Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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quinta-feira, 29 de outubro de 2015

O que o Jornal Nacional não está noticiando sobre a Operação Zelotes: quem pagou propina de R$ 11,7 milhões?

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Sirotski, da RBS (esquerda) e Marinho: o que não interessa a gente esconde…

23/10/2015 – Copyleft

RBS, afiliada da Globo, pagou R$ 11,7 milhões para conselheiro do CARF

A Operação Zelotes apura o envolvimento de funcionários públicos e empresas no esquema de fraude fiscal que pode ter causado um prejuízo de R$ 19,6 bilhões

Najla Passos, na Carta Maior

Documentos sigilosos vazados nesta quinta (22) comprovam que o Grupo RBS, o conglomerado de mídia líder no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, pagou R$ 11,7 milhões à SGR Consultoria Empresarial, uma das empresas de fachada apontadas pela Operação Zelotes como responsáveis por operar o esquema de tráfico de influência, manipulação de sentenças e corrupção no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), o órgão vinculado ao Ministério da Fazenda que julga administrativamente os recursos das empresas multadas pela Receita Federal.

A SCR Consultoria Empresarial é umas das empresas do advogado e ex-conselheiro do CARF, José Ricardo da Silva, indicado para compor o órgão pela Confederação Nacional do Comércio (CNC) e apontado pela Polícia Federal (PF) como o principal mentor do esquema.

Os documentos integram o Inquérito 4150, admitido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na última segunda (19), que corre em segredo de justiça, sob a relatoria da ministra Carmem Silva, vice-presidente da corte.

Conduzida em parceria pela PF, Ministério Público Federal (MPF), Corregedoria Geral do Ministério da Fazenda e Receita Federal, a Operação Zelotes, deflagrada em março, apurou o envolvimento de funcionários públicos e empresas no esquema de fraude fiscal e venda de decisões do CARF que pode ter causado um prejuízo de R$ 19,6 bilhões aos cofres públicos.

Segundo o MPF, 74 julgamentos realizados entre 2005 e 2013 estão sob suspeição.

As investigações apontam pelo menos doze empresas beneficiadas pelo esquema. Entre elas a RBS, que era devedora em processo que tramitava no CARF em 2009.

O então conselheiro José Ricardo da Silva se declarou impedido de participar do julgamento e, em junho de 2013, o conglomerado de mídia saiu vitorioso.

Antes disso, porém, a RBS transferiu de sua conta no Banco do Rio Grande do Sul, entre setembro de 2011 e janeiro de 2012, quatro parcelas de R$ 2.992.641,87 para a conta da SGR Consultoria Empresarial no Bradesco. 
 
Dentre os documentos que integram o Inquérito 4150 conta também a transcrição de uma conversa telefônica entre outro ex-conselheiro do Carf, Paulo Roberto Cortez, e o presidente do órgão entre 1999 e 2005, Edison Pereira Rodrigues, na qual o primeiro afirmava que José Ricardo da Silva recebeu R$ 13 milhões da RBS.

“Ele me prometeu uma migalha no êxito. Só da RBS ele recebeu R$ 13 milhões. Me prometeu R$ 150 mil”, reclamou Cortez com o então presidente do Carf.
 
Suspeitos ilustres
 
Os resultados das investigações feitas no âmbito da Operação Zelotes foram remetidos ao STF devido às suspeitas de participação de duas autoridades públicas com direito a foro privilegiado: o deputado federal Afonso Motta (PDT-RS) e o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Augusto Nardes.

O deputado foi vice-presidente jurídico e institucional da RBS, afiliada da Rede Globo no Rio Grande do Sul. Os termos de sua participação no esquema ainda são desconhecidos.
 
Nardes, mais conhecido por ter sido o relator do parecer que rejeitou a prestação de contas da presidenta Dilma Rousseff relativa ao ano de 2014, por conta das polêmicas “pedaladas fiscais”, é suspeito de receber R$ 2,6 milhões da mesma SGR Consultoria, por meio da empresa Planalto Soluções e Negócios, da qual foi sócio até 2005 e que ainda hoje permanece registrada em nome de um sobrinho dele.

Processo disciplinar

Nesta quinta (22), a Corregedoria Geral do Ministério da Fazenda anunciou a instalação do primeiro processo disciplinar suscitado pelas investigações da Operação Zelotes. Em nota, o órgão informou que o caso se refere a uma negociações para que um conselheiro do CARF pedisse vistas de um processo, sob promessa de vantagem econômica indevida, em processo cujo crédito tributário soma cerca de R$ 113 milhões em valores atualizados até setembro.



quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

"HÁ INDÍCIOS DA AÇÃO DE JOSÉ SERRA NO CARTEL"

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

O rumo do dinheiro que irrigava o propinoduto tucano

Documento mostra como Alstom distribuiu propina

MARIO CESAR CARVALHO
FLÁVIO FERREIRA

20/01/2014 03h00

Um documento apreendido na sede da Alstom, na França, indica que integrantes da Secretaria de Energia e três diretorias da EPTE (Empresa Paulista de Transmissão de Energia) foram subornados para que a companhia obtivesse em 1998 um contrato de US$ 45,7 milhões (R$52 milhões, em valores da época) com a estatal paulista.
Até agora, a Polícia Federal só havia chegado até o intermediador da propina, o lobista Romeu Pinto Jr., que admitiu ter recebido recursos da Alstom para pagar suborno, mas alegou desconhecer os destinatários. Ele sustenta que entregou os valores a motoboys enviados por pessoas que não conhecia.
O documento traz detalhes da divisão e do caminho do dinheiro. Segundo o papel, a Secretaria de Energia, chamada de “SE”, recebeu 3% do contrato (R$ 1,56 milhão). Já as diretorias financeira, administrativa e técnica da EPTE aparecem como destinatárias de 1,5% (R$ 780 mil), 1% (R$ 520 mil) e 0,13% (R$ 67,6 mil), respectivamente.
À época da assinatura do contrato, em abril de 1998, o secretário de Energia era Andrea Matarazzo, que ocupou o cargo por seis meses. Ele nega ter recebido propina.
O documento menciona os destinatários do suborno por meio de siglas. “SE” era a forma como a Alstom chamava a Secretaria de Energia em comunicações internas, segundo papéis do inquérito da PF. As diretorias são designadas pelas siglas DF, DT e DA.
A Folha consultou Jean-Pierre Courtadon, que foi vice-presidente da Alstom-Cegelec, e ele confirmou que DA, DT e DF costumavam designar diretorias administrativas, técnica e financeira.
Courtadon é investigado no Brasil sob suspeita de ter repassado propina, o que ele nega. Apuração na Suíça concluiu que ele não fez repasses a políticos e inocentou-o.
Entre 1998 e 1999, as diretorias administrativa, técnica e financeira da EPTE eram ocupadas por Carlos Eduardo Epaminondas França, Sidney Simonaggio e Vicente Okazaki, respectivamente. Como as negociações para o contrato se estenderam por anos, não dá para saber se o documento designa esses diretores ou outros.
ENIGMA
O mistério do documento é a sigla “F”, apontada como recebedora de 2% do valor do contrato (R$ 1,04 milhão). Entre os executivos que assinaram o contrato, há um cujo sobrenome começa com “F”: Henrique Fingerman.
Ele foi diretor financeiro da EPTE até maio de 1998 e assumiu a presidência da empresa em seguida. Fingerman, como Matarazzo, já foi indiciado pela PF sob suspeita de corrupção.
O valor do suborno no documento chega a R$ 6,4 milhões, ou 12,3% do contrato. O maior valor, segundo a PF, foi pago a Robson Marinho, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (R$ 2,07 milhões) e chefe da Casa Civil do governo Mário Covas (PSDB) entre 1995 e 1997.
A investigação brasileira sobre a Alstom começou em 2008 para apurar suspeita de que a companhia havia pago propina para reativar em 1998 aditivo de contrato que fora assinado em 1983 para construção de três subestações de energia. A lei limita a duração de contratos a cinco anos.
O documento obtido pela Folha foi usado nos processos francês e suíço contra a Alstom. O da França foi arquivado porque até 2000 era permitido pagar comissões para obter negócios no exterior. O da Suíça resultou numa multa para a Alstom de US$ 42,7 milhões em 2011. A multa não contemplou a suspeita de suborno no Brasil porque a apuração aqui não foi encerrada.
O promotor Silvio Marques, que atua no caso, diz já ter visto o documento na Suíça. ” Ele nunca foi usado porque ninguém sabia o significado das siglas”.
O documento aponta que a empresa MCA, usada por Romeu Pinto Jr. para intermediar a propina, recebeu 7,5% do valor do contrato diretamente da Alstom francesa. Contas secretas que a Alstom tinha na Suíça remeteram mais US$ 516 mil para a MCA.
A Alstom do Brasil também participou do processo. A empresa Acqua Lux, que pertence a Sabino Indelicato, recebeu R$ 1,82 milhão (3,5% do contrato). Investigadores suspeitam que Indelicado seja laranja de Robson Marinho.
PS do Viomundo: Já leram o que diz o livro de Rubens Valente, Operação Banqueiro, sobre Andrea Matarazzo, o “Conde”? Intrigante.
Leia também:

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

PT CONSEGUE UNIDADE PARA CRIAR CPI DO CASO SIEMENS

terça-feira, 13 de agosto de 2013

TIJOLAÇO: SIEMENS E ALSTOM PATROCINAM O INSTITUTO ETHOS

sábado, 1 de setembro de 2012

Mino: retrato de um país de que o Dantas é dono

Não fosse enredo da vida real, o processo do chamado “mensalão” seria espetáculo ímpar na capacidade de trafegar entre tragédia e comédia com toques exemplares de drama e de farsa.


O retrato do País

Não fosse enredo da vida real, o processo do chamado “mensalão” seria espetáculo ímpar na capacidade de trafegar entre tragédia e comédia com toques exemplares de drama e de farsa. Não cabe desmerecê-lo, contudo, nesta versão próxima do terceiro ato, o do epílogo, ao menos teoricamente, e que me arrisco a encarar como crítico teatral disposto a registrar de saída seu mérito inegável: o mensalão, em todos os seus aspectos, retrata à perfeição os males do Brasil. A inesgotável mazela, a hipocrisia inata dos senhores, o patrimonialismo do sistema. Um conjunto excepcional de prepotência e parvoíce.

Padecemos um longo prólogo, longo demais, a partir da denúncia do inconfiável Roberto Jefferson, e ainda assim rico em eventos que se fundem no entrecho central mesmo quando parecem desligados do contexto. Por exemplo, a presença do banqueiro Daniel Dantas. Vibra claramente na própria origem do mensalão como vibrou nos pregressos de marca tucana. E desaguou na Operação Satiagraha, enfim adernada miseravelmente porque DD está por trás de tudo, e muito além do que se imagine.

Marcos Valério serviu a Dantas e dele José Dirceu é bom amigo. Bela figura a ­ocupar a ribalta sete anos atrás, começo do prólogo, foi o ministro Luiz Gushiken, o samurai, como então o batizei, um inocente que pagou caro por sua inocência. Cavaleiro sem mancha, cometeu o pecado de enxergar em Dantas o grande vilão de todas as situações. Pecado imperdoável, tudo indica. A respeito, recomendo nesta edição o texto assinado pelo redator-­chefe Sergio Lirio, a retratar uma personagem de insólita dignidade, sacrificada injustamente ao ser forçada a deixar o governo.

O início do primeiro ato propõe Roberto Gurgel, o procurador-geral, Gogol se deliciaria com ele, fâmulo da treva e da reação, escalado para definir o mensalão como “o mais atrevido e escandaloso esquema de corrupção e de desvio de dinheiro público flagrado no Brasil”. Não lhe são inferiores, talvez mais daninhos, a bem da verdade factual, os anteriores urdidos pelo tucanato, a partir da compra de votos no Congresso para permitir a reeleição de Fernando Henrique Cardoso. Decerto mais imponente, o maior de todos, o episódio das privatizações, promovidas pelo mesmo FHC e protagonizado, entre outros, olhem só, por Daniel Dantas.

Não é que nossos juristas façam jus ao respeito unânime da audiência, sobretudo aquela que se apinha no balcão. Alguns produzem argumentações destinadas a suscitar pena em uma plateia mais atilada e menos comprometida do que a da ­casa-grande, esta escorada pelos barões da mídia e seus sabujos, unidos na ameaça aos próprios ministros do Supremo inclinados a um julgamento imparcial. O ministro Luiz Fux, no seu realismo exasperado, pretendeu condenar por peculato um réu chamado a responder por outros crimes, conforme teve de ser bondosamente avisado ao cabo de sua diatribe. Enquanto isso, Ricardo Lewandowski se abala a telefonar para um crítico global, Merval Pereira, que contestava duramente seus argumentos a favor de João Paulo Cunha. Contribuição inefável à imortalidade de um jornalista acadêmico, a seguir as pegadas culturais do seu falecido patrão. Donde, largo à cultura. Leiam, a propósito, Mauricio Dias na sua Rosa dos Ventos.

O primeiro ato do espetáculo presta-se a demonstrar a inadequação do título “mensalão”. Como sempre sustentou Carta­Capital. Provas certamente haverá de outros delitos, igualmente condenáveis, peculato, corrupção, lavagem de dinheiro. Quanto ao uso de caixa 2, a lei brasileira prontifica-se a uma lamentável leniência na punição do crime eleitoral. O segundo ato inaugura-se em proveito de outra constatação, caso não tivesse já dado o ar da sua desgraça: um grupo de petistas, que não seria o caso de chamar de aloprados, decidiu imitar a estratégia tucana desenhada e comandada por Serjão Motta a partir de 1994 com o propósito de manter no poder ad aeternitatem o pássaro incapaz de voar.

Não deu, José Serra lá estava para atrapalhar desde 2002, a despeito do maciço apoio midiático. A diferença entre uns e outros está no fato de que o Partido dos Trabalhadores nasceu em odor de subversão e de nada lhe adiantou abjurar pelo caminho a fé primeva. Além disso, no caso do ex-metalúrgico Lula pesa, em primeiro lugar, o ódio de classe, sentimento tão natural na casa-grande. Em contrapartida, a trajetória da esquerda nativa, oportuno é sublinhar, é tão deplorável quanto tudo o mais, e cabe neste enredo de traições aos ideais propalados em vão, de promessas bombásticas e falsos propósitos inexoravelmente descumpridos em nome do oportunismo aconselhado pelo momento fugidio.

Estamos na iminência do terceiro ato, mas o que se viu até agora estimula depressões monumentais. E aonde quer que o espectador se volte não encontrará razões de alívio.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

GLOBO SUBORNOU TEIXEIRA E HAVELANGE

a GROBO pagou...

RECORD DENUNCIA:
GLOBO SUBORNOUTEIXEIRA E HAVELANGE



O jornal nacional é muito delicado, gentil.



Reportagem de Rodrigo Viana no Jornal da Record – http://noticias.r7.com/jornal-da-record/videos/edicao/?idmedia=4ffe09c792bb0c5e99d487a8 – sobre a revelação de um grosso esquema de suborno de Ricardo Teixeira e João Havelange na Suíça formula uma grave denúncia.

O jornalista suíço Jean-François Tanda diz claramente: Globo pagou ISL ( a empresa que tinha a exclusividade para a transmissão da Copa para o Brasil) e a ISL pagou Teixeira e Havelange.

Rodrigo mostra que o dinheiro da ISL teria chegado ao bolso de Teixeira (“did you accept the bribe , Mr Teixeira? “) pouco antes de Teixeira aumentar seu vasto patrimônio: com a compra, por exemplo, de uma fazendola em Barra do Piraí, no Rio.

A denúncia veiculada pela Record deveria acionar o dorminhoco brindeiro Gurgel para dar sequência à denúncia feita por Marcos Pereira, presidente do PRB, o partido que foi à Justiça para saber como Teixeira ficou tão rico.

Quem sabe, depois de responder à representação do professor Comparato, o brindeiro Gurgel – acusado de prevaricação por Fernando Collor -, resolve evitar uma nova acusacao de prevaricação ?

Em tempo: o jornal nacional blindou a dupla Havelange/did you accept the bribe. Não mostrou nem o rostinho rechonchudo deles. O jornal nacional é muito delicado, gentil.

Paulo Henrique Amorim

terça-feira, 18 de outubro de 2011

As relações entre Globo e Teixeira

Por José Augusto, no blog Os amigos do presidente Lula:

Causa profunda estranheza o esforço que a TV Globo e a revista Veja estão fazendo para derrubar o ministro do Esporte, Orlando Silva, sem se preocupar em apurar a verdade dos fatos.

Sabe-se que as denúncias são fracas, os denunciantes suspeitos, com comportamento suspeito, enquanto o ministro comporta-se de forma destemida, como quem enfrenta máfias. Mesmo assim a TV Globo e a revista Veja fazem de tudo para não procurar a verdade e forçar a barra só no noticiário negativo de bate-boca e boatos, não concedendo o princípio da presunção de inocência até que apareçam provas.

A TV Globo tem uma profunda relação de parceria em negócios com os cartolas do futebol brasileiro, cuja figura máxima é o presidente da CBF, Ricardo Teixeira.

A Globo ganha todas, e sem concorrência, sabe-se lá como: os direitos de transmissão do Brasileirão e dos jogos da Seleção Brasileira, em negociações entre quatro paredes sem qualquer transparência pública.

O governo Dilma, através do ministro do Esporte, tem contrariado interesses da FIFA e da CBF. Tem publicado tudo sobre a Copa-2014 no portal da transparência. Talvez esteja contrariando interesses cruzados da TV Globo, sem saber.

Um interessante caminho para desvendar essa caixa-preta do futebol brasileiro é seguir o dinheiro.

O escândalo de subornos na FIFA, que atinge o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, teve seu estopim em 2001, cuja causa é atribuída ao pagamento de 60 milhões de dólares feito pela TV Globo por direitos de transmissão da Copa de 2002.

Relembre essa notícia de 2008, publicada na imprensa Suíça, a partir do documento de 179 páginas do Tribunal Penal de Zug, na Suíça:

*****

Tribunal suíço faz graves acusações à Fifa

O Tribunal Penal do cantão (estado) de Zug, na Suíça, publicou detalhes da sentença proferida em julho passado sobre o caso de corrupção envolvendo a ISL, em que os juízes fazem sérias acusações contra a Fifa.

O documento de 179 páginas comprova que, através de empresas, fundações e "caixa dois" do conglomerado ISL/ISMM, foram pagos subornos no valor de 138 milhões de francos (US$ 115 milhões) a altos dirigentes esportivos.

Seis executivos do grupo ISL/ISMM, ex-número 1 do marketing esportivo mundial, foram levados ao banco dos réus no julgamento iniciado em Zug no começo deste ano. Três deles foram inocentados. Os outros três – incluindo o "homem do cofre" Jean-Marie Weber – levaram multas.

Além dos 138 milhões transferidos às contas de cartolas em todo o mundo, ainda estavam previstos mais 18 milhões de francos para propinas, mas este dinheiro acabou sendo bloqueado por ocasião da falência da firma em 2001.

Inicialmente, em 2001, a Fifa havia dado queixa contra a ISL/ISMM, supostamente por causa de um pagamento antecipado de 60 milhões de dólares feito pela TV Globo por direitos de transmissão da Copa de 2002, que a ISMM teria desviado para uma conta "secreta" em Liechtenstein, fora do controle da Fifa. Em 2004, surpreendentemente, a Fifa declarou não ter mais interesse em um processo penal. "Isso nunca foi justificado", lê-se na sentença do tribunal.

Argumentação "confusa"

O texto da sentença agora acusa a Fifa de ter tido um "comportamento enganoso, que, em parte, dificultou a investigação". A cooperação da entidade máxima do futebol com o juiz encarregado do caso "nem sempre ocorreu em conformidade com o melhor entender nem foi baseada no princípio da fidelidade e credibilidade".

Segundo a sentença citada por vários jornais, na terça-feira (25/11), a Fifa teria "silenciado" sobre conhecimentos internos e usado deliberadamente uma argumentação "confusa". Por isso, a entidade foi obrigada a pagar uma parte dos custos de investigação.

Durante o processo, advogados dos acusados chegaram a fazer graves denúncias de cumplicidade. Por exemplo, dois presidentes da Fifa, Joseph Blatter e seu antecessor, o brasileiro João Havelange, teriam exigido a permanência do "homem do cofre" Jean-Marie Weber no comando da ISL. Do contrário, não seriam mais firmados contratos com a agência.

Desta forma, os pagamentos teriam obtido o status de "acordos formais obrigatórios". Na linguagem oficial, os pagamentos de subornos eram chamados de "custos de compra de direitos". O sistema de fraude teria sido instalado com ajuda de autoridades fiscais suíças e renomados escritórios de advocacia, conforme documenta a sentença.

Isso foi facilitado pelo fato de o suborno de pessoas físicas (este é o status dos cartolas do esporte), pela lei Suíça da época, no período de 1989 a 2001, não era crime. Para poder declarar os contratos bilionários da ISL com a Fifa, o COI, a Uefa, Fina, Fiba, ATP, FIAA, entre outras, como "contrários aos bons costumes", era necessário haver contratos entre corruptores e corrompidos.

O "homem do cofre"

Jean-Marie Weber, que ainda trabalha para a Federação Internacional de Atletismo (FIAA), a Federação Africana de Futebol e tinha credenciamento do COI para os Jogos Olímpicos de Pequim, conhece os nomes de todos os que receberam dinheiro da ISL. Numa entrevista, ele disse que levará esses nomes para o túmulo.

A sentença resume as informações escritas e orais sobre práticas de corrupção de quatro dos seis acusados. Através dessas informações e do texto de acusação da Promotoria Pública de Zug, é descrito um sistema pelo qual a ISL dominou o esporte mundial durante 20 anos.

Segundo o jornal suíço NZZ, embora a maioria dos "beneficiados" mencionados na documentação do processo continue nos seus cargos – como, por exemplo, os membros do Comitê Executivo da Fifa Nicolas Leóz (Paraguai) e Ricardo Teixeira (Brasil) –, nenhuma entidade esportiva tomou iniciativas de esclarecimento.

O processo envolvendo a ISL ainda não está completamente concluído. Duas investigações ainda estão em curso para descobrir o paradeiro de mais receptores de propinas. Além disso, ainda não esclarecido se a Fifa pagou ou não 2,5 milhões de francos a Jean-Marie Weber para fechar um assim chamado "acordo para ocultar a corrupção".

sexta-feira, 22 de julho de 2011

"Dinheiro não pode comandar a formação da opinião pública"


O escândalo do News of the World - e os desdobramentos regulatórios que ele possa ensejar - ultrapassa os ares do interesse inglês. “Todos os primeiros-ministros britânicos tinham relações, no mínimo, incestuosas com Murdoch. Isto demonstra a permeabilidade do poder político e partidário à mobilização opinativa de grandes conglomerados de comunicação. Não creio que este seja um fenômeno apenas britânico”, observa o filósofo Vladimir Safatle, professor da Universidade de São Paulo, em entrevista à Carta Maior.

A Europa voltou a ser o centro do mundo pelo avesso. A crise da democracia e a da esquerda, bem como o colapso das finanças desreguladas fazem ranger o velho convés do continente. As respostas tardam; os ventos uivam. Parece uma tempestade perfeita.

Fica difícil até mesmo ao observador mais desatento não enxergar o vazio de liderança e de projeto no desfilar de figuras opacas que ditam rumos a uma nau hesitante, sendo desmentidas pelo poder do dinheiro no pregão do dia seguinte.

É nesse cenário desordenado, entupido de estereótipos políticos e carente de protagonistas verdadeiros, que o dinheiro em pessoa compareceu a uma audiência no Parlamento Britânico, na última quarta-feira.

US$ 45 bilhões personificados na figura amarfanhada, algo negligente, de Rupert Murdoch estavam ali na condição de suspeitos.

Uma folha corrida histórica incluiria explicitamente as acusações de açambarcamento do espaço da política e violação do discernimento democrático da sociedade . Porém, neste caso, o motivo da audiência era a comprovada quebra de mais de 4 mil sigilos telefônicos pelo tabloide inglês News of the World, de propriedade de Murdoch.

Delitos de proporções industriais como esse só se concebem, de qualquer forma, a partir de um poder descomunal de persuasão política que flerta com a sensação de impunidade. É o caso do poder reunido pelo dinheiro nas mãos de Murdoch que comanda uma teia midiática capaz de capturar, silenciar ou multiplicar vozes, imagens e idéias impressas com um grau de abrangência repetitiva imbatível em língua inglesa.

O senhor dinheiro deu as respostas de praxe às evidencias – grosseiras até - de um intercurso entre seus veículos, sobretudo o tabloide sensacionalista mencionado, e o poder político conservador na velha Albion. Mas não só nela. Do outro lado do Atlântico, o dinheiro materializado na Fox News ancora eleitoralmente a demência extremista da direita norte-americana reunida no Tea Party, que não existira sem a rede.

Deve-se a Fox News, ainda, a catarse de medo e ódio que pavimentou a invasão do Iraque e também a atual sedimentação republicana para voltar ao poder, em 201 2.Seu pontapé eleitoral é a tresloucada plataforma de cortes de gastos que pretende paralisar os EUA e Obama e, no mínimo, obriga-lo a depenar o orçamento social em plena campanha pela reeleição. Mais uma vez, sem o poder emissor de Murdoch seria impossível polarizar a opinião pública e a agenda mundial em torno desses temas.

Monossilábico, na audiência de quarta-feira, o senhor dinheiro tentou relativizar sua intrusão na vida política. Resmungou que não privava apenas da intimidade do Partido Conservador ora no poder. Desfrutou igual deferência junto aos antecessores de David Cameron –que teve sua comunicação de campanha e governo entregue a talentos pinçados diretamente da direção do News of the World, a exemplo do que ocorreu na cúpula da Scotland Yard.

Os antecessores trabalhistas sugeridos, Tony Blair e Gordon Brown, não desmentiram a ecumênica influência do senhor dinheiro.

Os fatos arrolados e as suspeitas justificadas reforçam assim a percepção de que o maior desafio nesta crise do capitalismo, a exemplo do que ocorreu em sua grande antecessora, de 1929, é reduzir o poder desmedido do dinheiro sobre as decisões políticas e as escolhas da sociedade.

Avulta desta feita, no entanto, uma singularidade apreciável. O próprio debate das soluções precisa ser liberado de um poder oligopolista crescente exercido pela chamada grande mídia, hoje ainda capaz de influenciar de forma despropositada o que a sociedade pode ou não escrutinar; o que os governos devem ou não decidir.
É desse ponto de vista que o escândalo do News of the World - e os desdobramentos regulatórios que ele possa ensejar - ultrapassa os ares do interesse inglês. “Todos os primeiros-ministros britânicos tinham relações, no mínimo, incestuosas com Murdoch. Isto demonstra a permeabilidade do poder político e partidário à mobilização opinativa de grandes conglomerados de comunicação. Não creio que este seja um fenômeno apenas britânico”, observa o filósofo Vladimir Safatle, professor da Universidade de São Paulo, em entrevista por email a Carta Maior.

Arguto observador da crise da democracia em nosso tempo –e ao mesmo tempo otimista quanto ao seu desfecho - Safatle entende que “uma sociedade democrática é aquela que tem acesso a um grande número de esquemas de interpretação que se digladiam na arena da formação da opinião pública”.

A pluralidade de opiniões, todavia, só subsiste protegida dos monopólios midiáticos por salvaguardas regulatórias institucionais. A quem se ilude com a dimensão autorregulatória embutida no escândalo Murdoch Safatle indaga: “ A que custo e depois de quanto tempo?”

O medo irradiado por esse poder, sugere o professor, causa estragos devastadores.

O medo dos socialistas europeus de politizar a discussão econômica, por exemplo – lá como cá um medo inculcado pelo poder midiática. Ele explica em boa parte, segundo o filósofo, o desfibramento político da esquerda europeia diante da crise e o seu esvaziamento popular. Vladimir Safatle recusa, porém o fatalismo imobilista. Para além da opacidade política e midiática do momento ele enxerga um ponto de mutação catalisado pela aspiração crescente por algo que, à falta de melhor conceituação, se denomina ‘democracia real’ . Regular o poder do dinheiro na mídia certamente constitui uma etapa obrigatória dessa travessia.

A seguir , uma síntese das observações de Vladimir Safatle à Carta Maior em três blocos temáticos”.

I. Por que Europa, ela de novo, condensa tanto a crise econômica quanto o esfarelamento da democracia parlamentar e, agora, o desnudamento de práticas midiáticas intoleráveis?

“ Porque, como dizia Freud, a razão pode falar baixo, mas ela nunca se cala. A Europa teve um tradição de esquerda que hoje fala baixo, mas ela ainda vai falar mais alto. O pior erro da esquerda europeia foi esquecer a centralidade das lutas contra a desigualdade econômica e social. Por isso ela perdeu ressonância nas classes populares e virou um ornamento ideológico de classes médias cosmopolitas.

Hoje, as classes populares votam na extrema-direita, repetindo um fenômeno de deslocamento que vimos na ascensão do fascismo e do nazismo. A esquerda europeia tem medo de ser uma esquerda popular, pois isto implica uma politização da economia que ela já não é mais capaz de fazer. É fantástico, por exemplo, perceber como a esquerda é incapaz de fornecer um modelo alternativo de atuação para a crise econômica europeia.

É sintomático que o partido responsável pela implementação do desmonte grego seja exatamente o PASOK (o partido socialista). Isto acontece não porque inexistam modelos alternativos, mas porque os ditos partidos de esquerda se comprometeram tanto com o mundo financeiro global, se deixaram tanto encantar por terem sido recebidos de braços abertos nos salões da elite europeia com seu glamour de escroque, casa na Riviera Francesa e TV ligada na Fox News que atualmente eles simplesmente não conseguem mais pensar.

São partidos que não pensam mais, agem por reação, ou seja, que morreram e ainda não perceberam o fato. Mas creio que, mais rapidamente que imaginamos , a Europa irá se lembrar de sua combativa tradição esquerdista e novos esquemas de pensamento serão colocados em circulação. Chega de imaginar que nosso futuro só pode aparecer como catástrofe”

II. Democracia e oligopólio mdiático: com vê os desdobramentos da crise do News of the World na regulação das comunicações no Brasil?

“Não é de hoje que se denuncia a maneira com que figuras como Murdoch interferem na pauta do debate da opinião pública. Através da administração e criação de escândalos os mais diversos, Murdoch conseguia colocar a classe política na posição de refém. Ao transformar seu império midiático em caixa de ressonância das posições conservadoras mais toscas, Murdoch colaborou decisivamente para o empobrecimento do debate político mundial.

Isto coloca um problema maior referente aos efeitos da oligopolização da comunicação de massa. A democracia precisa da pulverização da informação, não da concentração dos campos do entretenimento, da noticia e da comunicação nas mãos de uma só pessoa. Sua TV, por exemplo, veiculava filmes que ele mesmo produzia, citava veículos de informação que faziam parte do mesmo grupo, tratava como fonte, opiniões de seus próprios funcionários em outros países, etc.

Isso coloca um problema importante para a democracia atual. Não há democracia sem mecanismos que impeçam a propriedade cruzada e a oligopolização do mercado de mídia. Essa discussão precisa chegar ao Brasil sem que tais ações sejam imediatamente taxadas de "formas astutas de censura contra a imprensa".

Não há nada de errado com o fato de um veículo ter sua posição ideológica, seja de direita ou de esquerda. Vamos ter que conviver com o fato da direita sempre ter sua voz, uma voz forte. Errado é ele usar de artifícios comerciais para criar um sistema único no qual televisão, rádio, jornais, revistas, redes de TV a cabo, produtoras de cinema e de música são organizados como totalidade que visa martelar o mesmo conjunto limitado de opiniões para a sociedade civil.”

III. ‘ Primaveras contestatórias’ ocorrem em vários países à margem das instituições políticas e à revelia da chamada grande imprensa e muitas vezes em oposição a ela. É toda uma arquitetura que se desmancha...

“O que os dois movimentos tem em comum é a consciência da fragilidade de nossa democracia parlamentar. Todos os primeiros-ministros britânicos tinham relações, no mínimo, incestuosas com Murdoch. Isto demonstra a permeabilidade do poder político e partidário à mobilização opinativa de grandes conglomerados de comunicação. Não creio que este seja um fenômeno apenas britânico.

Veja, pode-se dizer que o caso Murdoch demonstra como aqueles que jogam no lixo sua credibilidade acabam por serem punidos.

Sim, mas quanto tempo demora para que tal punição chegue? Qual preço devemos pagar durante esta espera?

Aqui, podemos colocar questões como: até que ponto a eleição de David Cameron não foi influenciada pelo apoio de Murdoch?

Até que ponto o ímpeto cego mobilizado para a guerra do Iraque seria possível sem a Fox News?

Questões desta natureza demonstram que não podemos esperar um sistema de autorregulação natural dos excessos da imprensa.

A imprensa, é isto é bastante natural, é o espaço da interpretação dos fatos. Uma sociedade democrática é aquela que tem acesso a um grande número de esquemas de interpretação que se digladiam na arena da opinião pública. Os melhores jornais mundiais procuram, inclusive, trazer esta batalha para dentro de suas páginas. Ora, um fenômeno como Murdoch representa o bloqueio desta pulverização.

Por isto, quando ele vem à tona, não são poucos aqueles que começam a se colocar questões sobre a distância entre nossa democracia e um conceito de "democracia real".

Tais reflexões nada tem a ver com o pedido de formas de "censura prévia", mas com a reflexão política sobre as consequências de um fenômeno econômico perverso, sempre presente no capitalismo: a oligopolização”.

terça-feira, 31 de maio de 2011

Globo abafa crise da Fifa


Foi Triesman quem disse que Teixeira perguntou o que você tem aí para mim

Amigo navegante mineiro chama a atenção deste ansioso blog para a forma pela qual o G1, o Globoesporte.com e o Bom (?) Dia Brasil tratam do escândalo que enrola a Fifa e Ricardo Teixeira.

Na capa do G1 há suborno.

Na informação interna não há mais suborno.

O interessante, porém, é a informação que segue a reportagem do Bom (?) Dia Brasil o repórter informa que a própria Fifa considerou Ricardo Teixeira inocente de ajudar a Rússia a derrotar a Inglaterra na disputa pela Copa de 2018.

Como se sabe, um dirigente do futebol inglês disse ao Parlamento inglês que Ricardo Teixeira lhe perguntou o que você tem aí para mim.

A Fifa inocentou Teixeira.

E a Globo inocentou a Fifa e Teixeira.

É mais ou menos como se o Vaticano inocentasse o Bispo de pedofilia.

Em tempo: o jornal nacional do Ali Kamel não ousou perder tempo com o Ricardo Teixeira. Fez uma reportagem que absolve o presidente da Fifa e sequer mencionou o presidente da CBF. O que seria do Esporte da Globo sem o Ricardo Teixeira ? Ou será o contrário ?


Paulo Henrique Amorim