Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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quinta-feira, 3 de maio de 2012

São Paulo é um caso perdido


Chegou-se a dizer que a eleição municipal paulistana se tornará tema nacional por conta do embate que, em verdade, deverá ser travado entre o eterno presidenciável José Serra e o ex-presidente Lula através de interposta pessoa, ou seja, pelo jovem e promissor ex-ministro Fernando Haddad, que, apesar das qualidades, tem uma pedreira pela frente.
Particularmente, penso que a eleição para prefeito na capital paulista deve ser muito menos emocionante do que se imagina, em que pese o embate de cunho nacional que certamente acontecerá.
É claro que Haddad, ao ser apoiado por Lula, tem potencial de crescimento, mas tenho lá minhas dúvidas sobre ser possível despertar uma população como a paulistana do transe em que vive mergulhada há tanto tempo.
Não me canso de dizer que as eleições de Luiza Erundina e Marta Suplicy foram meros acidentes de percurso. A maioria dos paulistanos, em todas as classes sociais, gostaria mesmo é de votar em Paulo Maluf, mas a situação dele, que está sob ordem de captura internacional pela Interpol, a qual acaba de ser renovada nos Estados Unidos, inviabiliza-lhe a candidatura.
Imaginem um prefeito de uma megalópole como Sampa que não pode sair do país sob pena de ser preso no exterior. Mas, se fosse candidato, mesmo que não vencesse estou certo de que não faria feio.
José Serra encarna os valores dessa maioria dos paulistanos que tem orgasmos ao ver Maluf ir à tevê reeditar sua cantilena sobre “rota na rua” e “bandido bom é bandido morto” (esta, dita em outros termos).
Há, claro, cerca de um quarto ou, no máximo, um terço do eleitorado que é muito bem esclarecido, progressista e que percebe o buraco em que a maior metrópole sul-americana está mergulhada, mas não passa disso. Até porque, há uma parcela ampla dos paulistanos que poderia equilibrar um pouco as coisas, mas que, eleição após eleição, não vota.
Como se sabe, há migrantes de outros Estados, sobretudo do Norte e do Nordeste, que vivem aqui há décadas e que não votam simplesmente porque não transferiram seus títulos de eleitor. A esmagadora maioria desse segmento da população paulistana só se preocupa em sobreviver nas condições mais precárias e nem imagina o que a política poderia fazer por suas vidas.
De resto, a maioria votante da população de minha cidade, seja de que classe social for, é de uma ignorância política desumana. Acalenta conceitos de meados do século passado, é egoísta, incivilizada e arrogante.
No último domingo, eu e minha neta decidimos ir ao cinema. Resido próximo a um dos shoppings mais elegantes de São Paulo. Por ali se tira a média de como a parcela mais abastada da população padece da mais completa ausência de conceitos básicos de cidadania.
Como a fila da bilheteria dos cinemas fosse enorme, deixei minha neta guardando lugar nela e tentei a bilheteria “expressa”, que consiste em totens de auto-atendimento em que você mesmo escolhe a poltrona numerada, passa seu cartão bancário e a máquina emite o ingresso. Pois acreditem, a fila da bilheteria convencional andou mais rápido.
Grupos de jovens e de adultos, ou até pessoas sozinhas, apoderavam-se das máquinas sem pressa alguma. Paravam a operação e faziam chamadas telefônicas, ficavam batendo papo.
A fila em que minha neta ficou chegou à bilheteria e aquela em que eu estava, a “expressa”, quase não se moveu. Deixadas por conta própria, as pessoas gastavam muito mais tempo do que se tivessem se dirigido a um caixa com operador, o que evidentemente impediria que os grupelhos atrasassem a todos.
No estacionamento, vagas de deficientes ocupadas por veículos de pessoas sem necessidades especiais; carrões importados estacionados fora de vagas, atrapalhando a todos; madames e patricinhas paravam diante das escadas rolantes para consultar seus celulares de última geração, impedindo o fluxo de pessoas.
Nas ruas até dos bairros mais elegantes, das janelas daqueles mesmos carrões vai brotando lixo, deixando um rastro porco. Esses mesmos carrões param em filas duplas ou triplas, invadem as faixas de ônibus, fecham cruzamentos na hora do rush.
O paulistano, antes de tudo, é incivilizado, folgado, egoísta e arrogante. As ruas parecem um chiqueiro.
Isso sem falar na população de rua, que só faz aumentar. O prefeito demo-tucano, agora em um partido de aluguel que criou, atua com o mesmo viés higienista de Serra: fechou os albergues no centro da cidade e os transferiu para a periferia, obrigando a população sem-teto a ficar pelas ruas do centro à noite.
A criminalidade, a despeito da manipulação de estatísticas pela Secretaria de Segurança, continua aumentando. Agora, os bandidos estão indo buscar os ricos dentro de casa, nos prédios de luxo, nos quais fazem arrastões. Já foram 10 nos quatro primeiros meses de 2012 contra 12 no ano passado inteiro.
As escolas públicas estão caindo aos pedaços. Faltam professores, falta infra-estrutura. Só o que sobra são exemplares da Veja, da Época, do Estadão e da Folha, que essas escolas não têm mais onde guardar, haja vista que, para comprar a cumplicidade da mídia, governo do Estado e prefeitura compram esse lixo às toneladas.
Professores e policiais ganham salários entre os mais baixos do país, o que explica o desempenho cadente da Educação e da Segurança Pública.
Devido ao estado de miséria da cidade, o prefeito Gilberto Kassab é mal-avaliado. Pesquisa Datafolha realizada nos dias 1 e 2 de março com 1.087 moradores da cidade de São Paulo revela que míseros 26% aprovam sua gestão e 36% avaliam como ruim ou péssima
Ainda assim, quem inventou Kassab e fez dele prefeito, o ex-governador José Serra, é líder em todas as pesquisas de intenção de voto para prefeito de São Paulo, ou seja, o paulistano considera que o atual prefeito é uma droga – e é –, mas quer votar em quem fez dele prefeito, o que mostra a total incoerência da maioria da população.
Vá entender o que pensa essa maioria imbecilizada dos paulistanos.
Enquanto isso, a mídia eletrônica é bombardeada por propaganda eleitoral extemporânea e injusta da administração Kassab que certamente pretende beneficiar Serra enquanto que seus adversários não têm espaço. Uma aberração com dinheiro público. Kassab e Serra fazem propaganda eleitoral fora de época e o munícipe é quem paga.
E o conteúdo da propaganda, então… “Antes não tinha, agora tem”. Rematadas mentiras sobre as escolas municipais. A prefeitura anuncia que pôs dois professores em sala de aula e todos sabem que é conversa mole, que isso existe em uma pequena parte das escolas e funciona mal.
E essa tese de que “Antes não tinha, agora tem”. Como se a direita paulistana tivesse retomado a prefeitura ontem, apesar de que está lá desde 2005.
Em sete anos, a obra social de Marta Suplicy foi totalmente anulada. Todos os programas sociais. Os CEUs foram totalmente desfigurados. Não são mais as belas escolas da gestão petista, tornaram-se maquiagens, pequenas unidades que não oferecem nem um terço do que era oferecido no projeto original.
Os corredores de ônibus que permitiam ao usuário viajar muito mais rápido do que os automóveis, foram desarticulados. O tão alardeado investimento da prefeitura em metrô é uma falácia, existe só o anúncio, o dinheiro não chegou.
E, apesar de ser apresentado como inovação, esse investimento esconde que o orçamento da prefeitura, hoje, é mais do que o dobro que na época de Marta. Com o pais crescendo sob administração do PT, todos os municípios do país têm hoje muito mais recursos.
Pior. Aécio Neves, recentemente, em entrevista ao portal UOL garantiu que o projeto político de Serra continua sendo o de se eleger presidente, o que revela que, mais uma vez, seu vice deverá ser o prefeito de fato da capital paulista caso o tucano se eleja neste ano, pois o prefeito eleito deve abandonar a prefeitura para se candidatar a presidente em 2014.
Apesar de tudo isso, parece-me difícil que alguém tire a eleição de Serra. Sobretudo quando vejo tanta gente vibrar ao ver Maluf na tevê durante a propaganda semestral do seu partido, vertendo aquele discurso criminoso sobre “rota na rua” e “bandido bom é bandido morto”.
Como já disse muitas vezes, nasci na maternidade Pro Matre Paulista, que fica na avenida Paulista com a alameda Joaquim Eugênio de Lima. Sou filho, neto, bisneto e tetraneto de paulistanos. Ainda assim, não agüento mais São Paulo, o egoísmo e a arrogância da população. A sujeira, a falta de segurança. Quero ir embora daqui.

terça-feira, 20 de março de 2012

TV CULTURA, UMA NOVA PRIVATARIA EM CURSO

* Atentado anti-semita na França encurrala o discurso xenófobo de Sarkozy** a praticamente um mês das eleições presidenciais, de 22 de abril, o conservador está empatado com o socialista François Hollande, com cerca de 28% das intenções de voto ** Mélenchon, da Frente de Esquerda, continua em trajetória ascendente, com 11,5%, na última enquete Ipsos (leia mais na reportagem do correspondente em Paris, Eduardo Febbro, nesta pág).
 
A crise da TV Cultura, de São Paulo, alinha-se a um processo corrosivo que, por quase três décadas, hostilizou, desdenhou e induziu ao sucateamento tudo o que não fosse mercado. Sua longa agonia, portanto, está longe de ser um problema apenas financeiro ou técnico. Aqueles que decretaram a irrelevância da esfera pública na construção da sociedade brasileira e de seu desenvolvimento não poderiam jamais ter um projeto coerente de emissora de televisão, voltada para os interesses gerais da cidadania.Esse é o cerne de uma montanha-russa de crises e improvisações que agora ensaia um novo divisor. Ao conceder, unilateralmente, a uma corporação midiática, caso da Folha de São Paulo, 30 minutos semanais na grade da emissora, em horário nobre, o que se sugere é mais um golpe de apropriação da esfera pública pela endogamia de interesses que não são os da sociedade. O desatino da TV Cultura tem que ser interrompido. Não é fazendo de seu sinal um anexo do 'jornalismo amigo' produzido na Barão de Limeira que esse objetivo será alcançado. (Joaquim Palhares, diretor de Redação  Carta Maior; leia a íntegra do editorial aqui) 

O Barão quer programa na TV Cultura !
Abaixo a Privataria


Saiu no site do Barão de Itararé:

Barão de Itararé solicita espaço na TV Cultura


publicado em 19 de março de 2012


A entidade encaminhou nesta segunda-feira, 19 de março, ofício ao presidente-diretor da Fundação Padre Anchieta solicitando audiência para discutir a abertura de editais com o objetivo de selecionar programas para a emissora. O Centro de Estudos Barão de Itararé já manifestou interesse em participar do processo seletivo.


O ofício reitera que “é missão inalienável da TV pública garantir a diversidade e a pluralidade informativa e cultural, abordando temas de interesse social e local, garantindo a projeção da comunidade em que está inserida para dar visibilidade a questões que, na maioria das vezes, não têm espaço nos veículos comerciais”.


É neste sentido que se insere o pedido do Barão de Itararé: garantir espaços na programação da TV Cultura “para a produção independente proveniente das experiência de grupos sociais”.


Transparência e participação social


No ofício encaminhado pelo Barão de Itararé, a entidade solicita que a Fundação Padre Anchieta adote critérios transparentes para abrir espaços na sua programação à produção independente. “As entidades/movimentos/produtoras interessadas – entres as quais o Barão de Itararé já se apresenta –, que manifestarem interesse, poderiam pleitear um espaço na programação da emissora, a ser concedido a partir de métodos e critérios transparentes. O Barão e estas entidades seriam inscritas por edital público e a seleção dos programas apresentados seria feita através de pitching”.


A iniciativa foi debatida durante reunião realizada em São Paulo com outras organizações, blogueiros e jornalistas e faz parte de uma série de medidas de uma campanha em defesa do caráter público da TV Cultura.


Privataria da Cultura


A solicitação feita pelo Barão de Itararé vai no sentido oposto das recentes negociações entre a Fundação Padre Anchieta e empresas de comunicação paulistas, entre as quais a Folha de S.Paulo – que já estreiou programa na emissora – a, Estadão, Valor Econômico e Veja que foram feitas sem transparência e afrontando o caráter público da TV Cultura.


“A cessão de espaços na grade da programação da TV Cultura para empresas de comunicação privadas como a Folha é um desrespeito ao caráter público da emissora que é um patrimônio do povo paulista. E, infelizmente, esta é apenas mais uma das várias medidas que os governos tucanos  vêem adotado para desmontar a TV, dilapidar seu patrimônio e descaracterizar sua missão. O que eles vinham fazendo de forma disfarçada agora está sendo feito escancaradamente: a privatização da TV Cultura”, afirma Renata Mielli, secretária geral do Centro de Estudos Barão de Itararé.


Por isso, várias organizações de luta pela democratização da comunicação, blogueiros, jornalistas, intelectuais e movimentos sociais paulistas estão lançando a campanha contra a Privataria da Cultura.


A campanha está organizando um ato político em defesa da Cultura e lançando um manifesto no qual denuncia as principais investidas tucanas contra a emissora e enumera algumas reivindicações.


A reunião que organizou a campanha contou com a presença do Centro de Estudos Barão de Itararé, da Altercom, Intervozes, os jornalistas Paulo Henrique Amorim, Luiz Carlos Azenha, Rodrigo Vianna, Gilberto Maringoni, o professor Laurindo Lalo Leal Filho, o diretor da Carta Maior, Joaquim Palhares e o diretor da revista Caros Amigos, Wagner Nabuco.

No manifesto as entidades denunciam:


- mais de mil demissões;


- extinção de programas (Zoom, Grandes Momentos do Esporte, Vitrine, Entrelinhas, Cultura Retrô, Login) e tentativa de extinção do Manos e minas;


- aniquilação das equipes da Rádio Cultura e estrangulamento da equipe de jornalismo;


- enfraquecimento da produção própria de conteúdo, inclusive dos infantis;


- entrega, sem critérios públicos, de horários na programação para meios de comunicação privados;


- cancelamento de contratos de prestação de serviços (TV Justiça, Assembleia e outros);


- doação da pinacoteca e biblioteca;


- extinção da cenografia, venda de equipamentos e venda da frota de veículos.


A TV e as rádios Cultura estão passando por um processo de desmonte e privatização, com a degradação de seu caráter público. Não podemos deixar esse patrimônio do povo de São Paulo ser dilapidado, vítima de sucateamento promovido por sucessivas gestões sem compromisso com o interesse público, seriamente agravado na gestão Sayad.


Em nome da afirmação de seu caráter público, as entidades se manifestam:


- contra o desmonte geral da rádio e TV Cultura e pela retomada dos programas;


- em defesa do pluralismo e da diversidade na programação;


- por uma política transparente e democrática para abertura à programação independente, com realização de pitchings e editais;


- pela democratização do Conselho Curador da Fundação Padre Anchieta


Confira na íntegra o ofício enviado pelo Barão de Itararé


Em tempo: no dia 3 de abril, terça-feira, às 19h, no Sindicato dos Engenheiros, na Rua Genebra, 25, em São Paulo, o Barão celebrará missa fúnebre em respeito à alma progressista de João Sayad, devidamente soterrada pelo tucanismo neolibelês (*). O ato contra a Privataria da Cultura oferecerá palavras de louvor também ao PiG (**).

(*) “Neolibelê” é uma singela homenagem deste ansioso blogueiro aos neoliberais brasileiros. Ao mesmo tempo, um reconhecimento sincero ao papel que a “Libelu” trotskista desempenhou na formação de quadros conservadores (e golpistas) de inigualável tenacidade. A Urubóloga Miriam Leitão é o maior expoente brasileiro da Teologia Neolibelê.

(**) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

sábado, 3 de março de 2012

DATAFOLHA INFLA SEU CANDIDATO, MAS NAS RUAS SERRA É VAIADO:  neste sábado,em seu primeiro dia de campanha de rua, o pré-candidato José Serra (30% das intenções de voto,segundo o Datafolha) foi vaiado por jovens que frequentavam o Centro Cultural da Juventude Ruth Cardoso, zona norte da capital** maioria deles estava na fila para retirar o ingresso para o show do rapper Criolo** "Serra historicamente é sinônimo de desagregação do PSDB nacional, estadual e municipal"(João Câmara,primeiro vice-presidente municipal do partido em SP; leia a coluna de Maria Inês Nassif, editora de Política de Carta Maior; nesta pág)

DEBATE ABERTO

O segredo do poder de José Serra

O ex-prefeito chegou tarde para disputar as prévias do PSDB, conseguiu adiá-las e pode ser o candidato referendado por bases que reclamam fundamentalmente do fato de que, sob o seu domínio, não tiveram nem vez, nem voz no partido.

José Serra chegou tarde na disputa pela legenda do PSDB à prefeitura paulistana: antes de declarar suas intenções, foram sete meses de disputa interna entre os quatro pré-candidatos tucanos (José Anibal, Bruno Covas, Ricardo Tripoli e Andrea Matarazzo), que percorreram os 48 diretórios zonais da capital e fizeram debates regulares com filiados do partido. Mesmo que vença a disputa com os candidatos que sobraram – Bruno Covas e Andrea Matarazzo abriram mão de suas candidaturas em favor de Serra –, o ex-prefeito terá de lidar com bases políticas que, pela tradição tucana pós-Covas, estavam alijadas até agora das decisões partidárias, e pela primeira vez na última década foram chamadas a debater e decidir uma candidatura.

Os relatos dos efeitos da disputa interna sobre uma base até então
desmotivada são unânimes em apontar que as prévias foram um sopro de vida num partido altamente hierarquizado e sem vida interna fora dos seus quadros institucionais. Da participação da militância, tucanos levaram também a informação de que há um desconforto explícito com o distanciamento de Serra. O cacique tucano esteve no centro da política tucana paulista praticamente por toda a última década , mas trabalhou em isolamento completo em relação ao partido. À sua volta, formou-se um partido paralelo, o dos “serristas”, que sempre se sobrepôs e manobrou as decisões do PSDB.

O primeiro vice-presidente municipal, João Câmara, um dos que se revoltaram com as manobras feitas pelo grupo serrista na reunião da Executiva, segunda-feira, que conseguiram o adiamento da consulta, do dia 4 para o dia 25 de março, acha que Serra é a personificação do mal no partido: “O Serra historicamente é sinônimo de desagregação do PSDB nacional, estadual e municipal”, vocifera. Outro integrante do partido acha que, pior do que Serra, são os serristas. O método do grupo mantém o partido em crise permanente,
para dentro, e para fora expressa “posições elitistas, antipáticas e arrogantes”, às quais atribui a rejeição enorme atingida pelo tucano nas últimas pesquisas de intenção de voto.

Serra aceitou participar das prévias porque não existia mais caminho de volta. Em outros tempos e outras circunstâncias, teria conseguido manobrar internamente para que os quatro pré-candidatos renunciassem em seu favor. E, se as mesmas bases que no processo de escolha interna reclamam da marginalização de uma militância histórica, ligada à formação do partido, consagrarem o ex-prefeito como candidato, seguramente o PT terá uma enorme contribuição nessa decisão.

No imaginário tucano, a ação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na disputa é uma estratégia de “aniquilamento” do PSDB nacional que, se abatido em seu último reduto, São Paulo, estaria condenado ao fogo do inferno. A ameaça de que o PT use uma eventual vitória na disputa pela prefeitura da capital paulista para destruir a hegemonia tucana no Estado torna Serra, o político com mais recall do partido, uma alternativa. Numa situação de ameaça extrema, a tendência do partido, provavelmente, será a de não correr o risco de lançar um nome novo na praça, mas apostar num candidato conhecido, e torcer para que os recursos de marketing político sejam eficientes para vencer a rejeição dos eleitores.

Ainda assim, o fato de o grupo de Serra ter passado como um trator sobre uma Executiva que praticamente já tinha acordado o adiamento das prévias marcadas para o dia 4 por uma semana, obrigando-a a engolir um adiamento de pouco mais de um mês (de 4 para 25) pode ser o sinal de que o ex-prefeito não está tão seguro de que possa nadar de braçada nas prévias, sem tempo suficiente para reverter simpatias já conquistadas pelos candidatos José Anibal e Ricardo Tripoli, mesmo contando com o apoio de Bruno Covas e Andrea Matarazzo, que se retiraram da disputa. E também que o grupo do ex-prefeito sabe que não conseguirá esvaziar o processo de escolha, o que o beneficiaria.

Segundo pesquisa feita internamente pelo partido, com uma amostra de 773 dos 19.500 filiados, 89% têm a intenção de votar. Nessas eleições, se vencer as prévias, Serra estará obrigado a sorrir e cumprimentar eleitores potenciais em dose dupla: primeiro, dentro do seu partido; depois, nas ruas da maior cidade da América Latina.

(*) Colunista política, editora da Carta Maior em São Paulo.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

As ficções políticas e as realidades do mundo

Mauro Santayana


Faz parte da história política de São Paulo a aparente indecisão de muitos de seus líderes. O Sr. Jânio Quadros, que tinha  dias de Hamlet e  dias de MacBeth, subordinava suas decisões a dois pontos geográficos da cidade: Vila Maria e Sapopemba. Vila Maria é a região de classe média emergente, e, Sapopemba, área mais pobre. Ele costumava consultar os dois eleitorados. De Vila Maria vinha a esperança da vitória, uma vez que, desde sua eleição para vereador, contara com o apoio de seus eleitores. Sapopemba era o teste de popularidade. Antes de candidatar-se a esse ou àquele cargo, aferia, nos comícios, o apoio de seus moradores.

O ex-governador José Serra não chega à forte tragédia do escocês MacBeth, mas se aproxima, em seu ser e não ser, do príncipe da Dinamarca. Não que Hamlet disputasse uma eleição, a não ser a do destino, e que a sua dúvida fosse muito além de sua própria tragédia, ainda que nela amarrada. Mas se Jânio e Serra estão muito distantes da essência do caráter que Shakespeare dá aos dois personagens, e que ele pintara como antípodas morais, os dois paulistas começam a se assemelhar. Jânio adorava que fossem bater à sua porta, apelar para a sua taumaturgia populista. Serra, ao desconfiar de que não o procurariam, como a bóia salva-vidas na tempestade (mesmo porque os ventos políticos sopram brandos, por enquanto), resolveu aceitar, de bom grado, os ralos apelos que lhe chegam.

Os paulistas começam a dar à eleição para a Prefeitura de São Paulo importância maior do que ela realmente tem, e os comentaristas políticos, próximos dos tucanos bandeirantes, avançam sobre a lógica, dizendo que ela terá efeitos nacionais. Não há dúvida de que a cidade é a mais importante do país, no que se refere à economia e à cultura, de maneira geral, mas está distante da realidade política e social do Brasil como um todo. Os paulistanos atuam como se fossem o sol, em torno do qual os planetas menores orbitam, e, de cuja luz, dependem.

Na noite de sábado para domingo, em uma cidade satélite (das mais pobres) de Brasília, Santa Maria, alguns rapazes atearam fogo a moradores de rua. Um deles morreu e o outro se encontra seriamente ferido, com poucas possibilidades de sobrevivência. Há dois fatos, relacionados com essa tragédia, que devem ser ponderados. Até há algum tempo, os pobres costumavam ser solidários entre eles.     Agora, no entanto, submetem-se à cultura, made in USA, da intolerância, da violência pela violência, da discriminação e do desprezo pela vida. Talvez – e as investigações continuavam – os incendiários de fim de semana sejam dos “emergentes” das cidades-satélites, filhos de pais bem empregados, moradores em casas confortáveis. E, talvez, não – o que será pior.

O outro ponto de reflexão é o da impunidade. Há quase quinze anos, cinco rapazes, filhos de famílias da elite de Brasília, atearam fogo ao índio Galdino, dirigente da etnia pataxó da Bahia, que dormia em um ponto de ônibus. Presos, graças ao testemunho de um rapaz da mesma idade, que passava de carro pelo local, os culpados foram defendidos com veemência. Seus pais, e os advogados que contrataram, tentaram desqualificar o crime – tratara-se, segundo a desculpa, de uma brincadeira que dera errado. Não tinham a intenção de matar, só a de assustar com o fogo. Foram presos e julgados. Condenados, em 2001,  a 14 anos de prisão, menos um deles, que era adolescente, não passaram mais de 4 anos na prisão – onde gozaram de todas as regalias, entre elas a de sair para estudar e trabalhar, quando aproveitavam o tempo para beber e namorar, chegando frequentemente muito depois da hora de recolher.

As denúncias de que estavam sendo privilegiados de nada adiantaram. Eles eram enteados e filhos de juízes. Como sabemos, todos somos iguais diante da lei, embora alguns sejam muito mais iguais.

É nesse país, em que as leis são meras declarações de intenção, e apenas 3% dos responsáveis pelos crimes de homicídio são julgados e cumprem penas, que temos de pensar. Não entendem os legisladores e administradores públicos que a impunidade dos poderosos estimula a criminalidade geral. Assim, enganam-se os tucanos da maior cidade brasileira. São Paulo, com toda sua opulência (mesmo com a maior população de moradores de rua de todo o país) não é a estrela em torno da qual circula o sistema planetário nacional. Mesmo porque as elites de São Paulo, salvo poucas exceções, exercem uma cidadania off-shore, desligada do destino do país.

O nosso futuro está sendo construído em todo o território nacional, pela inteligência, pelo esforço e pelo patriotismo de seus trabalhadores, incluídos os de São Paulo – e não pelos senhores da Febraban e das corporações multinacionais,  empenhadas em novo e cômodo colonialismo.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Tucanos de SP reconhecem que concessão não é privatização


É surpreendente que a concessão pelo governo federal de três aeroportos à iniciativa privada tenha gerado “acusações” ao PT de que este “finalmente” teria se rendido à ideologia privatizante do PSDB. E o que mais surpreende é que o mesmo PSDB e a imprensa sua aliada tenham sido os autores dessa premissa.
Durante a semana que finda, causou surpresa ver “comentaristas” de Estadão, Globo, Folha e Veja e tucanos de frondosa plumagem se deliciando com o suposto ingresso do PT no clube dos privatistas porque tal “acusação” pode ser facilmente desmontada.
Imaginava-se que outros aspectos da concessão, como o financiamento dos concessionários dos aeroportos pelo Estado brasileiro, seriam alvo de ataque, ainda que até nesse ponto a diferença seja enorme, pois além de não terem sido aceitas “moedas podres” nesse negócio, o BNDES irá financiar os investimentos, não o valor da concessão, ao passo que durante a privataria tucana foi o contrário.
Todavia, parece que tanto imprensa quanto oposição apostaram na escandalosa incompetência da área de comunicação do governo Dilma Rousseff e ganharam a aposta, pois desde o anúncio do negócio bilionário tem prevalecido uma premissa absolutamente ridícula, de que a concessão dos aeroportos por excelente preço tenha algo que ver com o saque ao patrimônio público que o governo Fernando Henrique Cardoso perpetrou nos anos 1990 e que ficou conhecido como privataria devido à dimensão das negociatas.
Em defesa do direito da sociedade de receber informações fidedignas e honestas, portanto, o governo federal poderia ter feito uma campanha publicitária antes de materializar a concessão dos aeroportos, de forma a explicar diferenças que são tão incontestáveis que até o próprio PSDB já as apontou em governos que comanda.
Em um momento em que o ex-presidente FHC difunde desinformação ao dizer que o PT se rendeu ao estilo de negociatas que fez durante o governo tucano, em um momento em que um assessor de imprensa tucano como o blogueiro da Globo Ricardo Noblat diz que petistas estariam fazendo “ginástica verbal” para explicarem o inexplicável (a suposta adesão deles às privatizações), que tal dar uma olhada no que o governo tucano de SP diz sobre a diferença entre concessão e privatização?

Clique na imagem para ir à matéria na página da Secretária de Transportes de SP
Será que o site da Secretaria Estadual de Transportes de São Paulo, administrada pelo PSDB de FHC e Noblat, também faz “ginástica verbal” para diferenciar concessão de privatização? Bem, é assim que a imprensa tucana, os próprios tucanos e seus teleguiados na internet chamam o que você acaba de ler e que é exatamente o que o PT vem explicando sobre a CONCESSÃO dos aeroportos.
Mas o caso não termina por aí. Por enquanto, é possível dizer que até a concessão tucana é pior, pois todos sabem o quanto os concessionários das estradas paulistas conseguiram aumentar as tarifas (pedágios) graças ao modelo do negócio imposto pelo governo tucano, coisa que o governo Dilma afirma que não acontecerá nos aeroportos. A ver.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

PM que fugiu de hospital em SJC tinha ido prender Adriano Diogo


Ao fim da noite do último sábado (4/2), este blog divulga notícia da qual tomei conhecimento no meio da tarde do mesmo dia, enquanto investigava, junto a outros dois voluntários da força-tarefa do Condepe (Cido Lima e Meire Cavalcante), denúncia gravíssima que não pode ser divulgada porque está sendo apurada. Ressalto, ainda, que existem 619 denúncias de abusos de todos os tipos, assinadas pelos denunciantes, geradas pela atuação da Polícia Militar durante a desocupação do Bairro Pinheirinho, em São José dos Campos, no dia 22 de janeiro deste ano.
O deputado estadual Adriano Diogo (PT-SP), presidente da comissão de direitos humanos da Assembléia Legislativa de São Paulo, ligou para nós a fim de repercutir dificuldades que ele e membros do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe), da Defensoria Pública do Estado de São Paulo, da Comissão de direitos humanos da OAB-SP e os parlamentares Vereador Tonhão Dutra (PT-SJC), Vereadora Amélia Naomi (PT-SJC) e Vereador Vagner Balieiro (PT-SJC) estavam encontrando para obter informações sobre o idoso Ivo Silva Teles, de 70 anos, que, segundo informações do jornal O Vale veiculadas em 23 de janeiro, fora espancado severamente por policiais militares no dia anterior, durante a operação de reintegração de posse do Pinheirinho. Desde aquele dia, Santos estava desaparecido.
Ainda no sábado (4), membros da força-tarefa do Condepe foram avisados pela ex-esposa de Santos de que ele estaria internado no Hospital Municipal de São José dos Campos, que é administrado pela SPDM – Associação Paulista Para o Desenvolvimento da Medicina, uma OSS (Organização Social de Saúde). O deputado Adriano Diogo e os outros supracitados, então, deslocaram-se rapidamente para aquele hospital para obter maiores informações, pois Santos era dado como uma das possíveis vítimas fatais da desocupação do Pinheirinho.
Ao fim da tarde, a vereadora Amélia Naomi me telefona e pergunta se eu teria interesse em repercutir o caso. Contudo, estava na estrada e só consegui fazer a matéria ao fim da noite de sábado. Quando chego à minha residência, encontro e-mail dela informando que o administrador do Hospital Municipal de São José dos Campos, Marcelo Guerra, recusou-se a entregar à força-tarefa do Condepe o Boletim de Atendimento de Urgência (BAU) referente ao aposentado, que dera entrada no pronto-atendimento daquele hospital no dia 22 de janeiro e que até aquele momento permanecia por lá, na UTI, em estado de coma.
Na manhã deste domingo (5/2), em conversa telefônica com o deputado Adriano Diogo, sou informado de que além de parlamentares, membros do Ministério Público, da Defensoria Pública, da OAB e de jornalistas e ativistas não receberem informações e documentos que são públicos, o administrador do hospital, Marcelo Guerra, chamou a Polícia Militar para PRENDER o deputado Adriano Diogo por estar pedindo informações e documentos. E o que impressiona mais: uma viatura com dois policiais militares se deslocou até o local para atendê-lo.
Segundo o deputado, ele, como parlamentar e presidente da Comissão de Direitos Humanos do Poder Legislativo paulista, esteve para ser preso enquanto cumpria as suas obrigações constitucionais de investigar uma grave violação desses direitos. A ordem só não se cumpriu por interferência do presidente da SPDM, Rubens Belfort, que parece ter mais ascendência sobre a polícia do que um representante do Poder Legislativo. Após a intervenção do presidente da SPDM, o policial militar deixou o hospital por uma porta lateral. Quando três defensores públicos tentaram saber dele o que tinha ido fazer lá, ele saiu correndo e sumiu.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Justiça de São Paulo inventou a ‘jurisprudência’ da impunidade

Se qualquer um de nós, cidadãos comuns, sofresse a acusação que o hoje desembargador Francisco Orlando de Souza sofreu em 10 de outubro do ano passado de parte do então delegado da Polícia Civil de São Paulo Frederico Costa Miguel, estaria em maus lençóis.
Dirigir sem habilitação e embriagado, desacatar, desobedecer, ameaçar, difamar e injuriar a autoridade policial são os crimes dos quais o delegado acusou oficialmente (via Boletim de Ocorrência) o então juiz de Direito após ele se envolver em uma briga de trânsito.
No último fim de semana, o irmão do delegado entrou em contato comigo pelo Facebook pedindo repercussão do caso. Passou-me o telefone do irmão. Liguei e após longa conversa decidi pesquisar mais o assunto. O que descobri me surpreendeu, indignou e preocupou.
As acusações contra o magistrado estão no Boletim de Ocorrência nº 13.913/2011. De acordo com o registrado, o juiz e outro motorista começaram brigar no trânsito. Quando passaram pela porta da delegacia, o outro motorista teria parado por sentir-se ameaçado pelo juiz.
Investigadores, de dentro da delegacia, ouviram a confusão e saíram à rua. Viram o juiz esmurrando o vidro do carro do motorista com quem discutia. Segundo relatam, quando se aproximaram o juiz passou a agredi-los verbalmente.
O delegado chega e determina que todos entrem na delegacia. Diante de várias testemunhas, Orlando de Souza se identifica como juiz e passa a fazer ameaças enquanto se recusa a colaborar com a elaboração do Boletim de Ocorrência. O delegado lhe dá voz de prisão.
Dois dias depois (12 de outubro), o presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, José Roberto Bedran, em sessão especial daquela Corte defende a nomeação de “delegados especiais” para cuidar de casos que envolvam magistrados.
Cerca de uma semana mais tarde, o mesmo Tribunal de Justiça de São Paulo decide promover a desembargador o juiz acusado de tudo isso. Com o novo cargo, ele terá foro privilegiado para ser processado e julgado.
Paralelamente, no mesmo período o Conselho da Polícia Civil se reúne rotineiramente para a última avaliação do delegado Costa Miguel, que como todo delegado em início de carreira estava em experiência. Apesar de ter tido a sua efetivação recomendada pela Corregedoria da Polícia, o Conselho delibera pela sua exoneração.
Em questão de dias após a confusão em que o juiz suspeito de embriaguês ao volante se envolveu, o Tribunal de Justiça toma medidas para fortalecê-lo e a cúpula da Polícia Civil dá início a um processo que culminaria com a demissão do delegado que tentou cumprir a lei.
Esse caso cria uma espécie de “jurisprudência” da impunidade. O agora ex-delegado Costa Miguel está literalmente desempregado. Tudo o que fez para chegar ao cargo (faculdade, concurso etc.), foi jogado fora. Que outro delegado – ou mesmo policial – incomodará juízes que infrinjam a lei?

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Folha, Estado, Veja e televisões minimizam corrupção em SP

No último dia 12 de outubro, este blog cobriu ato público “contra a corrupção” que começou no Museu de Arte de São Paulo (Masp), na avenida Paulista, e terminou no “Centro Velho” da cidade, na praça Ramos de Azevedo, diante do Teatro Municipal de São Paulo. A matéria reproduziu respostas a um questionário que esta página apresentou aos manifestantes. Aquele questionário foi elaborado de forma a identificar possível viés político-partidário e ideológico nos integrantes da manifestação.
Das 27 entrevistas feitas com os manifestantes, 26 apontaram forte viés político-partidário, deixando ver que o que ocorria ali era produto de campanha de partidos e entidades de oposição ao governo federal. Dessas 26 entrevistas que apuraram esse fato, sete se estenderam em breves conversas entre o entrevistador e os entrevistados. Só não foram relatadas antes porque o blog esperou pelo contato com fonte da Assembléia Legislativa que só ocorreu na semana passada.
Naquelas conversas com os manifestantes “contra a corrupção”, eles foram perguntados sobre se também estavam protestando contra o escândalo das emendas parlamentares na Assembléia Legislativa de São Paulo. Apesar de o entrevistador ter percebido que um dos entrevistados se fez de desentendido, os outros seis pareceram sinceros ao declararem que não sabiam de nada sobre esse escândalo, o que pode ser explicado pela discretíssima e rara cobertura do assunto pela imprensa.
Para quem não sabe, aliás, explica-se que há três meses o deputado estadual Roque Barbiere (PTB-SP) denunciou que ao menos “um terço” dos deputados estaduais paulistas “venderiam” a “prefeitos e empresas privadas” as emendas parlamentares ao Orçamento que os governos tucanos do Estado há muito distribuem a aliados e até a um pequeno contingente de deputados “de oposição” que fontes da AL informaram ao blog (na semana passada) que são tão governistas quanto os deputados assumidamente da base do governo.
Por conta disso, a base de apoio do governo Alckmin na AL-SP está conseguindo enterrar mais esse escândalo. Na última quinta-feira, os deputados governistas conseguiram derrubar, por seis votos a dois, o funcionamento do Conselho de Ética. Segundo um funcionário da AL (que preferiu não se identificar) ouvido pelo blog no último sábado, sem uma divulgação da imprensa igual à que é feita em relação a ministros do governo Dilma investigação relevante e profunda alguma ocorrerá, como nenhuma ocorre há muito tempo em São Paulo.
A explicação que esses veículos dão em off (através de alguns de seus jornalistas que freqüentam redes sociais como Twitter ou Facebook e entram em debates com quem questiona a omissão da imprensa nos escândalos tucanos) é a de que são escândalos “regionais” e que, por isso, receberiam cobertura tão “diferenciada”, um claro eufemismo para cobertura omissa porque, a bem dos fatos, não há, em relação ao PSDB, o jornalismo “investigativo” que chega a tentar invadir domicílios em busca de “provas” contra pessoas ligadas ao governo federal.
A cobertura e fiscalização pífias da imprensa em relação ao comportamento da oposição ao governo Dilma nos Estados em que essa oposição é governo – como em São Paulo ou em Minas Gerais – se dá sob o argumento de que seriam assuntos “regionais”. Todavia, tal falácia pode ser facimente desmontada meramente lembrando o que era feito pela imprensa quando a petista Marta Suplicy ou a ex-petista Luiza Erundina governaram a capital paulista. Então, críticas e denúncias ganhavam manchetes quase diárias nos jornais supracitados e nos telejornais de alcance nacional.
A imprensa, por essa razão, não investiga o escândalo das emendas parlamentares em São Paulo, um escândalo que lança suspeitas sobre os governos tucanos que se encastelaram no poder desse Estado há quase vinte anos, suspeitas comparáveis às que desencadearam o escândalo do mensalão federal porque insinuam que os governos tucanos paulistas subornam deputados para obterem deles favores em votações na Assembléia Legislativa.
À diferença das matérias investigativas que veículos como Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo e a revista Veja passaram a fazer todos os meses contra o governo federal desde o começo do governo Lula e que neste ano ganharam uma intensidade nunca vista em anos anteriores, com trabalhos de investigação se sobrepondo em várias frentes simultâneas, nenhuma das matérias sobre o governo de São Paulo, na última década, partiu da imprensa brasileira, mas, sim, da repercussão de denúncias antigas que circulam entre os aliados do governo federal ou da repercussão de investigações no exterior.
O caso Alstom é um exemplo. Contém denúncias sobre propina que teria sido paga pela empresa francesa Alstom a vários políticos do PSDB, entre eles o ex-governador Mario Covas, já falecido, e o atual governador de São Paulo, Geraldo Alkmin. As raras matérias que saíram na imprensa brasileira foram “chupadas” da mídia internacional, de veículos como Wall Street Journal e Der Spiegel, entre outros. A imprensa brasileira mesma, não investiga nada sobre esse caso.
Todavia, é um caso gravíssimo. Trata-se de escândalo que envolve muitos milhões de dólares e que tem alcance internacional. Fora do Brasil, as notícias correm soltas.  O assunto é tão sério que está sendo investigado pelo ministério público da Suíça, onde estão arrolados os nomes dos políticos tucanos aqui citados e de outros brasileiros envolvidos.
De acordo com o que consta em documentos enviados ao Ministério da Justiça do Brasil pelo ministério público da Suíça, no período que vai de 1998 a 2001 pelo menos 34 milhões de francos franceses teriam sido pagos em propinas a autoridades do governo do Estado de São Paulo através de empresas offshore (empresas criadas em paraísos fiscais, onde gozam de sigilo de suas contas bancárias que dificulta investigações).
Segundo o ministério público suíço, os pagamentos teriam sido feitos utilizando-se do esquema de contratos de “consultoria de fachada”. O valor das “comissões” supostamente pagas pela Alstom em troca da assinatura de contratos pelo governo de São Paulo chegaria a aproximadamente R$ 13,5 milhões. Segundo o Ministério Público da Suíça, pelo cruzamento de informações esses trabalhos de “consultoria” foram considerados como sendo fictícios.
No período de negociação e da assinatura dos contratos de consultoria estava à frente da Secretaria de Energia de São Paulo o então genro do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, David Zylbersztajn, que deixou o cargo em janeiro de 1998 ao assumir a direção geral da Agência Nacional do Petróleo. O atual secretário de Coordenação das Subprefeituras da cidade de São Paulo, Andrea Matarazzo, que ocupou a secretaria por alguns meses, e o atual secretário estadual dos Transportes, Mauro Arce, também estão envolvidos.
Para que se tenha uma idéia da enormidade do caso e para que se possa mensurar a enormidade da minimização que a imprensa brasileira faz dele, o TCE (Tribunal de Contas do Estado) julgou irregular uma compra de 12 trens da Alstom no valor de R$ 223,5 milhões feita sem licitação pela CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), empresa do governo de São Paulo. O contrato foi assinado em 28 de dezembro de 2005, no governo de Geraldo Alckmin.
Pergunta: você se lembra, leitor, de quando foi a última vez que recebeu uma única notícia da grande imprensa sobre esse caso?
O caso Alstom é apenas um dos muitos casos de corrupção que pesam sobre o partido que há quase duas décadas governa o segundo orçamento da União, o de São Paulo, que, como se sabe, é maior do que os orçamentos da maioria dos países da América Latina. Imagine o leitor o que faria a imprensa brasileira se houvesse um escândalo internacional contra o PT.
A imprensa daria ajuda inestimável ao ministério público suíço usando contra o PSDB esse “jornalismo investigativo” que descobre “provas” contra petistas e aliados toda semana. Contudo, é escandaloso o total desinteresse da imprensa brasileira sobre qualquer pedido de CPI entre as dezenas deles que hibernam nas gavetas da Assembléia Legislativa de São Paulo, que, agora se sabe, vem sendo banhada pelos impostos dos paulistas que acabam escorrendo para o setor privado através de nada mais, nada menos do que… ONGs.
É possível concluir, então, que a única forma de os governos federal, estadual e municipal serem fiscalizados pela imprensa é sendo governos petistas, pois só estes são alvos de investigação da imprensa. Essas campanhas “jornalísticas” contra ministros, com manchetes de capa e de primeira página tomando os telejornais todos os dias e com a Justiça sendo célere, só ocorrem desse jeito. Votar no PSDB, portanto, significa conceder a políticos uma espécie de licença para roubar sob as barbas da imprensa e da Justiça.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

A METRÓPOLE ENTREGUE À MEDIOCRIDADE

Às vésperas de um ano eleitoral, o caixa da prefeitura demotucana de São Paulo está recheado. Cerca de R$ 7 bi não investidos nas urgências da população foram reservados pelo alcaide Gilberto Kassab para maquiar a nulidade de uma gestão, que manteve assim  a sintonia com a de seu patrono, José Serra. A arquiteta Raquel Rolnik, em seu blog, dá a medida dos valores estocados. O superávit municipal equivale ao orçamento anual de uma cidade como Belo Horizonte (R$7,5 bi). Aproxima-se do investimento total previsto para São Paulo em 2011 (R$ 8,5 bi). Ou seja, Kassab tem dois anos de inversões nas mãos, em parte, graças a aumentos de até 60% do IPTU e ao reajuste superlativo das passagens de ônibus , que saltaram de R$ 2,30 em janeiro de 2010 para R$ 3,00 --30% mais para uma inflação inferior a 10%. Se os cofres estão firmes, a cidade aderna. Não é preciso ser oposicionista, basta ser transeunte para constata-lo. Com a cobertura complacente da mídia sem a qual Kassab jamais teria sido eleito, São Paulo vive um ciclo de decadência irretocável. Ruas sujas, abrigos de ônibus caindo aos pedaços, inundações sem planos equivalentes à gravidade do problema, flacidez administrativa, saúde sem investimento, o trânsito deixado à própria sorte e o sentimento mais ou menos disseminado de que a cidade virou uma cápsula de concreto, fumaça e mediocridade onde o interesse público foi asfixiado. De novo, é Raquel Rolnik quem resume  o colapso reafirmado diariamente nas artérias necrosadas da metrópole: "a cada mês, o paulistano passa dois dias e seis horas no carro ou no transporte público. Os paulistanos perdem, em média, 27 dias por ano no congestionamento". Só a aposta numa cumplicidade  orgânica da mídia explica a desenvoltura do prefeito --agora convertido ao 'verde'-- que regurgita  acenos publicitários prometendo fazer nos próximos 12 meses tudo o que ele e seu padrinho não cogitaram em seis anos: hospitais, parques, escolas, rede de trólebus, mais ônibus, ciclovias etc. São Paulo é a quarta maior mancha urbana do planeta. Conecta 19 milhões de pessoas (quase um Portugal e uma Suíças juntos) e 39 municípios. O político em cujas mãos o PSDB depositou o destino desse emaranhado tem a seguinte opinião sobre planejamento: "Poderíamos não atender [as metas], porque meta é meta. Meta não é compromisso"(Folha 10-06). A esquerda de São Paulo não pode ter o escárnio como referência se quiser construir uma opção relevante em 2012. Restaurar o planejamento e  a mobilização, claro. Mas, sobretudo, é preciso inovar. E fazer da campanha a prefiguração da cidade que se quer restituir aos cidadãos. Depois do Orçamento Participativo criado pelo PT em Porto Alegre, em 1988, qual foi o novo grande avanço trazido pela esquerda à gestão municipal?
(Carta Maior; 2º feira,13/06/ 2011)

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Ah, se a elite ouvisse o povo… Bem, às vezes ouve. E ainda pagando…



Poucas coisas são tão terríveis no Brasil quanto o desprezo histórico que a elite econômica brasileira tem pelo seu povo. Duvido que os empresários japoneses falem mal de seu povo, ou que os magnatas dos EUA tenham uma postura de desprezo pelos cidadãos norteamericanos. Bem, aqui, nem é preciso falar, não é? É “povinho”, quando não acompanhado daquele adjetivo que Fernando Henrique usou para falar dos aposentados…
Por isso, é muito interessante ler a bela reportagem de Vanessa Adachi, no Valor Econômico de hoje, descrevendo a palestra de Lula para empresários, num evento promovido pelo Bank of América em São Paulo. Como o acesso é só para assinantes, reproduzo alguns trechos:
“Eu nunca votei no Lula e nunca votarei. Mas vim por causa dele.” Essa era a afirmação mais repetida na noite de quarta-feira em dezenas de rodinhas formadas por empresários, banqueiros, executivos e advogados que lotaram o amplo salão da Casa Fasano, templo de festejos luxuosos da elite paulistana.
Pouco mais de 450 pessoas se espalharam pelo espaço de pé direito altíssimo e paredes de intrigante transparência, que deixam ver os aviões que cruzam o céu. O Bank of America Merrill Lynch, um dos maiores bancos dos Estados Unidos, era o anfitrião da noite e comemorava a autorização do Banco Central do Brasil para que a instituição passe a operar como banco múltiplo, ampliando sua atuação no país.
Alexandre Bettamio, presidente do BofA no Brasil, provavelmente também não votou em Lula em 2002 ou 2006. Mas elegeu o ex-presidente para ancorar o mais importante evento já realizado pela instituição no país apostando que seria um grande chamariz. A escolha foi certeira.
Lula tem cobrado cachê de “palestrante global”. No caso, o valor não confirmado pelos assessores do presidente ou pelo banco, de quase R$ 200 mil, incluía discurso de 45 minutos seguido de mais meia hora de “social” pelo salão. O contrato foi cumprido à risca e, talvez sensível à praxe do setor financeiro, o ex-presidente concedeu um bônus aos banqueiros e falou por 1 hora e dois minutos. Parte da plateia nunca havia tido a oportunidade de estar tête-à- tête com o ex-presidente. Outros queriam vê-lo falar de novo e esperavam “se divertir” com o discurso bem humorado. Pouco depois das 20 horas o salão já estava cheio e, por volta das 21h30, quando Lula começou a falar, o público se aglomerou ao seu redor, abrindo um clarão ao fundo. Aguentaram firme, em pé, por mais de uma hora. (…)
Lula fez uma palestra sob medida para o público presente. Temas como a explosão do crédito consignado e o desenvolvimento do mercado de capitais foram cuidadosamente escolhidos para rechear a fala. Munido de um discurso oficial de cinco páginas, Lula fez a alegria dos presentes ao abusar de seus famosos improvisos. “He speaks very well”, dizia um executivo brasileiro a outro, estrangeiro, no meio do salão.
Arrancou gargalhadas sinceras e mesmo aplausos, em diversos momentos, ao debochar do que seria o estereótipo da forma de pensar da elite brasileira. “Tem gente que fala: esse Lula colocou os pobres no lugar que só nós viajávamos”, afirmou, por exemplo, ao referir-se ao fato de “os pobres” estarem viajando de avião. Mais tarde, disse que muita gente começa a falar inglês antes mesmo de sair do aeroporto, só para mostrar que sabe.
Apelou para a emoção e deixou a plateia silenciosa ao falar do Programa Luz para Todos e descrever que “quando chega a luz elétrica na casa de uma pessoa é como se você, num passe de mágica, pegasse uma pessoa do século 18 e trouxesse para o século 21. É como se fosse a máquina do tempo.”
Lula queria provar, caso alguém ali ainda tivesse dúvida, que a política de seu governo fez bem ao empresariado. Já perto das 22h30 e do fim de sua palestra, quando a audiência se mostrava um pouco cansada com a longa fala do ex-presidente, ele arrematou: “Eu sei que tem gente que tem preconceito contra mim. Mas eu desafiaria qualquer um de vocês: eu duvido que algum empresário já ganhou mais dinheiro nesse país do que no meu mandato. Duvido que os bancos já tiveram mais lucro nesse país do que no meu mandato.”(…)
“Ele é muito bom”, “ele é muito inteligente”, “agora dá para entender [a sua popularidade]“, saíram falando aqueles que nunca votariam nele.
Das poucas pessoas dentro da Casa Fasano que haviam votado em Lula, duas copeiras não escondiam a excitação com a presença de seu ex-presidente. Difícil foi encarar a frustração de não poder vê-lo: muito profissionais, não abandonaram o posto e ficaram confinadas no banheiro feminino durante quase toda a noite, prestando assistência às convidadas.
Pois é. As copeiras (brasileiras) “muito profissionais, não abandonaram o posto”Quando os nossos figurões aprenderem que elas também podem dar um pulo no salão, realizarem seu desejo – nem que seja o de ver Lula de perto, apenas – e entenderem que aquele que admiram e pagam caro para ouvir pôde chegar ali e fazer o que fez com o voto delas, não com o deles.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Presidenta prorroga Zona Franca. Cerra vai cortar os pulsos


Zona Franca de Manaus terá licença prorrogada por mais 50 anos

A visita da presidenta Dilma Rousseff ao estado do Amazonas teve um viés econômico. Além da cerimônia de lançamento do Programa de Fortalecimento da Rede de Prevenção, Diagnóstico e Tratamento do Câncer de Colo do Útero e de Mama, a presidenta Dilma anunciou que vai prorrogar por mais 50 anos a licença da Zona Franca de Manaus e que tal procedimento se estenderá aos demais estados da região Norte. Com isso, a partir de 2013, quando termina o prazo de operação como zona franca, será instituído instrumento que dá mais meio século de prazo para o funcionamento especial do polo industrial.


(…)


Zona Franca de Manaus — A Zona Franca de Manaus (ZFM) foi idealizada pelo deputado federal Francisco Pereira da Silva e criada pela Lei Nº 3.173 de 06 de junho de 1957, como Porto Livre.


Dez anos depois, o governo federal, por meio do Decreto-Lei Nº 288, de 28 de fevereiro de 1967, ampliou essa legislação e reformulou o modelo, estabelecendo incentivos fiscais por 30 anos para implantação de um polo industrial, comercial e agropecuário na Amazônia. Foi instituído, assim, o atual modelo de desenvolvimento, que engloba uma área física de 10 mil km², tendo como centro a cidade de Manaus e está assentado em Incentivos Fiscais e Extrafiscais, instituídos com objetivo de reduzir desvantagens locacionais e propiciar condições de alavancagem do processo de desenvolvimento da área incentivada.


No mesmo ano de 1967, por meio do Decreto-Lei nº 291, o governo federal define a Amazônia Ocidental tal como ela é conhecida, abrangendo os Estados do Amazonas, Acre, Rondônia e Roraima. A medida visava promover a ocupação dessa região e elevar o nível de segurança para manutenção da sua integridade. Um ano depois, em 15 de agosto de 1968, por meio do Decreto-Lei Nº 356/68, o governo federal estendeu parte dos benefícios do modelo ZFM a toda a Amazônia Ocidental.


A partir de 1989, a Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), que administra o modelo, passou a abrigar em sua área de jurisdição sete Áreas de Livre Comércio (ALCs), criadas com objetivo promover o desenvolvimento de municípios que são fronteiras internacionais na Amazônia e integrá-los ao restante do país, por meio da extensão de alguns benefícios fiscais do modelo ZFM, da melhoria na fiscalização de entrada e saída de mercadorias e do fortalecimento do setor comercial, agroindustrial e extrativo.


A primeira a ser criada foi a de Tabatinga, no Amazonas, por meio da pela Lei nº 7.965/89. Nos anos seguintes, foram criadas as de Macapá-Santana (Lei nº 8.387/91, artigo II), no Amapá; Guajará-Mirim (Lei nº8.210/91), em Rondônia; Cruzeiro do Sul e Brasileia-Epitaciolândia (Lei nº 8.857/94), no Acre; e Bonfim e Boa Vista (Medida Provisória 418/08), em Roraima.

A decisão da JK de saias não só prorroga a licença da ZFM por 50 anos, como amplia o mesmo regime de isenção fiscal para todos os Estados da Amazônia.
O Padim Pade Cerra vai cortar os pulsos.
Foi ele o maior adversário da criação de zonas francas em todo o país.
Ele trabalhou, como parlamentar e como ministro, só para São Paulo.
Navalha
Fora aquele cano que saía de Sergipe e chegava ao Ceará no horário eleitoral, não há nenhuma ideia ou ato do Cerra que beneficie qualquer ponto do território brasileiro fora de São Paulo.
No Governo Sarney, surgiu a proposta de se criar zonas especiais de exportação – fora de São Paulo.
O Padim Pade Cerra lutou ferozmente contra elas e conseguiu sepultá-las.
Dilma dá segurança jurídica aos industriais que foram para Manaus e reforça a ideia de que novas zonas francas podem ajudar a Amazônia, como a de Manaus ajudou.




Paulo Henrique Amorim