Folha e Globo tratam o ex-presidente Lula como se ele fosse, de fato, o prefeito de São Paulo em abordagens que reduzem a autoridade de Fernando Haddad; jornal paulista destaca "diretrizes" passadas por Lula; publicação do Rio afirma que Lula colocou em prática a "teoria do poste"; Lula mostrou que está vivo e assustou
247 - Quem é o prefeito de São Paulo? Pela leitura dos grandes jornais brasileiros, seu nome não é Fernando Haddad, que foi eleito com 3.387.720 votos, mas sim Luiz Inácio Lula da Silva. A abordagem da mídia tradicional nesta quinta-feira sobre o encontro entre Lula, Haddad e seus secretários reduz a autoridade do prefeito e a transfere ao ex-presidente, que seria, segundo essa visão, o comandante, de fato, da maior cidade do Brasil.
Na manchete da Folha, informa-se que "Lula se reúne com equipe de Haddad e dá diretrizes". No Globo, na primeira página, uma ironia na legenda da foto, como se Lula estivesse colocando em prática a "teoria do poste", seguida da informação "Haddad atento às dicas do seu mentor".
Antes mesmo de ser eleito, Haddad já havia deixado claro que teria Lula como um de seus principais conselheiros. "Ele é a maior liderança política do Brasil e seu governo foi um laboratório de políticas públicas bem-sucedidas", disse Haddad, ao 247, durante a campanha. "Não há por que desprezar essa experiência". Ontem mesmo, quando indagado sobre o encontro, Haddad disse que convidou o ex-presidente a falar a seus secretários e que ele se colocou à disposição. Na reunião, Lula recomendou que Haddad e seus assessores fiquem atentos a políticas públicas de inclusão social colocadas em prática no Rio de Janeiro, que ajudaram a diminuir a violência.
O encontro deveria ser encarado com naturalidade, mas Haddad já foi carimbado como poste com apenas uma quinzena de gestão. Talvez porque os grandes jornais tenham descoberto agora que, a despeito de tudo, Lula continua vivo e é um dos principais atores – se não, o principal – da política brasileira.
HADDAD AO 247: "O JORNAL PODE FALAR O QUE QUISER"
Prefeito de São Paulo ignora ironias registradas pelo jornal O Globo em sua primeira página desta quinta-feira; jornal diz que ex-presidente Lula esteve na sede municipal para aplicar a "teoria do poste"; ao 247, Haddad fez outra avaliação: "Me senti muito confortável em receber a equipe do presidente e apresentar a minha equipe a ele. Se eu não puder receber o presidente com quem trabalhei por cinco anos, o que posso fazer?"
Marco Damiani _247 – Um dia depois de receber, na sede da Prefeitura, ao lado de dez secretários municipais, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), reforçou ao 247 sua avaliação de que a visita teve um caráter de absoluta normalidade. "Os jornais podem falar o que quiserem", disse ele, a respeito do tom irônico com que o encontro foi tratado, especialmente pelo jornal O Globo, do Rio de Janeiro.
"Não vi o que o jornal escreveu, mas os jornais podem falar o que quiserem". Haddad demonstrou tranquilidade diante da repercussão que a visita de Lula encontrou na mídia tradicional. "Se eu não puder receber o presidente com quem trabalhei por cinco anos, o que posso fazer?". Fica claro que Haddad não será um prefeito de, como se diz na política, passar recibo a eventuais provocações publicadas na mídia tradicional.
"Me senti muito confortável em receber a equipe do presidente e apresentar a minha equipe a ele", acrescentou o prefeito. O secretário municipal de Governo, Antônio Donato (PT), também presente no encontro desta quarta-feira, foi mais longe. "Se Fernando Henrique quiser aparecer, nós também o receberemos. O governo Fernando Haddad é amplo", disse ele ao 247 durante evento da ONG Rede Nossa São Paulo no Sesc Consolação, onde esteve com o prefeito.
Donato, tal qual Haddad, não viu problemas na forma como a reunião com Lula foi realizada. "Havia uma mesa e todos se sentaram, não há como não ver Lula como uma referência. Ele transmitiu sim um pouco de sua experiência e passou orientações, isso foi positivo. Os jornais podem falar o que quiserem", repetiu.
Nesta quinta-feira, os jornais Folha de S.Paulo e O Globo trataram Lula como se ele fosse, de fato, o prefeito de São Paulo em abordagens que reduzem a autoridade de Fernando Haddad. O jornal paulista destacou as "diretrizes" passadas pelo ex-presidente ao novo comandante da capital paulista. Já a publicação do Rio de Janeiro afirma que Lula colocou em prática a "teoria do poste", seguida da informação "Haddad atento às dicas do seu mentor".
O evento da Nossa São Paulo, organização comandada pelo empresário Oded Grajew, apresentou os resultados da sexta edição da pesquisa encomendada ao Ibope sobre a percepção dos paulistanos em relação à cidade, que inclui a quarta edição do Irbem (Indicadores de Referência de Bem-Estar no Município).
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