Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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quarta-feira, 26 de junho de 2013

COLUNISTA DA FOLHA PEDE AUTOCRÍTICA DA MÍDIA

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

A praga da liderança Prozac


Do inevitável Bergman ao movimento Dogma 95, e além… O cinema escandinavo sempre ofereceu alternativas aos interessados em fugir do entediante escapismo hollywoodiano. A Arte do Pensamento Negativo é uma comédia de humor negro norueguesa, realizada em 2006. O filme, escrito e dirigido por Bård Breien, foi apresentado na 34ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, em 2010. A história gira em torno de Geirr, um homem de 33 anos que ficou paraplégico após um acidente de automóvel. O protagonista vive em uma casa de campo, na companhia de sua bela e dedicada esposa, Ingvild. Passa o tempo bebendo, fumando maconha e assistindo a filmes sobre a Guerra do Vietnã.

Preocupada com o marido, Ingvild o inscreve em um grupo de autoajuda, formado por pessoas com diferentes deficiências. O grupo é liderado por Tori, uma entusiasta da autoajuda. Ela, que não tem nenhuma deficiência, proíbe os membros do grupo de dizer qualquer coisa negativa sobre seus problemas e os estimula com clichês e frases de efeito. “Focar em nossas fraquezas nos apequena, mas, se focarmos em nosso potencial, nós podemos nos tornar gigantes”, proclama Tori em uma reunião para deleite do grupo.
O choque entre Tori e Geirr é inevitável. Tori tenta estimular Geirr a pensar positivamente e “concentrar-se nas soluções, não nos problemas”. Geirr, iconoclasta e irreverente, rebela-se contra a visão idílica de Tori e, de crise em crise, conquista o grupo para sua visão crítica e niilista da realidade. Aos poucos, o faz de conta induzido por Tori perde força, os membros do grupo vão se abrindo para seus próprios problemas e encontram algum consolo na honestidade e na solidariedade que começam a surgir.
O filme norueguês trata cinicamente da “cultura de autoajuda”, praga contemporânea que cruzou fronteiras nas últimas décadas e avança sobre os mais diversos domínios da sociedade, da Escandinávia aos trópicos. Sintomaticamente, a mídia popular brasileira está hoje impregnada pela lógica e pelo discurso da autoajuda. Em muitos países, a autoajuda se transformou em uma indústria milionária: palestras, livros, revistas, vídeos, treinamento, consultoria etc.
O mundo corporativo foi domínio no qual a autoajuda encontrou terreno propício, com as portas escancaradas pelas deslumbradas áreas de recursos humanos. Nas empresas, o culto do pensamento positivo fomenta o otimismo, encoraja o estabelecimento de metas ambiciosas e celebra o sucesso. Contudo, sob os efeitos especiais de powerpoints apresentados em reuniões, as metas são manipuladas, o sucesso tem pés de barro.
David Collinson, professor da Escola de Negócios da Universidade de Lancaster, no Reino Unido, publicou recentemente um texto no jornal britânico Financial Times, com o sugestivo título “O lado negativo da liderança positiva”. Segundo Collinson, no coração da crise em muitas nações ocidentais, encontra-se uma abordagem específica de liderança, da qual foi extirpado o pensamento crítico em favor do pensamento positivo e da propensão ao risco. O autor denomina o fenômeno de “liderança Prozac”, mal que afeta a sociedade e as empresas e causa vício em uma positividade excessiva e artificial.
Os líderes Prozac fazem discursos delirantes, acreditam em suas próprias palavras e desencorajam visões alternativas e críticas. Alguns são carismáticos e nutrem fiéis seguidores: eles ignoram problemas e tornam suas organizações menos preparadas para enfrentar crises. Quando encontram terreno propício, criam uma “cultura positiva”, que pune ou aliena funcionários não praticantes.
Candidatos a líderes Prozac são fáceis de identificar. Eles aguardam ansiosamente as palestras promovidas pela HSM, empresa especializada em eventos de autoajuda empresarial, e discutem avidamente as pérolas ouvidas dos “grandes nomes do management”. Circulam entusiasticamente vídeos das conferências TED (Technology, Entertainment and Design), cujo grande objetivo parece ser atrair cientistas e pensadores, misturá-los com caçadores de novidades e transformar todos em celebridades de auditório.
Collinson observa que o pensamento positivo, base da liderança Prozac, pode ter certo poder de transformação, facilitando inovações e processos de mudança. Porém, o otimismo excessivo pode estimular o cinismo, erodir a confiança e provocar o afastamento da realidade. Mais sábio seria combinar doses adequadas de pensamento positivo e pensamento crítico, de forma a enfrentar realidades complexas. O ilusionismo, bem sabemos, é competência essencial nas organizações, públicas e privadas, grandes e pequenas. Porém, convém não exagerar.
Últimos artigos de Thomaz Wood Jr.:
A arte do tempo
Anjo caído

quinta-feira, 3 de maio de 2012

São Paulo é um caso perdido


Chegou-se a dizer que a eleição municipal paulistana se tornará tema nacional por conta do embate que, em verdade, deverá ser travado entre o eterno presidenciável José Serra e o ex-presidente Lula através de interposta pessoa, ou seja, pelo jovem e promissor ex-ministro Fernando Haddad, que, apesar das qualidades, tem uma pedreira pela frente.
Particularmente, penso que a eleição para prefeito na capital paulista deve ser muito menos emocionante do que se imagina, em que pese o embate de cunho nacional que certamente acontecerá.
É claro que Haddad, ao ser apoiado por Lula, tem potencial de crescimento, mas tenho lá minhas dúvidas sobre ser possível despertar uma população como a paulistana do transe em que vive mergulhada há tanto tempo.
Não me canso de dizer que as eleições de Luiza Erundina e Marta Suplicy foram meros acidentes de percurso. A maioria dos paulistanos, em todas as classes sociais, gostaria mesmo é de votar em Paulo Maluf, mas a situação dele, que está sob ordem de captura internacional pela Interpol, a qual acaba de ser renovada nos Estados Unidos, inviabiliza-lhe a candidatura.
Imaginem um prefeito de uma megalópole como Sampa que não pode sair do país sob pena de ser preso no exterior. Mas, se fosse candidato, mesmo que não vencesse estou certo de que não faria feio.
José Serra encarna os valores dessa maioria dos paulistanos que tem orgasmos ao ver Maluf ir à tevê reeditar sua cantilena sobre “rota na rua” e “bandido bom é bandido morto” (esta, dita em outros termos).
Há, claro, cerca de um quarto ou, no máximo, um terço do eleitorado que é muito bem esclarecido, progressista e que percebe o buraco em que a maior metrópole sul-americana está mergulhada, mas não passa disso. Até porque, há uma parcela ampla dos paulistanos que poderia equilibrar um pouco as coisas, mas que, eleição após eleição, não vota.
Como se sabe, há migrantes de outros Estados, sobretudo do Norte e do Nordeste, que vivem aqui há décadas e que não votam simplesmente porque não transferiram seus títulos de eleitor. A esmagadora maioria desse segmento da população paulistana só se preocupa em sobreviver nas condições mais precárias e nem imagina o que a política poderia fazer por suas vidas.
De resto, a maioria votante da população de minha cidade, seja de que classe social for, é de uma ignorância política desumana. Acalenta conceitos de meados do século passado, é egoísta, incivilizada e arrogante.
No último domingo, eu e minha neta decidimos ir ao cinema. Resido próximo a um dos shoppings mais elegantes de São Paulo. Por ali se tira a média de como a parcela mais abastada da população padece da mais completa ausência de conceitos básicos de cidadania.
Como a fila da bilheteria dos cinemas fosse enorme, deixei minha neta guardando lugar nela e tentei a bilheteria “expressa”, que consiste em totens de auto-atendimento em que você mesmo escolhe a poltrona numerada, passa seu cartão bancário e a máquina emite o ingresso. Pois acreditem, a fila da bilheteria convencional andou mais rápido.
Grupos de jovens e de adultos, ou até pessoas sozinhas, apoderavam-se das máquinas sem pressa alguma. Paravam a operação e faziam chamadas telefônicas, ficavam batendo papo.
A fila em que minha neta ficou chegou à bilheteria e aquela em que eu estava, a “expressa”, quase não se moveu. Deixadas por conta própria, as pessoas gastavam muito mais tempo do que se tivessem se dirigido a um caixa com operador, o que evidentemente impediria que os grupelhos atrasassem a todos.
No estacionamento, vagas de deficientes ocupadas por veículos de pessoas sem necessidades especiais; carrões importados estacionados fora de vagas, atrapalhando a todos; madames e patricinhas paravam diante das escadas rolantes para consultar seus celulares de última geração, impedindo o fluxo de pessoas.
Nas ruas até dos bairros mais elegantes, das janelas daqueles mesmos carrões vai brotando lixo, deixando um rastro porco. Esses mesmos carrões param em filas duplas ou triplas, invadem as faixas de ônibus, fecham cruzamentos na hora do rush.
O paulistano, antes de tudo, é incivilizado, folgado, egoísta e arrogante. As ruas parecem um chiqueiro.
Isso sem falar na população de rua, que só faz aumentar. O prefeito demo-tucano, agora em um partido de aluguel que criou, atua com o mesmo viés higienista de Serra: fechou os albergues no centro da cidade e os transferiu para a periferia, obrigando a população sem-teto a ficar pelas ruas do centro à noite.
A criminalidade, a despeito da manipulação de estatísticas pela Secretaria de Segurança, continua aumentando. Agora, os bandidos estão indo buscar os ricos dentro de casa, nos prédios de luxo, nos quais fazem arrastões. Já foram 10 nos quatro primeiros meses de 2012 contra 12 no ano passado inteiro.
As escolas públicas estão caindo aos pedaços. Faltam professores, falta infra-estrutura. Só o que sobra são exemplares da Veja, da Época, do Estadão e da Folha, que essas escolas não têm mais onde guardar, haja vista que, para comprar a cumplicidade da mídia, governo do Estado e prefeitura compram esse lixo às toneladas.
Professores e policiais ganham salários entre os mais baixos do país, o que explica o desempenho cadente da Educação e da Segurança Pública.
Devido ao estado de miséria da cidade, o prefeito Gilberto Kassab é mal-avaliado. Pesquisa Datafolha realizada nos dias 1 e 2 de março com 1.087 moradores da cidade de São Paulo revela que míseros 26% aprovam sua gestão e 36% avaliam como ruim ou péssima
Ainda assim, quem inventou Kassab e fez dele prefeito, o ex-governador José Serra, é líder em todas as pesquisas de intenção de voto para prefeito de São Paulo, ou seja, o paulistano considera que o atual prefeito é uma droga – e é –, mas quer votar em quem fez dele prefeito, o que mostra a total incoerência da maioria da população.
Vá entender o que pensa essa maioria imbecilizada dos paulistanos.
Enquanto isso, a mídia eletrônica é bombardeada por propaganda eleitoral extemporânea e injusta da administração Kassab que certamente pretende beneficiar Serra enquanto que seus adversários não têm espaço. Uma aberração com dinheiro público. Kassab e Serra fazem propaganda eleitoral fora de época e o munícipe é quem paga.
E o conteúdo da propaganda, então… “Antes não tinha, agora tem”. Rematadas mentiras sobre as escolas municipais. A prefeitura anuncia que pôs dois professores em sala de aula e todos sabem que é conversa mole, que isso existe em uma pequena parte das escolas e funciona mal.
E essa tese de que “Antes não tinha, agora tem”. Como se a direita paulistana tivesse retomado a prefeitura ontem, apesar de que está lá desde 2005.
Em sete anos, a obra social de Marta Suplicy foi totalmente anulada. Todos os programas sociais. Os CEUs foram totalmente desfigurados. Não são mais as belas escolas da gestão petista, tornaram-se maquiagens, pequenas unidades que não oferecem nem um terço do que era oferecido no projeto original.
Os corredores de ônibus que permitiam ao usuário viajar muito mais rápido do que os automóveis, foram desarticulados. O tão alardeado investimento da prefeitura em metrô é uma falácia, existe só o anúncio, o dinheiro não chegou.
E, apesar de ser apresentado como inovação, esse investimento esconde que o orçamento da prefeitura, hoje, é mais do que o dobro que na época de Marta. Com o pais crescendo sob administração do PT, todos os municípios do país têm hoje muito mais recursos.
Pior. Aécio Neves, recentemente, em entrevista ao portal UOL garantiu que o projeto político de Serra continua sendo o de se eleger presidente, o que revela que, mais uma vez, seu vice deverá ser o prefeito de fato da capital paulista caso o tucano se eleja neste ano, pois o prefeito eleito deve abandonar a prefeitura para se candidatar a presidente em 2014.
Apesar de tudo isso, parece-me difícil que alguém tire a eleição de Serra. Sobretudo quando vejo tanta gente vibrar ao ver Maluf na tevê durante a propaganda semestral do seu partido, vertendo aquele discurso criminoso sobre “rota na rua” e “bandido bom é bandido morto”.
Como já disse muitas vezes, nasci na maternidade Pro Matre Paulista, que fica na avenida Paulista com a alameda Joaquim Eugênio de Lima. Sou filho, neto, bisneto e tetraneto de paulistanos. Ainda assim, não agüento mais São Paulo, o egoísmo e a arrogância da população. A sujeira, a falta de segurança. Quero ir embora daqui.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

A sutil diferença entre um Sábio e um Idiota

O sábio:

ZÉ GERALDO
Ei você que tem de oito a oitenta anos
não fique aí perdido,
como ave sem destino
pouco importa a ousadia dos seus planos
eles podem vir da vivência do ancião
ou da inocência de um menino
o importante é você crer
na juventude que existe dentro de você
Meu amigo, meu compadre, meu irmão,
escreva sua história
pelas suas próprias mãos
Nunca deixe se levar por falsos líderes
todos eles se intitulam
porta-vozes da razão
pouco importa o seu tráfico de influências
pois os compromissos assumidos
quase sempre ganham sub-dimensão
o importante é você ver
o grande líder que existe dentro de você
Não se deixe intimidar pela violência
o poder da sua mente é toda a sua fortaleza
Pouco importa este aparato bélico universal
toda a força bruta representa nada mais
do que um sintoma de fraqueza
O importante é você crer
nesta força incrível que existe dentro de você
O idiota:

MICHEL TELÓ
Nossa, nossa
Assim você me mata
Ai se eu te pego, ai ai se eu te pego
Delícia, delícia
Assim você me mata
Ai se eu te pego, ai ai se eu te pego
Sábado na balada
A galera começou a dançar
E passou a menina mais linda
Tomei coragem e comecei a falar
Nossa, nossa
Assim você me mata
Ai se eu te pego, ai ai se eu te pego
Delícia, delícia
Assim você me mata
Ai se eu te pego, ai ai se eu te pego
Sábado na balada
A galera começou a dançar
E passou a menina mais linda
Tomei coragem e comecei a falar
Nossa, nossa
Assim você me mata
Ai se eu te pego, ai ai se eu te pego
Delícia, delícia
Assim você me mata
Ai se eu te pego, ai ai se eu te pego
Agora que você consegue notar a diferença entre vitamina e veneno, tenha uma ótima semana.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Direita midiática cria doentes mentais


Reproduzo artigo de Pascual Serrano, publicado no sítio daRevista Fórum:

Em plena era da informação, é estarrecedor como se pode conseguir que amplos setores da opinião pública possam executar uma alteração tão impressionante da realidade. Na Venezuela, atende pelo nome de ‘dissociação psicótica’, isto que consiste em um processo mental pelo qual se cria no subconsciente do indivíduo uma realidade fictícia na qual todos os males e todo o mal que se sucede provém de uma só causa ou de uma só pessoa.

A tese levantada pelos setores alinhados ao governo venezuelano e à manutenção da institucionalidade é que os meios de comunicação implantaram este modo de pensamento, de tal maneira que responsabilizam de forma patológica Hugo Chávez e o governo venezuelano por todo o mal que ocorre, perdendo assim qualquer capacidade de análise racional da realidade. O curioso é que não é somente na Venezuela que isto ocorre. Nos Estados Unidos se trata de uma forma de pensamento que não para de aumentar e se difundir entre a ultra direita política e midiática.

No dia 6 de março de 2003 o membro da Câmara de Representantes do Texas, Debbie Riddle, em uma entrevista ao jornal El Paso Times, afirmava: “De onde surge esta idéia de que todo o mundo merece uma educação gratuita, atenção médica gratuita, independente de quem seja? Vem de Moscou, da Rússia. Vem diretamente da boca do inferno. E é habilmente disfarçada como uma idéia de gente de bom coração. Nada de bom coração. Isso é o que rasga o coração deste país” [1].

O professor de História da Universidade de Houston, Robert Zaretsky recordava [2] que a supracitada congressista republicana levantou no início de 2010 aquilo que chamou de “o problema dos terroristas de bermudas”. Segundo ela, existiriam mulheres enviadas por terroristas que cruzariam a fronteira para dar à luz seus filhos em solo estadunidense. Uma vez crescidos, estes “agentes adormecidos” passariam à ação com o objetivo de disseminar o caos nos Estados Unidos.

Não se trata de uma paranóia exclusiva de Riddle; outro membro do Texas na Câmara de Representantes, Louie Gohmert, afirmou em um discurso pronunciado na Câmara em junho de 2010 que um ex-agente do FBI lhe havia contado sobre os “terror baby”. Segundo explicou mais tarde em uma entrevista ao Fox Business News, ele conheceu num avião um passageiro com um familiar que pertencia ao Hamas que lhe contou que este tinha a intenção de conseguir que um neto seu nascesse nos Estados Unidos [3].

Na entrevista, Gohmert afirmou que as mulheres grávidas viajam do Oriente Médio aos EUA com vistos de turista e munidas da intenção de dar a luz nos Estados Unidos e conseguir assim para seus filhos a cidadania estadunidense. Segundo Gohmer, depois a criança voltaria ao país de origem da mãe onde faria um treinamento com terroristas com o objetivo de voltar depois aos Estados Unidos. Quando o jornalista pediu a Gohmert que fornecesse provas disto, ele se limitou a indicar um artigo do Washington Post [4] que descrevia o que denominam de turismo de nascimento (“birth tourism”).

Tratava-se da existência de pacotes turísticos, em especial para cidadãos chineses, com o objetivo que a “turista” grávida tivesse seu filho em território estadunidense. Aquilo foi descrito pelo político republicano como um “enorme rombo na segurança do nosso país”. Perguntando pela relação disto com as crianças terroristas, afirmou: “Se você não acredita que isto é uma prova, é porque acha que os terroristas são mais tontos que estas pessoas empreendedoras” [5]. O assunto foi de tal maneira absurdo que provocou uma paródia no The Daily Show [6], mas sem dúvida, tendo em vista os hábitos eleitorais, não faltariam cidadãos para compartilhar a tese de Gohmert.

A paranoia política da ultra direita tem também seu correspondente braço midiático. O professor de literatura da Universidade de Illinois, Walter Benn Michaels, conta [7] que no verão do ano passado surgiu uma controvérsia entre duas “estrelas” da direita estadunidense da emissora Fox, em torno da pergunta: Qual é o inimigo mais perigoso dos Estados Unidos da América? O primeiro deles, Bill O’Reilly, responde o previsível: Al-Qaeda. Porém, o outro jornalista, Glenn Beck, afirmou: “não são os jihadistas os que ‘querem destruir nosso país’, mas sim ‘os comunistas’”.

Pode se pensar que Beck somente respondeu mediante um condicionamento mental característico da Guerra Fria. No entanto, ele nasceu em 1964, e não pode conhecer este período com pleno uso da razão. Por outro lado, Beck não é um apresentador minoritário. Em 2009 seu programa foi um dos que obteve maior audiência de notícias comentadas na televisão a cabo, com oito milhões de espectadores. Em programas de outros canais, como a ABC, ele foi selecionado pelo público como uma das “10 pessoas mais fascinantes” de 2009 [8]. E em 2010 o jornal The Times o incluiu entre os cem líderes políticos mais influentes [9].

Benn Michaels recorda que na lista dos best-sellers da Amazon, o ensaio político mais vendido é Caminho de Servidão, do economista ultraconservador austríaco Friedrich Hayek, falecido em 1992. Uma das teses do livro é que qualquer política dirigida diretamente a um ideal de justiça distributiva, isto é, o que se entende como uma distribuição “mais justa”, tem necessariamente que conduzir à destruição do império da lei. Nos Estados Unidos pode-se escutar o jornalista de rádio com maior audiência do país, Rush Limbaugh, alertando contra os espiões “comunistas” que “trabalham para Vladimir Putin” [10].

O fenômeno, como era de se esperar, não se restringe aos Estados Unidos nem à Venezuela. Na Itália, Silvio Berlusconi afirma que os comunistas querem eliminá-lo [11], apesar dos comunistas não terem ali nem mesmo um só deputado nacional. Na Espanha, até mesmo o setores midiáticos próximos ao governo tentam dar o sinal de alerta sobre a paranoia da direita midiática [12].

Assim o denuncia o ex-diretor adjunto do jornal El País, José Maria Izquierdo, em seu livro As Cornetas do Apocalipse, onde passa por algumas das figuras da direita troglodita espanhola e suas “pérolas” de análise sobre a situação espanhola e o governo Zapatero. Ainda que valesse a pena recordar ao autor que foi em seu jornal que mais soaram as trombetas do apocalipse contra os governos progressistas da América Latina. Também se na Espanha se une a eles a Igreja, a instituição mais antiga na arte de disseminar o pânico e a angústia. O bispo de Córdoba assegurou que a Unesco tem um plano “para, nos próximos vinte anos, fazer com que a metade da população mundial seja homossexual” [13].

Em qualquer caso, a inquietante conclusão é a angústia de comprovar que, com todas as possibilidades técnicas e jornalísticas do século XXI, a demência de alguns líderes políticos e o poder de algumas vias midiáticas de propaganda consigam arrastar grandes setores da opinião pública para uma psicose, uma dissociação psicótica que ninguém sabe até onde pode nos levar.

* Pascual Serrano é jornalista. Acaba de publicar o livro Traficantes de información. La historia oculta de los grupos de comunicación españoles. Foca.