Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Deixa o Temer se ferrar até 2018! Regra elementar: não se salva adversário que está afundando

Dedo.jpg
ansioso blogueiro localizou o velho amigo Oráculo de Delfos em algum ponto entre Brasília e Alagoas, já que busca a origem da invencibilidade de Renan.
Já o ansioso blogueiro está em busca de uma explicação para essa crise que o Janio de Freitas chama de “uma orgia, um fenomenal desvario”.
Vamos tentar reproduzir de forma não literal as sabias observações do Oráculo.
• Não vai ter eleição indireta no Congresso, porque o PMDB perdeu o controle da situação. Se o Temer sair – e a eleição for para o Congresso, como querem os idealizadores do Golpe de 2017 - isso significa que o PMDB virou farelo e a Presidência da República foi para o espaço.
• Quem se elegeria numa eleição indireta?
Fernando Henrique? Seria trucidado no plenário.
O Alckmin, o “santo”, vai largar o Governo de São Paulo para correr esse risco?
O Serra está na mão da Odebrecht e do Aloysio 300 mil, que está na mão do Paulo Afrodescendente.
• Se o Temer cai, o PMDB racha ao meio. Ninguém é de ninguém.
E aí o presidente do Brasil será um deputado do Centrão! Um Rosso, um Jovair! Com o apoio da Esquerda!
• Vai ser um do Centrão e, veja bem: jamais será um paulista.
• Porque ninguém aguenta mais os paulistas – nem o Centrão!
• Isso mesmo! Com o apoio da Esquerda. Por isso, eles não vão derrubar o Temer.
• O que é ótimo!
• Há um princípio elementar na Poliítica: você não salva o adversário que está se afogando. Deixa ele se afogar!
Eles não rasgaram a Constituição?
Os novos donos da Constituição se encarregarão de rasgar, peça por peça, a indumentária deles.
• Eleição direta? Formalmente impossível.
• Convulsão social? Provável, mas não já. Tem que doer mais: desemprego, Previdência (que mata pobre, mulher e camponês), fim da CLT.
• Ainda não doeu tudo o que vai doer.
• E deixa doer neles, nos nossos adversários.
• E não vai ter Lott. Os militares não querem saber disso.
• E estão conformados com a atual situação, desde que não falte dinheiro para a Defesa, para a Segurança Nacional.
• O Jugmann não é ministro deles: o Jungmann é um jarro de desfile. Os chefes militares despacham direto com o Temer.
• Essa crise está longe de um desfecho: vai durar até 2018, com mais instabilidade – e, provavelmente, violência nas ruas.
• Eles vão pagar o preço de rasgar a Constituição.
• Só que a Política é mais forte que o Judiciário, o Legislativo e o Executivo.
• A Politica faz milagres.
• Veja o caso desse menino de São Paulo. Assim que ganhou a eleiçao, o Dória disse que o Alckmin devia mais a ele do que ele ao Alckmin...
• Nas campanhas do segundo turno, os candidatos tucanos queriam mais vídeos do Dória do que do Alckmin…
• E um mês antes da eleição, quem diria, o Dória era o que é: um marqueteirozinho, tipico de São Paulo…
• Agora, é um Leão, o prefeito caviar.
• A política é como o mito grego, Anteu.
• Quando a Política voltar à Terra, isso tudo aí desaba.
• Vai ter eleição presidencial, com uma campanha do tipo “libertação nacional”, com a união do Centro para a Esquerda.
• União construída nas ruas, no desemprego, na insegurança jurídica, na violência urbana, na perda de direitos, na fome…
• E não vai ser o Lula. Tudo isso que está aí foi feito para impedir o Lula em 2018. Você acha que o Moro e o Supremo vão deixar o Lula concorrer em 2018? Que ingenuidade!
(O Lula sabe disso…)
Vão tirar um pedaço dele, mesmo que não seja preso – e provavelmente não será.
• E não precisa de Constituinte.
• Basta o novo governo – ELEITO! - ir costurando por dentro.
• Tirar as asas do MP, da PF e dos juízes.
• Acabar com essas castas que querem governar em lugar do povo. E furar tetos...
• Deixa o Temer se afogar.
• Depois a gente volta.
E o eleito, com sangue nos olhos, recostura o país.
• Deixa esses meninos do MP, da Justiça e da PF abusar bastante, se lambuzar na impunidade e na jactância. Cada passo deles é o caminho para desconstruí-los depois. Eles mostram, agora, o que precisaremos refazer! São uns gulosos… Apressadinho come cru, não é isso?
• Sem mexer na Constituição.
• Só ir por dentro, pauzinho por pauzinho, no decreto, no regulamento, no infra-constitucional...
• Pauzinho por pauzinho, aqueles com se constrói uma fogueira.
PHA, com a desinteressada colaboração do Oráculo.

segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Paulo Nogueira: A aterradora confissão de Dallagnol de que até aqui a Lava Jato( Tão “isenta” quanto o JN ) pegou apenas um lado

Dallagnol
A desconcertante confissão involuntária de Deltan Dallagnol

por Paulo Nogueira, no DCM, em 30/10/2016 

Escondidinha, uma nota na primeira página da Folha de hoje traz o que se pode definir como uma confissão aterradora.

A nota chama para um artigo de Deltan Dallagnol e outro procurador, e o título é este: “Lata Jato avança ao atingir todos sem distinção”.

Vou repetir, tamanha a importância da frase:

“Lata Jato avança ao atingir todos sem distinção”.

Quer dizer: agora, e somente agora, a Lava Jato atinge — alegadamente — a todos?

Ao longo de todo este tempo Moro e seus comandados trataram de destruir o PT.

Num jogo combinado com a mídia, a começar pela Globo, armaram operações cinematográficas quando se tratava de prender pessoas de alguma forma vinculadas a Lula.

Como esquecer as cenas da condução coercitiva de Lula para um depoimento para o qual ele sequer fora convocado?

E o vazamento ilegal das falas entre Lula e Dilma?

E tantas, tantas, tantas outras coisas que colaboraram decisivamente para a derrubada de Dilma e que, pelo script previsto, levariam a tirar Lula do caminho em 2018?

Uma democracia foi destruída. 54 milhões de votos foram incinerados para que a plutocracia chegasse ao lugar a que não consegue pelas urnas.

E agora somos obrigados a engolir que a Lava Jato é, aspas e gargalhadas, “apartidária”? Isenta?
Coloquemos assim: a Lava Jato tem a isenção que está fixada na missão do Jornal Nacional.
Nela, o JN diz que noticia os fatos do dia com “isenção”.

A Lava Jato foi, desde o início, tão isenta quanto o Jornal Nacional.

As coisas saíram do controle de seus mentores, e da própria mídia, quando delatores graúdos citaram pessoas, de novo aspas e gargalhadas, “acima de qualquer suspeita”.

Veio o caos, para os administradores da Lava Jato e para a imprensa.

Nenhum entre eles poderia esperar que da Odebrech saísse a informação preciosa de que Serra recebera 23 milhões de dólares num banco suíço para a campanha de 2010.

E atenção: em dinheiro de 2010. Hoje, seriam 34 milhões.

A confusão entre as corporações jornalísticas ficou estampada notavemente nisso: a Folha deu manchete e o JN ignorou.

O fato é que mudaram as circunstâncias: Moro já não é o mesmo.

Caminha para ser o juiz de primeira instância de origem.

Hoje é menor do que foi ontem, e amanhã será menor do que é hoje.

E a ideia disparatada de Dallagnol de que a Lava Jato “avança ao atingir a todos sem distinção” merece que evoquemos Wellington.

Só acredita nela quem acredita em tudo.

A não ser que a tomemos como uma confissão de que ela até aqui pegou apenas um lado.

Leia também:

Advogado de Lula: Artigo de procuradores da Lava Jato evidencia ainda mais a perseguição política

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Gilmar quer ser o Bonaparte de um Brasil ancorado em dinamite social Ele ataca Moro e o Ministério Público que ameaçam seus amigos, mas seu alvo prioritário é sepultar a democracia social personificada em Lula

Saul Leblon




Gilmar Mendes dispensa apresentações.

Mas seria injusto deixa-lo ao relento das simplificações subentendidas, ao risco de subestima-lo como uma simples toga a serviço do ódio a Lula e ao PT.

Gilmar é mais que a caricatura que personifica.

Mais que o antipetismo recoberto do manto escuro que no Brasil, nele sobretudo, deixou de simbolizar o Estado de Direito.

Gilmar é a personificação da última instância do interesse patronal.

Nele ecoa aquilo que a elite e o mercado –urbi et orbi-- gostariam que fosse o Estado, a Justiça, a Constituição, a Economia, a Política, o Sindicato, a Polícia, a Mídia e o Congresso nessa turbulenta era da desordem neoliberal.

Ou seja, um mosaico passivo, subordinado a um ‘ permanente estado de exceção’.

A definição do filósofo italiano, Giorgio Agamben, caracteriza um tempo em que capitalismo & crise tornaram-se uma entidade unívoca. E a adaptação às necessidades da sua sobrevivência, a regra no manejo do arsenal jurídico.

Gilmar é a voz desse desejo sibilado, enquanto as mãos dedilham cifrões imaginários.

Sua convicção antipopular o conduz à elevada condição de referência do bonapartismo togado com que sonham as classes patronais.

Nos últimos dias e horas ele vem detalhando a sua concepção de país submetido a uma supremacia asfixiante do dinheiro sobre o destino da sociedade e a sorte do desenvolvimento.

Nesta 2ª feira, na Folha, rechaçou dividir o posto de Bonaparte do condomínio do dinheiro com Moro e o Ministério Público de Janot

‘Lava Jato tem sido um grande instrumento de combate à corrupção. Ela colocou as entranhas do sistema político e econômico-financeiro à mostra, tornando imperativas uma série de reformas.Agora, daí a dizer que nós temos que canonizar todas as práticas ou decisões do juiz Moro e dos procuradores vai uma longa distância’.

E rechaçou o decálogo anticorrupção que amplia os poderes do MP e da Janot:

‘Isso se tornou estratégia de grupos corporativos fortes para ter apoio da população.É uma esperteza midiática. Não tem nada a ver com a realidade. Os juízes todos estão agora engajados no combate à corrupção? São 18 mil Sergios Moros? Sabe?No fundo estão aproveitando-se oportunisticamente da Lava Jato’

A luta de facções, como se vê, instalou-se nas entranhas do golpe

E Gilmar sabe que se ceder o manto de pretenso bonaparte do golpe, ele próprio e seus amigos tucanos poderão sucumbir.

A presença de Gilmar em reuniões com FHC, Temer e mesmo com o ex-ministro de Dilma, José Eduardo Cardozo, alinha-se nessa ofensiva para deter um esgarçamento do tecido golpista.

Mas, sem ilusões.

O alvo prioritário de Gilmar continua a ser o desmonte do projeto de democracia social que Lula e o PT simbolizam no país.

Isso ele deixou claro em quatro momentos sucessivos na semana passada.

O personagem que acumula o posto de ministro mais influente da Suprema Corte, presidente do Superior Tribunal Eleitoral, porta-voz togado do conservadorismo, última instância do patronato e articulador permanente do golpe consumado em 31 de agosto, elencou assim suas prioridades ao atacar, pela ordem:

- o Ministério Público que, no seu entender estaria usando a Lei de Ficha Limpa para coagir políticos, em ações de improbidade “incentivadas pelo lulopetismo", disse; o que pode, acusou, ‘ tornar gente do melhor quilate inelegível, como Serra, como Malan”, seus ex-colegas de governo FHC, enquanto “ladravazes estão soltos" (18/10);

- no dia seguinte (19/10) divulgou-se que Gilmar Mendes revogara entendimento jurisprudencial da Justiça do Trabalho que estende cláusulas de acordo coletivo vigente, em caso de impasse nas negociações para renová-lo. Conquistas precedentes funcionam como uma barreira formal ao arrocho em momentos de destruição maciça do pleno emprego, como acontece agora no Brasil. Gilmar sabe disso. Sabe que para produzir o efeito no custo da hora trabalho, demissões épicas não podem ser mitigadas pela vigência de direitos e garantias legais que protejam as famílias assalariadas. Em sua decisão, ele alega que a ‘norma vigente só protege o trabalhador’. Explícito assim. Com a mesma transparência, defende que a CLT seja flexibilizada prevalencendo de agora em diante o negociado sobre o legislado. Algo como exigir a rendição incondicional dos sobreviventes na guerra aberta do capital contra o trabalho.


- dois dia depois (21/10) em palestra promovida pela Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abidib) e pela Câmara Americana Comércio (Amcham), Gilmar Mendes voltaria ao ataque. “Esse tribunal (o TST) é formado por pessoas que poderiam integrar até um tribunal da antiga União Soviética. Salvo que lá não tinha tribunal”, ironizou, fazendo rir a plateia patronal. “[Eles têm] uma concepção de má vontade com o capital”, continuou, radicalizando o confronto. Os problemas, no seu entender, podem estar relacionados à própria composição do TST. "Talvez um certo aparelhamento da própria Justiça do Trabalho e do próprio TST por segmentos desse modelo sindical que se desenvolveu", concluiu deixando as marcas agressivas de um ataque mais abrangente do que parece . No Supremo, ele tem elogiado iniciativas do colega Teori Zavaski nesse direção. Na direção de desmontar a soberania da CLT na prática, em benfício do negociado sobre o legislado, para lubrificar projetos patronais congelados no Congresso, ressuscitados pelo golpe de 31 de agosto.

- Na mesma sexta-feira (21/10), na sequência de sua fala na Câmara Americana, Mendes disparou contra o programa Bolsa Família, uma forma, noi seu entender, de fraudar a vigilância do TSE na ‘compra de sufrágios’. "Com o Bolsa Família, generalizado, querem um modelo de fidelização que pode levar à eternização no poder. A compra de voto agora é institucionalizada", fuzilou contra um dos alvos do desmonte intrínseco à PEC 241.

A saraivada contra as leis e a ordem constitucional, nas últimas horas, não deve ser minimizada.

Não é apenas um sinal de coerência de quem traz carimbado na testa um epíteto: onde quer que haja o interesse do capital revogue-se o do trabalho.

Vai além disso a sulforosa maratona dos dias que correm.

Seu ativismo reflete a crise em que se meteu a elite e o capitalismo brasileiros.

Ao mergulhar o país na ilegitimidade de um golpe contra o povo, a ordem dominante perdeu a fonte original do poder que mediava inclusive as suas fricções.

A falta de limites de Gilmar Mendes que empurra o Estado de Direito para o Estado de Exceção é parte dessa dissolução explosiva de fronteiras.

Para onde nos leva o Brasil manejado pela conveniência jurídica do juiz do capital. E quando explodir,o que sobrará; melhor: quem negociará o caminho de volta?

De onde virá o novo poder mediador se os partidos estão destruídos, o eleitor comprou a propaganda da rejeição à política e a ordem constitucional, já rasgada, estrebucha sob a pressão de toga desagregadora?

Quais os limites, se os há; e quem irá fiscalizá-los?

Quem diz, por exemplo, até onde pode ir em nome da ‘aplicação vigorosa da lei’, o imã do califado de Curitiba?

O que fazer com o passado da nação?

Esse que Gilmar pretende varrer, mas cujos atores perambulam ainda vivos pelo presente?

Onde fica o povo no Brasil de Gilmar Mendes? E a Carta de 1988, a pobreza, a desigualdade, o desejo de emancipação, as organizações sociais, a CLT, os partidos, a liberdade de imprensa que o juiz Moro já tutela, as lideranças sociais, Lula...

Quem prender?

Quando prender, por que prender, o que extrair de quem prender --como extrair confissões e delações ?

Como disciplinar os auto-ungidos guardiões da doutrina da fé do MP, que sentenciam o que deva ser a moralidade pública, ao mesmo tempo em que estilizam o juízo final em powerpoints bizarros?

Como saciar milicianos do Estado Midiático, que agora cobram o paraíso dos livres mercados na terra em transe desmontada pelo golpismo?

Como serão dirimidas as divergências entre facções no Brasil para o qual nos empurra Gilmar Mendes?

O enfrentamento entre a Polícia Federal e a Polícia dos Senadores é um bala de morango perto disso que respira nas entranhas do golpe de 31 de agosto.

Sinais de um estilhaçamento do poder e das instituições cavalgam da língua de Gilmar para o hímen complacente dos noticiosos que agora a tudo abonam.

A inquietação da toga boquirrota expressa os intestinos enfezados desse frankstein parido a golpes, sabotagens, ganância, conspiração, ódio de classe, entreguismo e arbítrio

É ostensivo o esforço para engata-lo o à única fonte de poder capaz, no seu entender, de impedir o estouro das partes: o fundamentalismo de Mercado.

Ou o ‘Deus dinheiro’, como diz Agamben.

Mas dentro do próprio dinheiro há conflitos e guerras que só podem ser refreados pela mediação originária da urna.

Uma Líbia institucional, retalhada por milícias em confronto, ergue-se como um fantasma no horizonte do golpe.

Nesse Termidor precoce, cada cabeça que tomba repete ao algoz o mesmo vaticínio proferido por Danton a caminho da guilhotina: ‘Tu me seguirás, Robespierre’

Ou não será isso que Cunha, o álibi de Moro para Lula, disse a Temer?

O fato incontornável é que a sustentabilidade financeira do Estado desenhada pelo golpe é incompatível com a sua sustentabilidade democrática.

Não podem os golpistas submeter sua agenda a uma constituinte, nem mesmo leva-la à urna plebiscitária.

A escória parlamentar que a referenda não representa a assembleia da nação.

Expostas à argumentação amplamente franqueada à crítica, medidas acenadas agora como fundamentais à regeneração da confiança dos mercados no país dificilmente seriam legitimadas pela sociedade.

A PEC 241 mais se assemelha a uma intimação à eutanásia do que a um projeto de nação.

Mais a um resgate tardio da bandeira desbotada de Thatcher --‘there is no alternative’— do que a um convite à participação.

Não convence, mas não apenas porque as evidências engolfam as famílias assalariadas em uma lógica oposta, que Gilmar quer salgar com a desproteção ao trabalho quando ela é mais necessária.

É pior ainda.

O desmonte social brasileiro avança na direção oposta ao que o bom senso e a sobrevivência nacional recomendariam diante da desordem financeira global.

A recessão construída, antes, pela sabotagem --o que não diminui a contribuição dos erros cometidos pelos governos petistas; e agora, com a PEC do arrocho, aprofunda a vulnerabilidade brasileira em relação a uma deriva global marcada pela sombra da estagnação secular.

A retórica da ‘contração expansiva’ supõe a existência de um ciclo de investimento global receptivo a uma sociedade descarnada de vontade própria e pronta para o abate.

Esse mundo não figura no acervo do capitalismo realmente existente.

A exemplo do que ocorre com as empresas aqui –corroídas pelo descasamento entre o fluxo de caixa e custos de dívidas e investimentos de um fim de ciclo expansivo-- a realidade global vive gargalos sistêmicos ao investimento.

As expectativas golpistas de uma precificação de apoio externo, na forma de um boom antecipado de investimentos não passam de propaganda midiática.

O que se delineia é o oposto.

Ao recuar as defesas da ação anticíclica do Estado, da proteção ao emprego e ao poder de compra real do salário, bem como esgarçar a rede de resistência à miséria e à fome, a economia brasileira engatou as suas fraquezas à prostração global.

Estados endividados, baixo investimento público e privado, massas colossais de capital fictício, crescimento débil e comércio mundial anêmico compõem a realidade dessa fonte seca.

Acrescente-se à longa estiagem a demanda espremida por elevadas taxas de desocupação, explosão do emprego precário, salários aviltados e endividamento paralisante das famílias.

A dívida global mais que duplicou nos últimos 15 anos, segundo o FMI.

A capacidade de geração de caixa das empresas, a demanda e o comércio mundial regrediram no mesmo período.

O panorama nas economias emergentes não é menos desolador.

As dívidas corporativas cresceram também em todos os países em desenvolvimento desde 2008.

Passaram de uma média de 75% do PIB para 110% agora.

No Brasil, segundo cálculos do economista Felipe Rezende, que tem alertado para o erro de diagnóstico do golpe --ao focar o gargalo da economia na esfera fiscal, quando as empresas estão em situação bem mais grave-- a geração de caixa das companhias abertas (com ações negociadas em Bolsa) não paga nem as despesas financeiras,

A ilusão dos que aplaudem o anti-trabalhismo de Gilmar Mendes, como se a busca da mais-valia bruta fosse recuperar o pulso econômico de um mercado sem mercado, mostra-se portanto ideologicamente coerente com ele.

Mas descabida para o desenvolvimento brasileiro.

Não há como se repetir uma nova era Thatcher (1979 a 1990) feita de compressão salarial, repressão sindical e ‘des-emancipação social’ pelo simples fato de que o Estado do Bem Estar social já foi lixiviado lá fora e aqui nunca existiu.

A beberagem que se quer enfiar goela abaixo da população brasileira, ademais da dimensão predadora, revela-se anacrônica e incompetente para reverter a dinâmica de crescimento da dívida pública e privada.

A dívida federal cresce hoje impulsionada pelo peso mortal de taxas de juros reais de 6% ao ano, responsáveis por 80% da composição déficit fiscal, sendo ínfima a pressão exercida por novas despesas (leia a entrevista sempre brilhante de Luiz Gonzaga Belluzzo, nesta edição: http://cartamaior.com.br/?/Editoria/Economia/Belluzzo-O-Brasil-esta-caindo-para-a-serie-C-do-campeonato-mundial-/7/37039)

Sem crescimento, com receita tributária em marcha ré (queda de 10% em agosto e de 7% em setembro) ,o Brasil está sendo reduzido a uma montanha desordenada de ruínas.

O horizonte fantasmagórico assusta.

E a escalada de Gilmar Mendes adiciona um sustenido de horror ao túnel escuro da torpeza econômica.

O conjunto não resistiria ao contraditório de uma agenda alternativa, crível e serena, de maior justiça tributária e retomada do investimento público, que falasse à angústia crescente em todos os extratos da sociedade.

Uma agenda assim, capaz de aglutinar no seu entorno uma frente ampla de interesses sociais, carregaria o trunfo de oferecer à população aquilo que a estreiteza estratégica do golpe e o conflito desestabilizador de suas facções, sequer postula.

Ou seja, uma repactuação da sociedade com ela mesma através de uma ampla negociação de um novo pacto pelo desenvolvimento brasileiro.

É nesse ponto que a matraca togada entra em modo crepuscular e se recompõe a superlativa relevância de um líder com a projeção nacional e internacional e a capacidade de diálogo comprovada.

Luís Inácio Lula da Silva.

Prendê-lo, por certo, já foi uma ambição de maior consenso dentro do golpe.

Embora seja o objeto de desejo conservador impedi-lo de figurar na cédula de 2018, hoje, mais que ontem e, por certo, menos que amanhã, um espectro ronda as cabeças menos entorpecidas da elite brasileira.

Se o crescimento, como parece ser o caso, não for entregue no curto prazo; se a luta fratricida se radicalizar; se, como soa cada vez mais provável, a rua rugir o seu inconformismo com a dinamite social que Gilmar quer acender ...

Se isso acontecer com Lula preso, quem vai negociar o caminho de volta aos trilhos da democracia social e do desenvolvimento?

Dória Jr? Aécio? O ‘chanceler’ Serra? Moro? Dallagnol? Ou o procurador ‘Boquinha’?

Na crise que se cultiva, quem ainda pode falar ao Brasil e ser ouvido pela elite e a rua?

Quem?

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Lula publica palestra que o MP diz não existir


"Segundo o Ministério Público Federal, essa palestra que aconteceu em 7 de maio de 2014, em Luanda, Angola, não existe", diz post na página do ex-presidente no Facebook, acompanhado de um vídeo de 10 minutos com trecho da palestra e o áudio da íntegra da fala de Lula; segundo a acusação do Ministério Público Federal, Lula teria favorecido a Odebrecht com empréstimos no BNDES em troca da contratação da empresa de seu sobrinho em Angola e de palestras suas no país africano; segundo a defesa do ex-presidente, a acusação é "absurda", primeiro, porque "as decisões do BNDES são colegiadas", e Lula não participava delas; além disso, "se Lula não é funcionário público desde 2011 não pode lhe ser imputado o crime de corrupção ou tráfico de influência", afirmam os advogados 

247 - A equipe do ex-presidente Lula publicou nesta sexta-feira 14 no Facebook uma palestra dele em Angola, na África, que o Ministério Público Federal afirma não existir.
"Segundo o Ministério Público Federal, essa palestra que aconteceu em 7 de maio de 2014, em Luanda, Angola, não existe", diz o post, acompanhado de um vídeo de dez minutos com trecho da palestra e o áudio da íntegra da fala de Lula.

Segundo a acusação do Ministério Público Federal, Lula teria favorecido a Odebrecht com empréstimos no BNDES em troca da contratação da empresa do sobrinho de Lula no primeiro casamento, a Exergia, em Angola, e de palestras suas no país africano.

Segundo a defesa do ex-presidente, a acusação é "absurda" por uma série de motivos. Confira abaixo a íntegra do esclarecimento dos advogados sobre o assunto:

A acusação: Lula teria trocado empréstimos do BNDES pela contratação da empresa de sobrinho em Angola e palestras no país

Porque é absurda: As decisões do BNDES são colegiadas, tomadas por funcionários do banco, e Lula não participava delas quando era presidente tampouco após deixar a presidência, em 2011. As decisões do BNDES são devidamente assinadas pelos responsáveis pelos empréstimos do banco, que não estão na denúncia. São mais de 40 pessoas que analisam e participam do processo de aprovação de cada empréstimo. Lula fez palestras, todas devidamente registradas e comprovadas, como vários outros ex-presidentes. Atos perfeitamente legais para um cidadão privado, que agora os procuradores querem rever, sem provas, munidos apenas de preconceito e insinuações. Além disso, se Lula não é funcionário público desde 2011 não pode lhe ser imputado o crime de corrupção ou tráfico de influência. As relações entre Odebrecht e Exergia (da qual o filho do ex-cunhado de Lula é sócio) são relações entre duas empresas privadas. Lula não recebeu qualquer valor da Exergia, o que é provado pela quebra de sigilo bancário e fiscal do ex-presidente, que não mostra um centavo vindo da empresa

Essa garotada do MP é ignorante Grandes empresas estão inabilitadas e vão fechar


Carta_Capa.jpg

O Conversa Afiada reproduz trechos da excelente matéria de capa na Carta Capital, de Carlos Drummond, que chega nessa sexta 14/10 às bancas.

É sobre a ação exterminadora da Lava Jato, do Moro e dos dallagnois.
O C Af seleciona trechos de duas entrevistas.

"EA" é Eugênio Aragão, Procurador e aquele que deveria ter sido Ministro da Justiça da Dilma desde a primeira hora!

Ele trata da infinita ignorância desses dallagnois que entendem de Economia menos ainda que o Traíra e os açougueiros do neolibelismo.

"AA" é André Araújo, advogado de empresas americanas e trata dessas ações de extermínio: "não existe", responde ele à pergunta do Drumond sobre se há outro país NO MUNDO (ênfase minha - PHA) que proíba durante anos contratos entre empresas privadas envolvidas em corrupção e o setor público.
Ou seja, o Moro, os dallagnois e os delegados da PF que deles fazem a tropa de elite são o maior jabuticabal brasileiro!

PHA




quinta-feira, 13 de outubro de 2016

MPF quer barrar beneficiários do Minha Casa, Minha Vida em atos políticos



Com a justificativa de uso político, representantes do Ministério Público Federal querem acabar uma portaria do governo da ex-presidente Dilma Rousseff que oficializou uma prática antiga dos movimentos pró-moradia: usar a presença em atos, como multirões e protestos, como um dos critérios de seleção aos programas de habitação, como o Minha Casa, Minha Vida; MPF cobra do Planalto a suspensão de financiamentos; líderes dizem que há tentativa de criminalizar movimentos sociais 


247 - Representantes do Ministério Público Federal querem acabar uma portaria editada na reta final do governo da ex-presidente Dilma Rousseff que oficializou prática antiga dos movimentos pró-moradia: usar a presença em atos, como multirões e protestos, como um dos critérios de seleção aos programas de habitação, como o Minha Casa, Minha Vida.

Embora os movimentos sociais argumentem que a prática tem parecer da AGU (Advocacia Geral da União) legitimando sua existência, e que o critério integra a política habitacional desde os anos 1980, quando começaram os multirões, o MPF diz que a norma permite seu uso político e partidário e cobra do Planalto a suspensão de financiamentos, diz a coluna Painel, da Folha de S.Paulo.

"O Ministério das Cidades e o Palácio do Planalto ainda não se manifestaram ao Ministério Público. Mas a tendência é que concordem com a argumentação dos procuradores.

No encalço Líderes dessas entidades dizem que o critério integra a política habitacional desde os anos 1980, quando começaram os mutirões. Afirmam que há parecer da AGU legitimando a exigência. “Há tentativa de nos criminalizar”, dispara um deles."

sábado, 2 de abril de 2016

PORTA DOS FUNDOS REVELA FIM DE DELAÇÃO CONTRA PSDB

quinta-feira, 24 de março de 2016

O País tem direito à lista e à delação da Odebrecht

:
Quando divulgou a conversa ilegalmente grampeada entre Lula e Dilma, o juiz Sergio Moro alegou  “interesse público” no assunto.  Acrescentou que os governados têm o direito de saber o que fazem (inclusive na intimidade) os governantes.  Os mesmos argumentos , e muitos outros, podem ser invocados pela sociedade  para exigir a divulgação da “lista da Odebrecht”, contendo mais de 300 nomes de políticos que receberam “capilés” da empreiteira, logo posta sob sigilo por Moro.  Por que nela há pessoas “com foro” ou porque ela não atende a seuis critérios de seletividade?  Da mesma forma, a sociedade tem direito de exigir do Ministério Público que aceite a proposta da construtora para uma “colaboração definitiva”, afastando a suspeita de que a recusa se relaciona com a amplitude do esquema de financiamento partidário-eleitoral que a Odebrecht planejava desnudar.
O desinteresse de Moro  e dos procuradores pelas revelações da construtora  transpareceu já na noite de terça-feira, conforme registrou este blog. O Jornal Nacional , ao noticiar a Operação Xepa, que fez buscas e apreensões em várias unidades da Odebrecht, destacou trechos da nota pública da empresa,  passando ligeiramente sobre o trecho em que afirma não ter a construtora “responsabilidade dominante” pelos fatos apurados e pela existência de “um sistema ilegítimo e ilegal de financiamento do sistema partidário-eleitoral”.  A seguir, William Bonner informa que “nossos repórteres” ouviram do  Ministério Público que tal acordo não havia sido assinado e que seria analisado segundo as prioridades da Operação Lava Jato.  O desinteresse do Ministério Público confirmou-se nesta quarta-feira logo que começaram a ser divulgados nomes da oposição que figuram na lista da Odebrecht, tais como Aécio Neves, José Serra, Rodrigo Maia e Eduardo Cunha, para ficar só em quatro importantes lanceiros do impeachment.  Moro colocou o material sob sigilo e os procuradores praticamente descartaram a delação da Odebrecht.
A sociedade  tem o direito de conhecer este “sistema ilegal e ilegítimo” de financiamento do conjunto de partidos que a representa.  Quando diz que não tem  “responsabilidade dominante”  por sua existência, a Odebrecht diz implicitamente que não o criou sozinha,  que  ele não nasceu agora, nos governos do PT, que ele envolve um conjunto de empresas e partidos, enfim, que este é o sistema político-eleitoral que temos, fomentador da corrupção.   A lista contém informações que remontam aos anos 1980.   Se o objetivo é passar o país a limpo, tal sistema precisa ser conhecido  para ser desmontado e substituído.  Moro, em seu já muito citado artigo sobre a Operação Mãos Limpas da Itália, refere-se  à necessidade de “deslegitimação” do sistema partidário que lá estava fortemente associado à corrupção. Já a Lava Jato parece querer deslegitimar apenas uma parte do sistema partidário,  composta pelo PT e partidos aliados.
A divulgação da lista iluminaria uma parte do porão. Mas a “colaboração definitiva”, expressão cunhada pela Odebrecht para indicar a disposição de seus dirigentes de falar tudo o que sabem, e certamente sobre todos, é fundamental para o completo desvelamento do esquema. Na colaboração eles não apenas citariam nomes mas apontariam mecanismos operacionais ainda não de todo conhecidos.   A parte ainda lúcida da sociedade, que não se deixou cegar pelo ódio, que mesmo não gostando do PT percebe a seletividade do processo, tem o direito de conhecer a lista e as revelações da Odebrecht. Depois do desgaste com as ilegalidades cometidas contra Lula, Dilma e outros políticos grampeados, a Lava Jato faria bem em afastar as evidências de que seu propósito não é uma faxina mas sim uma chacina política.

quarta-feira, 23 de março de 2016

EM NOTA, MPF DIZ NÃO QUERER DELAÇÃO DA ODEBRECHT

terça-feira, 1 de março de 2016

Suprema ironia: um vazamento furou o zóio da “Vaza Jato”

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vazamento
Andei comentando com amigos que a ironia é a prima porra-louca da verdade. Nesse aspecto, a debochada produziu uma obra prima. A Operação Lava Jato ficou conhecida como Operação Vaza Jato, por razões óbvias. E, nesta semana, foi um vazamento que melou seus planos.
Para quem só começou a se interessar por política nas últimas horas ou ficou incomunicável em uma ilha deserta desde a semana passada, lembro que, na última sexta-feira, esta página divulgou informações sobre decisão muito esquisita do juiz Sergio Moro, que segue escondida.
Trata-se, aqui, da decisão 5005896-77.2016.404.7000, emitida pelo magistrado no dia 23 de fevereiro de 2016.
A decisão em tela quebra os sigilos bancário e fiscal do ex-presidente Lula e de mais de 40 outras pessoas, incluindo sua esposa, seus filhos, seus amigos e correligionários mais próximos, sem falar em várias empresas ligadas à família e/ou a esses amigos.
Apesar de essa medida judicial ter sido emitida no dia 23, este blog só divulgou a informação no dia 26, porque, antes, submeteu ao Instituto Lula a gravação feita pela fonte da denúncia, que leu a este blogueiro, por Whats App, a decisão de Moro, ou seja, os nomes das empresas e das pessoas que tiveram sigilos quebrados.
O Instituto consultou o blogueiro sobre a possibilidade de um prazo para avaliar e comentar a informação antes de ser divulgada, o que este que escreveu julgou justo, já que a informação atingia diretamente o ex-presidente da República, sua família, seus amigos e até seus parceiros em negócios.
Eu teria feito o mesmo se a denúncia envolvesse quebra de sigilos de um tucano, seus famíliares etc.
Aliás, esperar a resposta do Instituto também era necessário porque só o ex-presidente e seu staff poderiam dizer se os nomes das empresas que figuravam na denúncia eram reais.
Não demorou, pois, mais do que 24 horas para outras pessoas do Instituto me procurarem atestando que tudo que figurava na lista revelava que, de fato, a quebra de sigilo aconteceu, até porque duas pessoas que ali figuram foram procuradas por QUATRO agentes do Ministério Público, que foram interrogar (sem mandado) caseiro de sítio em Atibaia atribuído a Lula.
Nesse afã, interrogaram também o irmão do caseiro, que nada tem que ver com o peixe.
Lula e seu Staff só ficaram sabendo do interrogatório graças à denúncia do Blog. Ao verem os nomes do caseiro Elcio e de seu irmão Edvaldo, foram falar com eles e descobriram que haviam sido interrogados ilegalmente.
Aliás, vale ressaltar que as ilegalidades da Vaza Jato não terminam por aí.
Por exemplo: por que a decisão de quebra de sigilos não foi comunicada ao público em geral e àqueles que tiveram os sigilos quebrados, mas foram informadas pelas autoridades a alguns determinados veículos da dita “grande imprensa” de São Paulo e do Rio?
Aliás de novo, por que a decisão foi tomada no dia 23 e informada no mesmo dia a esses órgãos de imprensa e nada aconteceu até agora?
Só podemos deduzir que a quebra de sigilos foi tomada como medida adicional a alguma outra que deveria ter sido tomada no primeiro ou no segundo dia desta semana, conforme a denúncia que o Blog recebeu.
A medida adicional seria operação da PF de busca e apreensão no Instituto Lula, nas residências do ex-presidente e de seus familiares, amigos, empresas de todos esses etc. Contudo, operação de busca e apreensão só funciona se for feita de surpresa, do contrário o alvo da operação tem tempo de se livrar de tudo que possa servir aos investigadores.
Se a Operação Vaza Jato fosse séria, portanto, não teria “vazado” as quebras de sigilo para a “imprensa simpatizante” do eixo São Paulo-Rio. Ao fazê-lo, o vazamento se espraiou para onde os vazadores não queriam que se espraiasse.
Eis, portanto, a obra insuperável da prima porra-louca da Verdade. É uma ironia quase mística a Operação Vaza Jato ter tido seus planos de busca e apreensão melados pelos próprios vazamentos que promoveu. Quem vaza será vazado. Essa é a moral da história

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

GGN: A história do procurador que vaza para Época denúncias contra Lula

douglas
A história do Procurador Douglas Kirchner
Jornal GGN – Antes de se tornar personagem nacional, atuando em parceria com a revista Época em casos envolvendo o ex-presidente Lula, o procurador Douglas Kirchner foi aprovado em um concurso em 2012 e alocado no Ministério Público Federal de Rondônia.
Lá envolveu-se em problemas religiosos-amorosos.
O procurador é fiel de uma seita em Porto Velho, a Igreja Evangélica Hadar, acusada de explorar crianças e adolescentes, obrigando os menores a vender sanduiches em vias públicas, de madrugada, a realizar serviços de faxina no templo.  Em agosto de 2014 a seita foi denunciada àDEPCA (Delegacia de Proteção a Criança e ao Adolescente) (http://migre.me/t3ORW).
Na última semana de julho de 2014, Douglas foi denunciado ao Juizado de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher, acusado de agressões físicas contra sua esposa, Tamires Souza Alexandre.
Segundo o GNotícias, da gospel.com.br, após o casamento, ambos foram residir no alojamento da igreja. Quando tentou se separar de Douglas, ele e uma pastora da igreja espancaram a moça com cipó e cinto. Depois, Tamires ficou em cárcere privado, só podendo se alimentar depois que os outros comessem. Foi obrigada a dormir no chão, com ventilador e sem cobertor, tendo adoecido por conta disso (http://migre.me/t3P5U).
Segundo o portal Rondônia ao Vivo, em uma das ocasiões a esposa teria ficado dois dias sem comer e, depois, foi trancafiada no alojamento da igreja. Mais tarde, conseguiu fugir e foi dormir na rua, sendo acolhida na casa de pessoas que a encontraram (http://migre.me/t3Paq). Era um crime previsto na Lei Maria da Penha.
No dia 8 de setembro de 2014, o Procurador Geral da República Rodrigo Janot dispensou Douglas do cargo de substituto eventual do Procurador-Chefe da Procuradoria do Estado de Rondônia (http://migre.me/t3Peg). Em seguida, Douglas foi removido para o Distrito Federal.
Apenas um ano depois, em 5 de outubro de 2015, a corregedoria nacional do Ministério Público instaura um processo administrativo contra ele. O crime cometido por Douglas foi transformado em “infração disciplinar” e submetido a julgamento pelo CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público). O processo ainda não chegou ao fim. Não o impediu de ocupar cargos relevantes no Ministério Público do Distrito Federal.
Nesse ínterim, Douglas mantém suas pregações religiosas, participando de eventos públicos da sua igreja, como o seminário “Casamento gay e marxismo cultural”.
Nele, Douglas explica que o erro não está nas instituições, mas no pecado. Investe vigorosamente contra os princípios da igualdade, o “abominável princípio” que tenta igualar pessoas nos aspectos econômicos, sociais e biológicos. Sustenta que o feminismo é uma invenção do ideal agnóstico das esquerdas. E compara o casamento homossexual à pedofilia e aos homens que fazem sexo com os animais.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Folha inventa que Lula é chefe de quadrilha e acusado pela Procuradoria

folha capa

Não é pouco. O jornalão paulista coloca o ex-presidente – contra quem não existe nem mesmo pedido à Justiça de abertura de processo – como o suspeito número 1 da Operação Lava Jato e acusado pelo procurador-geral da República.
Na página A5 da edição da Folha de São Paulo de quarta-feira, 13 de janeiro de 2016, a matéria “Quem é Quem na Lava Jato” coloca o ex-presidente Lula como o suspeito número 1 da investigação e o ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, como o número 3, logo após José Dirceu, que se encontra condenado e preso pela Justiça.
A matéria propõe ao leitor que “Tente descobrir o dono de cada apelido usado, segundo investigadores, para despistar entrega de propina no esquema da Petrobrás”.
folha 1
Só há um “pequeno” problema nessa matéria que mistura pessoas contra as quais nada pesa na Justiça com outras que estão sendo processadas e/ou que até estão presas, como se todas integrassem uma única “quadrilha”: a menção a Lula captada na Lava Jato não o acusa de “receber propina”.
Em junho do ano passado, matéria do Estadão dava conta de que escutas da Polícia Federal descobriram que empreiteiros envolvidos na Lava Jato chamavam Lula de “Brahma”, em alusão a supostos hábitos etílicos do ex-presidente, quem jamais foi flagrado dirigindo bêbado pelas ruas do Rio de Janeiro ou de qualquer parte do país como aconteceu com um certo senador tucano por Minas Gerais.
folha 3
Como se vê, a matéria deixa bem claro que foi uma menção de empreiteiros a Lula que não o acusou de nada, apenas fez referência a ele.
Abaixo, a citação a Lula em relatório da PF
folha 2
Como se vê, o uso do termo “Brahma” para se referir a Lula não passa de uma curiosidade sem qualquer implicação para a honorabilidade do ex-presidente, já que não há nada de extraordinário em grandes empresários fazerem comentários sobre figura tão importante da vida nacional.
Porém, isso bastou para a Folha colocar Lula como o investigado número 1 da Lava, ao lado de pessas que estão sendo processadas e, algumas, até presas. A matéria induz o leitor menos atento a crer que tem diante de si o raio-x de uma quadrilha.
Mas não é só. Uma página antes, o jornalão antipetista faz uma trapaça ainda mais vulgar e espertalhona ao transformar em acusação mera referência do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, a Lula.
Segundo a matéria (canto esquerdo da imagem no alto da página), diz a Folha que o PGR acusou Lula de “lotear entre Collor e PT” uma distribuidora de combustível.
Uau! É uma declaração e tanto. O PGR acusar Lula de “lotear” patrimônio público é grave. Afinal, segundo o bom e velho dicionário Houaiss, lotear significa “dividir (terra, imóvel etc.) em lote, geralmente para venda; fazer loteamento”.
Janot, então, teria acusado Lula de vender ou dividir patrimônio público com entes privados (Collor e o PT). Há relato de que o PGR acusou Lula de alguma ilegalidade, certo?
Errado, porque Janot jamais usou o verbo “lotear”, que a Folha escolheu para falsificar uma acusação do procurador-geral da República a um ex-presidente da República. Exatamente em matéria contígua a outra que acusa o mesmo ex-presidente de liderar uma quadrilha sob investigação da Operação lava Jato e punição pela Justiça.
Eis o que disse o procurador-geral sobre Lula e a distribuidora em questão.
folha 4
A verdade, pois, é bem outra. Ao relatar o caso de Collor, o PGR simplesmente comentou que ele recebeu de Lula “ascendência” sobre a Petrobrás Distribuidora S/A em um acordo político entre o PTB e o governo Lula igual a tantos outros acordos que TODOS os presidentes da República, governadores e prefeitos de todo o país sempre fizeram, fazem e farão para obter opoio político no Legislativo.
O jornal até reproduziu, sem destaque, o que realmente disse o PGR, mas a manchete “garrafal” faz o leitor menos atento nem sequer prestar atenção na imagem obscurecida e diminuta da declaração real de Janot e ficar com a acusação de “loteamento”, termo que ele não usou, além de não ter pretendido sugerir ilicitude na negociação do governo com o PTB.
A manipulação de fatos pela Folha, nas duas matérias supracitadas, teve o intuito claro de difamar e caluniar o ex-presidente Lula e pode gerar um belo processo ao jornal devido, justamente, à deturpação ou pura e simples invenção de fatos que jamais ocorreram.
Qualquer leitor menos atento ou esclarecido extrairá dessas matérias a impressão de que o ex-presidente é um bandido acossado pela Justiça. A bem da elevação do nível do debate político, espera-se que Lula não deixe esse crime contra sua honra por isso mesmo.