O ansioso blogueiro pegou o avião na conexão.
Tomou assento que tinha sido ocupado por alguém que deixou um exemplar do Valor intocado como a reputação do Cerra.
O passageiro anterior não o maculou.
Devia ser daqueles exemplares que as mocinhas distribuem de graça no embarque.
Ainda no aeroporto, o ansioso blogueiro tinha concluído a releitura do “Memorial de Aires”.
Admirável, a maturidade do Bruxo do Cosme Velho !
O ansioso blogueiro foi obrigado, então, a folhear o PiG (*) cheiroso na volta para casa.
E fez uma constatação estatística.
Há dois tipos de “reportagens” no Valor.
(Não se trata aqui das colonas (**), invariavelmente Golpistas – chiques, mas Golpistas como a Folha (***) quevirou piada de mau gosto e ficou à Direita da Ku Klux Klan para tomar o lugar do Estadão, em comatoso estado).
Um tipo de reportagem do Valor diz que o Brasil vai afundar irremediavelmente, porque não tem infraestrutura.
Não adianta nem tentar.
Seja lá o que se tentar empreender, esbarrará na absoluta falta de infraestrutura.
Não há, por exemplo, bondinhos que levem os turistas ao topo do Pão de Açúcar.
Um absurdo !
Assim a livre iniciativa não prospera.
O Turismo não avança.
O que dirão os estrangeiros ?
A Dilma não dialoga com os empresários e dá nisso – não se chega ao topo do Pão de Açúcar !
O outro tipo de reportagem admite que alguma coisa funcione até, até que dependa da infraestrutura.
Aí, vai parar de funcionar !
O bondinho pode ser comprado, a estação, montada, mas entre um morro e outro não há o caminho de aço que sustente o bondinho na subida ou descida.
Resultado: o fiasco do Pão de Açúcar revela um PIB potencial não realizado que as agências de risco anotarão com implacável rigor !
Numa ou noutra forma de fazer reportagem, o Brasil é uma m…, diria o Gilberto Freire com “i”(****).
O que pode ir bem breve irá para o saco, por falta de infraestrutura.
E o que não tem infraestrutura, como o bondinho do Pão de Açúcar, para o saco já foi, antes de começar.
Qual “infraestrutura”?, perguntará o amigo navegante.
Qualquer uma.
Pontes, eclusas – como fez o Fantástico este domingo -, rodovias, ferrovias, paralelepípedos, tijolos, parafusos, maçanetas, apito para os jogos da Copa, portos, aeroportos, GPS, lanternas, fitas métricas, tesoura de unha e até falta de hóstia na Catedral de Brasília.
Nesta terça-feira, o Valor produziu uma obra-prima.
Ao descrever a viagem da Presidenta Dilma a Lima, o Valor informa que uma ferrovia – SE FICAR PRONTA ! – permitirá o transporte de carga do Brasil para portos do Peru, no Pacifico.
O Valor se esquece de lembrar que já existe uma rodovia que sai do Acre, corta a Cordilheira, e faz isso, exatamente: chega a portos do Peru.
Assim como outra liga Mato Grosso do Sul, pela Bolívia, até portos do Chile.
O Brasil já é uma economia bi-oceânica.
Apesar do Valor …
Mas, agora, o Valor se excedeu.
Criou uma outra categoria de infraestrutura.
A “não ferrovia”.
A ferrovia que não fica pronta.
Para que serve uma “não-ferrovia”, amigo navegante ?
Por que o Brasil e o Peru perderiam seu tempo para construir uma “não-ferrovia”, uma ferrovia que pode não ficar pronta ?
O ansioso blogueiro se pôs a imaginar como os Ministérios dos Transportes do Brasil e do Peru se debruçariam sobre o projeto de uma “não-ferrovia”…
Como seria o projeto de uma “não-ponte” ?
Um “não-avião” ?
Um “não-bondinho”?
Um confeiteiro que prepararia um “não-bolo-de-noiva” para um casamento.
Veio à mente do ansioso blogueiro a lembrança de um motorista de uma camionete de padaria que conduzia pães por uma magnífica autoestrada portuguesa.
Uma infraestrutura de deixar o Valor estupefato.
Impecável, germânica.
Só tinha um problema.
Por lá não passavam carros e caminhões muito menos.
Por minutos e minutos havia dois e apenas dois meios de transporte ali: o carro do ansioso blogueiro e a van do padeiro.
E não é que, numa reta, o padeiro abriu o jornal na página de esportes em cima da barra de direção, e dirigiu por minutos a ler as notícias do F. C. do Porto (sim, porque estávamos a caminho de Coimbra, vindo do Porto…).
O repórter do Valor passaria por essa estrada e, ao chegar a Coimbra e instalar-se na Quinta das Lágrimas, despacharia intrépida reportagem sobre as excelências da infraestrutura !
Aí, caro amigo navegante, saímos do terreno da logística, da engenharia e da panificação portuguesa para o campo da Literatura.
Se o amigo navegante concorda com a tese de que a maturidade do Bruxo do Cosme Velho é incomparável, o que dirá da obra de outro bruxo, o Jorge Luís Borges ?
Sim, porque uma “não-ferrovia” é da categoria dos “seres imaginários” da literatura fantástica que consagrou Borges.
Já imaginou o “Aleph” escondido sob os trilhos de uma “não -ferrovia”?
A “não-ferrovia” figura nas obras do PAC-2 ?
Não !
A “não-ferrovia” leva a composição do “trem fantasma” que transporta o PiG ao túnel dos horrores.
E, quando saltar do trem, na estação final, o PiG se defrontará consigo mesmo: é um palhaço !
Paulo Henrique Amorim
Tomou assento que tinha sido ocupado por alguém que deixou um exemplar do Valor intocado como a reputação do Cerra.
O passageiro anterior não o maculou.
Devia ser daqueles exemplares que as mocinhas distribuem de graça no embarque.
Ainda no aeroporto, o ansioso blogueiro tinha concluído a releitura do “Memorial de Aires”.
Admirável, a maturidade do Bruxo do Cosme Velho !
O ansioso blogueiro foi obrigado, então, a folhear o PiG (*) cheiroso na volta para casa.
E fez uma constatação estatística.
Há dois tipos de “reportagens” no Valor.
(Não se trata aqui das colonas (**), invariavelmente Golpistas – chiques, mas Golpistas como a Folha (***) quevirou piada de mau gosto e ficou à Direita da Ku Klux Klan para tomar o lugar do Estadão, em comatoso estado).
Um tipo de reportagem do Valor diz que o Brasil vai afundar irremediavelmente, porque não tem infraestrutura.
Não adianta nem tentar.
Seja lá o que se tentar empreender, esbarrará na absoluta falta de infraestrutura.
Não há, por exemplo, bondinhos que levem os turistas ao topo do Pão de Açúcar.
Um absurdo !
Assim a livre iniciativa não prospera.
O Turismo não avança.
O que dirão os estrangeiros ?
A Dilma não dialoga com os empresários e dá nisso – não se chega ao topo do Pão de Açúcar !
O outro tipo de reportagem admite que alguma coisa funcione até, até que dependa da infraestrutura.
Aí, vai parar de funcionar !
O bondinho pode ser comprado, a estação, montada, mas entre um morro e outro não há o caminho de aço que sustente o bondinho na subida ou descida.
Resultado: o fiasco do Pão de Açúcar revela um PIB potencial não realizado que as agências de risco anotarão com implacável rigor !
Numa ou noutra forma de fazer reportagem, o Brasil é uma m…, diria o Gilberto Freire com “i”(****).
O que pode ir bem breve irá para o saco, por falta de infraestrutura.
E o que não tem infraestrutura, como o bondinho do Pão de Açúcar, para o saco já foi, antes de começar.
Qual “infraestrutura”?, perguntará o amigo navegante.
Qualquer uma.
Pontes, eclusas – como fez o Fantástico este domingo -, rodovias, ferrovias, paralelepípedos, tijolos, parafusos, maçanetas, apito para os jogos da Copa, portos, aeroportos, GPS, lanternas, fitas métricas, tesoura de unha e até falta de hóstia na Catedral de Brasília.
Nesta terça-feira, o Valor produziu uma obra-prima.
Ao descrever a viagem da Presidenta Dilma a Lima, o Valor informa que uma ferrovia – SE FICAR PRONTA ! – permitirá o transporte de carga do Brasil para portos do Peru, no Pacifico.
O Valor se esquece de lembrar que já existe uma rodovia que sai do Acre, corta a Cordilheira, e faz isso, exatamente: chega a portos do Peru.
Assim como outra liga Mato Grosso do Sul, pela Bolívia, até portos do Chile.
O Brasil já é uma economia bi-oceânica.
Apesar do Valor …
Mas, agora, o Valor se excedeu.
Criou uma outra categoria de infraestrutura.
A “não ferrovia”.
A ferrovia que não fica pronta.
Para que serve uma “não-ferrovia”, amigo navegante ?
Por que o Brasil e o Peru perderiam seu tempo para construir uma “não-ferrovia”, uma ferrovia que pode não ficar pronta ?
O ansioso blogueiro se pôs a imaginar como os Ministérios dos Transportes do Brasil e do Peru se debruçariam sobre o projeto de uma “não-ferrovia”…
Como seria o projeto de uma “não-ponte” ?
Um “não-avião” ?
Um “não-bondinho”?
Um confeiteiro que prepararia um “não-bolo-de-noiva” para um casamento.
Veio à mente do ansioso blogueiro a lembrança de um motorista de uma camionete de padaria que conduzia pães por uma magnífica autoestrada portuguesa.
Uma infraestrutura de deixar o Valor estupefato.
Impecável, germânica.
Só tinha um problema.
Por lá não passavam carros e caminhões muito menos.
Por minutos e minutos havia dois e apenas dois meios de transporte ali: o carro do ansioso blogueiro e a van do padeiro.
E não é que, numa reta, o padeiro abriu o jornal na página de esportes em cima da barra de direção, e dirigiu por minutos a ler as notícias do F. C. do Porto (sim, porque estávamos a caminho de Coimbra, vindo do Porto…).
O repórter do Valor passaria por essa estrada e, ao chegar a Coimbra e instalar-se na Quinta das Lágrimas, despacharia intrépida reportagem sobre as excelências da infraestrutura !
Aí, caro amigo navegante, saímos do terreno da logística, da engenharia e da panificação portuguesa para o campo da Literatura.
Se o amigo navegante concorda com a tese de que a maturidade do Bruxo do Cosme Velho é incomparável, o que dirá da obra de outro bruxo, o Jorge Luís Borges ?
Sim, porque uma “não-ferrovia” é da categoria dos “seres imaginários” da literatura fantástica que consagrou Borges.
Já imaginou o “Aleph” escondido sob os trilhos de uma “não -ferrovia”?
A “não-ferrovia” figura nas obras do PAC-2 ?
Não !
A “não-ferrovia” leva a composição do “trem fantasma” que transporta o PiG ao túnel dos horrores.
E, quando saltar do trem, na estação final, o PiG se defrontará consigo mesmo: é um palhaço !
Paulo Henrique Amorim
(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.
(**) Não tem nada a ver com cólon. São os colonistas do PiG que combateram na milícia para derrubar o presidente Lula e, depois, a presidenta Dilma. E assim se comportarão sempre que um presidente no Brasil, no mundo e na Galáxia tiver origem no trabalho e, não, no capital. O Mino Carta costuma dizer que o Brasil é o único lugar do mundo em que jornalista chama patrão de colega. É esse pessoal aí.
(***) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é, porque o dono é o que é; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.
(****) Ali Kamel, o mais poderoso diretor de jornalismo da história da Globo (o ansioso blogueiro trabalhou com os outros três), deu-se de antropólogo e sociólogo com o livro “Não somos racistas”, onde propõe que o Brasil não tem maioria negra. Por isso, aqui, é conhecido como o Gilberto Freire com “ï”. Conta-se que, um dia, D. Madalena, em Apipucos, admoestou o Mestre: Gilberto, essa carta está há muito tempo em cima da tua mesa e você não abre. Não é para mim, Madalena, respondeu o Mestre, carinhosamente. É para um Gilberto Freire com “i”.
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