Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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quarta-feira, 13 de novembro de 2013

VALOR INVENTA FERROVIA QUE NÃO EXISTE Se funciona, não funcionará, porque não há infraestrutura. Como bondinho do Pão de Açúcar

O ansioso blogueiro pegou o avião na conexão.

Tomou assento que tinha sido ocupado por alguém que deixou um exemplar do Valor intocado como a reputação do Cerra.

O passageiro anterior não o maculou.

Devia ser daqueles exemplares que as mocinhas distribuem de graça no embarque.

Ainda no aeroporto, o ansioso blogueiro tinha concluído a releitura do “Memorial de Aires”.

Admirável, a maturidade do Bruxo do Cosme Velho !

O ansioso blogueiro foi obrigado, então, a folhear o PiG (*) cheiroso na volta para casa.

E fez uma constatação estatística.

Há dois tipos de “reportagens” no Valor.

(Não se trata aqui das colonas (**), invariavelmente Golpistas – chiques, mas Golpistas como a Folha (***) quevirou piada de mau gosto e ficou à Direita da Ku Klux Klan para tomar o lugar do Estadão, em comatoso estado).

Um tipo de reportagem do Valor diz que o Brasil vai afundar irremediavelmente, porque não tem infraestrutura.

Não adianta nem tentar.

Seja lá o que se tentar empreender, esbarrará na absoluta falta de infraestrutura.

Não há, por exemplo, bondinhos que levem os turistas ao topo do Pão de Açúcar.

Um absurdo !

Assim a livre iniciativa não prospera.

O Turismo não avança.

O que dirão os estrangeiros ?

A Dilma não dialoga com os empresários e dá nisso – não se chega ao topo do Pão de Açúcar !

O outro tipo de reportagem admite que alguma coisa funcione até, até que dependa da infraestrutura.

Aí, vai parar de funcionar !

O bondinho pode ser comprado, a estação, montada, mas entre um morro e outro não há o caminho de aço que sustente o bondinho na subida ou descida.

Resultado: o fiasco do Pão de Açúcar revela um PIB potencial não realizado que as agências de risco anotarão com implacável rigor !

Numa ou noutra forma de fazer reportagem, o Brasil é uma m…, diria o Gilberto Freire com “i”(****).

O que pode ir bem breve irá para o saco, por falta de infraestrutura.

E o que não tem infraestrutura, como o bondinho do Pão de Açúcar,  para o saco já foi, antes de começar.

Qual “infraestrutura”?, perguntará o amigo navegante.

Qualquer uma.

Pontes, eclusas – como fez o Fantástico este domingo -, rodovias, ferrovias, paralelepípedos, tijolos, parafusos, maçanetas, apito para os jogos da Copa, portos, aeroportos, GPS, lanternas, fitas métricas, tesoura de unha e até falta de hóstia na Catedral de Brasília.

Nesta terça-feira, o Valor produziu uma obra-prima.

Ao descrever a viagem da Presidenta Dilma a Lima, o Valor informa que uma ferrovia – SE FICAR PRONTA ! – permitirá o transporte de carga do Brasil para portos do Peru, no Pacifico.

O Valor se esquece de lembrar que já existe uma rodovia que sai do Acre, corta a Cordilheira, e faz isso, exatamente: chega a portos do Peru.

Assim como outra liga Mato Grosso do Sul, pela Bolívia, até portos do Chile.

O Brasil já é uma economia bi-oceânica.

Apesar do Valor …

Mas, agora, o Valor se excedeu.

Criou uma outra categoria de infraestrutura.

A “não ferrovia”.

A ferrovia que não fica pronta.

Para que serve uma “não-ferrovia”, amigo navegante ?

Por que o Brasil e o Peru perderiam seu tempo para construir uma “não-ferrovia”, uma ferrovia que pode não ficar pronta ?

O ansioso blogueiro se pôs a imaginar como os Ministérios dos Transportes do Brasil e do Peru se debruçariam sobre o projeto de uma “não-ferrovia”…

Como seria o projeto de uma “não-ponte” ?

Um “não-avião” ?

Um “não-bondinho”?

Um confeiteiro que prepararia um “não-bolo-de-noiva” para um casamento.

Veio à mente do ansioso blogueiro a lembrança de um motorista de uma camionete de padaria que conduzia pães por uma magnífica autoestrada portuguesa.

Uma infraestrutura de deixar o Valor estupefato.

Impecável, germânica.

Só tinha um problema.

Por lá não passavam carros e caminhões muito menos.

Por minutos e minutos havia dois e apenas dois meios de transporte ali:  o carro do ansioso blogueiro e a van do padeiro.

E não é que, numa reta, o padeiro abriu o jornal na página de esportes em cima da barra de direção, e dirigiu por minutos a ler as notícias do F. C. do Porto (sim, porque estávamos a caminho de Coimbra, vindo do Porto…).

O repórter do Valor passaria por essa estrada e, ao chegar a Coimbra e instalar-se na Quinta das Lágrimas,  despacharia intrépida reportagem sobre as excelências da infraestrutura !

Aí, caro amigo navegante, saímos do terreno da logística, da engenharia e da panificação portuguesa para o campo da Literatura.

Se o amigo navegante concorda com a tese de que a maturidade do Bruxo do Cosme Velho é incomparável, o que dirá da obra de outro bruxo, o Jorge Luís Borges ?

Sim, porque uma “não-ferrovia” é da categoria dos “seres imaginários” da literatura fantástica que consagrou Borges.

Já imaginou o “Aleph” escondido sob os trilhos de uma “não -ferrovia”?

A “não-ferrovia” figura nas obras do PAC-2 ?

Não !

A “não-ferrovia” leva a composição do “trem fantasma” que transporta o PiG ao túnel dos horrores.

E, quando saltar do trem, na estação final, o PiG se defrontará consigo mesmo: é um palhaço !

Paulo Henrique Amorim


(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

(**) Não tem nada a ver com cólon. São os colonistas do PiG que combateram na milícia para derrubar o presidente Lula e, depois, a presidenta Dilma. E assim se comportarão sempre que um presidente no Brasil, no mundo e na Galáxia tiver origem no trabalho e, não, no capital. O Mino Carta costuma dizer que o Brasil é o único lugar do mundo em que jornalista chama patrão de colega. É esse pessoal aí.

(***) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é,  porque o dono é o que é; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.

(****) Ali Kamel, o mais poderoso diretor de jornalismo da história da Globo (o ansioso blogueiro trabalhou com os outros três), deu-se de antropólogo e sociólogo com o livro “Não somos racistas”, onde propõe que o Brasil não tem maioria negra. Por isso, aqui, é conhecido como o Gilberto Freire com “ï”. Conta-se que, um dia, D. Madalena, em Apipucos, admoestou o Mestre: Gilberto, essa carta está há muito tempo em cima da tua mesa e você não abre. Não é para mim, Madalena, respondeu o Mestre, carinhosamente. É para um Gilberto Freire com “i”.

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

ANTIDEMOCRÁTICA, GLOBO VÊ RECURSO COMO IMPUNIDADE

domingo, 21 de outubro de 2012

MARCHA DAS INDIGNADAS E CANSADAS DA ZONAL SUL CARIOCA

 Altamir Tojal é membro do Diretório Estadual do PSDB do Rio de Janeiro (https://plus.google.com/116701628320258773833/about ); um dos clientes de sua empresa SPS Comunicação é a Rio Bravo Investimentos, do ex-presidente do Bacen, na gestão FHC, Gustavo Franco... e isso é só o começo. Querem fazer parecer um movimento cidadão, apartidário, mas estão explorando a boa fé das pessoas que, desinformadas sobre o julgamento do STF e a política envolvida, apostam no Joaquim Barbosa como "novo herói nacional"...


















O Jornal Nacional desta noite NÃO deu Nenhuma noticia sobre as Eleições 2012.

Em 70% do tempo, abordou temas internacionais e Abandonou um importantíssimo tema - as eleições municipais.

Estranho não ???




JOSEPH PULITZER ( 1847 - 1911 ) E MILLÔR FERNANDES ( 1925 - 2012 )

"Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma".

Millôr Fernandes em 2006:

"“A imprensa brasileira sempre foi canalha. Eu acredito que se a imprensa brasileira fosse um pouco melhor poderia ter uma influência realmente maravilhosa sobre o País. Acho que uma das grandes culpadas das condições do País, mais do que as forças que o dominam politicamente, é nossa imprensa. Repito, apesar de toda a evolução, nossa imprensa é lamentavelmente ruim. E não quero falar da televisão, que já nasceu pusilânime”.


segunda-feira, 2 de julho de 2012

Mídia sente efeito de críticas e deixa empregados divergirem

Vai passando despercebido um fenômeno poucas vezes visto na década passada e que era raro até há pouco tempo, mas que parece estar crescendo. Colunistas e comentaristas de renome na grande mídia estão eventualmente divergindo dos patrões – ou, se preferirem, da “linha editorial” dos veículos nos quais trabalham.
Ao longo dos últimos anos uma voz se levantou contra as posições monolíticas que aprisionavam todos os colunistas e comentaristas da grande mídia, sem qualquer exceção de relevo. Paulo Moreira Leite, colunista da Época, em seu blog hospedado no portal da Globo passou a divergir abertamente da ideologia e das posições políticas dos patrões.
Recentemente, mais dois jornalistas da Globo passaram a divergir da empresa pontualmente, coisa que não faziam em questões nas quais a grande mídia “fechava questão”. Ricardo Noblat e Miriam Leitão se rebelaram, em alguma medida.
Noblat, por exemplo, chegou a reconhecer a inexistência de provas ou indícios contra o governador petista Agnelo Queiróz e a existência de fartura de provas contra o tucano Marconi Perillo no que diz respeito às relações de ambos com Carlinhos Cachoeira. Além disso, tem se posicionado claramente contra o golpe no Paraguai.
Miriam Leitão, por sua vez, apóia a Comissão da Verdade sem investigação “dos dois lados”, farsa que pretende nivelar os crimes da ditadura à resistência a ela. E também condenou o golpe no país vizinho, ainda que tenha estragado tudo comparando a situação do Paraguai à da Venezuela, onde a democracia funciona de forma impecável no que diz respeito à vontade eleitoral do povo.
Já na Folha de São Paulo, Jânio de Freitas, que era o único a divergir de verdade da linha editorial e com frequência menos pífia, vem aumentando o próprio tom em um coro de divergentes do qual, talvez, tenha sido pioneiro. Também reconheceu a farsa contra Agnelo e foi peremptório ao condenar o golpe no Paraguai, no que teve a companhia de Clóvis Rossi.
Nessa questão do golpe paraguaio, aliás, contabilizam-se as maiores divergências com os editoriais dos jornalões que se viram nos últimos anos. Folha de São Paulo, O Globo, Estadão e Veja cerraram fileiras em torno dos golpistas, mas um contingente menos pífio de seus colunistas desmontou os editoriais dos patrões nesse sentido.
O que aconteceu com esses colunistas? Por que decidiram fazer um pouco de jornalismo? Pela primeira vez, em muito tempo, vejo divergência de alguma expressão na grande mídia.
Claro que, em questões como o golpe no Paraguai ou a “culpa” forjada de Agnelo Queiróz, a posição oficial dos grandes meios é avassaladora. Os “editoriais” pró-golpe de Arnaldo Jabor no Jornal da Globo, por exemplo, esmagam os textos discretos dos colunistas supracitados, QUASE sempre publicados SÓ em seus blogs.
Todavia, nunca antes na história deste país se viu tamanha divergência no PIG…
Esse fenômeno, com certeza, é uma vitória da blogosfera e das redes sociais. Não era mais possível que esses grandes veículos não oferecessem nada a quem pensa e tem algum conhecimento de política. As opiniões de Arnaldo Jabor, Reinaldo Azevedo e outros animadores da platéia reacionária estão deixando de ser exclusividade.
Análises de melhor qualidade sobre a escandalosa deposição do presidente do Paraguai como as que vêm fazendo Clóvis Rossi, Miriam Leitão, Jânio de Freitas, Paulo Moreira Leite e Ricardo Noblat sugerem que esses jornalistas ainda nutrem aspirações quanto à própria imagem entre as pessoas de melhor nível intelectual. Mas será isso mesmo?
Já um Arnaldo Jabor, um Reinaldo Azevedo, um Augusto Nunes ou um Elio Gaspari abdicaram há muito tempo do jornalismo. Só isso explica as teses espantosas que formularam sobre um processo que jogou no lixo os votos de um presidente legitimamente eleito, com grande apoio popular em seu país e não menos apoio formal da comunidade internacional.
Nesse aspecto, chegam a ser incríveis os editoriais dos maiores jornais do país. Isso e o espaço que a Globo deu a um palhaço de circo como Arnaldo Jabor para ficar insultando os presidentes dos países com os quais o Brasil mantém intensas relações institucionais e de amizade, mas, claro, sem conseguir explicar o rito sumário que expurgou Lugo em horas.
Todavia, o fato é que não confio nessa repentina conversão desses colunistas ao bom jornalismo. Basta ver o que disse Miriam Leitão, que haveria alguma contradição entre o Mercosul suspender o Paraguai e aceitar a Venezuela como sócio pleno do organismo. Ela dá uma no cravo e outra na ferradura.
Qual foi a ruptura institucional que a Venezuela promoveu? Chávez está no poder pela vontade do povo. Todas as eleições foram auditadas pela ONU, pela OEA e por centenas de observadores internacionais. E é mentira que não se pode criticar o governo. Para comprovar, basta ir até lá e comprar um jornal ou ver tevê.
A Globovisión, entre outras tevês, continua fustigando abertamente Hugo Chávez. Seu adversário nas próximas eleições tem todo espaço na mídia e apoio financeiro de que precisa. Quem praticou ruptura institucional na Venezuela – ou tentou praticar – foi a oposição a Chávez, não ele. Acusam Chávez de manter o povo ao seu lado.
Não existe uma só notícia de constrangimento da candidatura de oposição venezuelana. Usam a recusa dessa oposição de participar das eleições, há alguns anos, para acusar de despotismo um governo que adquiriu maioria avassaladora, naquele pleito, porque seus adversários se suicidaram eleitoralmente. E por vontade própria. Daí Chávez aprovou o que quis, claro.
Ao comparar a situação paraguaia à venezuelana, portanto, Miriam Leitão mostra que há algo errado em sua conversão e de seus pares ao jornalismo. Parece que a grande imprensa sentiu as críticas de que praticamente não se via divergência em suas páginas e, assim, escalou alguns empregados para divergirem.

quarta-feira, 28 de março de 2012

Silêncios denunciam imprensa no caso Demóstenes

Marcelo Semer
Terra Magazine
Demóstenes Torres é promotor de justiça. Foi Procurador Geral da Justiça em Goiás e secretário de segurança do mesmo Estado.

No Senado, é reputado como um homem da lei, que a conhece como poucos. Além de um impiedoso líder da oposição, é vanguarda da moralidade e está constantemente no ataque às corrupções alheias. A mídia sempre lhe deu muito destaque por causa disso.

De repente, o encanto se desfez.

O senador da lei e da ordem foi flagrado em escuta telefônica, com mais de trezentas ligações com o bicheiro Carlinhos Cachoeira, de quem teria recebido uma cozinha importada de presente.

A Polícia Federal ainda apura a participação do senador em negócios com o homem dos caça-níqueis e aponta que Cachoeira teria habilitado vários celulares Nextel fora do país para fugir dos grampos. Um deles parou nas mãos de Demóstenes.

Há quase um mês, essas revelações têm vindo à tona, sendo a última notícia, um pedido do senador para que o empresário pagasse seu táxi-aéreo.

Mesmo assim, com o potencial de escândalo que a ligação podia ensejar, vários órgãos de imprensa evitaram por semanas o assunto, abrandando o tom, sempre que podiam.

Por coincidência, são os mesmos que se acostumaram a dar notícias bombásticas sobre irregularidades no governo ou em partidos da base, como se uma corrupção pudesse ser mais relevante do que outra.

Encontrar o nome de Demóstenes Torres em certos jornais ou revistas foi tarefa árdua até para um experiente praticante de caça-palavras, mesmo quando o assunto já era faz tempo dominante nas redes sociais. Manchetes, nem pensar.

Avançar o sinal e condenar quando ainda existem apenas indícios é o cúmulo da imprudência. Provocar o vazamento parcial de conversas telefônicas submetidas a sigilo beira a ilicitude. Caça às bruxas por relações pessoais pode provocar profundas injustiças.

Tudo isso se explica, mas não justifica o porquê a mesma cautela e igual procedimento não são tomados com a maioria dos "investigados" - para muitos veículos da grande mídia, a regra tem sido atirar primeiro, perguntar depois.

Pior do que o sensacionalismo, no entanto, é o sensacionalismo seletivo, que explora apenas os vícios de quem lhe incomoda. Ele é tão corrupto quanto os corruptos que por meio dele se denunciam.

Todos nós assistimos a corrida da grande imprensa para derrubar ministros no primeiro ano do governo Dilma, manchete após manchete. Alguns com ótimas razões, outros com acusações mais pífias do que as produzidas contra o senador.

Não parece razoável que um órgão de imprensa possa escolher, por questões ideológicas, empresariais ou mesmo partidárias, que escândalo exibir ou qual ocultar em suas páginas. Isso seria apenas publicidade, jamais jornalismo.

Durante muito tempo, os jornais vêm se utilizando da excludente do "interesse público" para avançar sinais na invasão da privacidade ou no ataque a reputações alheias.

A jurisprudência dos tribunais, em regra, tem lhes dado razão: para o jogo democrático, a verdade descortinada ao eleitor é mais importante do que a suscetibilidade de quem se mete na política.

Mas onde fica o "interesse público", quando um órgão de imprensa mascara ou deliberadamente esconde de seus leitores uma denúncia de que tem conhecimento?

O direito do leitor, aquele mesmo que fundamenta as imunidades tributárias, o sigilo da fonte e até certos excessos de linguagem, estaria aí violentamente amputado.

Porque, no fundo, se trata mais de censura do que de liberdade de expressão.

Marcelo Semer é Juiz de Direito em São Paulo. Foi presidente da Associação Juízes para a Democracia. Coordenador de "Direitos Humanos: essência do Direito do Trabalho" (LTr) e autor de "Crime Impossível" (Malheiros) e do romance "Certas Canções" (7 Letras). Responsável pelo Blog Sem Juízo.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

"PRINCÍPIOS" DA GLOBO CHEGAM AO FIM

No Princípio, eram os Princípios

A Globo divulgou a sua Epístola aos Parvos com os Princípios que guiam seu jornalismo.

Isso foi no sábado.

No domingo, o Fantástico provou que o Nunca Dantes e a Presidenta provocariam um choque de duas aeronaves em pleno vôo, sobre território brasileiro.

Foi uma forma singela de saudar a nomeação de Celso Amorim.

Na segunda-feira, desde o “Bom (?) Dia Brasil” até o jornal nacional, a Globo tratou de destruir o mundo com a crise econômica.

No processo, se bem sucedida, destruiria o Brasil e a própria Globo.

(O jornal da globo não conta, porque, de todos os jornais do mundo, é o mais matutino.)

Os Princípios da Globo se afogaram irremediavelmente já nesta terça-feira, quando a chamada do jornal nacional decretou a prisão de Clarice Copete, que foi vice-presidente da Caixa para assuntos de tecnologia.

A Globo dentro de seus sacros Princípios, não quis saber da própria encarcerada se ela, de fato, num cárcere estava.

Não ligou nem para o emprego ou para a cozinheira para confirmar o encarceramento.

Afinal, Princípios são Princípios.

No jornal nacional, na maiora cara de pau, a Globo reconheceu a pequena falha do sistema.

Depois de provocar mal irremediável à vítima.

Esse Ali Kamel …


Paulo Henrique Amorim


quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

O que a TV nos manda ver


Reproduzo artigo publicado no blog Passe Livre:

O Correio do Metrô desta semana, ano 18/edição 397, traz interessante, oportuno e inquietante artigo da jornalista e psicóloga Sandra Fernandes onde ela nos propoe uma reflexão acerca da forma como nós aceitamos, passivamente, a ditadura de conteúdo da TV.

Trata-se de reflexão pra lá de oportuna, tendo em vista que o telespectador brasileiro se depara uma vez mais com o tal do BBB e a manipulação de conteúdo dos telejornais no que diz respeito ao Egito e Oriente Médio. Confira!
via Blog do  Miro

O que a TV nos manda ver

Sandra Fernandes

Você já reparou que temos o hábito consolidado de sentar no sofá, ligar a TV e esperar por informações acerca do que está acontecendo no mundo, dia após dia, ouvindo, consumindo, mas nunca questionando? Alguma vez já se perguntou que fatia dos acontecimentos mundiais, nacionais e locais está representada ali? Já pensou em quanta coisa fica fora dos noticiários? Já parou para refletir que existe alguém que decide o que entra no ar e o que não entra? Já se perguntou quais critérios essa pessoa usa para fazer essa triagem noticiosa decidindo o que será e o que não será repassado ao telespectador? Será que aquilo que ela considera importante seria o mesmo que você consideraria importante? Se você pudesse selecionar as informações, será que escolheria as mesmas notícias? O que eles mostram ali realmente influencia sua vida?

É assustador pensar que tem alguém decidindo por nós o que iremos saber e aquilo de que não tomaremos conhecimento. A quem servem esses senhores anônimos, mas conscientes do que fazem, levando mensagens a um público semi-adormecido? Precisamos acordar, despertar de nossa passividade e refletir acerca de como são fabricados, distribuídos e vendidos esses produtos chamados notícias, bens intangíveis, mas que nem por isso deixam de ser bens de consumo. Ligamos nossa TV despreocupadamente acreditando que iremos ouvir verdades. Será? Acreditamos que seus “conselhos” são bons. Será que são? Pensamos que as notícias veiculadas refletem realmente o que há de mais importante para saber. Será mesmo?

Você já reparou nos anúncios que assiste enquanto espera pelo próximo bloco? Quem são aquelas empresas que investem milhões para veicular seus nomes e seus produtos naquele chamado horário nobre em que milhões e milhões de pessoas estão, tal qual você, sentados assistindo aquele programa jornalístico? Claro, elas bancam o custo da produção televisiva que, todos sabemos, é muito alto e que nós recebemos gratuitamente em nossos lares.

Mas, será que em algum momento não pode haver um choque entre os interesses deles (patrocinadores) e nosso direito de conhecer os fatos e suas verdades? Se houver esse conflito, que sairá ganhando, nós, simples consumidores – e no mais das vezes, nem consumidores somos porque não podemos comprar o que eles vendem – ou os grandes e poderosos grupos que patrocinam os telejornais e enchem de glamour e de dinheiro os concessionários de canais de TV? Aliás, vale lembrar que as TVs têm apenas concessões e que, portanto, prestam um serviço publico por delegação do Estado.

Você já reparou que há varias formas de contar a mesma história? Várias abordagens, várias ênfases, vários significados? Já reparou que normalmente a primeira frase de uma matéria televisiva já determina de que forma ela deve ser interpretada e já prepara o caminho para a conclusão que deve ser tomada sobre o que foi dito? Já reparou que não há questões em aberto para você refletir? Tudo vem pronto, mastigado, resolvido. Em perfeita harmonia como roupa prêt-à-porter e como a comida fast-food, também alguém já lhe poupa o trabalho de pensar, de refletir, de analisar os fatos. O risco é você começar a acreditar que não tem capacidade para pensar, já que não lhe dão essa oportunidade.

Você já reparou que todos os dias as pessoas repetem, nas ruas, no trabalho, nos bares, a surrada frase “você viu… na TV ontem, que coisa horrível/engraçada/triste/absurda?” E se você, naquela fatídica noite, precisou levar sua sogra para a rodoviária e perdeu o famigerado pautador de assuntos, passa a ser considerado um desprezível e desatualizado cidadão que não leu na cartilha da boiada a lição da noite anterior. O curioso é que todos saem com a mesma opinião pasteurizada sobre os assuntos e ai de você se discordar do senso comum!

Em suma, alguém decide sobre o que você vai conversar no dia seguinte e que impressão você vai causar no seu grupo social. Curioso, não? Mais curioso ainda é que tudo isso nos parece normal. Estranho é questionar essas coisas. Mas precisamos questioná-las. Não podemos permanecer adormecidos, passivos, conformados. Precisamos ansiar pela verdade simples, clara e objetiva e, sobretudo, não podemos deixar de considerar que toda mensagem é transmitida por alguém que está dentro de um contexto, que faz escolhas, que tem um objetivo ao transmiti-la. É necessário que essas mensagens astutamente elaboradas cheguem a cabeças críticas e conscientes e não apenas depósitos cerebrais de informações e interpretações pré-fabricadas.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

O GROBO não Mente, Mas Também Não Fala a Verdade O pessimismo antibrasileiro do Globo



(As pinturas da capa e acima pertencem ao alemão Jonathan Meese.)
O Brasil deve crescer de 7,5% a 8% este ano, o maior crescimento em 24 anos. Mas essa comparação é enganosa. O crescimento verificado no início da redemocratização, sob o governo Sarney, vinha acompanhado de inflação galopante, desemprego em alta e uma dívida externa insustentável. A situação atual, portanto, não encontra paralelo nas últimas décadas. Durante a ditadura, houve picos de crescimento, mas igualmente amparados no endividamento externo e num cenário de profunda concentração de renda. Talvez pudéssemos lembrar dos “anos dourados” da era Vargas, sempre mencionado por setores sindicais por causa do alto valor do salário mínimo da época. Mas estes salários eram uma realidade somente em ilhas de prosperidade, como o Rio de Janeiro dos anos 30 ao 50, sede do governo – e era sustentada em parte pela proliferação de estatais (necessárias, mas que geravam vagas somente aqui), em parte pelo estágio ainda não avançado das indústrias, que exigiam grande quantidade de mão-de-obra para funções que, hoje, são desempenhadas por robôs. O crescimento econômico da época restringia-se a poucas regiões do país.
O crescimento econômico de 2010 inclui ampla distribuição de renda, tanto a nível regional, com maior desempenho de áreas menos desenvolvidas, como Norte e Nordeste, como a nível de classe, com inclusão social de milhões de pessoas antes alijadas do mercado de consumo.
Em suma, sem querer parecer ufanista, atendo-se unicamente aos números, o crescimento que devemos registrar nesse peripatético ano de 2010 corresponde a recorde absoluto na história brasileira moderna. E como seria ridículo atribuir a qualquer ano de nossa triste história pré-abolição qualidades superiores aos de nossa recente e pujante democracia republicana, não seria nenhum absurdo afirmar que 2010 será o melhor ano jamais vivido pelo Brasil!
Jornalismo econômico se faz comparando, e para isso se exige parâmetros racionais. Por exemplo, se o Haiti crescer, no ano que vem, 20%, e o Brasil, 5%, seria estupidez ou mau caratismo (ou ambos) menosprezar os números brasileiros em função dos haitianos.
Pois é justamente isso o que a nossa famigerada mídia faz sistematicamente. Repare a manchete do Globo desta sexta-feira, 10 de dezembro de 2010:

Quem são esses emergentes? Quem é a América Latina? Vamos ao caderno de Economia do jornal, onde está a matéria que originou essa melancólica manchete platinada:
Em relação à América Latina, o Brasil só pode ser comparado, por seu tamanho, ao México e um pouco à Argentina. O crescimento desta última tinha que ser muito grande mesmo, em virtude do rombo terrível vivido pelo país na década de 90, por ter seguido políticas neoliberais. Observe que a média de crescimento da Argentina nos anos de 2003 a 2010, de 7,3%, deve nos trazer à lembrança um nome, ou melhor, um sobrenome, Kirchnner. Sempre que você ler uma matéria nos jornais bombardeando o casal K, lembre-se que os presidentes Nestor Kirchner e sua sucessora, Cristina, tiraram a Argentina do buraco. E lembre-se também que a Argentina, nesse mesmo período, tornou-se a segundo maior compradora de produtos brasileiros, superando os Estados Unidos; e mais, a Argentina consolidou-se como o grande destino de nossos manufaturados; sim, porque a China é uma grande parceira comercial, mas ninguém enfatiza o fato dos chineses importarem somente matéria-prima barata do Brasil, enquanto a Argentina importa sobretudo autopeças, máquinas e aparelhos elétricos brasileiros.
Em relação aos “emergentes” que teriam crescido mais que o Brasil, na verdade a matéria se refere ao BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China). Vejamos: a China é incomparável. Ela tem que crescer muito porque sua renda per capita é baixíssima, e pode crescer rápido porque toda ditadura tem facilidade para gerir política econômica. A história mostra que os ditadores, quando são competentes tecnicamente, tem vantagens enormes para gerenciarem grandes projetos de crescimento. Não tem imprensa enchendo saco. Não tem Ibama enchendo saco. Não tem Tribunal de Contas. Não tem CPI. A ordem é construir a maior hidrelétrica do mundo? Remove-se 10 milhões de pessoas sem choro nem vela, alaga-se paraísos naturais, impõe-se silêncio a qualquer crítica, e faz-se a usina, ponto final. Assim até eu!
Quanto à Índia, é um país igualmente com renda per capita baixíssima, com grande parte da população totalmente marginalizada de tudo, vivendo em miséria absoluta, trabalhando a qualquer preço. O Brasil poderia, pelo tamanho da população, ser comparado à Rússia, que cresceu numa média de 4,8% nos últimos anos. Mas a Rússia não distribuiu renda, não controlou a inflação nem tem uma economia diversificada como a brasileira. Seu crescimento baseou-se unicamente na indústria do petróleo.
Portanto, e agora já com medo de parecer um ufanista ridículo, também se poderia afirmar que o crescimento do Brasil de 2003 a 2010 apresenta muito mais qualidades do que o dos outros países do Bric e do resto da América Latina. A manchete do Globo escamoteia a realidade. Como a maioria das pessoas sequer lêem com atenção as matérias do caderno econômico, restringindo-se a um passar de vista sobre as manchetes, o substrato informativo que fica na mente do leitor é confuso e equivocado.
E por que o Globo faz isso?
Ora, porque a orientação dos editores do Globo, assim como de toda grande imprensa, é filtrar qualquer notícia que possa beneficiar politicamente o governo Lula.
Eu tento ver o lado positivo de tudo isso. O crescimento do Brasil está quase acima do recomendado, tanto que há um pico inflacionário (nada grave, mas que requer atenção). O negativismo do Globo serviria para esfriar o entusiasmo excessivo das massas consumidoras. Mas não é essa a intenção do Globo, nem a imprensa deve assumir esse papel triste e obscuro de puxar para baixo o astral de um país, por uma duvidosa estratégia macro-econômica. O que o Globo faz é puro desespero de torcer a realidadade. O resultado, embora pífio (vide a popularidade recorde de Lula, que periga chegar a 100% até o fim do mandato), tem como objetivo manter viva um núcleo de antipetismo, que servirá de base para a construir a estratégia de oposição ao governo Dilma nos próximos quatro anos e emplacar Aécio Neves em 2014.  Não podemos subestimar a oposição midiática, que sequer se preocupa em disfarçar melhor suas intenções: veja como a matéria termina:
E se o Brasil conseguiu avançar no governo Lula, isso também se deveu aos esforços da era FH, destacou Agostini:
- São dois momentos. É que nem Maradona e Pelé.
O economista da Cepal não está totalmente errado. Todos os presidentes anteriores a Lula participaram um pouco da situação atual. Mas por que essa obsessão em defender FHC? Por que não usar o espaço para trazer mais informações sobre a qualidade do nosso crescimento? Por que a insistência em diminuir o valor simbólico do espetacular crescimento econômico de nosso país em 2010, num ambiente internacional fortemente negativo, com as grandes potências em crise?
Claro que há problemas graves que devem ser abordados. Há outras matérias na mesma edição mencionando o aumento forte das importações e o perigo que isso traz para a indústria nacional. O que me espanta é não haver, em parte alguma do jornal, um grama de alegria com o desempenho recorde da economia. Essa obsessão por uma visão negativista, irritada, rancorosa, de toda notícia boa para o Brasil, não estaria por trás desses surtos de ódio que explodiram nas últimas eleições? Arriscaria-me até a dizer que ela tem alguma influência sobre as manifestações racistas e homofóbicas que vemos em São Paulo, pois não posso crer que alguém que vê o Brasil com otimismo e esperança, e que votou em Dilma Rousseff, possa cometer o desatino de espancar gratuitamente uma pessoa apenas porque ela é gay ou nordestina. Sei que a maioria dos eleitores do Serra são pessoas boas, simples, honestas e pacíficas. Mas há uma minoria barulhenta, reacionária, cujo ódio é alimentado pela interpretação negativa de qualquer coisa boa que exista no Brasil. Onde está o governador eleito Geraldo Alckmin que até agora não fez declarações enfáticas contra os atos de agressão em São Paulo? Onde está Serra?
Eu não sou nenhum fanático do otimismo; ao contrário, procuro alimentar uma visão do mundo que seja imparcial neste sentido. Há coisas que se deterioram, outras que evoluem. Mas é claro que o otimismo tem uma função biológica e psicológica fundamental para o progresso de indivíduos e nações. Como dizia um grande filósofo (William James) dos Estados Unidos, nação fundada sobre um otimismo inquebrantável, messiânico: O pessimismo conduz à fraqueza, o otimismo ao poder!

DO Gonzum ex Óleo do Diabo
do  Miguel do Rosário
René Amaral