Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Setubal (Itaú), que apoia Marina: “Brasil está perdido”

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No veículo do grupo Abril para o mercado financeiro, presidente do Itaú ataca outra vez a política econômica; “Nos últimos anos, o Brasil esteve completamente perdido”, disse Roberto Setubal à revista Exame; banqueiro acelera em campanha por Marina Silva, do PSB; irmã Neca Setubal cotada para ser superministra se candidata bater a presidente Dilma Rousseff; engajamento, porém, despertou irritação na maior acionista individual do Itaú, socialite Milú Vilela; ela considera que banqueiro enveredou pelo perigoso caminho da partidarização e pode, com isso, enfraquecer o banco da família; imagem da instituição sofre com memes nas redes sociais e nas ruas; jogada de alto risco

247 – O presidente do banco Itaú, Roberto Setubal, acelerou no seu engajamento à candidatura de Marina Silva, do PSB. Ele aproveitou o espaço de capa da revista Exame, porta-voz do grupo Abril para o

mercado financeiro, para bater duro, mais uma vez, na política econômica:

- Os investidores gostam de ver um país caminhar na direção certa, disse Setubal, cuja frase foi escolhida para abrir a reportagem de capa que, segundo a própria revista, ouviu 500 empresários na sua confecção.

- E, nos últimos anos, o Brasil esteve completamente perdido.

Desde o aniversário de fundação do Unibanco, no final de agosto, quando Setubal fez um discurso de franca oposição ao governo da presidente Dilma Rousseff simpatia à Marina, o Itaú posicionou-se inteiramente ao lado da candidata do PSB. A irmã de Setubal e herdeira da instituição, Neca Setubal, reafirmou-se como principal assessora de Marina e candidata a ser uma superministra, a partir da pasta da Educação, num eventual governo dela.

Apesar dos cuidados que deve tomar quem está à frente de uma máquina de fazer dinheiro que administra mais de R$ 500 bilhões em ativos, Setubal vai se comportando na campanha como um militante declarado, disposto a dar pitaco em tudo, desde que em benefício do projeto da oposição:

- O funcionamento da nossa democracia não está bom, inicia ele, num dos quadros de destaque da reportagem da Exame.

- As negociações para obter o apoio de partidos pequenos geram ineficiência na administração da máquina pública porque a governabilidade depende de um número grande demais de concessões a muitos partidos, estendeu-se, reproduzindo, palavra por palavra, um dos pilares do discurso de Marina.

O problema, para Setubal, é que não está escrito nas estrelas que Marina vai, necessariamente, vencer a eleição. Na hipótese positiva, o presidente do Itaú acredita que terá no governo um aliado para um salto de crescimento do Itaú, uma vez identificado com a nova ordem econômica. Pode sonhar, ainda, com a simpatia da nova administração ao perdão da multa fiscal de R$ 18 bilhões que o Itaú sofreu pelo não recolhimento de impostos, segundo decisão do Conselho de Administração de Recursos Fiscais (Carf). O banca está recorrendo e força política, nessas horas, nunca é ruim.

No verso dessa moeda de aposta, porém, os problemas já começam a aparecer. Entre os mais próximos, a socialite Milú Vilela, maior acionista individual do Itaú, já não esconde sua irritação pela postura de Setubal. Para os negócios, a derrota de Marina trará consequências de isolamento político para o Itaú, o que, da mesma maneira, sempre é ruim para os negócios.

O certo é que, ou com discursos longos e entusiasmados, como na festança pelos 90 anos do Unibanco, na qual fez sua profissão de fé em Marina e contra Dilma, ou por frases em publicações escolhidas, Roberto Setubal e o Itaú viraram uma grande atração dessa eleição. Uma exposição que pode custar caro se o plano perfeito do banqueiro der errado.

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Vitimização de Marina é a mais pura vigarice

 Blog cidadania 
Agora é oficial: a mídia, sob razões “práticas” mais do que justificáveis, abandonou Aécio Neves e aderiu a Marina Silva.  E não era para menos. Afinal, a menos de um mês da eleição em primeiro turno, o tucano continua sendo o candidato mais fraco com quem o PSDB já disputou a Presidência.
A esta altura, o petit-comité tucano (grupelho de caciques que decide TUDO no partido) já se arrepende amargamente da imprudência de ter lançado um candidato como o ex-governador de Minas Gerais. Aécio é um político cheio de “broncas” em seu domicílio eleitoral, famoso por levar uma vida “desregrada” e tendente a um tipo de desfaçatez que enoja o eleitorado.
Isso sem falar de outra tendência aecista, a de perseguir os críticos valendo-se das relações promíscuas que o PSDB mantém com amplos setores do Judiciário e o Ministério Público. Com efeito, se o tucano gastasse menos tempo com perseguições ridículas como a de processar seis dezenas de tuiteiros e se dedicasse mais a propor alguma coisa ao eleitorado, seu fracasso seria menor.
Enfim, Aécio já é carta fora do baralho. Todavia, é sempre bom aludir à causa de sua candidatura ter naufragado. Ele é um exemplo vivo de como um político não deve se portar. Ou, dito de outra forma, quem tem telhado de vidro não atira pedra no telhado vizinho.
Com o coração apertado, portanto, a grande mídia já desembarca da candidatura dele e, relutante, já embarca na de Marina Silva mesmo sabendo que ela não tem uma única ideia a apresentar o país. Sua candidatura se resume a se prontificar a atender a cada capricho do mercado financeiro. Ponto.
Começa, então, uma campanha midiática para impedir que a pessebista seja cobrada por propostas estapafúrdias como a de relegar a exploração do pré-sal a segundo plano ou por sua impressionante guinada à direita ao se aliar a viúvas da ditadura militar e a exploradores da fé cristã.
Até o fim de semana, a mídia ainda apostava na “delação premiada” para fazer os votos que Marina tirou de Aécio voltarem para ele – as denúncias do ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto da Costa também atingem o PSB, via envolvimento do falecido ex-governador Eduardo Campos.
As pesquisas mostraram que só Marina foi atingida. Dilma passou pelo ataque da Veja e dos grupos de mídia que teimam em dar credibilidade às denúncias vazias da revista.
Ainda no domingo, a colunista Eliane Cantanhêde não estava preocupada com Marina. Ela e Aécio escreveram, na mesma edição do jornal, que o produto da “delação premiada” seria o “mensalão 2”.  E, de quebra, atacaram Marina.
Confira, abaixo, o último parágrafo da coluna de Cantanhêde.
Até aí, nada demais. Há 12 anos que essa colunista – casada com um dos marqueteiros do PSDB – ataca o PT, Lula e depois Dilma durante seis dias por semana. Só poderia mesmo papagaiar o que o tucano da vez diz.
Contudo, vendo que Aécio está pousando em vez de decolar – usar metáforas aéreas para tratar dele, é irresistível –, a colunista e o jornal tucanos caíram em si: é Marina ou Marina, do contrário dará Dilma.
Tem início, pois, operação-resgate da mídia em prol de Marina. Essa campanha começou na última quarta-feira a partir de tentativa da Folha de descaracterizar como banqueira aquela que formulou o programa de governo marinista: a “educadora” Maria Alice Setubal, a “Neca”, sócia do banco Itaú.
Não foi difícil para o jornal publicar o afago em Neca. Por alguma razão “desconhecida”, banqueiros têm um poder enorme de despertar a solidariedade de grandes grupos de mídia…
Confira agora, abaixo, a capa da edição do jornal no último domingo.

Ao tratarem a banqueira como “educadora”, tanto Marina quanto a Folha querem dizer que ela é professora. Uma professora que sofre de compulsão incontrolável por dar dinheiro a políticos.
E depois dizem que professor ganha mal…
A matéria da Folha diz que Neca é “educadora” e que nunca teve cargo no Itaú. Porém, outra matéria, agora doEstadão desta sexta-feira (12), apresenta melhor os fatos. O título fala por si: “Neca dá R$ 2 milhões a Marina e é a terceira maior doadora entre pessoas físicas”.
Neca e seu banco são contumazes doadores eleitorais. Na dúvida, todos os bancos pingam um dinheirinho na conta de campanha de cada candidato. Mas nunca deram dinheiro para um projeto pessoal como fizeram com Marina, a quem doaram um milhãozinho, “apenas”, como sugere a matéria do Estadão, que, apesar de menos desonesta, faz seus malabarismos.
Na terça-feira (9), Marina continuava atacando o PT como vinha fazendo desde o início da sua campanha, após a morte de Eduardo Campos.
Apesar disso, a partir da quarta-feira a Folha começou a publicar uma enxurrada de matérias contendo acusações à campanha de Dilma de estar “jogando sujo”, “batendo abaixo da cintura” etc., só porque Dilma reagiu a ataques que vem recebendo da adversária há muito tempo.
Aliás, a disparada de Marina nas pesquisas, no mês passado, deveu-se justamente ao fato de que Dilma apanhava calada da adversária. Isso, porém, não impediu a tal da Cantanhêde de, na quinta (11) e na sexta (12), pintar a presidente da República como verdadeira troglodita, no que teve apoio da já mencionada avalanche de matérias no mesmo sentido no seu jornal e em outros grandes veículos.
11/9
12/9
Esses dois textos resumem a “marinada” que a Folha já deu por completo e que outros grandes veículos de comunicação começam a dar, ante a reação consistente de Dilma nas pesquisas.
Quando Marina acusa de corrupção um partido em que passou metade da sua vida, é “crítica política”; quando Dilma reage, é “ataque abaixo da cintura”.
Isso não existe. Ataque abaixo da cintura é o que a Folha fez com Dilma em 2010, quando seu preferido era José Serra. Publicou, em sua primeira página, uma ficha policial falsa da presidente. Ou quando a mesma Folha publicou acusação sem provas a Lula de ter tentado estuprar um colega de cela durante a ditadura.
A campanha de Dilma não está fazendo jogo sujo nenhum com Marina. Ao compará-la a Jânio Quadros e Fernando Collor, alude à falta de apoio político que acabou por apeá-los do poder. Nada mais. Não se comparou Marina pessoa física a Jânio e Collor pessoas físicas. Dizer que a campanha de Dilma fez isso é a mais pura vigarice.

terça-feira, 9 de setembro de 2014

ONDA MARINA ARREFECE. VOLTARÁ A CRESCER?

terça-feira, 2 de setembro de 2014

LULA E DILMA NAS RUAS: QUAL É O LADO DELA ? Como nos bons tempos dos pobres contra os ricos, do metalúrgico contra a Febraban.

Assim se resume a campanha - de que lado está a Bláblá ? (sugestão do amigo navegante Adriano Augusto, no Facebook do C Af)

Nessa terça-feira (2/09), Lula e Dilma estarão nas ruas de São Bernardo do Campo, sob a batuta do excelente prefeito Luis Marinho, o homem que venceu a batalha do caça Gripen sueco, aquele que, em parte, será  produzido em São Bernardo – e vai gerar empregos fora do tripé e sem a terceirização radical.

Amanhã, Lula estará com Rui Costa e Wagner nas ruas de Salvador.

Depois, Lula em Petrolina e, com Dilma, em Recife.

Fortaleza, Porto Alegre, Florianópolis … sem falar no ato público em frente à Petrobras, no Rio, para defender o pré-sal da Chevron do Cerra e da “perda de prioridade” da Bláblá.

(Veja que, nesse ponto, os dois se equivalem, como demonstrou o Saul Leblon: Arrocho e Bláblá querem, no fundo, é detonar a Petrobrás.)

Lula e Dilma resolveram ir para as ruas, como nos bons tempos da Petrobras é nossa.

Como nos bons tempos da luta entre ricos e pobres.

Do metalúrgico contra a FIESP.

Está na hora exata de botar sebo nas canelas do Lula e fazer política, como recomendou, sabiamente, o Oráculo de Delfos.

(O Lula e a Dilma sabem que é o Oráculo …)

Agora que a Fadinha da Floresta tirou a máscara e mostrou que é uma falsa-tucana, é preciso aplicar a ela o mesmo veneno que matou o Arrocho: o FHC ! (Clique aqui para ler “como derrotar a Bláblárina.”)

E ir para a rua perguntar ao povo: de que lado ela está ?

Porque a Dilma e o Lula têm lado.

Ela também.

Só que ela esconde, como esconde quem a contrata.

A Luciana Genro teve a oportunidade, ontem, no debate, de ir pra cima dela: não dá para dizer que é a favor do povo e dos banqueiros, D. Marina …

Mas, como ela tem muita Personalité, fingiu que ao ouviu.

Consta que Lula sugeriu ao Obama: governe para quem o escolheu.

Agora, o lema é outro: peça voto a quem você escolheu.

Como prioridade dos nossos Governos.


Paulo Henrique Amorim

domingo, 31 de agosto de 2014

O PALOCCI NÃO MOSTROU, BLÁBLÁ TEM QUE MOSTRAR ! Quem são os clientes secretos da Bláblá ?




A Fel-lha (de bilis podre) (*) revelou que a Bláblárina, coitadinha, tão pobrinha, frágil, desprotegida, faturou mais de R$ 1 milhão em palestras.

E que não vai identificar os clientes por causa de uma cláusula de confidencialidade.

Não pode !

Onde é que nós estamos ?

Na selva ?

Quer dizer, na floresta ?

O amigo navegante se lembra que a Presidenta Dilma Rousseff mandou embora seu Chefe da Casa Civil, porque ele se recusou a identificar os clientes de sua consultoria.

E a Presidenta fez muito bem: não poderia conviver com o malfeito.

Conversa Afiada desconfia que Palocci preferiu cair a ter que dizer que seu cliente era o Abílio Diniz, que pretendia, naquela altura, recomprar o Pão de Açúcar com o seu, o nosso dinheiro e do trabalhador, com o FAT do BNDES.

E olha que ele era apenas, apenas !, chefe da Casa Civil.

Agora, imagine uma candidata já eleita pelo PiG (**) Presidenta do Brasil !

E se o cliente for o Itaúúú?

A Natura ?

E se for o doleiro Youssef ?

Ou o Aref do Prefeito Cerra ?

E se for o James Cameron ?

E se for a Chevron do Cerra ? 

Taí, um bom tema para a Presidenta Dilma explorar no horário eleitoral: quem banca (sem trocadilho) a Antonia Conselheira, a mesma do crime eleitoral do jatinho sem dono ?

Sobre a matéria, leia aqui o que Rubens Valente – autor do imperdível “Operação Banqueiro” – escreveu sobre os clientes secretos da Bláblá.

Clique aqui para ler “Janio e a Petrobrax. Bláblá = Arrocho”.

Aqui para ler “Jean Wyllys: Bláblá, você mentiu !”.

Aqui para ler “Caetano apoia Bláblárina. Ôba !”.

aqui para ler “Malafaia sobre Bláblá: melhorou, mas não basta”.


Paulo Henrique Amorim


(*) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é,  porque o dono é o que é; nos anos militares, a  Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.

(**) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Marina, o xale, o relho e o lombo


Vendas nos supermercados tem crescimento de 3,14% acima da inflação em julho

IBGE: preços no atacado tem nova deflação em julho de 0,29%; preços dos alimentos registram queda de 1,18%

Governo Dilma transfere 3,2 milhões e hevtares à reforma agrária e à conservação ambiental nos estados do AM, AC,RO, PA

Debate Bandeirantes: Dilma afoga Marina em evidências de que os pactos propostos pelo governo após os protestos de 2013 resultaram em ações relevantes: Mais Médicos; royalties do pré-sal à educação e saúde; investimentos em mobilidade e projeto de plebiscito para a reforma política.

Debate Bandeirantes: Aécio Neves criticou a 'gestão da Petrobrás' e levou uma saraivada de Dilma: empresa vale hoje sete vezes mais do que no governo do PSDB e o pré-sal que tucanos menosprezaram já produz 540 mil barris/dia.

Debate da Bandeirantes: Marina mostra coerência e faz veemente protesto contra quem critica as elites brasileiras; defende Neca do Itaú e elogia empresário dono da Natura, 'uma pessoa que dedicou a vida ao desenvolvimento sustentável', diz ela

  

Ao contrário do economicismo adotado até aqui, é preciso explicitar a essência do conflito político radicalizado pela elite brasileira no processo eleitoral.

por: Saul Leblon


Arquivo

Marina, o xale e o relho da nova política

Imagine o seguinte roteiro espetado nas entranhas de uma agremiação política de esquerda:

Um jatinho carregando um candidato a Presidente da República e mais seis pessoas espatifa-se em Santos no dia 13 de agosto.

Todos os seus ocupantes morrem.

A caixa preta do avião está muda.

Uma outra caixa preta, porém, passa a emitir sinais intrigantes no curso das investigações.

A aeronave, descobre a Polícia Federal, não tem dono conhecido. Sua documentação é ilegal.

O partido do candidato morto não contabilizou o seu uso na prestação de contas ao TSE.

AF Andrade - empresa que aparece como última proprietária no registro da Anac, tirou o corpo fora.

Afirma que já havia repassado o avião a outro empresário, que o emprestou para um outro, ligado à campanha do presidenciável morto.

Um labirinto típico das rotas do dinheiro frio desenha-se então nas provas de um suposto leasing do avião, envolvendo pagamentos feitos por laranjas que vão de uma peixaria de Recife a escritórios localizados em lugar nenhum...

Entre as poucas pistas sabe-se que a autorização de uso na campanha teria sido feita pelo empresário João Carlos Lyra Pessoa de Mello Filho e o empreendedor Apolo Santana Vieira.

Vieira responde a processo criminal por sonegação fiscal na importação fraudulenta de pneus pelo Porto de Suape, que fica no estado de origem do candidato morto no acidente.
 A fraude gerou prejuízo de R$ 100 milhões aos cofres públicos de Pernambuco, de acordo com os autos da Justiça Federal.

Na verdade, segundo PF, duas aeronaves usadas pela candidatura agora liderada pela ex-senadora Marina Silva foram arrendadas pela mesma Bandeirantes Pneus, de Pernambuco, de propriedade do mesmo Vieira, incriminado no mesmo processo milionário de sonegação.

O valor do jatinho equivale a uma taxa de 20% sobre o total da fraude de que Vieira é acusado.

Em sua defesa, o empresário alega que apenas manifestou interesse na compra do avião, mas a operação de transferência não chegou a ser efetivada. E devolve a bola ao ponto inicial do labirinto: a empresa AF Andrade - que aparece como proprietária no registro da Anac...

Repita-se: imagine esse roteiro espetado nas entranhas de uma agremiação política de esquerda. Ademais dos registros incontornáveis, que tem sido feitos, reconheça-se, que tipo de campanha ensejaria nas fileiras dos savonarolas da mídia, do colunismo da indignação seletiva e das togas justiceiras?

Estamos no campo da ‘nova política’, porém.

E isso altera de forma significativa as fronteiras da tolerância ética.

Se ainda restava alguma dúvida sobre o que significa esse termo ela foi dissipada no debate da Bandeirantes desta 3ª feira pela sua expressão auto- nomeada, Marina Silva, que fez uma empolgada defesa da ‘elite brasileira’.

Ademais dos elogios à progenitora programática, Neca do Itaú, a candidata do PSB creditou ao dono da Natura, o milionário Guilherme Leal, outro esteio da ‘nova política’, um epíteto sonoro: ‘uma pessoa que dedicou a vida ao desenvolvimento sustentável’.

É mais ou menos como dizer que o bilionário Warren Buffet –que agora investe na interação entre Burguer Kings e a rede canadense de rosquinhas Tim Hortons-- faz parte da elite humanitária, por dedicar a vida à luta contra a fome.

Marina é o PSDB de xale.

E nisso reside o seu potencial; ao mesmo tempo, a sua vulnerabilidade.

O xale enlaça o desejo justo e difuso por ‘mudança’.

 Há quem acredite, sinceramente, que uma candidatura que tem como formuladores os hiperneoliberais Eduardo Gianetti e Andre Lara Resende, personificará algo inédito na política brasileira.

Marina é o pleonasmo do PSDB.

Graças ao xale, porém, teria abriu uma vantagem de 10 pontos sobre o candidato tucano Aécio Neves, segundo o Ibope.

E num segundo turno contra Dilma, aventa o instituto, Marina e o xale venceriam, cavalgando um crescimento de 16 pontos, contra apenas dois da atual Presidenta.

A aposta do Ibope é ousada: ‘contra Dilma, todos querem Marina’.

A campanha curta, reconheça-se, favorece o engodo mudancista do qual ela se declara portadora.

O instinto omnívoro do conservadorismo faz o resto: ‘tudo menos o PT’, exalta a mídia.

Por que não, entoam os endinheirados batendo na mesa, se debaixo do xale existe alguém disposto a entregar o Estado a quem sabe das coisas?

Os centuriões da república do dinheiro, gabaritados a desencadear a plena restauração do neoliberalismo na economia e na sociedade brasileira.

Não é uma frase carimbo.

É a síntese do que defende aquela que se avoca a sentinela avançada do ‘novo’.

‘Contra tudo o que está aí’.
 Reiterado de moto próprio ou através de porta-vozes desde a largada de sua candidatura no ano passado.

Por exemplo:

‘(...) a ex-senadora Marina Silva (PSB) defendeu o retorno à austeridade fiscal, empenho no combate à inflação e a adoção de uma agenda para simplificar a economia em apresentação a clientes do banco CreditSuisse na sexta-feira. (...) A ex-senadora defendeu a volta do tripé macroeconômico baseado na adoção de metas de inflação, câmbio flutuante e política fiscal geradora de superávits primários. Conforme relato de investidores que estiveram no encontro, ela disse que o tripé "ficou comprometido e é preciso restaurá-lo (...) Marina afirmou discordar do expansionismo fiscal adotado pelo governo e defendeu que o país volte a gerar superávits primários "expressivos, sem manobras contábeis" (...) o câmbio deve voltar a flutuar livremente, sem tantas intervenções do Banco Central (...) na avaliação dela, o combate à inflação foi relegado pelo governo. Para recuperar a credibilidade, afirmou, é preciso dar ao mercado sinais (NR: juros) claros, "quase teatrais", de que a inflação será levada ao centro da meta’.

O evento assim relatado pelo jornal Valor Econômico, em 14/10/2013, foi bisado na forma e no conteúdo nesta 3ª feira (26/08/2010), segundo a Folha de SP, que descreve um novo encontro a portas fechadas entre emissários de Marina --Walter Feldman, Bazileu Margarido e Álvaro de Souza (Ex-presidente do Citibank) , e investidores nacionais e estrangeiros.

Neca do Itaú garantiu a sede do seu banco para a realização do bate-papo.

Enquanto a turma hard diz a que veio a ‘nova política’, a candidata light distrai quem de fato pode lhe dar votos para implementa-la.

Aqui entra sua especialidade.

Na mesma edição de 14/10/2013, o jornal Valor trazia uma ‘esclarecedora’ entrevista, na qual Marina Silva extravasa essa cosmologia escalafobética.

Vale a pena ler de novo:

Valor: Há alguma contradição entre sustentabilidade e o ideário econômico que a senhora defende?

Marina: Não há contradição (...) Nosso desafio, nesse início de século, é integrar economia e ecologia em uma mesma equação.

Valor: Como se faz isso?

 Marina: (...) vamos ter que "ressignificar" a experiência econômica, social e cultural que temos, a partir delas mesmas. É uma espécie de mutação.

Valor: Mutação?

Marina: Sustentabilidade é uma visão de mundo, um ideal de vida. Esse ideal vai se realizar na forma de novos projetos identificatórios (...)

Baixa o xale, rápido.

Uma narrativa suficientemente etérea para ‘ ressignificar’ tudo e não mudar nada. E nessa complacente sanfona incluir desde justas aspirações por novas formas de viver e produzir , a alianças com Bornhausens e assemelhados, em contraste gritante com a pureza esvoaçante do invólucro entrelaçado com fibras da floresta amazônica.

O simulacro envolve riscos tão evidentes ao país quanto aqueles inerentes à vitória do caçador de marajás, em 1989. Que só foi possível graças a uma determinação cega das elites e de seu braço midiático de correr qualquer risco para dissociar o PT do poder.

A determinação é a mesma 25 anos depois.

Com um agravante: a candidatura Marina aguça apetites há muito reprimidos.

Vivemos dias extraordinários.

As ferramentas da rotina eleitoral não servem mais.

Ao contrário do economicismo adotado até aqui, é preciso explicitar a essência do conflito político radicalizado pela elite brasileira, contra a construção de uma democracia social no país.

Nele, o xale de Marina Silva cumpre o papel do velho pelego: afaga o lombo contra o qual o dinheiro quer estalar o relho de um ajuste implacável.

Feito de muita fé. Mas sem piedade.


terça-feira, 26 de agosto de 2014

O Brasil espremido entre dentaduras e dentadas


Enquanto a dentadura da boca sertaneja é tratada como um escândalo, a dentada rentista desfruta o espaço de uma pauta séria nos seus espaços midiáticos.

por: Saul Leblon
 
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O Brasil espremido entre dentaduras e dentadas

A dentadura que devolveu o sorriso à boca de uma sertaneja pobre de Paulo Afonso, na Bahia, foi transformada pela mídia isenta em um escândalo eleitoral.

As escolhas que ela envolve são mais sérias do que esse factoide.

Oito incisivos, 4 caninos e 20 molares de resina da sertaneja Nalvinha receberam da mídia um tratamento equivalente ao dispensado ao aeroporto de R$ 14 milhões que Aécio construiu com dinheiro público na fazenda do tio Múcio.

Mereceram a mesma gravidade atribuída ao misterioso jatinho Cessna, de R$ 24 milhões, cuja queda matou Eduardo Campos e abriu uma cratera de dúvidas quanto à origem, a legalidade e os interesses que embalam a candidatura do PSB.

Não importa que os trinta e dois dentes novos façam parte de um amplo programa federal lançado em março de 2004, destinado a devolver o sorriso a milhões de brasileiros cujo único vínculo com a saúde bucal era o velho boticão.

Não é uma miragem.

Ao completar uma década, o ‘Brasil Sorridente’ já entregou quase 500 mil próteses dentárias parecidas com a de Nalvinha. Estendeu o direito a tratamento dentário a 79,6 milhões de adultos e crianças em 4.971 municípios brasileiros.

A julgar pelo martelete midiático, tudo não passa de uma fraude.

A tola e/ou ingênua decisão de providenciar a prótese da sertaneja Nalvinha na véspera da visita da Presidenta Dilma a sua casa, também equipada de cisternas –o governo federal já financiou 481 mil delas em 1.426 municípios do semiárido nordestino e liberou R$ 1 bilhão este ano para chegar a 750 mil até dezembro— alimentou o banzeiro.

Foi o suficiente para que o maior programa de saúde bucal do mundo evaporasse na conveniência da narrativa conservadora.

O episódio seria só mais um embate em torno de um programa social, não fosse tão representativo da imensa dificuldade que é mover a fronteira da inclusão social no Brasil à margem do Estado e das políticas públicas.

Entre outras coisas, a polêmica da ‘dentadura eleitoral’ sonegou ao eleitor alguns paradoxos de uma matriz conhecida.

Por exemplo, o fato de o Brasil ser o país com o maior número de dentistas do mundo.

Tem-se aqui quase 20% dos profissionais de odontologia do planeta.

São cerca de 250 mil dentistas de um total pouco superior a um milhão no mundo; um contingente que mesmo em termos relativos impressiona. Com população superior a nossa, os EUA, por exemplo, dispõem de pouco mais que 170 mil dentistas; a Alemanha tem 70 mil deles; França, México e Argentina contam com 40 mil cada.

A dianteira pelo jeito veio para ficar.

A Associação Brasileira de Odontologia (ABO) informa que quase 15 mil novos dentistas chegam ao mercado brasileiro a cada ano, formados pelas 203 faculdades de odontologia existentes no país.

O segundo paradoxo: esse superlativo arsenal está longe de se refletir no sorriso de boa parte da população que não tem acesso ao cuidado odontológico.

Até entrar em campo o ‘Brasil Sorridente’, um contingente da ordem de 30 milhões de brasileiros nunca havia sentado em uma cadeira de dentista.

A razão é a mesma que levou o governo a importar mais de 14 mil médicos cubanos para levar assistência a 50 milhões de brasileiros pobres, através do ‘Mais Médicos’.

A mesma que gerou o Bolsa Família. A mesma que levou à criação do Prouni. A mesma que promoveu a instituição de cotas na universidade. A mesma que impulsionou o crédito subsidiado à agricultura familiar. A mesma que leva o BNDES a carrear recursos do Tesouro para áreas do interesse estratégico do país. A mesma que fez o governo Lula instituir uma regulação soberana para o pré-sal. A mesma que encorajou a Petrobrás a impor um índice de nacionalização de 60% nas encomendas de serviços e equipamentos necessários à exploração.

A razão é que o capitalismo deixado à própria sorte é incapaz de construir uma sociedade. E menos ainda uma democracia social como a que se pretende no Brasil.

O sorriso devolvido à sertaneja Nalvinha não é fruto das forças de mercado.

Ele só ressurgiu no rosto da sertaneja de Paulo Afonso porque os governos Lula e Dilma tomaram a decisão política de resgatá-lo investindo R$ 10 bilhões no ‘Brasil Sorridente’.

Vem daí a pergunta incomoda, abafada pela pauta dos operadores e herdeiros da alta finança.

Se nem mesmo uma dentadura chega à boca do brasileiro pobre, sem a ação do Estado, como conceber que um novo ciclo de desenvolvimento associado à justiça social possa florescer por força da lógica estrita da ‘racionalidade dos mercados’?

Aquela que inclui entre os seus preceitos a ideia de que a moeda de uma nação deve ser entregue à administração de um banco central independente do governo e da democracia.

A diretriz anunciada tanto pelo operador tucano Armínio Fraga, quanto pela coordenadora do programa do Partido Socialista, Neca do Itaú, vende como ciência aquilo que é a essência da dominação financeira no capitalismo: o manejo dos juros na economia.

Trata-se de ‘proteger’ as decisões monetárias das pressões originárias do mundo político, alega-se.

Por mundo político entenda-se o conflito de classes, ilegítimo aos olhos de quem enxerga a política como excrescência e o seu interesse como uma segunda natureza, e não parte de uma correlação de forças que disputa o destino da economia e o da sociedade.

A repartição do ônus gerado pela maior crise do capitalismo dos últimos 80 anos demonstra a pouca aderência dessa visão à realidade.

Seis anos após o colapso de 2008, a lucratividade dos bancos norte-americanos registrou lucros recordes nesse segundo trimestre.

Em contrapartida, a subutilização da força de trabalho –indicador que soma emprego parcial e desistência de buscar vaga- atinge assustadores 13%.

Na maior economia capitalista da terra, metade das vagas criadas no pós-crise é de tempo parcial, com salários depreciados.

Não é um aquecimento de motores. É o padrão de uma economia desossada em seus esteios produtivos , por obra da desregulação financeira promovida pelo ciclo neoliberal, a partir de Reagan.

É esse subenredo de uma recuperação tíbia que leva a criteriosa presidente do BC de lá, Janet Yellen, a resistir às pressões dos interesses rentistas para elevar as taxas de juros do mercado.

Pressões políticas, como se vê, partem muitas vezes de onde menos esperam os defensores da independência do BC por essas bandas.

Um dos maiores gargalos do Brasil nesse momento é justamente a ausência de espaço para a discussão madura dessas interações entre política e economia, entre opções, custos, concessões, salvaguardas e requisitos à ordenação de um novo ciclo de crescimento, que só virá por força de uma repactuação democrática da sociedade.

A eleição deveria servir para isso.

Mas enquanto a dentadura da boca sertaneja é tratada como escândalo, a dentada rentista subjacente ao BC independente desfruta do privilégio de pauta ‘séria’.

Sob a pressão desse maxilar ideológico o passo seguinte do desenvolvimento brasileiro gira em círculos que sonegam futuro ao país e esclarecimento à sociedade.

Não é uma combinação promissora. E a história já evidenciou isso algumas vezes. A ver.

Marina, será que eles poderão trocar de CNPJ?

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Com multas bilionárias aplicadas pela Receita Federal, empresas como o banco Itaú, de Roberto Setúbal, grupo Globo, de João Roberto Marinho, e Natura, do ex-vice de Marina Silva Guilherme Leal, observam exemplo do PSB; partido fechou comitê financeiro anterior à nova candidata e agora abre outro CNPJ – o registro de pessoas jurídicas – para superar histórico de contas e arrecadações e começar vida nova, sem passivos a saldar; entre as três grandes empresas mordidas pelo Leão, todas apostam em Marina agora; será que ela vai apoiar mudanças de CNPJ como a que seu partido quer fazer? 

247 – Depois que o PSB anunciou a fórmula que está usando para encerrar o passado de arrecadações e despesas da campanha do ex-governador Eduardo Campos, com o fechamento formal do comitê financeiro e abertura de outro, com novo CNPJ (o número de registro de pessoas jurídicas), pelo menos três grandes empresas que pertencem ao campo de influência da candidata Marina Silva estão atentas.
Com uma multa a pagar de nada menos de R$ 18,7 bilhões à Receita Federal, por conta de impostos considerados não recolhidos pela fusão com o Unibanco, o banco Itaú tem esse problema em seu CNPJ. A alternativa encontrada pelo PSB, com a anuência de Marina, que já começa uma nova corrida de arrecadação, pode interessar.

No mesmo caso está uma companhia muito próxima da candidata. A Natura, do empresário Guilherme

Leal, que foi candidato a vice de Marina em 2010, igualmente tem problemas com o Fisco. No ano passado, a empresa recebeu uma conta de R$ 628 milhões por IPI e Pis não recolhidos. Um CNPJ zero quilômetro também cairia bem para superar essa situação.

Para as Organizações Globo, que jamais esconderam sua oposição à presidente Dilma Rousseff e, nessa medida, veem com simpatia a opção Marina, uma suavização no apetite do Leão igualmente seria positiva.

A emissora perdeu no ano passado recurso contra a receita de R$ 730 milhões, em razão de impostos não recolhidos pela transmissão da Copa do Mundo de 2002.

Se a moda lançada pelo PSB de Marina pegar, com o passado menos transparente sendo jogado no lixo da história para a abertura de um futuro novo em folha, a fila para fazer o mesmo deverá ser grande.

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Marina e Neca do banco Itaú: o ambientalismo argentário



O chão mole de Aécio se liquefaz: tucano sofre erosão de votos para Marina, vê o dinheiro grosso flertar com a substituta de Campos e já sente o cheiro da traição nas fileiras do PSDB.

Lições pedagógicas que vem da França: economia francesa patina no arrocho neoliberal e governo afunda na crise; Hollande demite primeiro ministro e promove nova reforma em seu ministério

Econeoliberalismo junta conservacionismo e conservadorismo; preservação da natureza e congelamento da economia; juro alto e atividade econômica baixa: o rentismo vibra.

Venda de papelão de embalagem, indicador que antecipa a atividade na economia, cresceu 11% em julho sobre junho; na comparação com julho de 2013 o avanço foi de 3%.

Dieese: com inflação em declínio, 93% dos acordos salariais fechados no 1º semestre tiveram ganho real de salário

Brasil criou 1,490 milhão de empregos com carteira assinada em 2013, 3% mais que em 2012; a renda dos assalariados cresceu 3% acima da inflação (RAIS)

Mercado de trabalho brasileiro reúne hoje cerca de 49 milhões de empregos formais: trata-se de um estorvo ou de um patrimônio do desenvolvimento a ser preservado das receitas de arrocho?
Arquivo

Uma agenda acima das urnas inclui a independência do BC, emenda a responsável pelo seu programa de governo, a Neca do Itaú.

por: Saul Leblon

Menos de 24 horas depois de ocupar a vaga de candidata do PSB à presidência da República, Marina Silva tropeçou na imagem de santa que seus seguidores reverenciam e ela cultiva.

O coordenador de campanha do partido renunciou ao cargo em caráter irrevogável.

Foi um mal entendido, justificou Marina.

É possível.

Mas não há mal entendido no que acaba de anunciar a coordenadora de programa do PSB, Neca Setúbal.

Uma das donas do Itaú –espécie de Banco Central tucano— Neca avisa que num eventual governo marineiro será implantada no país uma das teses mais caras ao neoliberalismo duro: a independência do Banco Central.

Ao experiente repórter da Folha, a quem confiou a diretriz estratégica, não ocorreu perguntar à herdeira do Itaú em relação a quem, ou a quê, destina-se a independência mais valorizada que a do próprio país.

Quantos dentro do PSB e entre os recém seduzidos pela imagem pura e firme de Marina sairão à medida em que a plataforma made in Itaú for, aos poucos, esclarecida?

A nova coordenadora de campanha da ex-ministra, por exemplo.

O que a respeitável, coerente e combativa ex-prefeita, Luiza Erundina, acha disso?

Não é fácil opor-se às santidades.

Por duas vezes Lula esteve a ponto de demitir Marina Silva de seu ministério. Ao final das audiências o ex-Presidente deixava o gabinete balançando a cabeça para desabafar com os auxiliares mais próximos:

‘Como é que eu posso demitir uma santa?’

Marina fala como santa. Veste-se como uma. Sobretudo, acha que é predestinada pela providência divina.

Marina ficou no ministério de Lula até sair por conta própria no dia 13 de maio de 2008.

Alegou que não se sentia mais em condições de preservar a coerência de seus ideais e princípios no âmbito de um governo de coalizão imantado de inegáveis contradições.

Não se diga que a posição é descabida.

O espaço da coerência histórica num sistema político em que o Presidente é refém de um Congresso no qual a bancada ruralista conta com 162 deputados e a dos trabalhadores rurais inclui dois representantes, está longe de ser razoável.

Marina não compactuou com o constrangimento de uma correlação de forças difícil, muitas vezes regressiva.

E para onde foi Marina?

Foi sentar-se à direita da santíssima trindade dos mercados.

Em rumoroso encontro a portas fechadas com banqueiros, em outubro do ano passado, a ex-ministra ,segundo o bem informado Valor Econômico (14/10/2013), explicitou pela primeira vez, de forma clara, o seu cuore independente do constrangimento petista.

Conforme relato de investidores que estiveram no evento, ouvidos pelo Valor, a agora candidata do PSB disse então para gáudio da banqueirada: a) o tripé "ficou comprometido e é preciso restaurá-lo’; b) o ‘expansionismo fiscal adotado pelo governo Dilma’deve ser revertido em superávits primários "expressivos, sem manobras contábeis’; c) o câmbio ‘deve voltar a flutuar livremente’.

Por aí afora.

Não foi um arroubo apenas para agradar plateias afins, como indica a senhora Neca Setúbal na Folha desta sexta-feira. Era uma oferta ao desfrute do dinheiro grosso.

Em resumo, afinal livre dos constrangimentos petistas, a ex-senadora revela-se uma convicta defensora do sacrossanto ‘tripé’.

Que vem a ser uma espécie de enforcador à distância. Sendo o pescoço, a sociedade. E os mercados, a mão que controla a correia.

A coleira tacheada permite que o dinheiro grosso submeta governos, partidos e demais instâncias sociais a um comando de desempenho monitorado por três variáveis.

A saber:

I) regime de metas de inflação-- ancorado no chicote dos juros ‘teatrais’, se necessário, como asseverou a nova cristão do monetarismo à banqueira embevecida com o intercurso entre ecologia e rentismo.

II) câmbio livre -- leia-se, nenhum aroma de controle de capitais; vivemos, afinal, em um período de pouca volatilidade e incerteza global mínima...

III) o superávit ‘cheio’ – o nome honesto disso, convenhamos, é arrocho fiscal: corte de investimentos públicos estratégicos para garantir o prato de lentilhas dos rentistas.

Marina descobriu ali que quando abre a boca encanta os banqueiros.

Pudera.

O que sai de seus lábios é música aos ouvidos sensíveis do capital a juro.

Nas palavras da ex-senadora –sempre segundo o credenciado Valor-- trata-se agora de buscar ‘uma agenda que não mude porque mudou o governo’.

Uma agenda independente das urnas?

Escavar um fosso entre a representação política da sociedade e o seu poder efetivo de alterar os rumos da economia é tudo o que as plutocracias almejam, urbi et orbi.

Incluir o Banco Central independente no programa de governo é um sinal de que a coisa é para valer.

Se alguém é capaz de tratar esse estupro com leveza e sedução, como resistir?

‘Impressionante’ ; ‘cativante’, disseram clientes endinheirados do Credit Suisse , banco que patrocinou o mencionado encontro a portas-fechadas com a ex-ministra .

Desdenhar dos partidos e entregar o destino da sociedade a uma lógica que se avoca autossuficiente e autorregulável é com eles mesmos.

O principal assessor de Marina para assuntos econômicos, Eduardo Gianetti da Fonseca, acaba de reforçar essa embocadura histórica.

Desprendido, Gianetti reiterou em encontro empresarial, na semana passada, que entre ele e Armínio Fraga –o centurião ortodoxo que tutela Aécio Neves-- não há nenhuma diferença substancial de conteúdo.

Às favas a terceira via.

Dias depois, o mesmo tutor de Marina debulharia as razões pelas quais considera os economistas da Unicamp uma espécie de contrapartida acadêmica da ditadura militar –o denominador comum seria a resistência ao Estado mínimo neoliberal (leia a resposta educada de um punhado de mestres da luta pela desenvolvimento brasileiro nesta pág)

Quem ouve Marina, Gianetti e Neca do Itaú acha mesmo que o problema do Brasil é a dupla dissonância histórica representada, hoje, pela Unicamp e o PT; antes, por Vargas e os desenvolvimentistas, depois, por Jango, Celso Furtado e a república sindicalista’...

Não fosse a mão dura da Dilma – ‘ela fala como homem, bate na mesa’, reclama Neca do Itaú-- o país estaria liso e pronto para decolar.

Falta só Marina assumir o manche e dar o start.

Embora martelada diuturnamente pelo jogral do Brasil aos cacos, a tese é controvertida.

O relevo econômico brasileiro, na verdade, inclui-se entre as encostas mais acidentadas pela ação secular de predadores ora cativados pela heroína verde – e a metáfora cromática aqui nomeia mais de um sentido.

Os ouvidos para os quais as palavras de Marina, Aécio, Neca do Itaú, Gianetti e Armínio soam como música –assim como soavam as de Palocci, em 2003-- sabem que drenar cerca de R$ 200 bilhões em juros de um organismo social marcado por carências latejantes de serviços e infraestrutura não é politicamente palatável.

Sustentável, na chave de Marina.

O valor refere-se ao gasto médio do país na rubrica de juros pagos aos rentistas da dívida pública (nas três esferas da federação) nos últimos anos .

Representa uns 5% do PIB. Mais de dez vezes o custo do Bolsa Família, programa que beneficias 55 milhões de brasileiros.

Ou quatro vezes o que supostamente custaria a implantação da tarifa zero no transporte coletivo das grandes cidades brasileiras.

Ou ainda dezoito vezes mais o que o programa ‘Mais Médicos’ deve investir até 2014, sendo: R$ 2,8 bilhões para construir 16 mil Unidades Básicas de Saúde e equipar 5 mil unidades; ademais de R$ 3,2 bilhões para obras em 818 hospitais e aquisição de equipamentos para outros 2,5 mil, além de R$ 1,4 bilhão para obras em 877 Unidades de Pronto Atendimento.

Repita-se: daria para fazer isso 18 vezes com o que se destina ao rentismo em um ano. Hoje o Mais Médicos já atende cerca de 50 milhões de brasileiros.

O ponto é: como Marina que se avoca herdeira dos votos da ‘ insatisfação da sociedade civil’, pretende lidar com essas assimetrias descomunais, apoiada na defesa do ‘tripé’ –se preciso cometendo ‘juros teatrais’, diz ela?

“Se o tripé ficou comprometido, é preciso restaurá-lo”, sentenciou quase mística aos cliente do Credit Suisse em rota de levitação.

Ao abraçar a utopia neoliberal, sem abdicar da santidade, Marina aspira ser uma pluma imune ao atrito que contrapõe os interesses populares aos da elite brasileira.

A dúvida é saber por quanto tempo a pluma pode pairar acima da história.

É uma boa pergunta à coerência de Luiza Erundina.

A combativa socialista sabe que por trás da neutralidade das plumas esconde-se a bigorna em cima da qual poderosos interesses submetem povos, nações e governos às marretadas impiedosas do dinheiro.

Há um tipo de neutralidade que só enxerga os erros da esquerda.

E costuma rejuvenescer o cardápio da direita, sempre que esta se ressente de espaços e agendas para disputar o poder.

O ziguezague entre a forma e o conteúdo de Marina reflete a dificuldade histórica dessa agenda.

O ambientalismo de Marina terá que decidir se quer ser um guia de boas maneiras para o 'capitalismo sustentável', que encanta o público da Casa do Saber –espaço de tertúlias dos endinheirados que se cultivam em SP; ou um projeto alternativo à lógica desenfreada da exploração da natureza e do trabalho?

Não são escolhas postergáveis.

Ignorar as urgências sistêmicas escancaradas pela desordem capitalista, desde 2008, equivale a adotar como bússola o oportunismo.

O oportunismo acredita que pode transitar entre leões famintos sem ser notado.

Marina quer levar o Brasil a esse safári desconsiderando a determinação das mandíbulas do capital financeiro em devorar a natureza , a economia, a sociedade e a civilização em nosso tempo.

Negligenciada pelos adeptos da 'terceira via', ou melhor cortejada por eles, a supremacia das finanças desreguladas condiciona todo o cálculo econômico nos dias que correm.

A essa bocarra pantagruélica a gentil Neca do Itaú pretende oferecer a ‘independência do BC brasileiro’, conforme nos informa a Folha desta sexta-feira.

Taxas de retorno incompatíveis com a exploração sustentável dos recursos naturais – de ciclo mais lento e mais longo – constituem o cardápio de engorda desse metabolismo insaciável.

Ele dá as ordens na cozinha globalizada.

Sob a ameaça de migrar para opções especulativas de maior retorno, exige-se a maximização permanente das taxas de lucros, dos juros e dos dividendos -- que a Petrobrás insiste em comprimir para investir na exploração soberana do pré-sal.

Dissemina-se assim um padrão de retorno econômico incompatível com a sustentação dos direitos sociais ('o custo Brasil'), e a preservação dos recursos que formam as bases da vida na Terra.

Que tipo de Estado é necessário para viabilizar essa pilhagem?

Fica claro por que Gianetti atacou a agenda de desenvolvimento preconizada pela Unicamp como tributária do estatismo da ditadura.

O Estado mínimo é a ‘transversalidade’ (para ficar, de novo, na chave de Marina) de uma 'terceira via' que se credencia para terceirizar o país aos mercados.

À outrance dessa aposta acomoda-se o jogral verde, que cerra fileiras contra o ‘estatismo da Unicamp’ por ver aí um inimigo do ‘decrescimento’ ambientalmente sustentável.

O tucano André Lara Resende, interlocutor de Marina, ex-presidente do BNDES e protagonista do escândalo da privatização das teles, em 1998, é um dos teóricos desse braço alternativo da terceira via.

Em vez de respostas, a tese do ‘decrescimento’ repõe velhas perguntas dirigidas às utopias centristas.

Quem decidirá o quê, como, quanto e para quem a sociedade vai produzir, ou deixar de produzir no reino do decrescimento?

Como planejar o decrescimento com um Estado mínimo?

Quais critérios definirão o rateio sustentável do uso dos recursos naturais dentro de cada nação e entre as nações?

Como serão superadas as desigualdades históricas acumuladas até então –por exemplo, o patrimônio em cavalos de corrida acumulado pelo cosmopolita Lara Resende terai qual destinação?

A verdade é que a tese do ‘não crescimento’ responde aos desequilíbrios sociais e ambientais tanto quanto a panaceia do crescimento é vendida como sinônimo de desenvolvimento.

A despolitização dos conflitos subjacentes à destinação do excedente econômico é a pátina dessa dupla mistificação.

Em bom português: arrocho ou democracia social?

Ao eximir-se das consequências de sua aliança com o capital financeiro, Marina joga a equação do desenvolvimento brasileiro nos marcos insolúveis da agenda conservadora, a saber: descontrole inflacionário ou juros argentários; arrocho ou estagnação; Estado mínimo ou recessão?

Abstraída a centralidade da democracia social na qualificação do desenvolvimento tudo é possível.

Inclusive transformar a campanha de 2014 num atalho para a restauração de um neoliberalismo ainda mais devastador que a experiência vivida nos anos 90. Agora travestido de econeoliberalismo, à la Lara Resende.

Ou de ambientalismo argentário, à la Neca do Itaú.

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Quem coordena é Erundina, do PSB, mas quem manda é a Setúbal, do Itaú

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Impressionante a entrevista da sócia do Itaú, Maria Alice Setúbal, na Folha.

Sai-se como a Armínio Fraga de Marina Silva e dá palpite sobre tudo, em especial a economia, com a segurança de quem sabe que a candidata está presa ao que ela disser.

Tanto que o jornalista Fernando Rodrigues, apesar de entrevistar Setúbal, coloca sem meias-palavras, no título: Marina acena ao mercado e promete autonomia para o BC”

A herdeira-banqueira chega ao ponto de alinhar como será a “equipe econômica” marinista.

O mercado visualizando as pessoas que estão ao lado dela vai ter muito mais segurança. Ela já tem vários economistas. Terá outras, mais operadoras. Tem [Eduardo] Giannetti, André Lara Rezende, Eliana Cardoso, José Eli da Veiga. São economistas que têm um olhar mais acadêmico. Eles já dão um certo aval para o mercado -embora eu entenda que não seja suficiente porque eles são mais teóricos. Acredito que ao longo da campanha nós vamos ter outras pessoas que estarão se aproximando, que são mais, vamos dizer, operadores.”

Em nenhum momento ela sequer ressalva que essa ou aquela questão deva ser formulada à própria candidata. Responde com foros de porta-voz.

Precisa mais para deixar claro quem vai mandar?

Luiza Erundina, que nunca foi propriamente uma pessoa com grande poder dentro do PSB – basta ver como foi derrotada na aliança paulista com Alckmin – vai emprestar sua seriedade ao trabalho de aparar os conflitos internos do partido.

Nisso, Marina não vai criar problemas para ela, porque não importa quem esteja no comando das quinquilharias partidárias, nada apetitosas para a ex-senadora.

No que importa, a sua coordenadora já se apresentou ao público.

Maria Alice Setúbal.