Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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quinta-feira, 12 de março de 2015

Agitadora tucana cai na lista do Swissleaks

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Filha de um ex-diretor do Metrô na gestão de José Serra, que mantinha conta no HSBC, Fernanda Mano de Almeida (ela também correntista na Suíça) espalha mensagens como 'eu tenho vergonha dos políticos brasileiros' nas redes sociais; seu pai, Paulo Celso Mano Moreira da Silva, é acusado de improbidade administrativa pelo Ministério Público do Estado por suspeita de corrupção com a Alstom; na época da assinatura de um polêmico contrato com a multinacional francesa, ele virou correntista do banco suíço e chegou a ter saldo de US$ 3,032 milhões; Fernanda é uma das beneficiárias da conta

247 – O caso que denunciou o esquema de evasões do HSBC, na Suíça, inclui entre os brasileiros envolvidos a família de Paulo Celso Mano Moreira da Silva. Ex-diretor do Metrô de São Paulo, ele é acusado de improbidade administrativa pelo Ministério Público do Estado por suspeita de corrupção com a Alstom.

Em 1997, Moreira da Silva abriu uma conta no país helvético e acrescentou duas filhas como beneficiárias da conta: Fernanda Mano de Almeida, 41 anos, e Mariana Mano Moreira da Silva, 38 anos. No período em que o Swissleaks é investigado, ele apresentava um saldo de US$ 3,032 milhões.

A ironia do caso é que Fernanda é uma agitadora das redes sociais, militante tucana. Em fevereiro do ano passado, ela postou uma imagem em seu perfil no qual aparece a seguinte inscrição: “Campanha contra a corrupção no Brasil – Eu tenho vergonha dos políticos brasileiros”. Ela também compartilhou imagens de apoio à candidatura de Aécio Neves à Presidência.

Leia aqui reportagem de Fernando Rodrigues sobre o assunto.

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Os intocáveis

grandis
Gilmar Mendes – sempre ele! – determinou a suspensão do processo administrativo disciplinar aberto no final de outubro pela Corregedoria Nacional do Ministério Público para investigar o procurador da República Rodrigo de Grandis por ter “esquecido” numa “pasta errada” o pedido de investigação feito pela Justiça da Suíça sobre a roubalheira do caso Alstom-Siemens no Metrô-SP e na Compnhia Paulista de Trens Metropolitanos.
Segundo o Estadão, Gilmar baseou a decisão no fato de que os colegas de De Grandis em São Paulo não viram “maldade” no “esquecimento”.
Embora isso tenha levado, inclusive, ao arquivamento de parte dos processos naquele país, por falta do envio de documentação durante tanto tempo.
Note-se que o Conselho Nacional não estava punindo De Grandis, apenas investigando De Grandis.
Não pode, diz Gilmar.
Afinal, ele é um procurador da república e o caso envolve a alta nata do tucanato paulista.
O que estamos criando, uma casta de “intocáveis”, que não têm de prestar contas de seus atos nem mesmo funcionalmente?
Basta que a “corporação” decida e está encerrado?
É melhor, então, acabar com os conselhos que fazem – ou deveriam fazer – o controle externo das instituições.
Se basta o “tribunal dos manos” decidir que está tudo bem, para quê?

sexta-feira, 27 de junho de 2014

Deputado petista diz que governo de SP “É quase uma ditadura”


O deputado estadual (PT-SP) Antonio Mentor é irmão do deputado federal José Mentor, um dos fundadores do PT e que foi relator da CPMI do Banestado, que, em 2003, investigou evasão de divisas através das contas CC5, invenção do governo Fernando Henrique Cardoso que permitiu que bilhões de dólares fossem expatriados ilegalmente.

Antonio foi vereador e secretário de governo em Americana. Está em seu quarto mandato de deputado estadual. Em 2002, teve a maior votação da Região Metropolitana de Campinas. Na ALESP, foi líder da bancada do PT; atualmente é membro da Artesp (Agência de Transporte do Estado) e da Comissão de

Transportes; em 2007, presidiu a CPI da Eletropaulo.

Entre as propostas que apresentou, estão o fim do voto secreto dos deputados, o combate ao assédio moral, a garantia do transporte gratuito para os idosos e a regulamentação dos comerciais de medicamentos.
Na 16ª legislatura (2007-2011), Mentor realizou seminários para a orientação de ONGs quanto a procedimentos administrativos e ao certificado do CNAS (Conselho Nacional de Assistência Social), inclusive com o lançamento de uma cartilha sobre o assunto, que está disponível no gabinete, gratuitamente para qualquer interessado.

Na última quarta-feira, em seu gabinete, na sala T106 da Assembleia Legislativa de São Paulo, Antonio Mentor deu uma longa entrevista ao Blog da Cidadania. A partir do foco na CPI dos pedágios, instalada no mês passado naquela Casa, o deputado traçou um quadro sombrio da situação política no Estado mais rico da Federação.

Mentor enxerga São Paulo absolutamente dominado pelo PSDB, tanto no Legislativo quanto no Executivo, o que não representaria maiores problemas no regime democrático, pois quem vence eleições domina mesmo esses poderes. O problema apontado pelo deputado é o de que, ao longo de duas décadas de hegemonia tucana no Estado, Judiciário, Ministério Público e mídia foram totalmente cooptados pelo governo estadual.

A entrevista de Antonio Mentor desnuda os métodos que o PSDB paulista usa para impedir qualquer investigação de um processo de espoliação do Erário paulista que transformou a vida – sobretudo dos paulistanos (paulistas da capital) – em um inferno, com um sistema metroviário e de trens urbanos decadente e superlotado, sem investimentos em infraestrutura até para distribuição de água, com um sistema de distribuição de energia elétrica falho, que produz apagões incessantes, com uma polícia corrompida, ineficiente e que frauda estatísticas sobre Segurança de forma a vender ao resto do país uma situação rósea, que inexiste.
Confira, a seguir, os principais pontos da entrevista de cerca de uma hora com Antonio Mentor.
*

Blog da Cidadania – Qual é o ponto central da CPI dos pedágios? O que gerou essa investigação, deputado?

Antonio Mentor – O ponto central da investigação é o valor da tarifa. E, em decorrência desse ponto, há alguns outros que nós [da bancada do PT] queremos discutir, começando por uma questão de governo que nós queremos colocar na pauta, para garantir aos paulistas uma tarifa muito menor.
Estou falando de uma escolha que o governo do PSDB fez de um modelo de concessão onerosa. Significa que a licitação [para concessão das estradas à iniciativa privada] foi resolvida por aquele concorrente que oferecesse o maior valor de outorga [valor que a concessionária paga ao Estado para explorar uma estrada]
Esse valor de outorga vem sendo pago mensalmente pela concessionária. Isso impacta no valor da tarifa de uma maneira fortíssima, e eleva seu preço. Essa é uma opção de governo.
Qual é a contrarreferência que nós temos? São as concessões federais, que se deram por um outro modelo, um modelo da menor tarifa. O concorrente que ofereceu para a licitação a menor tarifa, atendendo aquele cronograma de obras, de serviços etc., mas com a menor tarifa, foi esse que levou a concessão da rodovia.
O exemplo clássico disso são os 400 quilômetros que vão de São Paulo até São José do Rio Preto. Um carro de passeio paga 76 reais de pedágio. A mesma distância, São Paulo / Curitiba, numa rodovia federal, paga 10 reais e 68 centavos.

Blog da Cidadania – Deputado, existem algumas dúvidas sobre essa comparação. Os pedágios das rodovias federais são mais baratos. O que argumenta a situação – não só a bancada de deputados governistas, mas também o governo do Estado –, e até parte da imprensa, é que as rodovias federais têm uma qualidade muito inferior à das rodovias estaduais [de SP]. Assim, as tarifas federais seriam mais baratas justamente porque a qualidade do serviço prestado é inferior.

Antonio Mentor – Todas as rodovias concessionadas do Estado de São Paulo, que são as melhores rodovias do Brasil, isso é verdade, elas já eram as melhores rodovias do Brasil antes da concessão. Então, esse argumento não serve.
É verdade que as rodovias federais são ruins? É verdade. O que, então, o governo federal quer fazer com a concessão? É torná-las boas rodovias. Há um cronograma de obras nas rodovias federais que vai transformá-las… Ou melhor, que já está transformando em rodovias de melhor qualidade.
Isso não vai acontecer em 2 ou 3 anos, vai acontecer em um processo mais longo. Haja vista que a última concessão que foi estabelecida pelo governo federal determinou que só podem ser implantadas as praças de pedágio depois de concretizados, pelo menos, 10 por cento da duplicação da rodovia, diferentemente do que aconteceu aqui em São Paulo, onde as concessionárias já pegaram rodovias prontas.
A rodovia dos bandeirantes, [quando foi concedida à inciativa privada] já estava pronta. A rodovia Anhanguera já estava pronta…

Blog da Cidadania – Perdão. Entendo, então, que tudo se deve ao ponto de partida. As rodovias estaduais já tinham um padrão muito bom de qualidade quando o PSDB assumiu e firmou esse modelo de concessão, ainda no governo Mário Covas… Correto?

Antonio Mentor – Sim, ainda no governo Covas, em 1998…

Blog da Cidadania – E as rodovias federais foram dadas em concessão agora, mas eram rodovias que estavam em um estado muito ruim desde sempre, desde bem antes do governo Lula e até antes do governo Fernando Henrique. Então, essa diferença de qualidade das rodovias estaduais de São Paulo para as rodovias federais não se deve à tarifa, mas ao ponto de partida da concessão…
É isso?

Antonio Mentor – A questão é o modelo que foi escolhido para as concessões paulistas.

Blog da Cidadania – Qual era o modelo vigente antes da privatização do Covas, antes de 1998?

Antonio Mentor – Tinha um processo de concessão de rodovias antes do que fez Covas, pelo governo Fernando Henrique Cardoso, na Via Dutra e na Ponte Rio-Niterói. Então, antes do Covas, existiram concessões de rodovias federais feitas como “laboratório”, no Brasil.
Veja, porém, que a Ponte Rio-Niterói é uma obra de arte pronta, não tinha nada mais o que fazer, quando foi concedida [por Fernando Henrique Cardoso] à administração privada. Ali, o máximo que se poderia fazer seria melhorar o socorro [mecânico], melhorar o atendimento médico [a motoristas envolvidos em acidentes], coisas desse tipo. Não tem nada além disso para se fazer. Foi entregue à iniciativa privada, mas, lá, foram feitos, apenas, pedágios.

Blog da Cidadania – E por que, então, entregar essa ponte à iniciativa privada?

Antonio Mentor – Pois é, essa é a grande pergunta…
Já a Via Dutra, não. É uma rodovia que precisa, até hoje, de melhoramentos. Foram feitas algumas obras na Dutra, principalmente aqui na Grande São Paulo, no trecho de Guarulhos, por ali.
Mas há muita coisa que precisa ser feita e não foi, apesar da concessão [de FHC]. É preciso duplicação, ou melhor, multiplicação de pistas, por exemplo, na Serra das Araras, um trecho perigosíssimo da Via Dutra, mas tudo isso ficou fora do contrato de concessão [firmado por FHC]. Na Via Dutra, não há nenhum plano de obras. Nada, nada, nada.

Blog da Cidadania – E qual é a moeda de troca dessa concessão?

Antonio Mentor – A moeda de troca dessa rodovia [a Dutra] foi só o pedágio mesmo. Não teve ônus…

Blog da Cidadania – Ué! Então [FHC] privatizou só para cobrarem pedágio?! Pura e simplesmente não se faz obras?!

Antonio Mentor – É só manutenção. Obras, só nesse trecho da Grande São Paulo. Fizeram alguma, é preciso dizer, na multiplicação de pistas nesse trecho aqui de Guarulhos, Arujá, Santa Isabel…

Blog da Cidadania – Mas existe previsão, na Dutra, de fazerem as obras que o senhor está dizendo serem necessárias ou não está previsto contratualmente?

Antonio Mentor – Não, não estava no contrato, não…

Blog da Cidadania – Então tudo que está sendo feito [na Dutra] é por liberalidade das empresas?

Antonio Mentor – Liberalidade, não. Em troca de novos benefícios para a concessionária: na tarifa e no prazo [de concessão]. São três coisas que interessam à concessionária: uma tarifa maior, uma taxa de retorno maior ou um prazo maior. Essa é a moeda de troca que o governo tem pedido às concessionárias.

Blog da Cidadania – E, nesse processo todo, quando se fala em CPI a gente pensa logo em irregularidades. Existe, por parte dos propositores dessa CPI, a percepção de que haveria irregularidades no processo de concessão de estradas do Estado de São Paulo?

Antonio Mentor – Claro. Em 2006, foi assinado um aditivo ao contrato de concessão [emenda contratual] para quase todas as estradas. Só duas concessionárias não tiveram esse aditivo, o que permitiu a prorrogação dos prazos de concessão. Por exemplo, a [concessionária] Autoban – que administra a Anhanguera e a Bandeirantes – teve uma prorrogação de oito anos e oito meses. E as outras concessionárias todas tiveram prorrogações com prazos variáveis, mas todas elas tiveram prorrogações dos seus contratos.
Por que tiveram? Porque, em 2005, as concessionárias entraram com um pedido de reequilíbrio econômico-financeiro do contrato. A Artesp [Agência Reguladora de Serviços Transporte Público do Estado de São Paulo] contratou, à época, três auditorias. KPMG, Fundação Getúlio Vargas e uma terceira, da qual não me lembro o nome… E essas três auditorias deram sustentação para a Artesp promover a prorrogação dos prazos.
Foi um verdadeiro absurdo. Não tinha sustentação numérica para fazer um aditivo desse porte. Esse aditivo foi assinado pelo Claudio Lembo entre o dia 20 e 30 de dezembro de 2006, em um momento em que as pessoas não estavam muito focadas…

Blog da Cidadania – No apagar das luzes…

Antonio Mentor – No apagar das luzes. Foi feito de uma maneira obscura. Tanto que o Claudio Lembo, em 2007, deu uma entrevista à Folha de São Paulo dizendo que nem sabia que tinha assinado aquilo.
A partir dali, várias dúvidas foram levantadas. Mudou o governo [sai Alckmin/Lembo, entra José Serra] e o diretor-presidente da Artesp, que tinha mandato, se demitiu – a contragosto, mas ele foi levado à demissão. Foi nomeada uma nova diretora, que é a Karla Bertocco, e essa nova direção contratou uma auditoria da Fipe, que apresentou, em 2011, um relatório contestando aquela avaliação anterior [que resultou nos aditivos prorrogando prazos de concessão] e dizendo, ao final, que aquela medida tinha dado um prejuízo da ordem de 2 bilhões de reais ao Estado de São Paulo.
O governo assume isso. O governador [Alckmin], inclusive, assumiu isso. E disse – no seu discurso de sempre – que iria entrar na Justiça para buscar ressarcimento do governo, aquela conversa que ele repete no caso do cartel [de trens], no caso da Alstom… Em todos esses episódios, ele fala que vai à Justiça e acaba não indo.
Nesse episódio [das concessões de rodovias], além de assumir que havia essa diferença de valor – uma diferença significativa; dois bilhões são dois bilhões – ele [Alckmin] ensaiou uma ação – que foi julgada inepta – e esse é um dos pontos principais do nosso trabalho na CPI [dos Pedágios].

Blog da Cidadania – As ações que o governador propõe geralmente são consideradas ineptas. Essa que ele propôs por causa do cartel [de trens] também foi considerada inepta…

Antonio Mentor – Você conhece a história do “Eu vou não ir”? Faço que vou, mas não vou. Anúncio e não faço o que anunciei.
Não podemos imaginar que o governo do Estado, com a estrutura que tem, sofra de tal grau de incompetência para sempre entrar com ações ineptas [para ressarcir o Erário de roubalheiras nesse governo].

Blog da Cidadania – Diante desse caso – e não é só nesse caso, mas também no escândalo dos trens –, as pessoas que acompanham política – e, infelizmente, essa atenção está restrita às pessoas que acompanham política – ficam inconformadas, porque não é possível que não exista nenhum tipo controle para coisas como as que acontecem em São Paulo.
Por conta dessa maioria que o PSDB tem no Legislativo, não funciona Ministério Público, não funciona Judiciário, não funciona polícia, não funciona nada quando é para investigar o governo estadual. Como é que pode uma coisa dessas? Não há controle externo algum?

Antonio Mentor – O controle que eles têm não é só no Legislativo. Eles [o PSDB] têm maioria em todas essas instituições que você mencionou, aí. O governo do PSDB tem identidade política com setores importantes dessas instituições. A começar pela mídia. Tem uma blindagem absoluta!
Você vê: quando falam do mensalão do PT, dizem que é o do PT; quando falam no mensalão do [Eduardo] Azeredo [ex-presidente do PSDB], é “mensalão mineiro”, não é do PSDB. Quando falam do escândalo do metrô, é “cartel” – a culpa é das empresas, nunca do governo. Imagine um cartel que funcionou durante VINTE ANOS no Estado de São Paulo não ter participação de agentes políticos…
Pelo amor de Deus!
Aliás, o procurador-geral do Ministério Público de São Paulo já arquivou a investigação aberta por um promotor sobre a participação de José Serra no esquema de cartel. Quem é o procurador-geral? É aquele que foi nomeado pelo Alckmin…

Blog da Cidadania – Marcio Rosa, o segundo da lista tríplice do Ministério Público, que Alckmin escolheu desrespeitando a norma não-escrita – que Lula e Dilma sempre adotaram – de o Executivo federal ou estadual sempre nomear o primeiro indicado pela instituição para a procuradoria-geral…

Antonio Mentor – Na primeira vez, três anos atrás. Agora, ele acaba de ser reconduzido ao cargo e, desta vez, foi o primeiro da lista.

Blog da Cidadania – Bem, então vamos enumerar o que o senhor está me dizendo, deputado: os governos tucanos têm maioria absoluta no Legislativo, maioria no Ministério Público, maioria…

Antonio Mentor – Eu não diria que é “maioria”, eu diria que é “simpatia” do Ministério Público. Vamos citar exemplos para caracterizar isso. O Ministério Público destacou um dos seus membros mais famosos para representá-lo aqui no Legislativo [estadual], que é o promotor de Justiça Fernando Capez. Qual é o partido dele? O PSDB.
O Ministério Público destacou um outro promotor para representá-lo na Câmara Federal. Quem é? Carlos Sampaio. De que partido ele é? PSDB. Então, são esses indicativos que explicam essa “simpatia” do Ministério Público [de SP] pelo PSDB. Não é a instituição, mas parcelas do Ministério Público que têm essa “simpatia” pelo PSDB.

Blog da Cidadania – Então, onde o governo do Estado pode influir no Ministério Público fazendo indicações, ele faz de forma a gerar uma espécie de blindagem?

Antonio Mentor – Eu não sei se é por causa da indicação… Mas veja, o governo de Fernando Henrique nomeou o senhor Geraldo Brindeiro. Quem foi ele? O engavetador-geral da União. Ele era tido e havido como engavetador-geral por sua simpatia pelo governo Fernando Henrique Cardoso.
E, ao contrário disso, o Lula nomeou três procuradores no mesmo período que FHC [8 anos]. E todos eles foram extremamente rigorosos em relação ao governo Lula e a parlamentares do PT. Tudo que caiu lá [no Ministério Público] eles [os procuradores-gerais de Lula] “meteram ferro”. Eu acho que está certo, mas queria que o Ministério Público usasse o mesmo rigor com todos.

Blog da Cidadania – Além da “simpatia” no Ministério Público, no Judiciário e na polícia, o PSDB tem, também, a mesma “simpatia” da mídia. Existe uma blindagem na mídia ao governo Alckmin. Em todo o escândalo dos trens, até agora, na mídia, não gerou nenhum editorial acusatório ao governo Alckmin.
Por exemplo: Dilma foi duramente responsabilizada pelo que dizem que aconteceu na Petrobrás. Alckmin ou Serra não são responsabilizados minimamente, pela mídia, pelo escândalo que aconteceu debaixo dos narizes deles, no caso dos trens, dos pedágios… O senhor diria, então, deputado, que há uma ditadura em São Paulo?
Ora, se não se consegue investigar, se não se consegue denunciar na grande mídia, se o Ministério Público, que poderia fazer alguma coisa, não faz, então é quase uma ditadura esse domínio do PSDB em São Paulo, concorda?

Antonio Mentor – É quase uma ditadura, sim. É quase uma ditadura.
Você veja, gosto de citar exemplos para caracterizar o que estou falando. Por exemplo, o Robson Marinho. Ele foi prefeito de São José dos Campos pelo PSDB; foi chefe da Casa Civil do governo Covas, do PSDB; foi indicado por Covas, do PSDB, para o Tribunal de Contas do Estado de São Paulo. Tem batom na cueca, sobre sua participação no episódio da Alstom. Que não é cartel, é outra coisa.

Blog da Cidadania – O que é?

Antonio Mentor – o caso Alstom é a contratação, em 1997, da Eletropaulo, ainda estatal, e da EPTE [empresa de Engenharia e Planejamento em Transmissão de Energia] para uma licitação que ocorreu no governo [Franco] Montoro. Eles ressuscitaram essa licitação em 97 com valores extremamente superfaturados e o senhor Robson Marinho foi o operador desse episódio todo.

Blog da Cidadania – Operador, como?

Antonio Mentor – Ele era o chefe da Casa Civil e foi ele quem fez toda a operação de revalidação daquela licitação [do governo Montoro, nos anos 1980] e, com isso, ele obteve o resultado que a mídia mostrou – em pequenas notas, é verdade, mas que mostraram os valores altíssimos nas contas correntes de Marinho ainda hoje.
15 anos depois, Robson Marinho ainda tem contas na Suíça, nas Ilhas Virgens; 2 milhões, 3 milhões – 2 milhões de dólares, 3 milhões de euros… Imagine só esse contrato. Um contrato vultoso, uma operação de grande porte e que foi investigado na Suíça e não aqui. Não foi o Ministério Público, não foi o Parlamento, foi investigado pela justiça da Suíça, onde a Alstom tem uma sucursal.
Pois bem, de lá é que vieram as informações mostrando a participação do PSDB nesses contratos em valores violentíssimos. E não se fala sobre isso.

Blog da Cidadania – Quando Robson Marinho foi indicado por Mario Covas para o TCE, já havia suspeitas sobre a conduta dele?

Antonio Mentor – Já, ele já vinha tratando dos negócios do PSDB junto com o senhor Andrea Matarazzo, que é intocável, também. Ninguém pode tocar nessa pessoa. O [Luiz Carlos] Bresser Pereira [ex-ministro da Fazenda do governo José Sarney] mostrou – ou deixou vazar – a planilha da campanha da reeleição de Fernando Henrique Cardoso. Esses valores todos estão lá!
O Andrea Matarazzo era o secretário de Energia nessa época, do contrato da Alstom ao qual estou me referindo.
São duas coisas diferentes, o cartel envolvendo Siemens, Alstom, Bombardier, CAF, são 19 empresas. Isso é uma coisa. Isso que estou me referindo, sobre a licitação do governo Montoro ressuscitada para beneficiar a Alstom, é outra coisa. Não tem nada a ver com cartel de trens, é no setor elétrico. É um contrato do governo Covas com a EPTE e com a Eletropaulo, antes da privatização e depois da privatização.

Blog da Cidadania – Então, que tipo de irregularidade o senhor afirma que haveria, nesse caso?

Antonio Mentor – Corrupção, financiamento de campanha… O patrimônio do senhor Robson Marinho está aí, todo mundo está vendo.
O [ex-ministro da Fazenda, Antonio] Palocci comprou um apartamento numa região nobre de São Paulo, avaliado em 2 ou 3 milhões de reais e foi execrado, foi exonerado do governo porque ele não tinha declarado a compra desse imóvel. Robson Marinho comprou uma ilha.  A casa dele, em São Paulo, foi vendida por 7 milhões de reais…
O que é isso?

Blog da Cidadania – A gente vê uma degradação da qualidade de vida em São Paulo, o que tem gerado todos esses protestos. Há um sofrimento muito grande da população. Sobretudo quando usa esses trens, o que tem relação direta com esses escândalos de cartel. E o povo está sofrendo e não sabe a quem debitar seu sofrimento.
Em dezembro do ano passado, entrevistei o prefeito Fernando Haddad e ele me relatou que é constantemente cobrado pelos problemas do metrô, cuja administração é do governo do Estado, do governo Alckmin e dos governos tucanos que o antecederam. Isso não denota uma certa dificuldade do PT de se comunicar com a sociedade? Existe algum plano para mudar a comunicação do PT?

Antonio Mentor – Nós estamos mudando, não é? Por exemplo, a relação do PT e do governo com blogueiros é uma relação de outra ordem, hoje. Estamos dialogando com vocês com uma frequência que não existia.
Até 2010, nós tínhamos um grande comunicador na praça. Ele [o ex-presidente Lula] falava, como fala hoje, e traduz o pensamento do PT, do governo, com uma facilidade, com um grau de compreensão pelo povo que é uma coisa inédita. Nunca vi isso na vida e acho que não vamos ver de novo. Ele é como o Chacrinha…

Blog da Cidadania – Ou como o Airton Senna… Mas, diante disso, como o senhor vê a comunicação do governo Dilma Roussef?

Antonio Mentor – Um desastre. Um gravíssimo erro. Com o [ex-ministro da Secom, Luiz] Gushiken, com quem eu tinha uma relação de muita proximidade, discuti muito essa questão. Muito. Até que ele concluiu que a lógica de comunicação do governo [Dilma] não poderia estar concentrada na rede Globo, nos grandes veículos.
Ele [Gushiken] distribuiu as verbas de comunicação. Bastante. Depois, no governo Dilma, quando entrou a [ex-ministra da Secom] Helena [Chagas] foi um desastre, um desastre, um desastre! Ela desmontou toda a rede que tinha sido estruturada na Comunicação do governo Lula. Em duas canetadas, ela voltou a centralizar tudo nos grandes veículos, os autores de todas as agressões, de todas a infâmias cometidas contra o governo da presidente Dilma.
Não que a gente queira comprar algum veículo, mas teria que haver, no mínimo, um certo equilíbrio.

Blog da Cidadania – A impressão que a gente tem – não sei se o senhor concorda com isso – é a de que venderam o Viaduto do Chá à presidente Dilma, fazendo-a acreditar que poderia manter uma relação melhor do que a de Lula com a mídia. O senhor acredita nisso?

Antonio Mentor – A mídia fez uma aposta. Qual foi a aposta que fizeram? De que a criatura iria se voltar contra o criador. Eles a inflaram. Níveis de aprovação altíssimos, ditos maiores do que os de Lula. Enfim, para quê? Para criar uma imagem de alguém que fosse mais importante e mais forte do que o Lula.
Ela não entrou nessa canoa, nessa arapuca. O que aconteceu na sequência? Começaram a bombardeá-la.
Ora, o que ela mudou? O que aconteceu para que, de repente, ela começasse a ser bombardeada? O governo que ela faz hoje é o mesmo que fazia quando era incensada.

Blog da Cidadania – Mas o que o senhor acha que a mídia queria que a presidente Dilma fizesse e que, não fazendo, despertou a fúria midiática?

Antonio Mentor – Romper com o PT, romper com o Lula. Só que, apesar de não ser historicamente do PT, ela tem um vínculo histórico com a esquerda.

Blog da Cidadania – Voltando à CPI dos pedágios, o senhor acha que existe alguma luz no fim do túnel ou o senhor acha que “vai terminar em pizza”?

Antonio Mentor – Existe uma lenda na mídia de que CPI tem que mandar alguém para a cadeia. CPI não manda ninguém para a cadeia, ela faz uma investigação e produz um relatório. Quem vai dar sequência a isso é o Ministério Público e o Tribunal de Contas. Não somos nós, deputados, que vamos condenar alguém.
Muitas vezes, uma CPI termina dessa maneira e a imprensa julga que terminou em pizza. Mesmo que o relatório oficial que será votado pela CPI seja “chapa-branca”, nós [da oposição] vamos produzir um outro relatório e vamos pedir providência ao Ministério Público. Como existem recursos federais, nós vamos ao Ministério Público Federal, também.

Blog da Cidadania – Qual será, então, a diferença entre o relatório “chapa-branca” e o relatório paralelo? O que dirão um e outro?

Antonio Mentor – Todas as nossas investigações, até o momento, mostram que houve irregularidade no aditivo que provocou a prorrogação dos contratos das concessionárias e que provocou prejuízo da ordem de 2 bilhões de reais.

Blog da Cidadania – Quando foi que o governo Alckmin reconheceu essas irregularidades e prometeu entrar na Justiça para ressarcir o Estado?

Antonio Mentor – Uma semana antes de ser instalada a CPI.
Mas tem uma história interessante, aí, que vale a pena contar. No dia 16 de março de 2011, eu tinha um requerimento de CPI com as 32 assinaturas. No dia 15, no dia da posse dos deputados, o setor onde seria feito o protocolo de pedidos CPI não abriu. Abriria só no dia seguinte, às 10 horas da manhã.
Nós pedimos a dois companheiros para passarem a noite ao lado do relógio de ponto, onde, em tese, teria que ser protocolado o pedido de CPI, para que o requerimento da CPI dos pedágios fosse o primeiro a ser protocolado. Bom, nessa noite, o governo sabendo que nós tínhamos o requerimento e que seríamos os primeiros da fila, fez mais 10 outros requerimentos de CPI.
O presidente da Casa, alinhado com o governo, determinou que a fila do protocolo não seria mais do lado do relógio, mas na porta da entrada do Plenário. Daí, aquele que estava no local onde sempre se protocolou CPIs foi para o fim da fila, agora já com dez pedidos de CPI na frente, e passou a ser o 11º.
 
Blog da Cidadania – O governo Alckmin aplicou em vocês um passa-moleque.

quarta-feira, 7 de maio de 2014

ALOYSIO NUNES A BLOGUEIRO: "VAI A PQP, VAGABUNDO!"


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Ele também enviou a seguinte mensagem ao 247:

Bom Dia!Ontem fui preso ao fazer perguntas "inconvenientes" ao Senador Aloysio Nunes! Em nenhum momento o agredir ou fui descortês ! Na 3ª pergunta ELE perdeu a linha, me xingou e partiu para a agressão! Tanto no meu filme como nas imagens internas do senado é possível comprovar a agressividade e autoritarismo do Senador! Quando estava indo embora, já fora do Senado, a POlícia do Senado a mando de Aloysio Nunes,me perseguiu por uns 300 mts já FORA do senado e me arrancou de dentro de um ônibus com o intuito de me proibir de publicar o vídeo! Foi complicado mas consegui publicar! Ainda assim me ameaçaram e tentaram me coagir já dentro da delegacia do Senado, e o Diretor de Polícia chamado Pedro ordenou que eu apagasse o vídeo! Me neguei e como retaliação eles RETIVERAM meu celular sem lacrá-lo para "periciá-lo". Chegando em casa notei que já haviam tenatado acessar e alterar SENHAS minhas contas email a partir do dispositivo ! 
Constatei isso a partir de alertas do próprio Gmail/Google! Mando pra vcs o Vídeo que fiz ontem desmascarando a "liberdade de expressão" do Aloysio Nunes e do PSDB! Se vocês acharem importante, fiquem à vontade para usar como quiserem meu vídeo que está postado na ÍNTEGRA E SEM EDIÇÃO! Estou sem celular, mas me coloco à disposição por este EMAIL, face pessoal(Rodrigo Pilha) ou pela página Botando PIlha no Face Book!
Muito Agradecido!
Hasta la victoria Siempre! 

Rodrigo Pilha


A respeito do caso, a Agência Brasil produziu a matéria que segue abaixo:

Mariana Jungmann – Repórter da Agência Brasil - Um bate-boca com o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) resultou na detenção do blogueiro Rodrigo Grassi hoje (6), pela Polícia do Senado. Grassi abordou o senador para questioná-lo sobre a função das comissões parlamentares de inquérito e sobre a postura de seu partido, o PSDB, a respeito de investigações na Assembleia Legislativa de São Paulo.
Inicialmente solícito, Aloysio Nunes se irritou com uma pergunta de Grassi sobre o suposto envolvimento dele com desvio de verbas para a construção do metrô de São Paulo. “Um jovem me abordou a pretexto de fazer uma entrevista a respeito de CPIs. Eu parei para falar com ele e, no meio da entrevista, ele me fez uma ofensa muito grave. Eu então tentei segurá-lo para chamar a segurança e ele saiu correndo. Depois, quando eu estava saindo do Senado, ele voltou a me abordar e foi preso”, contou o senador.
Rodrigo alega que apenas fez perguntas a Aloysio. O blogueiro divulgou um vídeo em sua página no Facebook com a discussão. “Eu fiz três perguntas e ele se irritou, começou a me xingar e me agredir. Como foi na saída do Senado, a Polícia veio e me prendeu. Me pegaram dentro do ônibus já, quando eu estava indo embora”, contou.
Conhecido como Rodrigo Pilha, Grassi já foi assessor da deputada Erika Kokay (PT-DF) e foi exonerado depois de ter se envolvido em outro episódio com autoridades. Ele próprio divulgou um vídeo em que abordou o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, na saída de um bar em Brasília. Na oportunidade, Rodrigo chamou o ministro de “autoritário”, “tucano” e “projeto de ditador”. Ele também gritou palavras de ordem a favor do condenado na Ação Penal 470, o processo do mensalão, José Dirceu.
Na época, o senador Aloysio Nunes Ferreira foi à Câmara solicitar abertura de processo disciplinar contra o assessor de Erika Kokay, mas logo depois ele foi exonerado. Hoje, o senador disse que Rodrigo usava o crachá de funcionário da Câmara para circular livremente dentro do Congresso.

quarta-feira, 30 de abril de 2014

Pasadena: a Dilma roubou ? E a Graça ? O Cláudio Haddad, o Fábio Barbosa e o Gerdau roubaram ?

Imbassahy e ACM: é tudo a mesma sopa !

Toda a discussão em torno de Pasadena desaguou agora em seu leito natural: a Big House  e seus  instrumentos no PiG (*) e no Congresso  embarcaram no Golpe do impeachment.

O resto é o luar de Paquetá.

A CPI da partilha da partilha não vai rodar em cima do capex, da revamp e da put option.

Isso não vai a lugar nenhum.

O que está em jogo é: quem roubou ?

O Gabrielli roubou ?

A Graça roubou ?

A Dilma roubou ?

O Lula roubou ?

O Cerveró roubou ?

O Cláudio Haddad roubou ?

O Fábio Barbosa roubou ?

O Gerdau roubou ?

Os três últimos, empresários, como se sabe, coonestaram a “roubalheira”.

Portanto, é preciso explicar logo onde está o dolo.

O tal diretor que está em cana, preso na “Operação Lavajato” da Polícia Federal – clique aqui para ler “o Padilha vai processar a PF ?” e aqui para ver “o vazamento do agente PiG ao Estadão” – terá suas responsabilidades apuradas, de acordo com a lei.

Não será o primeiro executivo de uma grande empresa eventualmente apanhado em ilícito.

Então, cadê o dolo, deputado Imbassahy ?

Será que o sargento Prisco sabe, aquele tucano aliado e líder da rebelião de PMs na Bahia ?

Isso é o que a CPI haverá de demonstrar de forma solar !

Cadê o dolo ?

Quem embolsou a grana ?

(Trata-se, aqui, da CPI da partilha da partilha e, não, a outra, que vai tratar dos tucanos. Nessa, a do trensalão, a resposta é mais fácil.)


Paulo Henrique Amorim



(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Recuo de Cerveró é cada vez mais constrangedor

:
Primeiro, o advogado de Nestor Cerveró, Edson Ribeiro, disse que não tinha como provar suas declarações de que o contrato sobre Pasadena teria sido entregue aos conselheiros da Petrobras com 15 dias de antecedência; agora, documentos mostram que relatórios com informações fundamentais sobre a compra da refinaria pela estatal ficaram prontos apenas às vésperas da reunião do conselho que decidiu pela aquisição, em 2006; com esses documentos, pode-se concluir que vários alertas foram omitidos no resumo apresentado por Cerveró ao grupo, do qual fazia parte a presidente Dilma Rousseff; todo o processo foi feito, na verdade, às pressas, e não com antecedência, como pregou o advogado; será mesmo que o "homem-bomba" da CPI da Petrobras terá algo a mostrar?
4 de Abril de 2014 às 09:38
247 – Tem sido cada vez mais constrangedor o recuo do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, cujo advogado, Edson Ribeiro, na tentativa de defender o cliente para que ele não seja "bode expiatório" do caso de Pasadena, como ele mesmo diz, tem feito afirmações desmentidas por personagens do caso à época. Agora são documentos que mostram que a afirmação de Ribeiro da última quarta-feira, de que o contrato da compra da refinaria de Pasadena teria sido enviado aos membros do conselho administrativo da Petrobras com 15 dias de antecedência, não é verdadeira.
Reportagem dos jornalistas Sabrina Valle e Vinicius Neder, do O Estado de S. Paulo, revela que documentos com informações fundamentais sobre a negociação ficaram prontos apenas às vésperas da reunião do conselho que decidiu pela compra da refinaria do Texas, Estados Unidos. "Nove documentos estão anexados à ata dessa reunião, datados entre 27 de janeiro e 2 de fevereiro de 2006. Sua leitura mostra que uma série de alertas foi omitida do resumo executivo apresentado por Cerveró ao conselho. Todo o processo foi feito a toque de caixa", diz a reportagem.
O citado resumo de Cerveró, entregue aos conselheiros, foi considerado "falho" pela presidente Dilma Rousseff, que, como presidente do conselho à época, afirmou que, se soubesse da existência de cláusulas que obrigavam a Petrobras a adquirir a outra metade da refinaria em caso de desentendimento, não teria aprovado a aquisição. Procurado ontem, o advogado de Cerveró respondeu em nota que "eventuais esclarecimentos serão prestados por Cerveró, após seu depoimento, em 16/04, na Câmara dos Deputados".
A versão de Edson Ribeiro sobre o contrato ter sido entregue com antecedência foi desmentida pelo ministro Thomas Traumann, que falou em nome da presidente Dilma, e pelos empresários Jorge Gerdau e Fábio Barbosa, membros do conselho em 2006. Ontem, o advogado afirmou que não tinha como provar o fato e recuou ao dizer que não se referia ao caso específico de Pasadena quando fez tal afirmação, apenas teria relatado o processo interno da Petrobras, cujos conselheiros normalmente recebem os contratos que serão fechados uma quinzena antes.
A história começa a ruir e, a que tudo indica, Cerveró estará encurralado em seu depoimento na Câmara, na futura CPI da Petrobras.

quinta-feira, 3 de abril de 2014

Tucanos implacáveis com quem denuncia corrupção, dóceis com a quadrilha do trensalão

João Ribeiro: “Para se ter uma sociedade mais justa, cada cidadão deve fazer a sua parte. No caso do servidor público, um dos deveres é denunciar irregularidades. Foi o que fiz.”

por Conceição Lemes

Quem conhece o técnico João Ribeiro, lotado na Delegacia Regional Tributária de Marília, garante: é um servidor público exemplar. Além de competente, possui comportamento irrepreensível.
Ele tem 54 anos, 25 dos quais na área de arrecadação tributária da Secretaria de Estado dos Negócios da Fazenda de São Paulo (Sefaz-SP).
Em 24 de janeiro de 2003, indignado com o que ouvia e se comentava no órgão sobre várias irregularidades, João fez uma denúncia anônima ao Ministério Público Estadual de São Paulo (MPE-SP).
Do seu endereço eletrônico funcional, enviou e-mail, contando que dois diretores da área de fiscalização estariam envolvidos no desvio de créditos acumulados de quase R$ 1 bilhão (valores da época, não atualizados).
Ele relatou estranheza pelo fato de os dois diretores sob suspeição na gestão tucana– atuaram na área no governo Mário Covas, de 1995 ao segundo semestre de 2002–  terem se aposentado compulsoriamente meses antes. Também que a mesma coisa já havia acontecido com os dois diretores do mesmo setor, em 1992, no governo Luís Antônio Fleury (na época, no PMDB).
Naquela mesma época, observou João no seu e-mail, esquema de corrupção envolvendo o chefe da Fiscalização do Estado do Rio de Janeiro tinha sido descoberto. E lá, diferentemente do ocorrido em São Paulo, havia sido apurado e os fiscais até exonerados.
No e-mail, João questionou ainda por que o caso de São Paulo não era averiguado.
“Embora o e-mail fosse anônimo, para enviá-lo, eu tive de entrar numa página do MP e fornecer todos os meus dados”, expõe-nos João Ribeiro. “De forma que o Ministério Público sempre soube quem eu era.”
No MP, a denúncia foi direcionada ao promotor Silvio Marques, que abriu um procedimento para apurá-la.
Marques encaminhou ofício ao procurador-geral de Justiça, Luiz Antônio Marrey, que comunicou o caso ao então secretário da Fazenda, Eduardo Guardia, pedindo informações.  Junto, mandou o e-mail e o telefone de João.
A partir daí, a vida do funcionário denunciante tornou-se um inferno.
A Secretaria da Fazenda instaurou processo administrativo. Em julho de 2007, demitiu-o com base na lei 10. 261/68, a chamada Lei da Mordaça.  Já revogada, ela previa a punição a servidores que se manifestassem “depreciativamente” sobre autoridades ou atos da administração.
João recorreu. Em fevereiro de 2008, por decisão de caráter liminar, foi reintegrado.
Em fevereiro de 2009, ganhou em primeira instância. A decisão foi do juiz Marcos de Lima Porta, da  5ª Vara da Fazenda Pública do Tribunal de Justiça de Justiça de São Paulo.
Em sua decisão, Lima Porta faz referência ao “parecer do iluminado Procurador, Dr. Estevão Horvath, que aqui é adotado como parte integrante desta decisão”. Horvath pediu arquivamento do processo contra João.
Vale a pena ler o arrazoado do juiz, dando ganho de causa total a João. Desde a invalidação do processo administrativo ao pagamento dos dias em que foi afastado compulsoriamente.
A Secretaria da Fazenda apelou. João ganhou, de novo, em segunda instância.
Por unanimidade, em fevereiro de 2013, os desembargadores Teresa Ramos Marques, Paulo Galizia e Torres de Carvalho, do TJ-SP, anularam de vez a decisão administrativa da Secretaria da Fazenda, determinando a reintegração definitiva do servidor.
Em seu voto, Torres de Carvalho diz que houve desproporção entre a conduta e a sanção imposta pela Secretaria da Fazenda:
Sob o ângulo da cidadania, não se pode negar ao cidadão o direito de levar à autoridade competente as denúncias que tiver, como forma quando menos da liberdade de expressão e do direito de petição.
A sentença foi publicada em maio de 2013.
Remetido ao DJE
Relação: 0071/2013 Teor do ato: VISTOS. Fica intimado o Estado de São Paulo a cumprir integralmente a obrigação de fazer em 90 dias. Decorrido o prazo assinalado sem o devido cumprimento ora determinado, servindo o presente como mandado, intime-se pessoalmente a Fazenda para que comprove o cumprimento da obrigação de fazer, no prazo de 05 dias, sob pena de multa diária, que fixo em R$ 500,00 por dia de descumprimento, e que incidirá, a princípio, pelo prazo de 120 dias. Int. Advogados(s): ROSANA MARTINS KIRSCHKE (OAB 120139/SP), Marta Sangirardi Lima (OAB 130057/SP), MARIA CLAUDIA CANALE (OAB 121188/SP), André Braga Bertoleti Carrieiro (OAB 230894/SP)
JOÃO NÃO RECEBEU DIAS PARADOS; SEFAZ DIZ QUE “NÃO RESTA PARCELAS EM ABERTO”
A batalha de João Ribeiro já dura 11 anos e ainda não terminou.
Agora, é para receber os quase quatro meses que ficou afastado do emprego.
Apesar de a Justiça ter determinado o pagamento, isso até hoje não aconteceu.
Viomundo questionou a a Secretaria da Fazenda:
1) Por que até hoje a Secretaria da Fazenda não o pagou?
2) Quando deverá fazê-lo?
3) A Secretaria da Fazenda ao demitir um funcionário que denunciou esquema de corrupção no órgão não estaria estimulando a corrupção? Afinal, o “prêmio!” dele foi a demissão sumária.
A Secretaria da Fazenda, via assessoria de comunicação, diz que “não resta parcelas em aberto”.
A íntegra da resposta:
O servidor João Ribeiro impetrou o mandado de segurança sob o nº 0133351-66.2007.8.26.0053, antigo (053.07.1.33351-1), o qual foi distribuído no dia 06/11/2007 a 5ª Vara da Fazenda Pública.
Em razão de tal demanda, houve o deferimento da liminar para restabelecimento ao serviço público, ou seja, o servidor foi readmitido em 08/11/2007 invalidando, portanto a pena aplicada de demissão a bem do serviço público, demissão essa ocorrida em 13/07/2007.
Esclarecemos ainda, que conforme relatado acima, verifica-se que não há nenhum pagamento a ser feito ao interessado, uma vez que conforme a Súmula 271 de 13/12/1963 do Supremo Tribunal Federal (STF), o mandado de segurança não produz efeitos patrimoniais, em relação a período anteriores a impetração do mandado de segurança, os quais devem ser reclamados pela via judicial própria.
Cumpre-nos esclarecer que conforme informação oriunda da d. Procuradoria Judicial, o impetrante peticionou em juízo (26/11/2013) reclamando o pagamento de seus vencimentos desde a aplicação da penalidade (demissão), reclamação esta que foi totalmente repelida no âmbito do Judiciário pela Ilma. Procuradora do Estado responsável pelo caso em razão de que pelas datas da impetração e do cumprimento da liminar, não resta parcelas em aberto.
 Assessoria de Comunicação da Secretaria da Fazenda
A advogada de João, Maria Claudia Canale, discorda da Sefaz.
“O meu cliente tem aproximadamente R$ 18 mil para receber”, informa Maria Cláudia. “A Secretaria da Fazenda não pagou os vencimentos de 12 de julho a 6 de novembro de 2007, referentes ao período anterior à impetração do mandado de
segurança. Além disso, os valores de 6 de novembro de 2007 a 31 de janeiro de 2008 estão incorretos. Não pagaram os valores referentes às gratificações que ele recebia antes da demissão.”
Maria Cláudia explica. A Procuradoria do Estado de São Paulo defende que deve haver uma execução do período posterior a 6 de novembro de 2007 nos próprios autos. E uma nova ação tem de ser aberta para cobrar o período, ou seja, de 13 de julho a 11 de novembro de 2007.
“Entendemos, porém, que, no caso de reintegração, os vencimentos devem ser pagos de uma só vez e em folha de pagamento, única forma de o servidor ser restituído ao
status quo ante“, até porque é público e notório que as execuções contra a Fazenda Pública são demoradas”, argumenta a advogada.
“Além disso, por economia processual, não se deve obrigar o servidor a ajuizar outra ação apenas para receber os vencimentos do período anterior à impetração do mandado de segurança”, atenta Maria Cláudia.
Apesar da perseguição sofrida e do desgaste emocional para João e toda a família, João Ribeiro acha que valeu a pena: “Para se ter uma sociedade mais justa, cada cidadão deve fazer a sua parte. No caso do servidor público, um dos deveres é denunciar irregularidades. Foi o que fiz.”
Conclusão: os tucanos foram implacáveis com o servidor público que denunciou corrupção, porém são dóceis com a quadrilha do trensalão. Afinal, não é de hoje que os governos do PSDB sabem do cartel que fraudou licitações do Metrô e da Companhia dos Trens Metropolitanos de São Paulo (CPTM), causando prejuízos de muitos milhões aos cofres públicos.
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quinta-feira, 27 de março de 2014

DRIBLADO POR PSDB, PT QUER AGORA CPI DA ALSTOM

quarta-feira, 26 de março de 2014

O mais novo “xaveco” de Alckmin sobre o metrô


Na tarde da última terça-feira, uma notícia estarreceu São Paulo. Entre outros grandes portais de internet, o do jornal O Estado de São Paulo veiculou matéria dando conta de que uma inserção publicitária sobre o Metrô de São Paulo na Rádio Transamérica afirmou que trem lotado seria “Bom para xavecar [seduzir] a mulherada”
A matéria do Estadão sobre o caso informou que esse texto inacreditável foi lido pelo personagem “Gavião”, do programa humorístico Papo de Craque, daquela rádio. O texto foi lido como se esse personagem estivesse confidenciando sua própria história ao ouvinte.
A propaganda, segundo o jornal, destacou obras em execução na rede do metrô paulistano e informou que o personagem “Gavião”, propositalmente, cometeu sete erros de concordância como “os trem” e “as estação” ao dizer que a superlotação do sistema sobre trilhos seria “normal” em metrôs de “grandes metrópoles” do mundo inteiro.
Aliás, vale comentar que os erros de português do usuário fictício do metrô fazem uma suposição muito clara sobre o nível do público real que utiliza essa modalidade de transporte público.
Abaixo, o texto da propaganda.
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Nos horários de pico, é normal trem e metrô ficar lotado. É assim também nas grandes metrópole espalhada pelo mundo. Pra falar a verdade, até gosto do trem lotado, é bom pra xavecar a mulherada, né, mano? Foi assim que eu conheci a Giscreuza. Muito já foi feito, e o governo sabe que ainda tem muito pra fazer
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E prossegue a matéria do Estadão:
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“(…) Desde o começo do ano 23 pessoas foram presas por abuso sexual no metrô e nos trens da CPTM de São Paulo.
O spot [da rádio Transamérica] levou passageiros inconformados com o material a questionar o Metrô pelo Twitter. Em sua conta oficial no microblog, a empresa, que é controlada pelo governo estadual, informou que, ‘assim que tomou conhecimento do referido comercial, totalmente inapropriado, o Metrô consultou a agência responsável pela publicidade e foi informado de que seu conteúdo não só estava em desacordo com o briefing (resumo) passado como também não fora aprovado – nem pela agência e tampouco pelo Metrô’.
Segundo a companhia, a Rádio Transamérica FM, cuja ‘produção desse infeliz comercial é de sua inteira responsabilidade’, foi advertida e retirou o comercial do ar.
O Metrô nega a autorização para veiculação da mensagem publicitária. Em uma segunda nota enviada ao Estado, a empresa disse que ‘o briefing transmitido à rádio era (para) mostrar a modernidade do Metrô de São Paulo e explicar que a lotação nos horários de pico acontece em todas as grandes cidades do mundo. Além disso, deveriam ser anunciadas as obras de expansão em andamento’
No começo da tarde, a Assessoria de Imprensa da Rádio Transamérica FM informou, por telefone, que ‘toda propaganda que a rádio veicula é aprovada pelo contratante’ (…)”
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Em uma segunda matéria sobre o caso, agora publicada no fim da noite do mesmo dia, o Estadão informou que o Metrô negou que tenha autorizado a rádio Transamérica a veicular o anúncio. A rádio, por sua vez, reiterou ao Estadão que a inserção teria autorização prévia do Metrô.
Nos últimos anos, as falhas no Metrô de São Paulo vêm se agravando. Tem sido comum os telejornais mostrarem passageiros caminhando pelos trilhos. Em todas as vezes que isso aconteceu o governador Geraldo Alckmin e certa imprensa que o defende atribuem as falhas a “sabotagens”.
A ex-subprefeita de São Paulo Soninha Francine, blogueiros da Veja e outros tucanos avulsos chegam acusar frontalmente o PT de “sabotar” o metrô paulistano para indispor o governo Alckmin com a população. Até hoje, Alckmin e seus bate-paus jamais reconheceram que as constantes falhas são decorrentes do nível de sobrecarga da rede metroviária.
Com essa propaganda inacreditável supracitada, o Metrô paulistano passa a ter um novo tipo de “acidente”.
A propaganda procura, claramente, fazer crer ao usuário que o nível de superlotação do Metrô de São Paulo seria “normal” em qualquer grande metrópole, mas é mentira. Recentemente, a Comissão de Metrôs da América Latina (Capot) considerou o metrô da capital paulista como o mais lotado do mundo.
O conceito internacional sobre lotação aceitável – porém não ideal – de trens de metrô e de subúrbio é de seis passageiros por metro quadrado; o metrô de São Paulo tem hoje entre 7 e 8 passageiros por metro quadrado. E nos trens de subúrbio (CPTM) a situação é bem pior.
Não existe outra linha de metrô tão lotada no planeta Terra.
Em um quadro como esse, normal mesmo é que acidentes aconteçam. Aliás, chega a ser surpreendente que com tal nível de sobrecarga em seus pouco mais de 70 km de linhas o Metrô paulistano ainda não tenha tido uma grande tragédia, pois como o intervalo entre os trens que aportam nas plataformas teve que ser muito reduzido o tráfego já se aproxima, perigosamente, de situação em que choques entre as composições possam ocorrer.
Ainda assim, o governo Alckmin teima em chamar de “sabotagem” qualquer problema que ocorra no caótico sistema metroviário que administra. Aliás, um sistema sobre o qual denúncias de corrupção explicam muito melhor a causa dessa situação.
Agora, porém, a prática de tentar culpar terceiros pela inépcia do Metrô atingiu o impensável. O governo tucano parece querer fazer as vítimas do sistema de transporte que administra acreditarem que a rádio Transamérica decidiu sabotar seu maravilhoso governo.
Seria hilário, se não fosse trágico. Como pode uma empresa do porte do Metrô, ainda mais sendo pública, pagar para que sejam veiculadas propagandas sem vê-las e aprová-las previamente? Se fosse verdade, haveria, aí, uma incompetência ainda maior dos que administram essa empresa.
A versão de que a rádio Transamérica inventaria e veicularia uma peça publicitária tão absurda, concebida exclusivamente para certo tipo de homem que se dá a “xavecar” mulheres no transporte público ou para mulheres que “adoram” ser molestadas enquanto estão indo para ou voltando do batente, é para lá de fantástica.
Aliás, se essa rádio é tão repleta de pessoas com tão graves problemas mentais e de gosto tão inacreditavelmente duvidoso, por que, diabos, o Metrô enfia dinheiro público nela?
A cada ano, a cada mês, a cada semana, a cada dia, a cada ano – e, em breve, talvez a cada hora – vai ficando mais claro por que o Metrô e os trens de subúrbio de São Paulo são esse inferno que tanto maltrata a população. Não se trata apenas de corrupção, mas de um nível de incompetência que chega a flertar com a ficção.
Para completar, só falta Alckmin ou seus bate-paus na imprensa e na internet dizerem que o PT “aparelhou” a rádio Transamérica para que praticasse o que só poderia ser sabotagem deliberada, pois nenhuma empresa de comunicação conhecida veicula propaganda para um cliente tão importante sem que ele saiba muito bem o que será veiculado.
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Se você ainda não ouviu essa propaganda para lá de “criativa”, eis, abaixo, a sua chance.

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

"HÁ INDÍCIOS DA AÇÃO DE JOSÉ SERRA NO CARTEL"