Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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quarta-feira, 27 de março de 2013

O temor do Azenha sobre a lista fascista do colunista da Veja

Eduguim.
No fim do ano passado, o colunista da revista Veja Augusto Nunes publicou em seu “blog” – hospedado no site da revista, da qual é colunista – uma lista esquisita em que divide os que apoiam o ex-presidente Lula em “núcleos” parecidos com aqueles em que o procurador-geral da República dividiu os réus da Ação Penal 470 (inquérito do mensalão).
Na visão do colunista, empresários, sindicalistas, políticos, jornalistas, artistas e acadêmicos dividir-se-iam em “núcleos” de apoio a Lula – “político, operacional-financeiro, artístico-intelectual-colunável, jurídico, jornalístico-esgotosférico, sindical, presidiário, internacional e doméstico” (este último, inclui a família do ex-presidente).
Este blogueiro foi incluído no “núcleo jornalístico-esgotosférico” – ao menos na primeira de várias outras versões da lista que foram surgindo e que foi a mais difundida, como ocorre com qualquer post na internet logo que é publicado. Figurei ao lado de nomes como Luis Fernando Veríssimo, Mino Carta, Luis Nassif e Paulo Henrique Amorim.
Veja, abaixo, a lista completa.
Inicialmente, pareceu-me uma brincadeira – de gosto obviamente duvidoso – de alguém que enxerga a política como guerra, em vez de substituta para a guerra como realmente ela é. Alguém que, apesar da cara-de-pau de ainda se dizer “isento”, não passa de um militante político.
Alguns dias após a publicação da lista, avisado por leitores fui conferi-la e fiz até uma brincadeira aqui no Blog agradecendo ao Augusto Nunes por ter me colocado ao lado de nomes importantes da vida nacional.
No dia seguinte, reuni-me com amigos blogueiros no nosso quartel-general oficioso, o restaurante Sujinho, na avenida Consolação, no centro de São Paulo. Com Luiz Carlos Azenha, Paulo Henrique Amorim, Rodrigo Vianna, Altamiro Borges, Renato Rovai, Conceição Oliveira e Conceição Lemes, ri muito da lista do colunista da Veja.
Do começo do ano para cá, porém, o Azenha começou a me dizer de sua preocupação com aquela lista. Sua tese é a de que, mesmo se for brincadeira de Augusto Nunes – o que já não tenho certeza que seja, pois hoje me parece ter um propósito –, algum psicopata desses que se vê aos montes todo dia na internet postando comentários nojentos em blogs e sites pode resolver agir como aquilo que é (psicopata) e cometer uma violência.
De fato, já pude verificar na carne que alguns desses “trolls” que se vê na internet não são flor que se cheire. Em 2010, no encontro de blogueiros progressistas de Brasília, que foi prestigiado pelo presidente Lula, que ali compareceu e deu uma palestra, uma dupla de rapazes espantou as centenas de pessoas presentes por ter ido lá para me atacar.
Os dois rapazes mandaram confeccionar vários cartazes coloridos em que me insultavam e acusavam de manipular pessoas aqui no Blog. Logo que cheguei, aproximaram-se de mim e me insultaram e ameaçaram de uma forma que pensei que partiriam para a agressão física.
Pelo Twitter, ano passado, um outro rapaz chegou a fazer ameaça pública de me encontrar e me espancar. As ameaças foram tão insistentes que o caso foi levado à ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Maria do Rosário. Detalhe: o rapaz aparece em fotos ao lado de outro colunista-blogueiro da Veja, Reinaldo Azevedo, e de alguns militares.
Há alguns meses, no site Brasil 247, onde meus posts são reproduzidos ininterruptamente, um leitor sugeriu que eu fosse abatido a tiros devido às minhas opiniões políticas.
Isso sem falar dos ataques à minha família, que não poupam nem a minha filha Victoria, que, como todos sabem, é uma criança portadora de paralisia cerebral e que está gravemente doente, vivendo em regime de internação hospitalar via home-care.
Apesar de tudo isso, por reiteradas vezes disse ao Azenha, diante de seus avisos, que não levava a sério a hipótese de a lista de Augusto Nunes poder estimular algum desses psicopatas a me “justiçar”. Talvez por isso, meu amigo tomou uma atitude mais radical que, aliás, surpreendeu-me, porque ele não é dado a teorias conspiratórias.
Azenha é o melhor exemplo de jornalista de verdade que conheço. Ele tem uma visão extremamente profissional. Não se deixa embalar por emoções. E, como bom jornalista, questiona tudo, inclusive o lado petista, ainda que enxergue no lado tucano da política uma situação mais preocupante para o país por fatos como essa lista do Augusto Nunes.
Aliás, quem é tido como dado a teorias conspiratórias sou eu. E o Azenha é a minha antítese.
A atitude radical que o Azenha tomou aparentemente não só para me alertar, mas para denunciar algo que ainda não sei o que é, porque ainda não conversamos pessoalmente – só conversamos por email porque a vida dele, de repórter da Record, é uma correria só –, foi publicar um post em que externa seu temor por minha segurança e de minha família.
Para quem não leu, reproduzo, abaixo, o post que o Azenha publicou na última segunda-feira em seu site, o Viomundo.
—–
publicado em 25 de março de 2013 às 17:36
por Luiz Carlos Azenha
Cláudio Marques era jornalista. Escrevia num jornal de grande circulação em São Paulo, durante a ditadura militar. Era o Shopping News. Jornal gratuito, mas que muita gente lia aos domingos. Cláudio Marques publicou uma série de notas sobre comunismo na TV Cultura de São Paulo.
Não sei se chegou a citar o nome de Vladimir Herzog. Sei, de ter lido, que uma delas dizia respeito à guerra do Vietnã. Cláudio aparentemente acreditava que a cobertura da Cultura era antiamericana. Vladimir Herzog acabou preso e executado.
Eu, em geral, não ligo para aquelas correntes espalhadas pela internet. Prefiro atribuí-las a psicopatas. Porém, recentemente, uma em particular me chamou a atenção:
“Os soldados do passado deram a sua vida pelo Brasil, honrando o seu juramento; os do presente jamais permitirão que seja denegrida a imagem do soldado de todos os tempos. O Exército é uno e indivisível
ESSES INDIVÍDUOS NÃO SÃO PATRIOTAS, SÃO APÁTRIDAS E SÓ FAZEM MUITO BARULHO! NA HORA DO PEGAR PRA CAPAR, VÃO FAZER IGUAIS OS BANDIDOS DO MORRO DO ALEMÃO: DEBANDAR!. AH! O ZÉ DIRCEU NOS ANOS 60 TAMBÉM FUGIU PRA CUBA.
“MEXEU COM LULA, MEXEU COMIGO!”
Depois de 25 seguidores condenados e indo para a cadeia por Corrupção, eis que está sendo divulgada a lista daqueles que apoiam tudo isso e mais um pouco:
Parte dos que tem obrigação de defender os corruptos. São pagos para isso através de seus altos cargos no primeiro escalãO.
Seguem os nomes divulgados por Augusto Nunes da VEJA:
Confira a edição revista, aperfeiçoada e ampliada da lista dos que acham que mexer com o chefe supremo é mexer com eles.
Segue a famosa lista publicada pelo blogueiro Augusto Nunes, de Veja. Estou certo de que a intenção original dele era uma brincadeira bem humorada, ainda que você não ache graça nisso.
Não conheço o Augusto Nunes pessoalmente. No meio jornalístico não temos inimigos, mas adversários ideológicos. Pelo menos assim penso eu.
Porém, ao parir a lista, Augusto Nunes pariu um monstro que pode escapar a seu controle.
O Tarso Genro, o Abílio Diniz e o Luiz Carlos Bresser Pereira, citados na lista, têm meios de se defender. Física e, se for o caso, legalmente.
Apoiar um governo, por pior que ele seja, não é crime, a não ser que consideremos Lula/Dilma a encarnação de Hitler.
Mas lá no meio da lista está o nome de um simples blogueiro, Eduardo Guimarães, que não tem meios nem de garantir a sobrevivência da própria filha adoentada.
Espero que a Victoria não tenha lido a lista. Se leu, espero que não tenha entendido. Ou que sua condição física não se deteriore em função de saber que o pai faz parte de uma lista de “apátridas”. Fico preocupado com a interpretação que a esposa e as filhas do Eduardo deram à lista.
Ele é “inimigo” da Pátria? Alguém a ser eliminado?
Sei que o Eduardo, como vendedor de autopeças, não tem condições de pagar um segurança.
Anders Breivik, o matador de Oslo, como se viu no testemunho dele durante o julgamento, agiu acreditando piamente que estava fazendo justiça contra 69 jovens que achava serem perigosos esquerdistas do Partido Trabalhista da Noruega.
Há muitos psicopatas soltos por aí.
A internet é um meio poderosíssimo, capaz de incentivar as maiores loucuras. Há centenas de casos que eu poderia citar como exemplo, além da viagem psicótica do Breivik.
O que fiz? Em primeiro lugar, alertei o próprio Eduardo.
Em segundo lugar, acho que em nome da decência jornalística o Augusto Nunes deveria deixar explícito, em sua coluna, que aqueles apoiadores de Lula podem ser adversários políticos a combater, mas nunca inimigos a serem eliminados.
Eu não gosto de listas. Goebbels certamente tinha a sua. Beria também. Minha família sofreu tortura psicológica durante mais de 10 anos quando o nome de meu pai, comunista, foi incluída numa lista escrita por um delegado de polícia que era desafeto pessoal dele. Essa tortura deixou sequelas permanentes.
Os autores, portanto, não podem se eximir de responsabilidade quando as listas que compõem e divulgam têm o potencial de deflagrar uma caça às bruxas, bem no estilo macartista.
Fica o alerta.
—–
O Viomundo é um site sóbrio. Surpreendeu-me o Azenha transformar em post os alertas que vem me fazendo por conta da tal lista. Como já disse, ainda não conversamos direito. Não sei, portanto, o que o levou tão longe – além da nossa grande amizade, claro.
Todavia, é possível deduzir que ele tem detectado sinais de que essa lista fascista não foi só uma brincadeira e que tem um propósito. Isso se torna fácil de imaginar devido ao fato de que ela vem circulando em correntes de e-mails, entre outros meios. E sempre exaltando os ânimos de gente maluca como a que mencionei acima e que já me ameaçou.
O que posso fazer diante disso tudo? Muito pouco.
Evidentemente que não posso parar de escrever ou de dizer o que penso. Não tenho coragem de ter medo a ponto de me deixar intimidar – meu maior medo é não poder exercer minha liberdade de expressão.
E, claro, não posso contratar seguranças – pelas razões que o Azenha, que sabe como é minha vida, bem descreveu. Só me resta, portanto, apelar ao bom senso das pessoas: política não é guerra; política serve para substituir as guerras.
Por fim, Augusto Nunes, com sua lista fascista, tornou-se responsável por todos os que nela figuram ou figuraram. Há que analisar, portanto, a possibilidade de todos os citados fazerem um Boletim de Ocorrência preventivo, pois, se algo acontecer a qualquer um, o colunista-blogueiro da Veja terá que responder pelo ocorrido.
Patrick Mariano: Frase de jornalista/humorista do CQC é digna de torturador
CQC usou criança para agredir Genoino. Ele ignorou por completo a violência recebida e foi extremamente atencioso com ela

“Hoje esse silêncio vai ter que acabar, custe o que custar”
por Patrick Mariano, especial para o Viomundo
A frase que escolhemos de título poderia perfeitamente ser proferida por um torturador em pleno ato de violência, corrosão e degradação da dignidade humana.
Vivemos tempos estranhos. Alguns filmes fazem propaganda de métodos de tortura e recebem o aplauso de parte crítica. Alguns presidentes constroem atos legislativos que permitem a tortura e autorizam seu uso como prática institucionalizada.
É o que se lê em matéria do jornal Brasil de Fato:
O afogamento simulado de um preso “é legal porque os advogados dizem que é legal. Não sou advogado”, disse Bush em novembro de 2010, ao ser entrevistado pelo jornalista Matt Lauer. “Claro que o faria”, respondeu o ex-presidente ao ser perguntado se voltaria a tomar a mesma decisão.
Márcio Sotelo Felippe, em brilhante artigo publicado neste Viomundo, expôs os dilemas éticos e morais da atual sociedade, ao analisar a tentativa de se justificar a prática da tortura por parte de articulista de um jornal de um grande conglomerado de comunicação.
A tortura torna-se, assim, com uma contribuição aqui, outra ali, senso comum para uma parte do universo social e ganha a força tremenda da convencionalidade. Para uma outra parte, desliza para uma mera questão de ponto de vista. Você pode ser a favor ou contra a tortura do mesmo modo como é, digamos, a favor ou contra o parlamentarismo. Um tortura para salvar bebês. Outro, como agente do Estado, para defender a sociedade dos criminosos. Comentaristas de internet, após ler o artigo de Caligaris, assistir Tropa de Elite ou o filme de Bigelow se veem legitimados para escrever pérolas como “bandido bom é bandido morto” e “direitos humanos são para humanos direitos”.
Voltemos à frase do título. Anteontem, 25.03.13, em cadeia nacional de televisão e não em uma sala obscura do DOPS ou de Guantánamo, ela foi proferida por um jornalista/humorista.
O escárnio e desrespeito à dignidade da pessoa humana praticado por alguns programas de TV – que se dizem misto de jornalismo e humor – ultrapassou todos os limites éticos com a “matéria” que veio ao ar ontem, realizada na Câmara Federal e com intenção de agredir o deputado José Genoíno.
Pinçaremos algumas frases ditas pelo jornalista/humorista. Avisamos, desde já, que é preciso estômago para continuar a leitura.
“Feliciano na Comissão de Direitos Humanos, Genoíno na CCJ, chegou a hora de pegar o goleiro Bruno e colocar pra ministro do esporte, vai (…) ou botar o Nardoni pra vara da infância”.
O períplo “justiceiro” pelos tapetes da Câmara continua em ritmo de passo apressado, permeado por tiros certeiros de infâmia:
“Ô Genoino, quanto tempo a gente tá querendo te procurar, como é que está o senhor? Você veio aqui se esconder porque lá na prisão é pior? Aqui tem mais bandido, é mais fácil? Tá  fazendo voto de silêncio, Genoino? Vai ser bom na prisão lá, além de X9 não se ferra, né? (…) A gente estava atrás de você o tempo todo, Genoino, fala com a gente um pouquinho, só dá um tchau”.
Atingindo o ápice da cretinice, arremata:
“Genoino, você vai passar onde o reveillon? Na papuda? Já sabe como é que vai ser? Qual prisão?”
Depois do constrangimento causado o repórter/humorista tenta justificar o ato de agressão dizendo que:
“como vocês puderam notar, mais uma vez o deputado Genoino não respondeu às perguntas do CQC o que ele tem feito constantemente com a imprensa nacional. A gente quer ouvir umas respostas, a população brasileira também quer”.
Pronto, a palavra mágica de estar agindo em nome do povo serve de véu para encobrir as nódoas de um péssimo jornalismo e de um humor sem graça alguma.
O programa ataca o deputado Genoino em razão de uma condenação evidentemente política que sequer transitou em julgado, mas não vê problema ético em se utilizar e obrigar uma criança a mentir, se dizendo filho de um militante petista, com intenção de enganar o parlamentar, para que ele profira algumas palavras sobre o seu processo.
Ao final, na bancada principal, – em que tomam assento os principais jornalistas/humoristas do programa – a infâmia não cessa. Ao contrário, se aprofunda com os risos sobre um “presente” que o programa oferece ao deputado: um livro sobre presídio com um fundo falso em que se esconde um celular (!).
A matéria toda é desrespeitosa não só para com o deputado, como também,   aos parlamentares em geral. Busca-se, com isso, desacreditar o parlamento brasileiro com a tentativa de consolidação de um estereótipo de que todos os deputados e senadores que o compõem sejam ladrões, burros e não trabalhem.
O ataque é seletivo e premeditado. Não se vê matérias deste tipo de programa no Poder Judiciário. Não se vê matérias desses programas na FIESP ou FEBRABAN. O que se quer é por de joelhos o Congresso Nacional para que não se aprove leis que contrariem os interesses ideológicos dos grandes meios de comunicação.
Daí que o alvo seja sempre os parlamentares, ora com perguntas estultas para expô-los ao ridículo, ora com agressões e violências como as praticadas contra José Genoino.
Ninguém, sendo deputado ou não, está obrigado a dar entrevista a quem quer que seja. Isto deve ser respeitado. No entanto, sequer se tratava de uma entrevista, tendo em vista a virulência, desrespeito e impropriedades das perguntas lançadas pelo repórter/humorista.
A real intenção do jornalista/humorista, se é que é capaz de encontrar alguma racionalidade em seu ato, talvez fosse a de ser agredido e, assim, alcançar o estrelato de muitos minutos de fama na grande mídia. O deputado, no entanto, com toda sua dignidade, não passou recibo. Ignorou por completo a violência recebida e foi extremamente atencioso com a criança.
Em muitos casos, o híbrido humor/jornalismo é um salvo conduto para se ferir a dignidade das pessoas. Se por acaso precisam de credencial para entrar em lugares que se fazem presentes jornalistas, dizem que o são. Quando extrapolam qualquer limite ético para seu exercício, se dizem humoristas. E assim se vai levando.
No caso da matéria aqui analisada, não se tratou de jornalismo, sequer de humor. Não existe graça na violência gratuita. Poderíamos nominar como sadismo, mas não existe almoço grátis, estamos diante de uma estratégia política deliberada e colocada em curso há algum tempo.
Patrick Mariano Gomes é advogado, integrante da Rede Nacional de Advogados e Advogadas Populares (Renap) e mestrando em Direito, Estado e Constituição na Universidade de Brasília – UnB.

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sábado, 23 de julho de 2011

CAIXA 2 DE FURNAS:R$ 19,2 MI A ALKIMIN E SERRA EM 2002.E AGORA JOSÉ,VAI TUITAR ISTO TAMBÉM?

As campanhas à Presidência da República de José Serra e ao governo de São Paulo de Geraldo Alckmin, em 2002, teriam sido beneficiadas pelo esquema do caixa 2 de Furnas, de acordo com as revelações do ex-presidente da estatal Dimas Fabiano Toledo. É o que consta na Declaração para Fins de Prova Judicial ou Extrajudicial que ele assinou e registrou, em 6 de novembro de 2008, no 23º Ofício de Notas do Rio de Janeiro.
No mesmo parágrafo em que afirma que o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, (veja aqui) teria recebido R$ 27 milhões e 843 mil reais “dos recursos do caixa dois provenientes empresa Furnas Centrais Elétricas S/A”, Toledo continua:
“Somente na campanha do candidato ao governo do estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, e de José Serra para a Presidência da República foram disponibilizados R$ 19.275.000,00 (dezenove milhões e duzentos e setenta e cinco mil reais). O ex-deputado federal Gilberto Kassab destinou R$ 100.000,00 (cem mil reais) para a sua campanha, conforme consta na Lista de Furnas e no relatório por ele elaborado e sendo assinado posteriormente pelo mesmo”, afirma Toledo.
O ex-presidente de Furnas, no mesmo documento assinado e registrado em cartório, explica como se formou o caixa 2 de Furnas que alimentou diversas campanhas eleitorais em 2002:
“Os esquemas de arrecadação de recursos ilícitos, ocorridos através de licitações fraudulentas e dos superfaturamentos de várias obras públicas, visavam formar o caixa dois, com a finalidade de comprar o apoio de parlamentares e assim criar uma forte base aliada, garantindo os mais variados interesses de políticos, em troca da mesada recebida”, assinala Toledo, para arrematar:
“A presente declaração será aceita e válida para fins de prova judicial ou extrajudicial, assumindo desde já o declarante Dimas Fabiano Toledo pelas responsabilidades e das demais informações aqui prestadas, ciente das penalidades cabíveis e previstas no Artigo 299 do Código Penal Brasileiro”.
Marco Damiani - Brasil 247
Vi no Maria da Penha Neles!

sábado, 29 de janeiro de 2011

Miguel Nicolelis e os blogs sujos - II



Em encontro com blogueiros potiguares, Nicolelis fala sobre ciência, democracia, política e jornalismo
O movimento dos Blogueiros Progressistas do Rio Grande do Norte recebeu, na noite desta sexta-feira (28), o neurocientista Miguel Nicolelis, professor da Universidade de Duke (EUA) e co-fundador do Instituto Internacional de Neurociência de Natal Edmond e Lilly Safra. O evento, realizado no auditório da Livraria Siciliano (Shopping Midway Mall), serviu como preparação para o 1º Encontro de Blogueiros Progressistas do RN, marcado para os dias 25, 26 e 27 de março.
O tema do bate-papo foi “Redes sociais, participação política e desenvolvimento da ciência”. Nicolelis iniciou dizendo que sua participação no evento demonstrava o poder dessas novas formas de comunicação. “Estou no Twitter há apenas 15 dias, mas já estou aqui para falar sobre redes sociais – mesmo sem saber nada sobre isso”, brincou, arrancando risos da plateia.
Em seguida, disse que o título da palestra poderia ser “Eu juro que eu sou eu”, fazendo referência ao debate travado com uma badalada blogueira potiguar, a quem teve que provar que seu recém-criado perfil no Twitter não era um fake.
Nicolelis aproveitou o episódio como gancho para tratar da questão da identidade no contexto das redes sociais. Ele sustentou que o modelo de mundo que conhecemos, bem como nossa identidade, não passa de uma “simulação” do cérebro. Emendou dizendo que a “cultura do ‘eu’ é uma ilusão”.
“Eu me defrontei com essa ilusão ao tentar provar que eu sou eu. Eu me engajei num debate com uma jornalista que foi uma das coisas mais fascinantes. Comecei a falar das minhas opiniões, primeiro sobre a política do RN, mas não funcionou”.
“Pare pra pensar: nós vivemos num mundo em que qualquer um pode ser eu, qualquer um pode assumir qualquer personalidade. O sucesso das redes sociais, em minha opinião de neurocientista, se deve, primeiro, a uma coisa que vou tratar no livro que será lançado no próximo mês. Daqui a algumas centenas de anos não vamos precisar disso aqui, teclado, celular… Nós vamos pensar e nos comunicar, nos amalgamar numa rede conscientemente sem a necessidade dessas coisas pouco eficientes, como os nossos dedos, os teclados… Nós já estamos observando, mesmo com os limites que temos, já vivemos os primórdios de uma sociedade onde a identidade real não faz diferença nenhuma”, discorreu.
O neurocientista destacou que as redes sociais “conseguiram fazer as identidades, às quais a gente se apegou tanto, desaparecerem”. “Você pode assumir o que você sempre quis ser, mas não podia por medo do preconceito. Nós ainda não conseguimos lidar com o fato que as pessoas são de diferentes matizes. As redes têm essa vantagem de permitir que as pessoas possam assumir [suas ideias] livremente”.
“Não existe isso de imparcialidade”
Após discorrer sobre as redes sociais e a dispersão da identidade, Nicolelis afirmou que a ideia da “imparcialidade”, tanto jornalística quanto científica, não passa de “balela”. “Como neurocientistas, estamos cansados de saber que não existe isso de imparcialidade, como pretendem os jornalistas. Não existe imparcialidade nem jornalística nem científica”.
Para comprovar sua sentença, relembrou a cobertura midiática das eleições presidenciais do ano passado, quando a imprensa tradicional, mesmo se dizendo “imparcial”, se alinhou à candidatura do candidato do PSDB/DEM, o ex-governador de São Paulo José Serra.
“O que aconteceu no Brasil na eleição passada foi a demonstração da falácia de certos meios de imprensa e do partidarismo que invadiu essa opinião dita imparcial. Mas o desmentido só ocorreu nesse lugar capilarizado chamado blogosfera. A guerra da informação foi travada aí. A eleição foi ganha na trincheira da blogosfera, porque os desmentidos eram instantâneos”, comentou.
Nicolelis defendeu que a “teia” – termo que disse preferir usar para se referir às redes sociais – que está se formando no Brasil “é um fenômeno mundial de relevância fundamental”. Para ele, a blogosfera teve um papel de destaque nas eleições de 2010.
“Essa teia já ganhou uma eleição do ponto de vista da informação, já derrotou o exército de uma mídia que tem opinião, mas que exerceu essa opinião sem dizer. Aí é que tá o engodo. A opinião é legítima, mas esconder que tem opinião não é”.
Miguel Nicolelis frisou que outro efeito provocado pelo surgimento dessa teia é o fato de considerar “inevitável a quebra do monopólio do conhecimento, da noticia e do fato”. “Cada um de nós pode ser o propagador de um fato, de uma interpretação do fato”.
Mesmo ressaltando sua condição de neófito, Nicolelis demonstrou entusiasmo com o potencial dessa “teia” desembocar no surgimento de um novo modelo de democracia, em que os indivíduos tenham um novo papel.
“A democracia representativa é muito interessante, mas ela faliu, porque o grande objetivo dos representantes dos indivíduos do planeta é representar a si mesmo. Existe um potencial imenso de uma nova democracia, onde os indivíduos tenham um novo papel, em que possam ser agentes atuantes e definidores da nossa cidadania”.
By: Alisson Almeida