Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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segunda-feira, 16 de junho de 2014

Documento: Globo censurou o exoesqueleto do Nicolelis Blog Megacidadania foi em busca da comprovação documental



Bomba! Documento comprova, Globo censurou exoesqueleto


Após três postagens enfatizando que a Tv Globo censurou o momento do chute inicial da Copa 2014, o blog Megacidadania foi em busca da comprovação documental que fundamentasse definitivamente nossa afirmação e a disponibiliza ao distinto público.

O documento está disponível no próprio portal da Rede Globo (clique aqui).

A SEGUIR ALGUNS TRECHOS DO DOCUMENTO DA PRÓPRIA TV GLOBO


A maior e mais desafiadora cobertura esportiva já feita pela Globo tem a missão de levar a Copa do Mundo FIFA 2014 para a casa de cada brasileiro. E de ser os olhos de cada torcedor em tudo que acontece no Brasil durante o Mundial.

Para isso, a Globo está mobilizando toda a sua rede …

São 1.496 profissionais credenciados … em uma operação que envolve cerca de 2.500 profissionais …

GLOBO PREPARA UMA GRANDE FESTA PARA O DIA 12 DE JUNHO; SAIBA TUDO

… equipe de 80 repórteres que vão trabalhar na cobertura …

… a Globo terá cinco câmeras exclusivas …

*

E a pergunta óbvia é: por que mesmo com todo este aparato, inclusive com cinco câmeras exclusivas, a Tv Globo deixou “escapar” a cobertura do ponta pé inicial ?





O depoimento do neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis elucida a questão.

Foi censura política sim.

É desculpa esfarrapada da Tv Globo que a FIFA e “só” a FIFA estava gerando as imagens.

A Tv Globo com suas cinco câmeras exclusivas não fez a cobertura jornalística do exoesqueleto, com a devida ênfase, simplesmente por que assim decidiu seus dirigentes.


Obs.: se por acaso a Globo retirar o acesso ao documento, é só nos avisar aqui mesmo nos comentários, pois o salvamos na íntegra.

Em tempo: o Enio Barroso, famoso cadeirante paulista, fez um sincero e indignado comentário sobre o caso e teve mais de dois milhões de visualizações:

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=843795528982344&set=a.226577860704117.72168.100000557142557&type=1&theater&notif_t=photo_reply


Clique aqui para ler “​A Copa comeu a Globo”

E aqui para “Dilma: a seleção está acima da política”

E aqui para
“Nicolelis joga Veja onde ela se rola”

sábado, 29 de janeiro de 2011

Miguel Nicolelis e os blogs sujos - II



Em encontro com blogueiros potiguares, Nicolelis fala sobre ciência, democracia, política e jornalismo
O movimento dos Blogueiros Progressistas do Rio Grande do Norte recebeu, na noite desta sexta-feira (28), o neurocientista Miguel Nicolelis, professor da Universidade de Duke (EUA) e co-fundador do Instituto Internacional de Neurociência de Natal Edmond e Lilly Safra. O evento, realizado no auditório da Livraria Siciliano (Shopping Midway Mall), serviu como preparação para o 1º Encontro de Blogueiros Progressistas do RN, marcado para os dias 25, 26 e 27 de março.
O tema do bate-papo foi “Redes sociais, participação política e desenvolvimento da ciência”. Nicolelis iniciou dizendo que sua participação no evento demonstrava o poder dessas novas formas de comunicação. “Estou no Twitter há apenas 15 dias, mas já estou aqui para falar sobre redes sociais – mesmo sem saber nada sobre isso”, brincou, arrancando risos da plateia.
Em seguida, disse que o título da palestra poderia ser “Eu juro que eu sou eu”, fazendo referência ao debate travado com uma badalada blogueira potiguar, a quem teve que provar que seu recém-criado perfil no Twitter não era um fake.
Nicolelis aproveitou o episódio como gancho para tratar da questão da identidade no contexto das redes sociais. Ele sustentou que o modelo de mundo que conhecemos, bem como nossa identidade, não passa de uma “simulação” do cérebro. Emendou dizendo que a “cultura do ‘eu’ é uma ilusão”.
“Eu me defrontei com essa ilusão ao tentar provar que eu sou eu. Eu me engajei num debate com uma jornalista que foi uma das coisas mais fascinantes. Comecei a falar das minhas opiniões, primeiro sobre a política do RN, mas não funcionou”.
“Pare pra pensar: nós vivemos num mundo em que qualquer um pode ser eu, qualquer um pode assumir qualquer personalidade. O sucesso das redes sociais, em minha opinião de neurocientista, se deve, primeiro, a uma coisa que vou tratar no livro que será lançado no próximo mês. Daqui a algumas centenas de anos não vamos precisar disso aqui, teclado, celular… Nós vamos pensar e nos comunicar, nos amalgamar numa rede conscientemente sem a necessidade dessas coisas pouco eficientes, como os nossos dedos, os teclados… Nós já estamos observando, mesmo com os limites que temos, já vivemos os primórdios de uma sociedade onde a identidade real não faz diferença nenhuma”, discorreu.
O neurocientista destacou que as redes sociais “conseguiram fazer as identidades, às quais a gente se apegou tanto, desaparecerem”. “Você pode assumir o que você sempre quis ser, mas não podia por medo do preconceito. Nós ainda não conseguimos lidar com o fato que as pessoas são de diferentes matizes. As redes têm essa vantagem de permitir que as pessoas possam assumir [suas ideias] livremente”.
“Não existe isso de imparcialidade”
Após discorrer sobre as redes sociais e a dispersão da identidade, Nicolelis afirmou que a ideia da “imparcialidade”, tanto jornalística quanto científica, não passa de “balela”. “Como neurocientistas, estamos cansados de saber que não existe isso de imparcialidade, como pretendem os jornalistas. Não existe imparcialidade nem jornalística nem científica”.
Para comprovar sua sentença, relembrou a cobertura midiática das eleições presidenciais do ano passado, quando a imprensa tradicional, mesmo se dizendo “imparcial”, se alinhou à candidatura do candidato do PSDB/DEM, o ex-governador de São Paulo José Serra.
“O que aconteceu no Brasil na eleição passada foi a demonstração da falácia de certos meios de imprensa e do partidarismo que invadiu essa opinião dita imparcial. Mas o desmentido só ocorreu nesse lugar capilarizado chamado blogosfera. A guerra da informação foi travada aí. A eleição foi ganha na trincheira da blogosfera, porque os desmentidos eram instantâneos”, comentou.
Nicolelis defendeu que a “teia” – termo que disse preferir usar para se referir às redes sociais – que está se formando no Brasil “é um fenômeno mundial de relevância fundamental”. Para ele, a blogosfera teve um papel de destaque nas eleições de 2010.
“Essa teia já ganhou uma eleição do ponto de vista da informação, já derrotou o exército de uma mídia que tem opinião, mas que exerceu essa opinião sem dizer. Aí é que tá o engodo. A opinião é legítima, mas esconder que tem opinião não é”.
Miguel Nicolelis frisou que outro efeito provocado pelo surgimento dessa teia é o fato de considerar “inevitável a quebra do monopólio do conhecimento, da noticia e do fato”. “Cada um de nós pode ser o propagador de um fato, de uma interpretação do fato”.
Mesmo ressaltando sua condição de neófito, Nicolelis demonstrou entusiasmo com o potencial dessa “teia” desembocar no surgimento de um novo modelo de democracia, em que os indivíduos tenham um novo papel.
“A democracia representativa é muito interessante, mas ela faliu, porque o grande objetivo dos representantes dos indivíduos do planeta é representar a si mesmo. Existe um potencial imenso de uma nova democracia, onde os indivíduos tenham um novo papel, em que possam ser agentes atuantes e definidores da nossa cidadania”.
By: Alisson Almeida

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Nicolelis é alvo de sites da extrema-direita americana: contas não ajustadas da eleição


Na seqüência, vieram, entre outros, o Inquision News, o Angelqueen.org, ora copiando LifeSite News.Com, ora o Rorate Caeli.

O estopim dessas manifestações foi este artigo do professor Miguel Nicolelis, especial para o Viomundo: Uma coisa estranha aconteceu em Natal , publicado em 26 de outubro de 2010, a seis dias do 2º turno da eleição presidencial brasileira. O Rorate Caeli salienta o “apoio incondicional” de Nicolelis à então candidata Dilma Rousseff (PT) e reproduz estes dois trechos do texto de Nicolelis, publicados no Viomundo:

Voltando à estratégia americana de ganhar eleições, numa segunda fase, caso o oponente sobreviva ao primeiro assalto, apela-se para outra arma infalível: a evidente falta de valores cristãos do oponente, manifestada pela sua explícita aquiescência para com o aborto; sua libertinagem sexual e falta de valores morais, invariavelmente associada à defesa do fantasma que assombra a tradição, família e propriedade da direita histérica, representado pela tão difamada quanto legítima aprovação da união civil de casais homossexuais. Nesse rolo compressor implacável, pois o que vale é a vitória, custe o que custar, pouco importa ao George Bush tupiniquim que milhares de mulheres humildes e abandonadas morram todos os anos, pelos hospitais e prontos-socorros desse Brasil afora, vítimas de infecções horrendas, causadas por abortos clandestinos.

George Bush, tanto o original quanto o genérico dos trópicos, provavelmente conhece muitas mulheres do seu meio que, por contingências e vicissitudes da vida, foram forçadas a abortos em clínicas bem equipadas, conduzidas por profissionais altamente especializados, regiamente pagos para tal prática. Nenhum dos dois George Bushes, porém, jamais deu um plantão no pronto-socorro do Hospital das Clínicas de São Paulo e testemunhou, com os próprios olhos e lágrimas, a morte de uma adolescente, vítima de septicemia generalizada, causada por um aborto ilegal, cometido por algum carniceiro que se passou por médico e salvador.

LifeSiteNews.Com diz:


Papa Bento XVI é um firme defensor do direito à vida e dos valores da família, é improvável que estivesse ciente de artigo de Nicolelis, quando fez a nomeação.

Um dos entrevistados afirma:

Esperamos que a Santa Sé investigue o passado do professor Nicolelis. Não podemos permitir que a Pontifícia Academia seja corrompida por “católicos” que afirmam ser pessoalmente contra o aborto, mas que se opõem à Igreja publicamente sobre essa e outras questões cruciais. Essa falsidade da fé não tem lugar tão perto do coração da Igreja.

Os comentaristas desses sites vão além.

O Santo Padre não teve acesso ao seu CV [curriculum vitae] completo, mas parcial. Esse professor deve, respeitosamente, ser convidado a se demitir. Ele não representa os valores da vida católica.


Eu não tenho nenhuma dúvida de que existe um esforço organizado para destruir a Igreja por dentro com a ajuda de fora e que o Papa Bento pode estar em perigo.


Homem [Nicolelis] com moral anticristo.

Que pena que não existem mais fogueiras para queimar os hereges.

Nossa Senhora da Aparecida nos livre dos comunistas!

A Pontifícia Academia de Ciências tem as suas raízes na de Lincei, fundada em Roma, em 1603, a primeira exclusivamente científica no mundo. O físico, matemático, astrônomo e filósofo italiano Galileu Galilei (1564-1642) integrou-a. O astrofísico inglês Stephen Hawking, responsável por contribuições fundamentais ao estudo dos buracos negros, faz parte atualmente. Nicolelis será seu colega. Conversamos com ele sobre a eleição, a condenação por sites da extrema-direita e a patrulha por algumas pessoas de esquerda no Brasil.

Viomundo – Vou começar pelos sites da extrema-direita católica dos EUA, Europa, México e Brasil, que claramente condenam a sua nomeação. Dizem que o Vaticano nomeou um ateu, defensor da descriminalização do aborto, da união civil entre homossexuais e que apoiou a marxista Dilma Rousseff para a presidência do Brasil. O senhor teve de assinar qualquer documento se comprometendo a não se manifestar sobre esses temas considerados tabu pela Igreja Católica?

Miguel Nicolelis – Evidentemente que não. E se tivesse de fazê-lo, eu nunca aceitaria. Os estatutos da Academia são claros. A Academia é laica e não é formada exclusivamente de católicos. As pessoas são indicadas pelo mérito científico e não por afiliação ou crença religiosa. A carta que recebi após a escolha deixou isso muito claro

Viomundo – Como foi indicado para a Academia?

Miguel Nicolelis – Não tenho a menor ideia. Só soube que havia sido eleito, pois me pediram depois algumas informações. Eu não sabia que iria ser anunciado pelo Papa nem que iria ser o único nome da lista.

Viomundo – Como esses sites radicais americanos souberam das suas posições político-religiosas?

Miguel Nicolelis – Pasme! Imediatamente após a minha nomeação, um brasileiro, que não se identificou, deu dica a um site americano da extrema-direita religiosa. Ele pegou um texto meu sobre a eleição presidencial, publicado pelo Viomundo, traduziu para o inglês – muito mal, por sinal –, e enviou para os Estados Unidos. No mesmo dia, saiu uma nota contra a minha eleição. A partir daí se proliferou, batendo na mesma tecla: o Papa indicou para a Academia uma pessoa que defendia a descriminalização do aborto e a união civil entre pessoas do mesmo sexo. O que é pura verdade. Eu não fui abduzido por nenhum Alien nem introduziram um microchip na minha cabeça para falar o que eu falei (risos).

Viomundo – Eles dizem que houve “engano do Papa”, que “o Papa desconhecia o seu currículo completo”… O senhor seria um cientista “infiltrado”, como disseram também?

Miguel Nicolelis – “Infiltrado” (risos), não sou. Todo o meu histórico é público, conhecido. Eu nunca escondi que não participo da igreja católica nem tenho crença religiosa. O que o pessoal desses sites não se dá conta é que se o Vaticano visse as minhões concepções ideológica, política e religiosa como obstáculo não teria me nomeado. A questão científica é o parâmetro decisório. Tanto que ninguém pediu para eu tomar qualquer posição contrária às minhas crenças pessoais.

Viomundo – O senhor mora nos Estados Unidos há 20 anos. Viveu alguma experiência semelhante lá?

Miguel Nicolelis — É a primeira vez. E olha que já escrevi muito lá. As minhas posições, insisto, são bem conhecidas.

Viomundo – O que mais o espantou nesse episódio?

Miguel Nicolelis — O fato de que existe alguém no Brasil que se preocupa em pegar um texto como o meu, traduzir e remeter para sites da extrema direita americana. Talvez esse indivíduo não saiba, mas nos Estados Unidos, ele coloca a pessoa em risco. Ele está transformando essa pessoa que quer apenas debater politicamente, ideologicamente, religiosamente em eventual de algum fanático.

Esse episódio mostra como a globalização dos movimentos radicais é competente e que o Brasil não está fora desse circuito, não. Tem gente aqui conectada aos radicais de de direita dos EUA. Gente que não se furta em destruir instaneamente o caráter e a reputação de uma pessoa a partir de uma coisa minúscula. É assustadora também a violência verbal de alguns leitores/comentaristas. É um lingujar que foge a qualquer padrão de civilidade. Parece que vivem em outra galáxia. Vêem conexões que só existem na cabeça deles. Tem gente que diz que eu vim do Brasil comunista, da marxista Dilma Rousseff.

Viomundo – Seria uma tentativa de intimidá-lo?

Miguel Nicolelis – Com certeza. Entre os comentaristas desses sites, tem gente do meu estado, a Carolina do Norte. Até o endereço do meu laboratório lá, colocaram. Podem até querer me intimidar, mas não vão conseguir.

Viomundo — Mas houve alguma ameaça explícita, aqui ou lá?

Miguel Nicolelis – Por enquanto, não. Aqui, se houver, comunicarei imediatamente à Polícia Federal. Nos Estados Unidos, a coisa é bem diferente. Ninguém pode chegar ao meu laboratório sem passar pela segurança. Além disso, nessas situações, há um protocolo-padrão que é automaticamente acionado.

Neste momento, estou em Natal. O pessoal do meu laboratório contatou então a Duke, alertou sobre esses sites e a polícia da universidadade já começou a monitorar o caso. A segurança do meu laboratório foi reforçada. Lá existem precedentes. Daí a a cautela maior.

Viomundo – Em blogs progressistas apareceram comentaristas criticando também a sua eleição para a Pontifícia Academia de Ciências, dizendo até que “teria se vendido ao Papa”. O que achou?

Miguel Nicolelis – Um absurdo. Primeiro, ela é laica. Segundo, fui convidado a me tornar membro da mesma academia a que Galileu Galilei pertenceu. Aceitei com a garantia de que ela está interessada na minha ciência e não na minha opção (ou falta de opção) religiosa. Espanta-me verificar que mesmo em sites progressistas ocorra tamanho grau de patrulha ideológica (ou religiosa).

Meu outro colega de Academia é o fisico Stephen Hawking, que professa as mesmas opiniões que eu. Agora eu me pergunto: a troco de quê de que eu iria recusar a oportunidade de bater bons papos com um dos maiores físicos da história?

Viomundo – Voltando aos blogs da extrema-direita católica. Essa retaliação à sua eleição seria uma continuação do que aconteceu na eleição presidencial brasileira, quando o candidato tucano instigou o conservadorismo, trazendo para a campanha o discurso moralista da extrema-direita?

Miguel Nicolelis — Eu acho que tem uma relação muito próxima. Aparentemente a eleição acabou, mas as contas ainda não foram todas ajustadas. Mesmo uma pessoa como eu, com uma vida política restrita ao indivíduo permanece na lista do ajuste de contas.

Essa radicalização do discurso político que é muito forte nos EUA e começa a ocorrer aqui, como aconteceu na campanha, é assustadora. O seu adversário político, ideológico, passa a ser o seu inimigo. E esse inimigo é passível de qualquer tipo de punição, até mesmo a morte. Eu não consigo imaginar que essas pessoas que propagam mensagens de ódio, vingança, violência, podem ao mesmo tempo se dizer cristã

* Meu twitter: @conceicao_lemes, siga à vontade.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Miguel Nicolelis, que defende “soberania intelectual” do Brasil, anuncia apoio a Dilma Rousseff



por Luiz Carlos Azenha
Entrevistei pela primeira vez o dr. Miguel Nicolelis quando era repórter da Globo. Ele é um dos mais importantes neurocientistas do mundo. Tratamos, então, do uso de impulsos elétricos capturados no cérebro de um macaco para mover braços mecânicos, pesquisa que ele desenvolveu na Universidade de Duke, nos Estados Unidos. O potencial desse tipo de pesquisa é tremendo: permitir que paraplégicos façam movimentos com o uso de impulsos elétricos do próprio cérebro, por exemplo.
Desde então, o cientista implantou em Natal, no Rio Grande do Norte, o Instituto Internacional de Neurociência, uma parceria público-privada. E continua coletando prêmios nos Estados Unidos, alguns dos quais anunciados recentemente:
Dois meses depois de ter recebido dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH) dos Estados Unidos US$2,5 milhões para investir em suas pesquisas no campo da interface cérebro-máquina, Miguel Nicolelis volta a ser distinguido com um prêmio de aproximadamente US$4 milhões da mesma instituição. Os recursos devem ser aplicados no desenvolvimento da nova terapia para o mal de Parkinson que vem mobilizando o pesquisador há alguns anos e que, na avaliação dos NIH, se constitui numa pesquisa “arrojada, criativa e de alto impacto”. Miguel Nicolelis é a primeira pessoa a receber da instituição americana no mesmo ano o Director’s Pioneer Award e o Director’s Transformative R01 Award.
*****
Hoje liguei para a Universidade de Duke, nos Estados Unidos, quando soube por e-mail que Nicolelis tinha decidido anunciar publicamente seu apoio à candidatura da ex-ministra Dilma Rousseff.
Ele afirmou que faz isso por acreditar que Dilma representa um projeto de país em linha com o que acredita ser desejável para o Brasil: o desenvolvimento de uma “ciência tropical” e de um conhecimento voltado para garantir a soberania nacional. O áudio e a transcrição aparecem abaixo:
Transcrição:
Por que é que o sr. decidiu anunciar publicamente seu apoio à candidata Dilma Rousseff?
Porque desde as eleições do primeiro turno eu cheguei à conclusão que essa é uma eleição vital para o futuro do Brasil e eu estou vendo um debate que está se desviando das questões fundamentais na construção desse futuro e dessa maneira eu achei que como cientista brasileiro, mesmo estando radicado no Exterior — mas que tem um projeto no Brasil e tem interesse que o Brasil continue seguindo este caminho — eu achei que era fundamental não só que eu mas que todos que pudessem se manifestassem a favor e fizessem uma opção pelo futuro que a gente acredita que é o correto para o nosso país.
Que futuro é esse?
É o futuro da inclusão social, o futuro em que as crianças que ainda nem nasceram possam ter a educação, saúde, ciência, tecnologia e a possibilidade de construir os seus sonhos pessoais sejam eles quais forem. Futuro que nós, a sua e a minha geração não tiveram. E um futuro que não leve o Brasil a retornar a um passado recente onde nós tinhamos, além da insegurança financeira, uma total falta de compromisso com o povo brasileiro e com a coisa brasileira. Então, nesse momento para mim essa é uma eleição vital, é um momento histórico para o Brasil. Eu viajo pelo mundo inteiro e eu nunca vi o nome do Brasil e a reputação do Brasil tão alta (inaudível) e este é o momento de deslanchar de vez e não voltar para o passado.
Fale um pouquinho do projeto que o sr. tem em Natal pra gente e da importância que o sr. acredita que o governo Lula teve — eu já li muito o que o sr. escreveu a respeito — para que esse projeto fosse implantado.
Nosso projeto é o primeiro projeto no mundo que usa a ciência como agente de transformação social – ciência de ponta.
Quando, oito anos atrás, comecei esse projeto… fui a São Paulo, me disseram que não havia esperança de fazer nada igual fora de São Paulo, porque 80% da produção científica do Brasil está concentrada no estado de São Paulo.Eu usei isso como um diagnóstico dos erros passados, porque um país que quer se desenvolver como uma federação e que quer oferecer cidadania ao seu povo não pode concentrar a produção de conhecimento de ponta e a disseminação de conhecimento de ponta num único estado da União.
E aí eu propus de levar esse projeto de ponta — que é fazer neurociência como se faz em qualquer lugar do mundo, em lugares que são, que tem a dianteira da fronteira dessa área no mundo — na periferia de Natal, usando essa ciência para desenvolver uma série de projetos sociais que permitem que a criança tenha um projeto educacional desde a barriga da mãe — que faz o pré-natal dentro de nosso campus do cérebro — até a pós-graduação na universidade pública.
E o primeiro grande parceiro desse projeto foi o governo federal, foi o presidente Lula e a seguir quem eu considero o maior ministro da Educação que o Brasil jamais teve, dr. Fernando Haddad, que transformou não só as políticas públicas mas o pensar do Brasil em educação, concluindo e chegando à conclusão que toda criança brasileira tem direito a perseguir seus sonhos intelectuais e não só ser abandonada em alguma escola técnica para servir ao mercado de trabalho. Que ela pode ser física, química, bióloga. É isso o que nós fazemos.
Nós criamos um projeto de educação científica que é principalmente um projeto de educação para cidadãos, que vão lá no turno oposto da rede pública, são mil crianças no Rio Grande do Norte, 400 crianças no interior da Bahia — na terceira escola que nós acabamos de abrir — e nós vamos ampliar isso para 2 mil crianças no ano que vem e se tudo der certo para 4 mil crianças em 2012. E esse projeto só foi possível porque o Ministério da Educação e o governo federal acreditam, como a gente, que essas crianças da periferia de Natal, do interior da Bahia, do sertão do Piauí, do Amazonas, de Roraima, também tem direito à educação de altíssimo nível e a perseguir seus sonhos intelectuais.
E como é que isso se conecta com a campanha de Dilma Rousseff?
Essa é uma visão de país onde a cidadania é levada a todos os brasileiros, onde todos os brasileiros tem a oportunidade de acesso ao conhecimento e à informação para fazerem e tomarem decisões por si mesmos, de acordo com a sua própria visão do mundo. Eu acredito que a candidatura da ministra Dilma possibilita viabilizar esse futuro para o Brasil e a candidatura oposta, a candidatura do partido de oposição,  ela basicamente não tem mensagem alguma para o resto do Brasil, ela tem mensagem para a sua audiência, que é restrita, na minha opinião, ao estado de São Paulo e talvez até a cidade de São Paulo, não existe projeto de Brasil na outra candidatura. Enquanto a futura presidente do Brasil, Dilma Rousseff, tem um projeto de Nação que é o que sempre faltou para o nosso país.  Nós sempre tivemos projetos de alcançar o poder e nunca um projeto de Nação. E o que o presidente Lula fez que foi colocar o Brasil nesse caminho, só pode ser, na minha opinião, continuado, com as políticas públicas que a ministra Dilma tem proposto e que eu acredito vai dar continuidade. Se nós não tivermos essa disposição de ter um projeto de Nação, se nós optarmos como país pela outra proposta, eu temo que infelizmente o Brasil vai perder sua chance histórica de se transformar no país que todos nós queremos ter.
Dr. Nicolelis, qual é a importância do conhecimento que o sr. está transferindo — o sr. está em Duke, agora?
Estou aqui em meu laboratório da Duke [University, na Carolina do Norte] nesse momento, mas quarta-feira já estou viajando para o Brasil, para Natal, onde nós montamos um centro de pesquisas de ponta, de neurociências. Nós estamos transferindo conhecimento, inovação, do mundo todo… Nós estamos a ponto de receber o que vai ser um dos mais velozes supercomputadores do Hemisfério Sul, doado pelo governo da Suiça, um dos maiores centros de tecnologia do mundo – a Escola Politécnica de Lausanne, que fechou um convênio com nosso instituto de cooperação internacional – então nós estamos criando em Natal, na periferia de Natal, num dos distritos educacionais mais miseráveis do país, um centro de disseminação de conhecimento de ponta que está transformando não só a neurociência brasileira como a forma de educar as crianças e a forma de trazer as mães destas crianças para dentro de um projeto de inclusão e de cidadania.
Nós estamos construindo lá o primeiro campus do cérebro do mundo, não existe nada igual em nenhum lugar do mundo. E quando o governo suiço veio visitar as obras, veio ver o que nós estávamos fazendo, eles ficaram completamente encantados. Então, eles decidiram fechar um acordo de colaboração conosco ao mesmo tempo em que eles estão fechando um acordo com a [Universidade de] Harvard. Ou seja, nós ficamos em pé de igualdade com a maior universidade do mundo pela inovação da proposta que nós temos na periferia de Natal, provando que em qualquer lugar do Brasil algo desse porte pode ser feito.
Dr. Nicolelis, além do governo federal e agora do governo da Suiça, existem outras entidades ou instituições privadas colaborando com esse projeto?
Ah sim, este é um projeto privado. Mais de dois terços dos nossos fundos e do nosso suporte financeiro vem de doações privadas de brasileiros que moram fora, no Exterior, de fundações europeias, americanas, nós temos parcerias — inúmeras — pelo mundo afora e a beleza disso é que para cada real investido pelo governo federal nós conseguimos coletar quase três reais privados no Exterior e mesmo dentro do Brasil — o hospital Sírio Libanês, por exemplo, é um de nossos parceiros, a Fundação Lily Safra, da brasileira Lily Safra, é uma outra parceira. Nós conseguimos captar para cada real investido publicamente quase três reais privados, mostrando que é possível, sim, realizar parcerias público-privadas que tenham um fundo e um escopo social tão grande quanto este projeto.
Dr. Nicolelis, qual é a importância de o Brasil desenvolver as suas próprias tecnologias em conjunto com universidades de outros países para a soberania nacional e para a capacidade do país inclusive de reduzir a importação de equipamento fabricado fora do Brasil?
Ah, sem dúvida, eu acho que a Petrobras é o grande exemplo, a Petrobras e a Embraer. Nós precisamos de Googles, Microsofts, IBMs brasileiras. Nós precisamos transferir o conhecimento de ponta gerado pelas nossas universidades e pelos nossos cientistas — e o Brasil tem um exército de fenomenais cientistas dentro do Brasil e espalhados pelo mundo que estão dispostos, como eu, a colaborar com o Brasil. Nós temos que criar uma indústria do conhecimento brasileira. É uma questão de soberania nacional. A questão que me chamou a atenção agora, no começo da campanha do segundo turno, a questão da Petrobras, ela se aplica à indústria do conhecimento, que vai ser a indústria hegemônica na minha opinião, no século 21, que pode vir a ser o século do Brasil.
Mas, para isso, nós temos que investir no talento humano. Nós temos que criar formas dessa molecada — como as nossas crianças de Natal — de se transformar em cientistas, inventores, de uma maneira muito mais rápida e ágil do que as formas tradicionais que requerem todo esse cartório até você receber um doutorado e ser reconhecido oficialmente como cientista. Eu estou encontrando crianças no nosso projeto, por exemplo, de 17, 18 anos, que estão sendo integradas às nossas linhas de pesquisa antes mesmo delas entrarem na universidade, porque elas tem o talento científico, talento de investigação, curiosidade e que podem dar frutos muito mais rápidos do que a minha geração deu para o país.
Mas este investimento que pode ser feito com os fundos que vão vir do Fundo Social do Pré-Sal tem que ser feitos para revolucionar a ciência brasileira e criar uma coisa que eu gosto de chamar de “ciência tropical”, que é a ciência do século 21, aplicada às grandes questões da Humanidade — energia, ambiente, suplemento de comida, suplemento de água, novas formas de disseminação democrática da informação — tudo isso faz parte do escopo dessa “ciência tropical” em que o Brasil tem condições plenas de ser, se não o líder, um dos grandes líderes deste século.
Dr. Nicolelis, onde que está aí o nexo entre o que o sr. acabou de dizer, que o sr. mencionou, e a riqueza da biodiversidade brasileira, que ainda não é explorada?
Nós nem sabemos o que nós temos, Azenha. Nós nem tivemos a chance de mapear essa riqueza. Todo mundo fala dela mas ninguém pode dar uma dimensão. Então, esse discurso que eu ouço, ambientalista, superficial, que foi caracterizado no primeiro turno, inclusive, da eleição, ele não serve para nada, porque ele não aprofunda nas questões vitais.
As questões vitais é que a soberania do Brasil também depende de investimentos estratégicos no mapeamento das riquezas que nós temos, do que pode ser feito para o povo brasileiro em termos de novos medicamentos, novas fontes alimentares, novas fontes de energia. Existem dezenas de sementes oleaginosas do semi-árido que são não-comestíveis, que são muito mais eficientes na produção de óleo do que a mamona, por exemplo, que poderiam ser usadas em projetos de parceria de cooperativa no interior da caatinga do Brasil, para se produzir óleo biocombustível para trator, caminhão, que aliviariam tremendamente os custos da produção alimentar, familiar, nessa região do Brasil.
Isso precisa ser explorado, precisa ser mapeado com investimentos em pesquisa básica, em estudos de genômica funcional dessas plantas, tentar entender porque elas conseguem produzir esses óleos de alto valor energético e tentar transferir isso para a economia do Brasil. Existe toda uma economia que pode ser altamente sustentável, que pode preservar muito melhor o ambiente do que nós estamos fazendo até hoje e que pode servir de retorno em empregos e conhecimento que ampliariam ainda mais a matriz renovável energética brasileira.
Então, são coisas que estão na nossa cara e que eu acho que só uma política voltada para o Brasil, uma política que dê continuidade ao que o presidente Lula iniciou nestes oito anos, vai ter condições de manter dentro do Brasil. Porque existem evidentemente interesses enormes nessas riquezas nacionais, existe um interesse enorme nos cérebros brasileiros que estão desenvolvendo essas ideias e nós temos que manter isso de uma maneira agregada ao Brasil e não simplesmente dar isso de mão beijada para o primeiro que bater na porta com uma oferta ridícula de privatização ou da venda de nosso patrimônio intelectual para fora do Brasil.