Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Dívidas caem mas calote aumenta? O “milagre” do jornalismo brasileiro

 
 
 
 
Os jornais de hoje alardeiam: “Calote do consumidor cresce 21,5%, a maior alta desde 2002″.
Pronto, temos uma crise de inadimplência gravíssima, as pessoas, endividadas, não conseguem pagar suas contas, as empresas, sem receber, perdem seu fluxo de caixa, a economia caminha para a crise.
Verdade?
Bem, a notícia toma como base os indicadores do Serasa Experian, uma empresa de cadastro de crédito que, como poucas, sabe explorar a mídia espontânea que seus indicadores lhe dão.
Olhemos, então, o que dizem estes dados,  na tabela  que acompanha a divulgação do índicee a gente reproduz aí em cima.
E o que aconteceu, segundo o próprio Serasa?
 ”Em 2011, o valor médio das dívidas não bancárias (cartões de crédito, financeiras, lojas em geral e prestadoras de serviços como telefonia e fornecimento de energia elétrica e água), foi de R$ 320,63, o que representou uma queda de 17,3% na comparação com 2010.
Quanto às dívidas com bancos, o valor médio verificado ao longo dos doze meses de 2011 foi de R$ 1.302,12, com redução de 0,7% ante o mesmo acumulado de 2010.
Os títulos protestados, por sua vez, registraram em 2011 um valor médio de R$ 1.372,86, ocasionando um crescimento de 16,0% quando comparado com 2010.
Por fim, os cheques sem fundos tiveram, em 2011, um valor médio de R$ 1.359,19, representando um aumento de 8,4% sobre 2010.”

Bem, aí você vai olhar qual é o peso de cada modalidade de inadimplência no índice. As dívidas não-bancárias respondem por 39,8% do indicador; as com os bancos, por 48,2%. Já os cheques sem fundo, 10,5% e os títulos protestados, apenas 1,5%.
Portanto, se você aplicar a ponderação que o próprio Serasa define, o resultado é que o valor médio das dívidas decresceu 6,04%, se comparado os anos de 2011 e 2010.
Mas aí você descobre que o indicador mede, na verdade, ” as variações registradas no número de cheques sem fundos, títulos protestados, dívidas vencidas com bancos e dívidas não bancárias (lojas em geral, cartões de crédito, financeiras, prestadoras de serviços como fornecimento de energia elétrica, água, telefonia etc.)
O que, claro, não mede nada, porque você não pode considerar aumento da inadimplência em números absolutos, porque senão três carnês de R$ 20 em atraso representam uma inadimplência maior do que uma prestação vencida de 500 reais. Principalmente porque você tem, com a bancarização da população e o crescimento do crédito uma base cada vez maior de operações de crédito.
O próprio Serasa sabe e diz que não há qualquer bolha de cre´dito no Brasil e muito menos seu estouro. O próprio Serasa já advertiu que a tendência de inadimplência é decrescente.
Essa é uma das  história do catastrofismo nosso da cada dia na mídia.
O mesmo Serasa, em press- release distribuído dois dias antes, registra que o número de falências decretadas no ano de 2011 caiu 30% (de 908 para 641) e o de falência requeridas baixou 27%, de 2.371 para 1.737.
Obviamente, isso não é manchete.
Mas é assim que se constrói boa parte do noticiário econômico no Brasil.
Ano passado, o mundo ia de vento em pôpa, crescendo. E este otimismo era medido aqui: o indicador FGV/Banco Central de confiança do comércio dizia que, de 1244 empresas pesquisadas, 755 delas previam um aumento nas vendas.
Agora, com o mundo mergulhado na crise e a incerteza por toda a parte, 711  – 56,2% - continuam achando que vão vender mais.
E isso é apresentado como um clima de pessimismo.

E aí a gente continua naquele clima de que nada do que fazemos dá certo e o melhor é que alguém tome conta de nós, como incapazes.
Por: Fernando Brito

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

O que a TV nos manda ver


Reproduzo artigo publicado no blog Passe Livre:

O Correio do Metrô desta semana, ano 18/edição 397, traz interessante, oportuno e inquietante artigo da jornalista e psicóloga Sandra Fernandes onde ela nos propoe uma reflexão acerca da forma como nós aceitamos, passivamente, a ditadura de conteúdo da TV.

Trata-se de reflexão pra lá de oportuna, tendo em vista que o telespectador brasileiro se depara uma vez mais com o tal do BBB e a manipulação de conteúdo dos telejornais no que diz respeito ao Egito e Oriente Médio. Confira!
via Blog do  Miro

O que a TV nos manda ver

Sandra Fernandes

Você já reparou que temos o hábito consolidado de sentar no sofá, ligar a TV e esperar por informações acerca do que está acontecendo no mundo, dia após dia, ouvindo, consumindo, mas nunca questionando? Alguma vez já se perguntou que fatia dos acontecimentos mundiais, nacionais e locais está representada ali? Já pensou em quanta coisa fica fora dos noticiários? Já parou para refletir que existe alguém que decide o que entra no ar e o que não entra? Já se perguntou quais critérios essa pessoa usa para fazer essa triagem noticiosa decidindo o que será e o que não será repassado ao telespectador? Será que aquilo que ela considera importante seria o mesmo que você consideraria importante? Se você pudesse selecionar as informações, será que escolheria as mesmas notícias? O que eles mostram ali realmente influencia sua vida?

É assustador pensar que tem alguém decidindo por nós o que iremos saber e aquilo de que não tomaremos conhecimento. A quem servem esses senhores anônimos, mas conscientes do que fazem, levando mensagens a um público semi-adormecido? Precisamos acordar, despertar de nossa passividade e refletir acerca de como são fabricados, distribuídos e vendidos esses produtos chamados notícias, bens intangíveis, mas que nem por isso deixam de ser bens de consumo. Ligamos nossa TV despreocupadamente acreditando que iremos ouvir verdades. Será? Acreditamos que seus “conselhos” são bons. Será que são? Pensamos que as notícias veiculadas refletem realmente o que há de mais importante para saber. Será mesmo?

Você já reparou nos anúncios que assiste enquanto espera pelo próximo bloco? Quem são aquelas empresas que investem milhões para veicular seus nomes e seus produtos naquele chamado horário nobre em que milhões e milhões de pessoas estão, tal qual você, sentados assistindo aquele programa jornalístico? Claro, elas bancam o custo da produção televisiva que, todos sabemos, é muito alto e que nós recebemos gratuitamente em nossos lares.

Mas, será que em algum momento não pode haver um choque entre os interesses deles (patrocinadores) e nosso direito de conhecer os fatos e suas verdades? Se houver esse conflito, que sairá ganhando, nós, simples consumidores – e no mais das vezes, nem consumidores somos porque não podemos comprar o que eles vendem – ou os grandes e poderosos grupos que patrocinam os telejornais e enchem de glamour e de dinheiro os concessionários de canais de TV? Aliás, vale lembrar que as TVs têm apenas concessões e que, portanto, prestam um serviço publico por delegação do Estado.

Você já reparou que há varias formas de contar a mesma história? Várias abordagens, várias ênfases, vários significados? Já reparou que normalmente a primeira frase de uma matéria televisiva já determina de que forma ela deve ser interpretada e já prepara o caminho para a conclusão que deve ser tomada sobre o que foi dito? Já reparou que não há questões em aberto para você refletir? Tudo vem pronto, mastigado, resolvido. Em perfeita harmonia como roupa prêt-à-porter e como a comida fast-food, também alguém já lhe poupa o trabalho de pensar, de refletir, de analisar os fatos. O risco é você começar a acreditar que não tem capacidade para pensar, já que não lhe dão essa oportunidade.

Você já reparou que todos os dias as pessoas repetem, nas ruas, no trabalho, nos bares, a surrada frase “você viu… na TV ontem, que coisa horrível/engraçada/triste/absurda?” E se você, naquela fatídica noite, precisou levar sua sogra para a rodoviária e perdeu o famigerado pautador de assuntos, passa a ser considerado um desprezível e desatualizado cidadão que não leu na cartilha da boiada a lição da noite anterior. O curioso é que todos saem com a mesma opinião pasteurizada sobre os assuntos e ai de você se discordar do senso comum!

Em suma, alguém decide sobre o que você vai conversar no dia seguinte e que impressão você vai causar no seu grupo social. Curioso, não? Mais curioso ainda é que tudo isso nos parece normal. Estranho é questionar essas coisas. Mas precisamos questioná-las. Não podemos permanecer adormecidos, passivos, conformados. Precisamos ansiar pela verdade simples, clara e objetiva e, sobretudo, não podemos deixar de considerar que toda mensagem é transmitida por alguém que está dentro de um contexto, que faz escolhas, que tem um objetivo ao transmiti-la. É necessário que essas mensagens astutamente elaboradas cheguem a cabeças críticas e conscientes e não apenas depósitos cerebrais de informações e interpretações pré-fabricadas.