consegue esconder nada na internet.
O excelente trabalho de Reinaldo desvendou o mistério. Leia, abaixo, o comentário que ele colocou no post anterior, onde explica como o Estadão conseguiu fazer sumir a chantagem que fez Aécio desistir de ser o candidato do PSDB à Presidência da República em 2010 em favor de Serra.
—–
Reinaldo Luciano
twitter.com/rei_lux
Comentário enviado em 20/05/2013 as 11:16
A respeito da matéria que não abre no Estadão, verifiquei a página e realmente não abria.
Usei o http://archive.org/web/web.php e localizei a dita página, que foi armazenada em cache 28 vezes desde que foi publicada.
Este é o link original, onde a matéria não abre:
E este é o link recuperado:
Ao analisar o cache, notei que, em 26/08/2010, a matéria teve uma linha alterada ou acrescentada, como pode ser vista aqui:
O fato é que, após essa mudança (quando Serra já era candidato e Aécio não representava mais problema), a página sumiu…
Fiz um print screen da página e postei no twitter
E, para ser ainda mais chato com o Estadão, fiz um videozinho de minhas andanças pelo cache. Veja, abaixo.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

MEDO DA VOLTA DE LULA ESTAMPA GRANDES JORNAIS



:
Folha e Globo tratam o ex-presidente Lula como se ele fosse, de fato, o prefeito de São Paulo em abordagens que reduzem a autoridade de Fernando Haddad; jornal paulista destaca "diretrizes" passadas por Lula; publicação do Rio afirma que Lula colocou em prática a "teoria do poste"; Lula mostrou que está vivo e assustou
247 - Quem é o prefeito de São Paulo? Pela leitura dos grandes jornais brasileiros, seu nome não é Fernando Haddad, que foi eleito com 3.387.720 votos, mas sim Luiz Inácio Lula da Silva. A abordagem da mídia tradicional nesta quinta-feira sobre o encontro entre Lula, Haddad e seus secretários reduz a autoridade do prefeito e a transfere ao ex-presidente, que seria, segundo essa visão, o comandante, de fato, da maior cidade do Brasil.
Na manchete da Folha, informa-se que "Lula se reúne com equipe de Haddad e dá diretrizes". No Globo, na primeira página, uma ironia na legenda da foto, como se Lula estivesse colocando em prática a "teoria do poste", seguida da informação "Haddad atento às dicas do seu mentor".
Antes mesmo de ser eleito, Haddad já havia deixado claro que teria Lula como um de seus principais conselheiros. "Ele é a maior liderança política do Brasil e seu governo foi um laboratório de políticas públicas bem-sucedidas", disse Haddad, ao 247, durante a campanha. "Não há por que desprezar essa experiência".  Ontem mesmo, quando indagado sobre o encontro, Haddad disse que convidou o ex-presidente a falar a seus secretários e que ele se colocou à disposição. Na reunião, Lula recomendou que Haddad e seus assessores fiquem atentos a políticas públicas de inclusão social colocadas em prática no Rio de Janeiro, que ajudaram a diminuir a violência.
O encontro deveria ser encarado com naturalidade, mas Haddad já foi carimbado como poste com apenas uma quinzena de gestão. Talvez porque os grandes jornais tenham descoberto agora que, a despeito de tudo, Lula continua vivo e é um dos principais atores – se não, o principal – da política brasileira.

HADDAD AO 247: "O JORNAL PODE FALAR O QUE QUISER"


Heinrich Aikawa / Instituto Lula:

Prefeito de São Paulo ignora ironias registradas pelo jornal O Globo em sua primeira página desta quinta-feira; jornal diz que ex-presidente Lula esteve na sede municipal para aplicar a "teoria do poste"; ao 247, Haddad fez outra avaliação: "Me senti muito confortável em receber a equipe do presidente e apresentar a minha equipe a ele. Se eu não puder receber o presidente com quem trabalhei por cinco anos, o que posso fazer?"
Marco Damiani _247 – Um dia depois de receber, na sede da Prefeitura, ao lado de dez secretários municipais, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), reforçou ao 247 sua avaliação de que a visita teve um caráter de absoluta normalidade. "Os jornais podem falar o que quiserem", disse ele, a respeito do tom irônico com que o encontro foi tratado, especialmente pelo jornal O Globo, do Rio de Janeiro.
"Não vi o que o jornal escreveu, mas os jornais podem falar o que quiserem". Haddad demonstrou tranquilidade diante da repercussão que a visita de Lula encontrou na mídia tradicional. "Se eu não puder receber o presidente com quem trabalhei por cinco anos, o que posso fazer?". Fica claro que Haddad não será um prefeito de, como se diz na política, passar recibo a eventuais provocações publicadas na mídia tradicional.
"Me senti muito confortável em receber a equipe do presidente e apresentar a minha equipe a ele", acrescentou o prefeito. O secretário municipal de Governo, Antônio Donato (PT), também presente no encontro desta quarta-feira, foi mais longe. "Se Fernando Henrique quiser aparecer, nós também o receberemos. O governo Fernando Haddad é amplo", disse ele ao 247 durante evento da ONG Rede Nossa São Paulo no Sesc Consolação, onde esteve com o prefeito.
Donato, tal qual Haddad, não viu problemas na forma como a reunião com Lula foi realizada. "Havia uma mesa e todos se sentaram, não há como não ver Lula como uma referência. Ele transmitiu sim um pouco de sua experiência e passou orientações, isso foi positivo. Os jornais podem falar o que quiserem", repetiu.
Nesta quinta-feira, os jornais Folha de S.Paulo e O Globo trataram Lula como se ele fosse, de fato, o prefeito de São Paulo em abordagens que reduzem a autoridade de Fernando Haddad. O jornal paulista destacou as "diretrizes" passadas pelo ex-presidente ao novo comandante da capital paulista. Já a publicação do Rio de Janeiro afirma que Lula colocou em prática a "teoria do poste", seguida da informação "Haddad atento às dicas do seu mentor".
O evento da Nossa São Paulo, organização comandada pelo empresário Oded Grajew, apresentou os resultados da sexta edição da pesquisa encomendada ao Ibope sobre a percepção dos paulistanos em relação à cidade, que inclui a quarta edição do Irbem (Indicadores de Referência de Bem-Estar no Município).


segunda-feira, 26 de março de 2012

Dilma teria usado a mídia para se livrar de ministros indesejáveis

Hesitei em divulgar esta história porque não tenho como comprovar a sua veracidade e porque tampouco posso violar o sigilo da fonte que ma confidenciou, pois resguardá-la foi condição para que a sua versão sobre a sucessiva queda de ministros em 2011 me fosse revelada.
Todavia, diante da recente entrevista da presidente da República à revista Veja, aquela história ganhou, a meu juízo, verossimilhança suficiente para que fosse apresentada ao público, ainda que não possa, de forma alguma, ser tomada ao pé da letra, pois, cabe dizer, este blogueiro julga que a sua fonte tem motivos para não gostar de Dilma.
De qualquer forma, como costuma acontecer com opiniões – e, frequentemente, com fatos inquestionáveis –, acreditará ou desacreditará quem quiser. Mas, se alguém quiser saber a minha opinião sobre o que relatarei a seguir, acho que há muita chance de tudo ser verdade.
Surge então, na mente do leitor, a pergunta crucial: que importância tem a tal fonte para fazer o blogueiro reproduzir a sua “acusação”? Resposta: não posso dizer. Se disser, isolarei um grupo entre o qual se poderá buscar a identidade de quem “acusa”. Mas posso garantir que a pessoa que disse o que será revelado conhece muito bem o assunto. Se falou a verdade, aí é outra história.
Tudo teria começado logo após a vitória de Dilma Rousseff sobre José Serra, ao fim de 2010. Naquele momento, a então presidente eleita estaria “mortificada” pelo baixo nível da campanha, mas, ao contrário do que possa parecer, não tinha raiva da mídia que trabalhou contra si durante todo o processo eleitoral em que se elegeu.
Dilma teria sido sempre contra a “picuinha” que, então, achava que Lula teria comprado com a mídia. Segundo ela teria dito, ele tinha vivido um inferno de oito anos – além dos 13 anos anteriores (desde 1989) de embates com a imprensa – simplesmente porque enfrentou Otavinho et caterva, quando poderia ter contemporizado com eles sem abrir mão das políticas públicas que desejava instituir no país.
Dilma teria dito, “textualmente”, que não haveria qualquer política pública adotada pelo governo Lula que fosse tão inaceitável para a elite que a mídia representa. A exceção seriam as cotas “raciais” nas universidades públicas e os planos de regulação da mídia, mas estas políticas – ou propostas de políticas – não seriam motivo para a guerra que se estabeleceu se Lula tivesse contornado o problema.
Bastaria que tivesse feito o que disse reiteradamente, durante a sua Presidência de oito anos, que jamais fez e que, aliás, é o que Dilma tem feito à farta, quase tanto quanto FHC durante o seu tempo na Presidência: “almoçar” com dono de jornal (ou de qualquer outro grande meio de comunicação).
Naquele momento, Dilma teria decidido promover uma distensão com a mídia por fazer um julgamento do qual não se pode discordar totalmente: instalar uma guerra política no país só por picuinha seria ilógico e até contraproducente do ponto de vista do interesse público.
Além da distensão política – e, aqui, entramos na questão central –, Dilma, agora nos primeiros meses de 2011, teria decidido se livrar de “problemas” que teria “herdado” do antecessor, dentre os quais sobressairiam ministros com potencial para gerar matéria-prima futura para ataques midiáticos e da oposição ao governo.
Apesar de ser absolutamente defensável a suposta visão desapaixonada de Dilma, pois uma guerra entre a mídia e o governo jamais será boa para o país por fazê-lo perder tempo com escandalizações do nada em vez de se dedicar ao desenvolvimento econômico e social, o método que teria sido engendrado pela presidente para se livrar da “herança” de Lula seria, no mínimo, desleal.
Eis o problema: Dilma, por terceiras pessoas, teria alimentado a mídia com informações passadas por debaixo do pano e ao fazer declarações públicas como a que fez sobre o ministério dos Transportes pouco antes do início da queda seqüencial de ministros. Seu objetivo seria o de levar os alvos à renúncia por uma pressão da mídia que acabou atingindo até as famílias deles.
Como evidência disso, foi-me perguntado se eu não teria notado como os ataques a ministros cessaram repentinamente, neste ano, e sobre como a própria Dilma foi poupada durante os ataques desfechados no ano passado, apesar de participar do governo federal desde 2003, o que faz dela co-autora do governo Lula e, portanto, responsável pelos ministros demitidos, que, inclusive, manteve no governo.
Além disso, a fonte me lembrou de que quando Dilma não quis a queda de um ministro, ela não ocorreu. Garantiu que a mídia abandonou a artilharia contra Fernando Pimentel não tão rápido que deixasse ver que não recebera carta branca de Dilma para atacar e não tão devagar que contrariasse a presidente.
Dilma teria feito tudo isso porque não teria querido dizer não a Lula ou desafiar a sua influência, até porque seria um suicídio político. Assim sendo, optou por esse suposto estratagema.
Você, leitor, não precisa acreditar. Aliás, acho que nem deve, pois quem me passou essa história não me ofereceu qualquer outro elemento de que o que disse seja verdade – e foi avisado de que isto seria dito, caso eu escrevesse este post. Assim mesmo, com a condição de não ter seu nome – ou indícios de seu nome – revelado, deixou-me à vontade para escrever.
Contudo, a reflexão é útil porque a entrevista que Dilma concedeu a uma publicação com o histórico da Veja mostra que, ao menos no que tange a uma suposta intenção dela de distender as relações de seu governo com a mídia, a minha fonte não mentiu. E, sendo honesto, não posso afirmar que essa intenção seja indefensável.
Além disso, julgo que Dilma não preside um governo “de esquerda”, como foi dito aqui no post  A ideologia do governo Dilma; preside um governo de conciliação ideológica entre centro-esquerda e centro-direita – e, para tanto, faz concessões a esta. Por conta disso – e de sua visão sobre distensão política –, sua entrevista à Veja era absolutamente previsível.
Deve-se ressaltar, ainda, o sangue-frio de Dilma e sua estratégia maquiavélica (e não vai, aí, qualquer conotação pejorativa, como sabe quem já leu Maquiavel).
Será que alguém notou que não houve ataques de Reinaldo Azevedo ou de Augusto Nunes à entrevista de Dilma? Sabe por que, leitor?  Enquanto eles se esgoelam chamando seu governo de tudo de ruim que se possa imaginar, ela estava lá confraternizando com os chefes deles e ainda conseguiu uma capa laudatória na revista a que servem.
Detalhe: Azevedo e Nunes ainda podem fazê-los (os ataques), mas perderam o timing. Isso ficou escancarado.
A administração de Fábio Barbosa, novo presidente-executivo da Abril S/A, holding que comanda as operações de mídia, gráfica e distribuição do Grupo Abril, vai mostrando a cara. E, nesse contexto, gente como esses dois blogueiros-colunistas da Veja não parece que terá vida longa na publicação.
Mais uma vez, isso não acontecerá tão rápido que venha a endossar tal percepção, mas não será tão devagar que mantenha na Veja dois de seus principais passivos hoje. Esses sujeitos fazem parte de um passado que Dilma está enterrando, paulatinamente. Para o bem ou para o mal.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

PiG não é PiG porque denuncie a corrupção.

O sistema político brasileiro por definição é corrupto.

Não mais que o americano, o italiano, o russo ou o mexicano, por exemplo.

Mas, corrupto é.

Nos acima citados sistemas, a Caixa Dois, a sobra de campanha e a sujeição aos interesses dos financiadores são goiabada com queijo.

Uma das formas centrais do sistema político corrupto – como nos acima mencionados – é o acesso à televisão.

Tempo de tevê vale ouro – e voto.

E a manipulação do acesso à tevê é uma das causas do descrédito dos partidos e dos homens públicos nessas grandes democracias.

O noticiário político só faz equiparar a atividade público a reality show de ex-prostitutas.

Outra causa é a notória impunidade.

O sistema judicial torna-se cúmplice e parte de um sistema que se nutre de corrupção.

O financiamento público e uma Ley de Medios podem atenuar a penetração da corrupção no sistema político.

No Brasil, à parte a geneneralizada impunidade – que se acentuará com o fechamento do Conselho Nacional de Justiça  pelo Supremo -, há um fenômeno que não se repete em nenhuma das citadas democracias.

É a concentração do PiG (*).

Três famílias – Marinho, Frias e Mesquita (by proxy) – , dominam a tevê, o rádio, o jornal, as revistas, as agências de notícias e portais na internet.

(A família Civita, expulsa da Argentina, no Brasil explora outro ramo de negócio, que não o jornalismo.)

Três famílias – duas em São Paulo e outra no Rio, a Globo, que, porém, trabalha para o IBOPE de São Paulo – dominam o conteúdo da informação e a agenda de debates de um país de 200 milhões de almas, com uma maravilhosa e suprimida diversidade cultural.

O papel central do PiG é derrubar os Governos trabalhistas, onde, apesar de todo o bom-pracismo dos governantes, os negócios empresariais do PiG enfrentam mais obstáculos.

Quando os Neolibelês (**) estiveram no Governo, o PiG sentava-se à mesa do banquete.

O PiG não é golpista porque denuncie a corrupção.

O PiG é golpista porque SÓ denuncia a corrupção dos trabalhistas.

Para o PiG, a massa cheirosa não rouba.

Nem roubou.

O PiG tem parte, tem lado, obedece a uma linha política, como o Ministro Gilmar Dantas (***): está sempre do lado de lá.

As denúncias de corrupção são apenas uma das faces do golpismo.

Outra é a fixação da agenda.

O PiG e o Congresso acabam por discutir só o que o PiG quiser.

O PiG determina a hierarquia: a ponte de 3,5 km sobre o rio Negro não tem menor importância.

Só teria se ficasse comprovado o esmagamento de um bagre na hora de fincar uma estaca.

Aí, sim, seria um Deus nos acuda.

Vamos sublimar, amigo navegante, a criminosa discriminação que o PiG pratica contra os atos dos governos trabalhistas.

Vamos por à parte o excepcional Governo do Nunca Dantes, aprovado por 80% da população.

Ou do Governo de sua sucessora, que segue a mesma trilha.

Vamos à Argentina.

Agora, com a acachapante vitória da Cristina, só agora se sabe que o maior eleitor foi a bonança econômica.

A Argentina bomba !

E aqui se tinha a impressão de que a Argentina era uma pocilga encravada na caverna do Ali Babá.

As atividades do PiG são, pela ordem, deturpar, omitir, mentir.

As denúncias de corrupção do PiG são bem-vidas, porém.

E devem servir de elemento para coibir o malfeito.

O problema é que no PiG se esvaecem como nuvens as denúncias de corrupção do outro lado: as ambulâncias superfaturadas; o Ricardo Sergio, o Preciado, o Paulo Preto, o Daniel Dantas, o  Robanel dos Tunganos; a concorrência do metrô de São Paulo; o mensalão de Minas; a empresa de arapongagem do Cerra paga pelo contribuinte paulista; os anões do Orçamento da Assembléia tucana de Sao Paulo.

Tudo isso se lava com água e sabão e vai embora pelo ralo.

E a corrupção da empresa privada ?

Os subornadores, os financiadores dos políticos ?

Quem compra os políticos ?

A Madre Superiora ?

Quem ganha todas as concorrências e não perde uma na Justiça ?

Quem são e o que fazem os que a Evita Peron chamava de “oligarcas de mierda ?”

Por que no Brasil não tem empresário ladrão ?

Nem rico na cadeia ?

É por isso que o PiG é golpista.

Porque é cúmplice, beneficiário e arauto dessa máfia do poder, como diz o Mino.

As denúncias de corrupção são a face branda quase pueril do PiG.

Vamos pegar o PiG pelo gancho: vamos fazer uma Ley de Medios.


Paulo Henrique Amorim


(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

(**) “Neolibelê” é uma singela homenagem deste ansioso blogueiro aos neoliberais brasileiros. Ao mesmo tempo, um reconhecimento sincero ao papel que a “Libelu” trotskista desempenhou na formação de quadros conservadores (e golpistas) de inigualável tenacidade. A Urubóloga Miriam Leitão é o maior expoente brasileiro da Teologia Neolibelê.

(***) Clique aqui para ver como um eminente colonista do Globo se referiu a Ele. E aqui para ver como outra eminente colonista da GloboNews e da CBN se refere a Ele.
 

Todos perderam com o caso Orlando Silva

Surgiu um discurso sobre as denúncias contra o ministro Orlando Silva e o PC do B que mostra que esse caso, além de só ter distribuído prejuízos, fez isso com uma justiça verdadeiramente poética. É o discurso de setor da sociedade acusado de “isentismo”, ou seja, de não se comprometer com lado algum. Não ficando em cima do muro, mas erguendo o muro.
É muito simples: a mídia, de fato, faz denúncias seletivas só contra o governo Dilma e, mais objetivamente, contra o ministério do Esporte, mas só faz isso porque esse ministério deixa “rabo” por ter sido “aparelhado” pelo PC do B, que, segundo essa visão, estaria fazendo alguma coisa que os outros partidos não fazem ou que, por ser o PC do B, não teria “direito” de fazer.
Quando ouvi hoje de uma das pessoas mais sóbrias, inteligentes e honestas que conheço certa afirmação sobre esse caso, fiquei assustado. Na verdade, fiquei assustado depois que essa pessoa me disse que, claro, evidente, a mídia estava querendo, sim, acuar o governo e adquirir o poder de governar, mas que, também, o PC do B, de fato, teria “aparelhado” o Ministério do Esporte.
Quando perguntei em que se baseava a afirmação, a resposta foi de que reportagem do Fantástico teria mostrado “claramente” que estava sendo entregue dinheiro do ministério do Esporte a ONG de militante do PC do B, o que, apesar de legal, seria “imoral”. Daí quis saber como se pode inferir, daquela reportagem, que há uma legião de ONGs desse partido mamando no ministério do Esporte como ONGs de nenhum outro partido  fazem em outros ministérios.
A pessoa, alguém muitíssimo bem informado, não soube informar. Disse-me, apenas, que estaria “clara” a existência de uma legião de ONGs do PC do B que seria toda fornida com dinheiro do ministério que o partido comanda há tanto tempo.
Então perguntei se isso não ocorreria em outros ministérios. Resposta: claro que ocorre porque o problema é “estrutural”, ou seja, o sistema que rege as relações do Estado com o Terceiro Setor propiciaria abusos. E o fato de a mídia só fiscalizar um lado não reduziria a “culpa” do lado que está sendo acusado.
A teoria é a seguinte: já que não dá para pegar os dois lados porque, por exemplo, pedidos de CPIs sobre a relação do governo de São Paulo com o Terceiro Setor dormitam na Assembléia Legislativa do Estado e continuarão ali pois a mídia não irá nunca fazer a mesma (ou qualquer) pressão sobre o PSDB , que se puna um lado só.
É aquela história da utopia possível. Já que não dá para fazer o necessário, que se faça o que dá para fazer até que, em algum dia incerto de um futuro distante, seja possível pegar os dois lados.
Aí pergunto à pessoa se fazer com que um lado só seja punido enquanto o outro fica livre não fará com que esses que têm licença para corromper ou ser corrompidos voltem ao poder e, aí, a corrupção estará institucionalizada, porque, então, como acontece aqui em São Paulo não haverá mais fiscalização do governo federal, mas, sim, aquela imprensa elogiosa, baba-ovo e chapa-branca da época de FHC.
Mas o que fazer, então? Calar? Compactuar com o roubo no meu lado e acusar o lado da mídia e da oposição porque compactua com o roubo dos seus aliados? Ou será que devo me juntar à direita e derrubar e desmoralizar o ministro Orlando Silva e seu partido mesmo que disso possa resultar que amanhã seja eleito um grupo político com licença para roubar, como era até 2002?
É absolutamente irracional que uma pessoa que deseja o melhor para o país possa querer que ocorram punições desonrosas como demitir Orlando Silva e execrar todo o seu partido sob denúncias não investigadas e sem provas inquestionáveis como a que levou o ex-governador de Brasília José Roberto Arruda do palácio do governo direto para o xilindró.
Há que fazer uma diferenciação entre o que é prática comum a todos os partidos, ministérios, secretarias de Estado e dos municípios – e que, inclusive, é legal, por mais que seja questionável – e o que é prática criminosa. Depois disso, não se pode querer debitar as deficiências do sistema a um único homem e seu partido inteirinho.
Todos sabem que a esposa do ex-governador José Serra tem uma ONG que recebe dinheiro de empresa estatal que o governo paulista controla, a Sabesp. A ONG da ex-primeira dama Ruth Cardoso, que Deus a tenha, também recebia dinheiro público. Mesmo que, presumidamente, essas organizações ligadas a tucanos façam aquilo a que se propõem com o dinheiro público que recebem, para essas pessoas não vale o mesmo critério que vale para membros do PC do B?
Só há uma postura correta, em tal situação: que as instituições de controle investiguem e que a Justiça puna ou absolva. Mas sem viés político. Se resultar uma constatação de culpa, que se puna só os corruptos que foi possível pegar, então. Agora, querer punir um lado só enquanto o outro lado tem licença para roubar, e ainda querer punir sem provas, não dá mesmo.
É por isso que todos perderam com o caso Orlando Silva. Porque falta honestidade a QUASE todos os lados. Quem defende o tribunal seletivo de exceção, está errado; quem não quer nem saber de investigação porque a intenção da mídia é clara, também; e quem entende que há hipocrisia da mídia mas acha que onde há fumaça há fogo, idem.
Quem queria o linchamento de Orlando Silva (a mídia e a oposição) perdeu porque apostou todas as fichas em que Dilma cederia, divulgou a demissão como fato e depois foi desmentido; quem está sendo acusado (o ministro e seu partido) também perde porque há gente séria e que sabe que a mídia é partidária e desonesta, mas que, mesmo assim, acredita nela.
Mas há um perdedor maior: a ética na política e na administração pública. No caso Palocci, por exemplo, como a onda de moralismo contra ele se limitou a defenestrá-lo e depois não tocou mais no assunto, nunca houve debate sobre regulação do processo de transição de cargos no governo para o setor privado, a tal quarentena. Então outros enriquecerão como Palocci.
Quem denuncia essa situação não quer impunidade “dos seus” coisa nenhuma. O que não se quer é pressa, é linchamento. Para desonrar alguém para o resto da vida com demissão sumária por corrupção, sobretudo sendo um partido político com dezenas de milhares de filiados, é preciso mais do que “Eu acho que eles fizeram, sim, porque parece que fizeram”.
Como alguém honesto e bem-intencionado pode pregar que se puna Orlando Silva e seu partido inteirinho sem que existam elementos inquestionáveis de prova? E o que é pior: em um prazo absurdo, ridículo de uma mísera semana após a acusação. Isso é linchamento, ora. Não há outro nome.
Não sei se o PC do B fez aquilo tudo de que o acusam. Vejo até gente séria dizendo que “é claro” que fez. Como assim? Quero a defesa do partido, para me posicionar. E o resultado de uma mínima investigação. Não posso aceitar esse linchamento feito de notícias falsas que chegam a desdizer inclusive a presidente da República quando ela diz que dará direito de defesa aos acusados.
Se ainda fosse a primeira vez, não seria “nada”. Mas é o quinto ministro que a mídia quer tirar “por corrupção” sem prova alguma sob o argumento de que “é claro” que se corrompeu, sendo que os quatro ministros anteriores, depois que saíram do cargo, não tiveram culpa provada, muitas vezes nem tendo existido qualquer investigação após se renderem à mídia.
Não se pode, é claro, dizer que inexiste a hipótese de os acusados da vez serem mesmo culpados, ainda que a hipótese de que um partido como o PC do B seja institucionalmente corrupto me soe para lá de absurda e até antidemocrática. Não diria tal coisa do PSDB, ao menos de cabeça fria. Posso discordar do partido, mas é claro que tem gente séria
Obviamente que há legendas de aluguel, mas se nos pretendemos em um Estado de Direito e não respeitamos o princípio “civilizatório” e constitucional de presunção da inocência, e ainda só contra um lado, estaremos apoiando uma ditadura midiática.
Bom seria, então, que quem fomentou essa farsa refletisse minimamente que, ao acusar leviana e indiscriminadamente os adversários, o país logo irá parar de vez de dar bola para qualquer denúncia, até para as fundamentadas. E a pior coisa que pode acontecer a um país é ele não se indignar com a corrupção. Mas é o que acontecerá, nesse ritmo.

A astúcia do “poste”



Este blog tem sido crítico em relação ao governo Dilma. Apesar de alguns pensarem que aqui não se critica o governo por acharem que crítica é fazer acusações de corrupção sem provas, crítica não é isso. Aqui não se faz oposição partidária, como a mídia, mas críticas objetivas à condução política do governo e quaisquer outras que eventualmente precisem ser feitas.
Aqui se faz até críticas à condução administrativa desse governo. Por exemplo, no que diz respeito ao processo de construção de um marco regulatório para as comunicações, do qual o governo Dilma tem se omitido de uma forma inaceitável em um momento em que o mundo discute regras e leis para a mídia.
Só aqui na América do Sul, Argentina, Bolívia, Equador, Uruguai, Paraguai e Venezuela já reformularam – ou estão reformulando – suas legislações sobre a matéria, adequando as leis aos novos tempos da comunicação digital. Estão muito à frente do Brasil, nesse quesito civilizatório e republicano que é extinguir castas privilegiadas.
Aliás, o país de Primeiro Mundo que têm uma das legislações mais brandas entre seus pares, a Inglaterra, está equacionando novas regras inclusive para conteúdo dos veículos impressos, que, antes, era autorregulado por eles e que, em breve, deve deixar de ser.
A condução política e a Comunicação do governo Dilma também são ruins. O governo se manifesta pouco e de forma ambígua e despolitizada em busca de se converter em uma espécie de repartição pública, apesar de que governos são eleitos e sustentados pela política e de que governo nenhum é apolítico como este parece tentar se mostrar.
Todavia, não se pode deixar de constatar, em nome da honestidade intelectual, que da última investida da mídia partidarizada contra o governo Dilma, agora em relação ao ministério do Esporte e ao seu titular, transpareceu estratégia política que, ao menos desta vez – e meramente até aqui –, parece que vai dando certo.
Dilma fala pouco sobre política e só quando provocada e o governo silencia quando explode a gritaria dos adversários políticos assumidos e enrustidos, o que permite à mídia colocar palavras na boca e na pena da presidente da República como fez agorinha mesmo, quando noticiou à farta a demissão do ministro do Esporte, Orlando Silva.
Ano passado, porém, durante o processo eleitoral, os colunistas e comentaristas da grande mídia, em uma exibição deprimente de engajamento político, cunharam para a atual presidente a alcunha depreciativa “poste”, aludindo a que, no poder, ela se tornaria uma títere do ex-presidente Lula, o que, mais uma vez, os fatos negam.
Tome-se a relação de Dilma com a mídia partidarizada e enrustida ou com os inimigos políticos assumidos. Todos dedicam um ódio e uma fixação patológicos a Lula. Dilma, porém, vai às festas dos meios de comunicação que tanto a detrataram e ao seu padrinho político – o termo “padrinho” é lícito porque quem a elegeu foi o antecessor – e hoje mesmo ela recebe, na residência oficial, o líder máximo dos desafetos de Lula, Fernando Henrique Cardoso.
Parece lógico inferir que, se Lula controlasse Dilma, essa relação entre ela, de um lado, e a mídia e a oposição de outro, seria mais parecida com a que ele teve…
Uma das frases que marcaram a era Lula, aliás, foi dele mesmo. O ex-presidente dizia, reiteradamente, que se orgulhava de nunca ter almoçado ou jantado com donos de meios de comunicação durante a sua Presidência. Aliás, este blogueiro ouviu isso dele pessoalmente quando o entrevistou no Palácio do Planalto, ano passado.
Brasileiro pode não ter memória política para fatos, mas as picuinhas políticas ficam gravadas. Quando se passa meses a fio chamando uma personagem política de “poste” em jornais, rádios, televisão e na internet, como foi durante o ano passado, isso fica, sim, na cabeça das pessoas.
Como todos sabem que Lula e FHC são adversários, ver Dilma e o tucano confraternizando diz muito sobre aquela história midiática de que, se eleita, ela se tornaria um joguete. O que alguém lhe diz e que não se confirma vai tirando, pelo menos em seu inconsciente, a confiança que você tinha em quem disse, sobretudo se acreditou anteriormente nesse alguém.
Esse desmentido factual da mídia aconteceu de novo, agora de forma mais explícita e instantânea. No último fim de semana, a mídia foi infestada pela “demissão” virtual do ministro Orlando Silva. O blogueiro da Veja, Reinaldo Azevedo, chegou a garantir, no sábado, que de segunda-feira ele não passava, como ministro.
Ontem à tarde, a caminho de casa, o blogueiro estaciona o carro diante de um botecão para comprar cigarros. Um grupo de senhores maduros, mais para idosos, tomava cerveja e conversava. Enquanto esperava para ser atendido pelo caixa do estabelecimento, percebeu que debatiam, acaloradamente, se Orlando Silva ainda era ministro ou não.
Um deles garantia que a nora, que dizia “bem informada, havia lhe comunicado que lera “no jornal” que o “negão” não era mais ministro, ao que outro afiançava que a informação estava errada, que o Jornal Nacional dissera que o ministro continua no cargo. E emendou: “Cada hora dizem uma coisa”.
É curioso como na era da informação este país se vê tão pouco informado. As novas tecnologias deveriam fazer com que os que se interessam pela informação pudessem se informar como nunca fora possível. Todavia, o que acontece hoje é o contrário. Cada vez mais as pessoas duvidam de informações porque, ao que um diz, o outro desdiz. Sobretudo em política.
Pensando bem, no entanto, talvez isso seja bom, porque informações polêmicas precisam de questionamento e de múltiplas versões.
Prossegue, no entanto, a dúvida deste blog em relação ao acerto da estratégia política de Dilma. Mas, astuciosamente, desta vez ela deixou a mídia “rasgar a camisa”, como diz uma amiga, ao investir dessa forma descontrolada contra o governo, chegando ao absurdo de anunciar a demissão de um ministro. E depois a deixou se estatelar ao mantê-lo no cargo.
O episódio conferiu credibilidade a afirmações quase inaudíveis de Dilma – por conta da baixa ou distorcida divulgação da mídia – de que os outros ministros não foram demitidos, de que saíram porque quiseram e de que, se quisessem, poderiam ter permanecido nos cargos, pois ela os teria mantido, e de que só saíram porque fraquejaram diante dos ataques da mídia às suas famílias.
Dilma, porém, aprimorou a sua estratégia. Apesar de poucas declarações, desta vez ela manifestou um apoio bem maior a um ministro na berlinda midiática, por mais que tenha condicionado esse apoio ao não surgimento das provas que a revista Veja e seu delator haviam prometido contra Orlando Silva e que garantiam que iriam “nocauteá-lo”.
Seja como for, ontem a mídia se arrebentou ao ter sido obrigada a divulgar matéria como a que saiu no portal G1 no meio da tarde, que reconhecia, já no título, que Policial diz que não tem provas específicas contra Orlando Silva. Mais à noite, no Jornal Nacional, a reportagem sobre o caso tampouco pôde fugir de reconhecer o mesmo.
No alto da página, imagem da capa da revista Época em uma edição publicada no fragor da disputa eleitoral do ano passado, em que Dilma aparecia fazendo uma pergunta que, neste momento, adquire um sentido especial: “Você acha que sou um poste?”. Se tivesse que responder, diria que, de “poste”, essa mulher que governa o Brasil não tem nada.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

A tática dos vencidos


  • Dilma Roussef, na sua segunda ida ao exterior na condição de Presidenta da República,como já o fizera na Argentina,  marcou a viagem por alguns simbolismos expressivos.
    Foi bom e oportuno o seu posicionamento de solidariedade a Portugal,  país de indeléveis laços históricos com o Brasil e  que atravessa sérios problemas econômicos. Ao acenar com a possibilidade (nem sei se concretizável) de um apoio material aos portugueses, a Presidenta produziu um gesto afirmativo revelador de um  país que  vai, aos poucos, deixando de lado o seu espírito de colonizado para assumir uma postura que o equipara às nações mais respeitadas no planeta.
    Além dessa afirmação diplomática, é relevante destacar que a  visita de Dilma teve como objetivo prestigiar os títulos honoríficos conferidos ao ex-presidente Lula, repercutindo a grande expressão política por ele alcançada, no âmbito mundial, durante o seu governo. A presença solidária da Presidenta é também resposta inequívoca a quantos estão pretendendo, levianamente, na grande imprensa, semear divergências entre os dois.
    “Dividir para conquistar” está longe de ser um dito original no campo da política. A mídia oportunista  sabe disso e tenta, de todas as formas, desestabilizar a estreita ligação pessoal  e ideológica que une Dilma a Lula. Alguns comentários nesse sentido são “plantados” de forma que imaginam ser sutil, mas que, muitas vezes, beiram o ridículo. Em um artigo publicado um dia desses em “O Globo”, o colunista Nelson Motta chega a desenhar a possibilidade literal de um romance de Dilma com Fernando Henrique, por conta da cortesia que norteou o encontro dos dois no banquete oferecido ao Obama...
    Em matéria de especulação tendenciosa, aliás, a vinda de Obama ao Brasil e a não participação de Lula no citado banquete serviram – permitam os trocadilhos – de prato cheio para essa imprensa faminta por dissensões:  Lula não teria comparecido por estar, de alguma forma, agastado com a Presidenta. Mas o que se viu em Portugal  reduziu a pó o delírio da mídia.
    O fato é que os vencidos nas recentíssimas eleições, cinicamente, estão fingindo que a venceram. De repente, é como se Dilma tivesse sido eleita como contraponto a Lula, quase uma opositora...
    Quem tivesse saído do Brasil um pouco antes das eleições e apenas agora tivesse retornado ao país teria dificuldade de entender  os acordes dessa orquestrada sucessão de mesuras e rapapés, de elogios quase aclamatórios à candidata eleita, reproduzidos por setores midiáticos que fizeram o possível e o impossível  - com sérios arranhões na ética -  para que ela fosse derrotada. Agora,  Dilma não é mais um “poste”, mas tem luz própria que ofusca Lula; não é mais despreparada para governar, mas tem a silenciosa sabedoria dos estadistas que muitas vezes faltou ao antecessor;  não é mais a perigosa e sanguinária guerrilheira, mas uma defensora intransigente das liberdades democráticas arranhadas por Lula em posicionamentos anteriores; não é mais uma invenção de Lula, mas a sua negação...
    Quem viu e ouviu o que diziam sobre Dilma os jornalistas globais  (como Merval Pereira, Miriam Leitão, Arnaldo Jabor , Lúcia Hipólito e tantos outros), e compara com muito do que se diz agora  na midia majoritária tem vontade de beliscar-se para ter certeza de que está diante de algo concreto, real. Mudaram os tempos ou as pessoas? Nem uma coisa nem outra. Tudo isso tem um propósito e é só verificar como se encaixa com as posturas da própria oposição nas figuras de Aécio, Kassab e muitos mais. Em estratégia que acreditam poder dar certo, entoam todos um canto de sereia para atrair a Presidenta. E, é claro, para depois jogá-la às feras.
    Esse assunto já mereceu, aqui no DR, oportunos artigos –  do Mair Pena Neto (“Do “poste à governante encantadora”) e do Eliakim Araújo (“Estará Dilma se distanciando de Lula ?”), cuja releitura sugiro.  Volto a ele, contudo, pela sua importância.  Penso que os hipócritas  vão dar com os burros n’água. Lula e Dilma são, sim , pessoas diferentes. Isso é o óbvio. Mas o que os brasileiros estão percebendo  quando comparam os dois não é uma divisão, uma secessão, mas uma soma, uma complementaridade, que vai permitir ao  país– com a continuidade dos projetos sociais - mais e maiores saltos rumo à dignidade de seus cidadãos.


    Rodolpho Motta Lima
    no Direto da Redação