Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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quarta-feira, 13 de novembro de 2013

VALOR INVENTA FERROVIA QUE NÃO EXISTE Se funciona, não funcionará, porque não há infraestrutura. Como bondinho do Pão de Açúcar

O ansioso blogueiro pegou o avião na conexão.

Tomou assento que tinha sido ocupado por alguém que deixou um exemplar do Valor intocado como a reputação do Cerra.

O passageiro anterior não o maculou.

Devia ser daqueles exemplares que as mocinhas distribuem de graça no embarque.

Ainda no aeroporto, o ansioso blogueiro tinha concluído a releitura do “Memorial de Aires”.

Admirável, a maturidade do Bruxo do Cosme Velho !

O ansioso blogueiro foi obrigado, então, a folhear o PiG (*) cheiroso na volta para casa.

E fez uma constatação estatística.

Há dois tipos de “reportagens” no Valor.

(Não se trata aqui das colonas (**), invariavelmente Golpistas – chiques, mas Golpistas como a Folha (***) quevirou piada de mau gosto e ficou à Direita da Ku Klux Klan para tomar o lugar do Estadão, em comatoso estado).

Um tipo de reportagem do Valor diz que o Brasil vai afundar irremediavelmente, porque não tem infraestrutura.

Não adianta nem tentar.

Seja lá o que se tentar empreender, esbarrará na absoluta falta de infraestrutura.

Não há, por exemplo, bondinhos que levem os turistas ao topo do Pão de Açúcar.

Um absurdo !

Assim a livre iniciativa não prospera.

O Turismo não avança.

O que dirão os estrangeiros ?

A Dilma não dialoga com os empresários e dá nisso – não se chega ao topo do Pão de Açúcar !

O outro tipo de reportagem admite que alguma coisa funcione até, até que dependa da infraestrutura.

Aí, vai parar de funcionar !

O bondinho pode ser comprado, a estação, montada, mas entre um morro e outro não há o caminho de aço que sustente o bondinho na subida ou descida.

Resultado: o fiasco do Pão de Açúcar revela um PIB potencial não realizado que as agências de risco anotarão com implacável rigor !

Numa ou noutra forma de fazer reportagem, o Brasil é uma m…, diria o Gilberto Freire com “i”(****).

O que pode ir bem breve irá para o saco, por falta de infraestrutura.

E o que não tem infraestrutura, como o bondinho do Pão de Açúcar,  para o saco já foi, antes de começar.

Qual “infraestrutura”?, perguntará o amigo navegante.

Qualquer uma.

Pontes, eclusas – como fez o Fantástico este domingo -, rodovias, ferrovias, paralelepípedos, tijolos, parafusos, maçanetas, apito para os jogos da Copa, portos, aeroportos, GPS, lanternas, fitas métricas, tesoura de unha e até falta de hóstia na Catedral de Brasília.

Nesta terça-feira, o Valor produziu uma obra-prima.

Ao descrever a viagem da Presidenta Dilma a Lima, o Valor informa que uma ferrovia – SE FICAR PRONTA ! – permitirá o transporte de carga do Brasil para portos do Peru, no Pacifico.

O Valor se esquece de lembrar que já existe uma rodovia que sai do Acre, corta a Cordilheira, e faz isso, exatamente: chega a portos do Peru.

Assim como outra liga Mato Grosso do Sul, pela Bolívia, até portos do Chile.

O Brasil já é uma economia bi-oceânica.

Apesar do Valor …

Mas, agora, o Valor se excedeu.

Criou uma outra categoria de infraestrutura.

A “não ferrovia”.

A ferrovia que não fica pronta.

Para que serve uma “não-ferrovia”, amigo navegante ?

Por que o Brasil e o Peru perderiam seu tempo para construir uma “não-ferrovia”, uma ferrovia que pode não ficar pronta ?

O ansioso blogueiro se pôs a imaginar como os Ministérios dos Transportes do Brasil e do Peru se debruçariam sobre o projeto de uma “não-ferrovia”…

Como seria o projeto de uma “não-ponte” ?

Um “não-avião” ?

Um “não-bondinho”?

Um confeiteiro que prepararia um “não-bolo-de-noiva” para um casamento.

Veio à mente do ansioso blogueiro a lembrança de um motorista de uma camionete de padaria que conduzia pães por uma magnífica autoestrada portuguesa.

Uma infraestrutura de deixar o Valor estupefato.

Impecável, germânica.

Só tinha um problema.

Por lá não passavam carros e caminhões muito menos.

Por minutos e minutos havia dois e apenas dois meios de transporte ali:  o carro do ansioso blogueiro e a van do padeiro.

E não é que, numa reta, o padeiro abriu o jornal na página de esportes em cima da barra de direção, e dirigiu por minutos a ler as notícias do F. C. do Porto (sim, porque estávamos a caminho de Coimbra, vindo do Porto…).

O repórter do Valor passaria por essa estrada e, ao chegar a Coimbra e instalar-se na Quinta das Lágrimas,  despacharia intrépida reportagem sobre as excelências da infraestrutura !

Aí, caro amigo navegante, saímos do terreno da logística, da engenharia e da panificação portuguesa para o campo da Literatura.

Se o amigo navegante concorda com a tese de que a maturidade do Bruxo do Cosme Velho é incomparável, o que dirá da obra de outro bruxo, o Jorge Luís Borges ?

Sim, porque uma “não-ferrovia” é da categoria dos “seres imaginários” da literatura fantástica que consagrou Borges.

Já imaginou o “Aleph” escondido sob os trilhos de uma “não -ferrovia”?

A “não-ferrovia” figura nas obras do PAC-2 ?

Não !

A “não-ferrovia” leva a composição do “trem fantasma” que transporta o PiG ao túnel dos horrores.

E, quando saltar do trem, na estação final, o PiG se defrontará consigo mesmo: é um palhaço !

Paulo Henrique Amorim


(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

(**) Não tem nada a ver com cólon. São os colonistas do PiG que combateram na milícia para derrubar o presidente Lula e, depois, a presidenta Dilma. E assim se comportarão sempre que um presidente no Brasil, no mundo e na Galáxia tiver origem no trabalho e, não, no capital. O Mino Carta costuma dizer que o Brasil é o único lugar do mundo em que jornalista chama patrão de colega. É esse pessoal aí.

(***) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é,  porque o dono é o que é; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.

(****) Ali Kamel, o mais poderoso diretor de jornalismo da história da Globo (o ansioso blogueiro trabalhou com os outros três), deu-se de antropólogo e sociólogo com o livro “Não somos racistas”, onde propõe que o Brasil não tem maioria negra. Por isso, aqui, é conhecido como o Gilberto Freire com “ï”. Conta-se que, um dia, D. Madalena, em Apipucos, admoestou o Mestre: Gilberto, essa carta está há muito tempo em cima da tua mesa e você não abre. Não é para mim, Madalena, respondeu o Mestre, carinhosamente. É para um Gilberto Freire com “i”.

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