Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista
Mostrando postagens com marcador aloysio nunes ferreira. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador aloysio nunes ferreira. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

PML: Ao envolver PSDB, PSB e filho do presidente do TCU, a delação de dono da UTC pode mudar o jogo

Pessoa, aloisio Tiago Cedraz

Ricardo Pessoa, dono da UTC, Aloysio Nunes Ferreira, senador pelo PSDB-SP, e Otávio Cedraz, filho do presidente do TCU
A utilidade da delação de Pessoa
Ao envolver tucanos e socialistas no recebimento de recursos da UTC, empreiteiro mostra — mais uma vez — a presença de todos partidos do universo cinzento das campanhas financeiras
O fato mais surpreendente na lista de políticos e autoridades beneficiadas pelas doações da empreiteira UTC, reveladas neste fim de semana, consiste na linha de defesa da oposição.
Como nós sabemos, a denúncia inclui vários políticos, de vários partidos e até mesmo o advogado Tiago Cedraz, filho de Aroldo Cedraz, presidente do Tribunal de Contas da União, o TCU. Tiago é acusado de receber R$ 50 000 mensais em troca de informações privilegiadas. Ricardo Pessoa também disse que ele negociou a compra uma sentença favorável em Angra 3 por R$ 1 milhão. Segundo a denúncia, o relator Raimundo Carreiro recebeu o dinheiro, intermediado pelo filho do presidente do tribunal.
Sim: estamos falando da mesma corte que ameaça questionar as contas de Dilma Rousseff por causa de operações contábeis conhecidas como pedaladas. Quanta credibilidade, não é mesmo? Gente séria, rigorosa. E agora?
O caso é que há beneficiados — em contribuições de campanha. Um deles é o senador paulista Aloysio Nunes Ferreira, do PSDB. Sua campanha levou R$ 200 000 em 2010. Já a campanha do deputado mineiro Julio Delgado, do PSB, um dos mais ativos campeões da moralidade no Congresso — foi relator da cassação de José Dirceu em 2005 — recebeu R$ 150 000 em 2014.
Tanto Aloysio como Delgado esclarecem que foram doações legais, registradas na Justiça Eleitoral. Não há razão para duvidar. Até que se prove o contrário, essa explicação deve ser vista como verdadeira e não deve ser questionada.
O problema é que as campanhas do PT também possuem documentos que permitem sustentar a legalidade das doações que o partido recebeu. As cifras, CPFs e todos os dados necessários estão lá.
A dificuldade política da oposição consiste numa questão essencial: manter o discurso da moralidade, que implica em rejeitar como mentira toda explicação apresentada pelos adversários e, ao mesmo tempo, tentar nos convencer que, no caso de seus aliados, a história é outra, ainda que os argumentos sejam os mesmos e a situação real seja igual.
“Estão querendo misturar o joio e o trigo,” reagiu Delgado. Aloysio foi defendido por Aécio Neves, de quem foi companheiro de chapa em 2014. Aécio declarou que a situação de Aloyzio é totalmente diferente daquela dos petistas investigados na Lava Jato.
A tese da oposição é que nossa turma é gente de bem e a outra parte não presta. Será possível? Talvez seja melhor acreditar na professora Maria Silvia de Carvalho Franco, autora de Homens Livres na Sociedade Escravocrata, colega de turma de Fernando Henrique, aluna de Florestan Fernandes. No livro, a mestra descreve um país onde “o Estado é visto e usado como ‘propriedade’ do grupo social que o controla.”Para a professora, o “aparelho governamental nada mais é do que parte do sistema de poder desse grupo, imediatamente submetido à sua influência, um elemento para o qual se volta e utiliza sempre que as circunstâncias o indiquem como o meio adequado. Só nesta qualidade se legitima a ação do Estado.”
Deu para entender a base real de quem procura estabelecer diferenças de natureza moral em política, certo? Ela explica mistérios de nossos paladinos da ética — a começar pelo mensalão PSDB-MG, que até hoje não foi sequer julgado.
Vivemos num país onde o dinheiro de empresas privadas tornou-se o principal combustível das campanhas eleitorais — de todos os partidos. É natural, portanto, que os recursos de empresas com interesses no Estado — como empreiteiras, por exemplo — sejam destinados a políticos e partidos que possam prestar serviços úteis.
E se você acreditou na lorota de que só o PT tem condições de retribuir pelos recursos que recebe, porque possui o cofre federal, é bom saber que a Constran, empresa do grupo UTC, é uma das rainhas de obras no Estado de São Paulo. Participou de quatro linhas do metrô — azul, vermelha, verde e lilás — obra lendária por denuncias eternamente paralisadas.
Em 2013, o governador Geraldo Alckmin inaugurou uma penitenciária em Cerqueira Cezar, interior do Estado. Obra da Constran.
Nada disso torna Aloysio Nunes Ferreira nem Julio Delgado culpados de qualquer coisa. Da mesma forma que a revelação de que Aloizio Mercadante, que recebeu doações eleitorais da UTC em 2010, não pode ser vista como prova de mau comportamento.
Não custa lembrar que, entre 2007 e 2013, petistas e tucanos receberam a maior parte das contribuições financeiras das empresas denunciadas na Lava Jato.
Isso porque ambos atuam no mesmo jogo, com as mesmas regras.
Só é complicado querer aplicar uma espécie de seletividade moral entre uns e outros.
Quando a Câmara de Deputados teve a chance de modificar a legislação de financiamento de campanha, proibindo o pagamento de empresas privadas, a bancada inteira do PSDB apoiou o projeto de Eduardo Cunha que constitucionalizava doações de pessoas jurídicas. Numa primeira votação, a maior resistência foi exibida por dois parlamentares que se abstiveram. Na segunda votação, eles foram enquadrados e votaram com a maioria. (O mineiro Julio Delgado votou contra o financiamento de empresas).
Enquanto isso, ao lado do PSOL e do PC do B, bancada do PT liderou o esforço para tentar proibir contribuições privadas. Chegou a bater as portas do Supremo para tentar anular a segunda votação, favorável as empresas, mas que feria uma cláusula constitucional.
O episódio, ocorrido há exatamente um mês, mostra que, em vez de julgamentos morais, é mais produtivo perguntar: quem se colocou do lado certo quando surgiu uma oportunidade única para fechar a principal porta de entrada da corrupção em nosso sistema político?
Leia também:

quinta-feira, 18 de junho de 2015

Brito: Aécio na Venezuela foi pataquada


“Aécio Neves está virando um Marcelo Reis, o revoltado, com mandato…”


"A revista Veja antecipa o fechamento para dar um furo internacional". Fernando Morais


Conversa Afiada reproduz opinião de Fernando Brito, extraído do Tijolaço:

“MISSÃO AÉCIO” NA VENEZUELA NÃO FOI DIPLOMACIA, FOI PATAQUADA PROMOCIONAL


Será que alguém vai ter coragem de dizer que Aécio e a “turminha da encrenca” que foi para a Venezuela estão fazendo papel de palhaços em nome do Brasil?
Não, pousaram lépidos e fagueiros em Caracas, a bordo de um jatinho executivo da Força Aérea.
A comitiva de Aécio ficou presa (no bom sentido) num engarrafamento geral e isso foi um “cerceamento” à sua livre movimentação.
Dá pra ver na foto (abaixo) publicada em O Globo que todos os veículos estão parados no acesso à cidade.
Até o “cara de nojo” do senador paulista cooptado por Aécio reconheceu que não foi isso e O Globo registra: ” No Twitter, o senador Aloysio Nunes explicou que houve um acidente, e por isso o trânsito ficou parado”.
A tucaníssima repórter Maria Lima,de O Globo, diz que “já em um ônibus, a cerca de um quilômetro do aeroporto, o veículo ficou parado no trânsito e um grupo de cerca de 50 manifestantes começou a bater na lataria e gritar”.
Realmente, as batidas na lataria são condenáveis, embora aqui tenham feito isso com Sarney, no ano passado, e não vi ninguém da turma do Aécio condenar o cerco dos “Revoltados Online” aos carros de Sarney e de outros parlamentares para os impedir de votar no parlamento.
Ficamos sabendo também que a excursão dos senadores termina hoje à noite e, portanto, em menos de 12 horas eles vão poder observar tudo e deitar falação sobre o que deve ou o que não se deve fazer lá no país dos outros.
E visitar presos (sejam ou não presos políticos, mas detidos por ordem judicial) sem autorização do Judiciário, onde é que isso poderia acontecer?
Que diferença de gente respeitável como o ex-presidente dos EUA, Jimmy Carter,que está com o seu Centro Carter trabalhando há meses na Venezuela para, como já fez de outras vezes, ajudar num processo eleitoral transparente, que é o que todas as pessoas de bem devem fazer.
E o nosso país, dominado por uma onda de histeria inédita em nossa história recente é forçado a dar uma de “babá” de meninos travessos, para não ser acusado de “cúmplice” dos “bolivarianos”.
Eu já estive na Venezuela – e não por 12 horas – e pude ver, já há dez anos – como o clima político é radicalizado.
Tão radicalizado que ocorreu um golpe de Estado, contra Chávez.
Se houver outro, desta vez contra Nicolás Maduro, alguém tem alguma dúvida sobre se Aécio, comitiva e mídia vão se posicionar?
Uma comissão de representantes do parlamento brasileiro jamais poderia deixar de ter uma agenda ouvindo os dois lados, oposição e governo venezuelanos, assim como deveria ter um encontro no parlamento daquele país.
Se foi feita em nome de um dos poderes da República do Brasil deveria ter sido tratada como um assunto de Estado, não como um factóide promocional.
Mas o que foi feito, e ninguém quer dizer, foi uma pataquada.
Aécio Neves está virando um Marcelo Reis, o revoltado, com mandato…


Leia também:

NOGUEIRA: AÉCIO NÃO SE ENXERGA









quarta-feira, 7 de maio de 2014

ALOYSIO NUNES A BLOGUEIRO: "VAI A PQP, VAGABUNDO!"


:



Ele também enviou a seguinte mensagem ao 247:

Bom Dia!Ontem fui preso ao fazer perguntas "inconvenientes" ao Senador Aloysio Nunes! Em nenhum momento o agredir ou fui descortês ! Na 3ª pergunta ELE perdeu a linha, me xingou e partiu para a agressão! Tanto no meu filme como nas imagens internas do senado é possível comprovar a agressividade e autoritarismo do Senador! Quando estava indo embora, já fora do Senado, a POlícia do Senado a mando de Aloysio Nunes,me perseguiu por uns 300 mts já FORA do senado e me arrancou de dentro de um ônibus com o intuito de me proibir de publicar o vídeo! Foi complicado mas consegui publicar! Ainda assim me ameaçaram e tentaram me coagir já dentro da delegacia do Senado, e o Diretor de Polícia chamado Pedro ordenou que eu apagasse o vídeo! Me neguei e como retaliação eles RETIVERAM meu celular sem lacrá-lo para "periciá-lo". Chegando em casa notei que já haviam tenatado acessar e alterar SENHAS minhas contas email a partir do dispositivo ! 
Constatei isso a partir de alertas do próprio Gmail/Google! Mando pra vcs o Vídeo que fiz ontem desmascarando a "liberdade de expressão" do Aloysio Nunes e do PSDB! Se vocês acharem importante, fiquem à vontade para usar como quiserem meu vídeo que está postado na ÍNTEGRA E SEM EDIÇÃO! Estou sem celular, mas me coloco à disposição por este EMAIL, face pessoal(Rodrigo Pilha) ou pela página Botando PIlha no Face Book!
Muito Agradecido!
Hasta la victoria Siempre! 

Rodrigo Pilha


A respeito do caso, a Agência Brasil produziu a matéria que segue abaixo:

Mariana Jungmann – Repórter da Agência Brasil - Um bate-boca com o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) resultou na detenção do blogueiro Rodrigo Grassi hoje (6), pela Polícia do Senado. Grassi abordou o senador para questioná-lo sobre a função das comissões parlamentares de inquérito e sobre a postura de seu partido, o PSDB, a respeito de investigações na Assembleia Legislativa de São Paulo.
Inicialmente solícito, Aloysio Nunes se irritou com uma pergunta de Grassi sobre o suposto envolvimento dele com desvio de verbas para a construção do metrô de São Paulo. “Um jovem me abordou a pretexto de fazer uma entrevista a respeito de CPIs. Eu parei para falar com ele e, no meio da entrevista, ele me fez uma ofensa muito grave. Eu então tentei segurá-lo para chamar a segurança e ele saiu correndo. Depois, quando eu estava saindo do Senado, ele voltou a me abordar e foi preso”, contou o senador.
Rodrigo alega que apenas fez perguntas a Aloysio. O blogueiro divulgou um vídeo em sua página no Facebook com a discussão. “Eu fiz três perguntas e ele se irritou, começou a me xingar e me agredir. Como foi na saída do Senado, a Polícia veio e me prendeu. Me pegaram dentro do ônibus já, quando eu estava indo embora”, contou.
Conhecido como Rodrigo Pilha, Grassi já foi assessor da deputada Erika Kokay (PT-DF) e foi exonerado depois de ter se envolvido em outro episódio com autoridades. Ele próprio divulgou um vídeo em que abordou o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, na saída de um bar em Brasília. Na oportunidade, Rodrigo chamou o ministro de “autoritário”, “tucano” e “projeto de ditador”. Ele também gritou palavras de ordem a favor do condenado na Ação Penal 470, o processo do mensalão, José Dirceu.
Na época, o senador Aloysio Nunes Ferreira foi à Câmara solicitar abertura de processo disciplinar contra o assessor de Erika Kokay, mas logo depois ele foi exonerado. Hoje, o senador disse que Rodrigo usava o crachá de funcionário da Câmara para circular livremente dentro do Congresso.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

ALOYSIO NUNES: ROLEZINHO É COISA DE 'CAVALÃO'

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Paulo Preto fez obras com 79 irregularidades e superfaturadas




O ex-diretor de engenharia da Dersa, Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, acusado de tráfico de influência, desvio de dinheiro público e improbidade administrativa, capitaneou algumas das principais obras do governo de José Serra. Ele foi o responsável pela medição e pagamentos a empreiteiras contratadas para construir o trecho sul do Rodoanel, pela expansão da avenida Jacu-Pêssego e pela reforma na Marginal Tietê.

No currículo do engenheiro constam 11 anos de serviços prestados ao PSDB. Trabalhou no segundo governo de Fernando Henrique Cardoso como assessor especial da Presidência, no programa Brasil Empreendedor Rural. Assumiu a diretoria da Dersa em 2005, primeiro de Relações Institucionais e, depois, de Engenharia.

O ex-governador José Serra, após ter refrescado sua memória e reconhecido que, sim, sabia quem era Paulo Preto, fez questão de frisar que seu ex-funcionário havia recebido, em 2009, o prêmio Engenheiro do Ano, do Instituto de Engenharia.
Porém, o que Paulo Preto deixou para a população paulista foram obras repletas de irregularidades, que, inclusive, já ocasionaram a morte de duas pessoas.
Rodoanel
O trecho sul do Rodoanel custou R$ 5 bilhões e é alvo de suspeitas e denúncias de instituições fiscalizadoras como o Tribunal de Contas da União e o Ministério Público, que apontam a obra como um gigantesco ninho de superfaturamento e irregularidades de todo tipo.

Essa obra teve seu processo de construção acelerado para uso na campanha eleitoral. Sem uma efetiva fiscalização por parte do Estado, houve ajustes frequentes de preços ao longo da execução, alteração nos materiais utilizados e no projeto da obra.

Pelo projeto básico, por exemplo, deveriam ser usadas fundações de concreto conhecidas como tubulões para sustentar os vãos livres dos viadutos do trecho sul do Rodoanel. Mas os construtores trocaram esse material por duas mil vigas pré-moldadas, mais baratas – como as que desabaram sobre a Rodovia Régis Bittencourt em 13 de novembro de 2009, poucas horas depois de instaladas, esmagando três veículos e ferindo três pessoas.

A troca de material usado na construção, contudo, foi apenas uma das 79 irregularidades classificadas como “graves” em relatório emitido pelo Tribunal de Contas da União, em 29 de setembro de 2009, com base em duas auditorias feitas em 2007 e 2008, nos cinco lotes da obra.

Até hoje, seis meses depois de inaugurado, o trecho sul segue com problemas. Além da ausência de barreiras e acessos, falta de sinalização, câmeras de monitoramento, telefones de emergência, sistema de drenagem. A questão da segurança foi negligenciada. Há também o problema da iluminação, que ainda é obtida através de geradores. Duas pessoas já morreram em acidentes agravados por esses problemas.

Nova Marginal

"Pode ser mortal", diz o engenheiro Sergio Ejzenberg, mestre em Transportes pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, em referência aos riscos de acidentes provocados pela falta de guardrails nas novas pistas da Marginal do Tietê, inauguradas há seis meses.

A chamada Nova Marginal Tietê foi entregue praticamente sem sinalização e monitoramento nas vias. A falta de faixas e placas confundiam os motoristas e os colocam em risco de acidentes.

O líder da Bancada do PT na Assembleia, deputado Antonio Mentor, inclusive conseguiu a anulação das multas aplicadas na Nova Marginal devido à falta de sinalização.

Os motoristas enfrentam ainda um outro problema na Nova Marginal, que é ausência de iluminação em alguns trechos. Até agora, o sistema foi instalado em apenas 12,9 dos 23 quilômetros.

Também faltam acessos. No Complexo do Tatuapé, por exemplo, falta mais uma ponte para o trânsito de veículos que saem da Avenida Salim Farah Maluf em direção às rodovias Castelo Branco ou Ayrton Senna. A previsão de entrega dessa ponte é somente para o final do ano.

Vale lembrar também que ao anunciar o projeto de construção da Nova Marginal, o governador José Serra disse que o custo seria de R$ 800 milhões. Depois a obra passou para R$ 1,3 bilhão e finalmente, foi anunciado que a obra vai custar R$ 1,9 bilhão, ou seja, 137% a mais do revelado inicialmente.

Jacu-Pêssego

O prolongamento da avenida Jacu-Pêssego se arrasta desde 1996. A previsão inicial era abrir para o tráfego junto com a inauguração do trecho sul do Rodoanel, em abril, mas foi adiada por várias vezes.

No final de setembro, o jornal O Estado de S. Paulo percorreu a obra, orçada em R$1,9 bilhão, e verificou que ainda não estava finalizada. Apesar de parte da sinalização já estar pintada no chão, não havia placas nem semáforos. No canteiro central, o cenário era de muitas pedras. A via também não tinha retornos e as entradas para outras avenidas não estavam prontas.

Também não havia faixa para pedestres e as duas passarelas estavam em construção. Por fim, a iluminação estava deficiente e, em alguns trechos, postes ainda estavam sendo instalados.

Paulo Preto será capa da próxima Veja?



Por Altamiro Borges

Em maio passado, a revista Veja publicou reportagem, assinada por Fernando Mello e Marina Dias, sobre "o homem-bomba do tucano Aloysio Nunes". Não foi capa da edição e nem teve desdobramento na apuraçao nas semanas seguintes, com sempre ocorre, com grande estardalhaço, quando a denúncia se refere ao governo Lula. Mesmo assim, foi uma boa reportagem, que até poderia ter sido aproveitada por Dilma Rousseff - mas o seu comando de campanha preferiu seguir a linha marqueteira do "paz e amor".

Agora, porém, com o retorno do assunto ao debate eleitoral, bem que a revista Veja, que ainda engana muita gente com sua falsa neutralidade, poderia voltar ao assunto. No debate da Band, Dilma Rousseff finalmente usou a denúncia da revista. O assunto é relevante. Serra está incomodado. Fica irritadinho quando algum jornalistas menciona o tema. Com algumas atualizações, a reportagem já está pronta e o "homem-bomba" até poderia virar uma chamativa capa da Veja. Será que a famíglia Civita dará esta importante contribuição à verdade, à ética jornalística e à democracia brasileira?

Reproduzo abaixo a reportagem da Veja de 13 de maio de 2010:

O 'homem-bomba' do tucano Aloysio Nunes

Fernando Mello e Marina Dias

Como diretor de Engenharia do Dersa, Paulo Vieira de Souza, também conhecido pelo apelido de Paulo Preto, foi responsável pelas grandes obras viárias do governo de São Paulo nos últimos três anos. Seu trabalho lhe rendeu, em dezembro de 2009, o prêmio de profissional do ano do Instituto de Engenharia de São Paulo. Em 1º de abril deste ano, ele festejou a inauguração do trecho sul do Rodoanel. Oito dias depois, no entanto, foi demitido de seu cargo.

A decisão da cúpula da Dersa foi unânime. A nota no Diário Oficial, publicada no dia 21 de abril, não informa a causa da exoneração – e a assessoria de imprensa da empresa afirma apenas que foi uma "decisão de governo". Mas razões extra-oficiais não faltam. Vieira de Souza aparece em uma série de documentos apreendidos pela Polícia Federal na Operação Castelo de Areia, que investigou a empreiteira Camargo Corrêa entre 2008 e 2009.

Pelo menos quatro desses documentos, obtidos com exclusividade por VEJA.com, trazem indícios de que o engenheiro era destinatário de propinas da construtora. Um dos papéis mostra quatro pagamentos mensais de 416.500 reais, com data inicial de 20 de dezembro de 2007. A Castelo de Areia foi suspensa, em janeiro deste ano, por uma liminar do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Vieira de Souza, estranhamente, não foi indiciado na primeira fase da operação, e talvez nunca venha a ser. Mas, em ano eleitoral, tornou-se um "homem-bomba".

Ele tem estreitas ligações políticas e pessoais com Aloysio Nunes Ferreira Filho, ex-secretário da Casa Civil de São Paulo e candidato do PSDB-SP ao Senado. Vieira de Souza e Aloysio se conhecem há mais de 20 anos. Quando, no ano passado, o tucano sonhou em ser o candidato de seu partido ao governo de São Paulo, Vieira de Souza foi apresentado como seu "interlocutor" junto ao empresariado.

A proximidade entre os dois é tão grande que a família dele contribuiu para que o ex-secretário comprasse seu apartamento. A filha do engenheiro, a advogada Priscila Arana de Souza, e sua mãe, Ruth de Souza, fizeram um empréstimo de 300.000 reais ao tucano — dos quais a advogada arcou com 250.000 reais, conforme revelou o jornal Folha de S. Paulo em dezembro. "A filha dele me emprestou um dinheiro para eu comprar um imóvel, pois eu queria fechar negócio e não podia esperar sair o financiamento do banco. Paguei à Priscila no ano passado mesmo, em três ou quatro prestações. Tenho meus cheques todos registrados. Está tudo correto e documentado", diz Aloysio.

A assessoria do ex-secretário enviou uma relação de seis cheques de três bancos diferentes, relacionados ao pagamento da dívida. Cinco deles são de 2008: dois no valor de 50.000 reais, um no valor de 60.000 reais, um de 81.000 reais e o último, de 19.000 reais. Há também um cheque de 50.000 reais de maio de 2009.

Na versão de Aloysio, a demissão do amigo Vieira de Souza até parece voluntária. "Ele pretendia deixar o governo após a inauguração do Rodoanel", diz. "Foi inaugurado e ele saiu." Souza é mais duro ao falar do assunto. Atribui a demissão a atritos causados pelo seu estilo de trabalho, de dura cobrança de prazos. "Sempre disse que o Rodoanel tinha dia e hora para acabar. E isso incomoda", afirma. "Mas não importa. O Brasil inteiro sabe que o protagonista do Rodoanel fui eu. Não faz diferença se estou dentro ou fora do governo." O engenheiro rebate a tese de que sua exoneração poderia estar ligada às investigações sobre a Camargo Corrêa. "Não tem nada contra mim na Operação", diz ele.

Vieira de Souza tem razão em relação ao relatório final da PF. Seu nome tem uma única menção breve no documento, e ele não faz parte do rol dos indiciados. No relatório de inteligência, que serviu de base para o inquérito, a história é outra. É lá que estão reproduzidos os papeis que sugerem que ele recebeu propina da construtora. As obras do Rodoanel apareciam nas anotações com a sigla ARO, decifrada com informações retiradas do computador da secretária pessoal de Pietro Bianchi, diretor da Camargo, empresa que cuidou do lote 4 do trecho Sul, orçado em 500 milhões de reais. Esse mesmo relatório de inteligência traz dezenas de menções a políticos dos mais diferentes partidos. Há inclusive uma extensa lista de doações eleitorais registradas como "sem recibo" – uma forma oblíqua de definir o caixa dois.

A Operação Castelo de Areia foi deflagrada em março de 2009. A informação de que a investigação tinha potencial para abalar as carreiras de diversos políticos e administradores públicos veio à tona logo em seguida. A PF afirmou que trataria desses assuntos em um momento posterior. Passaram-se nove meses, nada aconteceu e a operação foi suspensa pela Justiça, quase como num passe de mágica. O fato de que os indícios coletados pela PF não ganhem consequências práticas é pernicioso.

Ao contrário do que Vieira de Souza diz, existe, sim, material contra ele nos arquivos da PF. Material suficiente para que o Ministério Público Federal em São Paulo considerasse necessária uma investigação mais aprofundada sobre ele. Mas a questão não é apenas punir aqueles que merecerem castigo. Quando informações desse tipo ficam no limbo, caso daquelas que constam dos relatórios de inteligência da PF e sem mais nem menos desaparecem dos relatórios finais que embasam a abertura de inquéritos, cria-se espaço para que entrem em campo os fabricadores de dossiês — um tipo de fauna que insiste em reaparecer das trevas em anos eleitorais.

sábado, 25 de setembro de 2010

O robô do Aloysio pediu meu voto

por Luiz Carlos Azenha

Voltando para casa, depois de um longo dias de gravações, corro para atender: no telefone, quem fala é o robô do Aloysio Nunes, pedindo meu voto. Sinal de que estamos, mesmo, na reta final. É para quando são programadas as chamadas feitas por robôs.
Primeira pergunta: como é que a campanha dele conseguiu meu telefone?
Segunda pergunta: se meu telefone está inscrito na lista dos que não aceitam o telemarketing, qual o motivo do desrespeito?
Terceira pergunta: os robôs farão ligações com mensagens negativas, como aconteceu nos Estados Unidos, quando John McCain atacou Barack Obama?
Quarta pergunta: e o bombardeio via mensagens de texto, virá?
Não sei o quanto isso tudo funciona. Sei que o risco de um candidato perder um voto ao usar o robô é tão grande quanto o de ganhar um. Presumo que para os candidatos a deputado valha a pena o risco, já que muitos eleitores só farão sua escolha na véspera ou em 3 de outubro e o robô pode servir para propagar o nome e o número de quem pede voto.
De qualquer forma, vale constatar que hoje as eleições se tornaram de tal forma um evento de marketing que temos muita gente posando de “analista”, “especialista” e “consultor” e empurrando “técnicas eleitorais” milagrosas tão eficazes quanto o famoso “óleo de cobra”. Não viram o “consultor” da Folha, que também se dedicava à receptação de cargas roubadas, à distribuição de notas falsas e ao agasalhamento de um automóvel roubado? E o guru indiano de José Serra?
Sinceramente, prefiro acreditar no Marcos Coimbra e no Ricardo Guedes, do Vox Populi e do Sensus. Ambos são extremamente cautelosos com suas opiniões.
Querem ouví-los? O Coimbra está aqui. O Guedes, aqui.
Vocês vão notar que os dois trabalham com a escala de grandeza envolvida numa decisão que envolve milhões e milhões de votos.
É justamente isso o que se esconde por trás da curva amiga do Datafolha ou das análises do Jornal da Globo.
Eles inventaram as mentiras “verossímeis”, ou seja, uma leitura dos números que esconde que pouco mudou desde o início de setembro e a deflagração dos escândalos tucano-midiáticos.
Olhando o tracking do Vox Populi (IG/Band), por exemplo, temos que deste então José Serra perdeu dois pontos (de 25% para 23%) e Dilma Rousseff perdeu um (de 51% para 50%).
Marina Silva, sim, como notou Marcos Coimbra, tem avançado em algumas cidades e algumas regiões. Mas, quando você contextualiza o avanço de Marina para o total do eleitorado ele ganha sua real proporção.
O fato de que todos os seus 50 amigos decidiram votar em Marina pouco altera a equação se todos são jovens, urbanos, de classe média.
Dito isso, é fato que uma conjunção de fatores pode levar a disputa para o segundo turno.
Desastres de Dilma Rousseff nos debates da Record e da Globo. A campanha surda, subterrânea, movida por religiosos e militantes da extrema-direita, nos púlpitos e na internet.
Aqui, uma nota pessoal.
Nas últimas semanas, por causa do grande número de mensagens que recebo, fui obrigado a filtrar meu e-mail. Direcionei diretamente para o lixo aquelas correntes que me eram enviadas 50 vezes ao dia. Mas, antes, fui ver o conteúdo.
Algumas eram de gente que me pareceu bem intencionada, denunciando ataques a A ou B.
Relembrei mais uma vez a campanha nos Estados Unidos e uma entrevista que li de um encarregado de promover campanhas por e-mail. Ele se baseava em fórmulas matemáticas de reprodução de mensagens e na progressão geométrica dessas correntes para cobrir todo um distrito eleitoral em um determinado período de tempo.
O repórter perguntou, então, sobre os democratas do distrito, dizendo algo do gênero: “Os democratas não se revoltam com as mensagens?”. Ele: “Faz parte. Isso pouco importa. O que me importa é que eles não quebrem a corrente e continuem avançando a mensagem para todos os seus contatos de e-mail, que por sua vez vão mandar para os seus contatos e assim sucessivamente. O que importa é que eles não deixem de disseminar minha mensagem, mesmo que se revoltem contra o conteúdo”.
Pois olhando minha caixa de e-mail fiquei com a impressão de que tem muita gente dando tiro no pé, como o eleitor de um deputado que mandou uma mensagem para dezenas de contatos (inclusive o Viomundo) denunciando um vídeo em que o candidato dele aparece a bordo de uma limusine e de um jatinho. Ora, ele está ajudando a espalhar uma acusação sem a resposta! É o que chamo de fogo amigo involuntário. Fez direitinho o que os adversários do candidato dele queriam que fizesse: espalhou a acusação!
Mas essas minúcias, insisto, não são capazes de virar milhões de votos — e é disso que se trata.
Resta, portanto, o imponderável: quantos votos Dilma Rousseff perderá por causa da exigência de dois documentos na hora de votar?
Para onde vão os indecisos?
Qual o papel da imensa máquina partidária do PMDB na reta final? Qual o papel da militância do PT e do PCdoB?
Tenho comigo que Lula, espertamente, “atritou” a mídia nos dias finais de campanha baseado em alguma pesquisa qualitativa. Foi para agitar a militância dormente e os movimentos sociais, dos quais o PT se afastou por diversos motivos nos últimos anos mas que sempre são um fator decisivo na hora agá, pois fazem política muito melhor que qualquer robô (só o MST mobiliza, fácil, mais de um milhão e meio de pessoas em todo o Brasil).  Ainda que muita gente não se lembre disso, eleição ainda é fazer política — por ações pessoais e intransferíveis.