Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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segunda-feira, 20 de junho de 2016

Doações eleitorais de Michel Temer ajudam a traçar um perfil do presidente interino; todos os caminhos levam ao Rio Grande do Sul e ao porto de Santos



 

Doações eleitorais de Michel Temer ajudam a traçar um perfil do presidente interino; todos os caminhos levam ao Rio Grande do Sul e ao porto de Santos

 VIOMUNDO

Captura de Tela 2016-06-19 às 03.06.03Beneficiados e beneficiários: em sentido horário, Fátima Pelaes, Cunha, Helder Barbalho e a mãe, Dárcisio Perondi, Edinho Araújo e Eliseu Padilha
Pelos direitos das crianças, dos jovens, das mulheres, de todos os brasileiros; por um Governo decente e, acima de tudo, por mais esperança para os brasileiros, voto “sim”. Darcísio Perondi, ao votar na Câmara pela abertura do processo de impeachment de Dilma Rousseff
Sr. Presidente, renovação; confiança; credibilidade; recuperação da esperança; ordem; harmonia; outro clima de investimentos; respeito às leis; respeito às instituições. Foi neste clima que o Brasil amanheceu hoje: céu azul, céu brilhante, temperatura agradável, bandeiras nos apartamentos e nos ônibus. Conversei com uma empregada doméstica, e ela me disse da alegria nos ônibus hoje de manhã que vieram do entorno do Brasília. Está renascendo um novo Brasil. E tenha a santa paciência o Deputado que me antecedeu! Michel Temer tem doutorado em Constituição. É professor, jurista. Foi Deputado por 16 anos, um homem inteiro, fala o português. Não confunda hombridade e legalidade com gente pequena! Viva o novo Brasil que está nascendo! Viva o novo Brasil que está nascendo! Darcísio Perondi, festejando o governo interino de Michel Temer na Câmara, em 11 de maio de 2016
Da Redação, com Garganta Profunda*
Assim como Eduardo Cunha, Michel Temer tem sua própria bancada na Câmara dos Deputados. É menor, certamente. Mas não menos dedicada a defender seu líder.
Dentre os admiradores mais ferrenhos do presidente interino está o deputado federal gaúcho Darcísio Perondi.
Em 2014, o então vice-presidente estourou o limite de doações eleitorais (10% da renda declarada no ano anterior) ao dar dinheiro diretamente a dois deputados, ambos gaúchos: Darcísio Perondi e Alceu Moreira.
Temer teve os direitos políticos cassados pelo TRE-SP e está recorrendo.
Como a Galeria dos Hipócritas revelou no último 26 de maio, um dos deputados, Alceu Moreira, está enrolado em denúncias de corrupção.
O apelido dele em sua região de origem é Tico Butico.
Quando Alceu Moreira era presidente da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, foi flagrado em escutas telefônicas feitas com autorização da Justiça numa operação da Polícia Federal que investigava um esquema de corrupção envolvendo obras públicas. O esquema começou com o desvio de dinheiro da merenda escolar em Canoas, no Rio Grande do Sul.
A certa altura, quando tratava da liberação de verbas para a conclusão de uma estrada de seu interesse, Alceu Moreira disse ao interlocutor Marco Antonio Camino, da Mac Engenharia, que tocava a obra: “Tem que chover na minha horta, neguinho”.
Alceu Moreira é apadrinhado de Eliseu Padilha, hoje ministro-chefe da Casa Civil do governo interino de Michel Temer.
Padilha também teve diálogos gravados pela PF quando conversava com o mesmo empreiteiro, na mesma operação.
O hoje ministro da Casa Civil de Temer aparentemente tratava de direcionar a licitação para a construção de uma barragem no Rio Grande do Sul.
A construção da barragem fazia parte de um pacote de combate à seca no Sul patrocinado por emendas do próprio Padilha.
No esquema, houve uma escandalosa mudança no edital de licitação para limitar o número de concorrentes.
Nas investigações, a PF descobriu pagamentos de R$ 367 mil de empreiteiras gaúchas a Padilha.
O então deputado federal se defendeu dizendo que parte do dinheiro era resultado da venda de uma propriedade a um empreiteiro e o restante fruto da prestação de consultoria.
Padilha só escapou de maiores problemas com a Justiça porque o STF considerou os grampos ilegais: como deputado federal, ele tinha direito a foro privilegiado e as gravações deveriam ter sido autorizadas pelo Supremo.
Não adiantou a PF argumentar que seu alvo era o empreiteiro Marco Antonio Camino e que o então deputado caiu no grampo por ser interlocutor dele.
Neste final de semana a revista Veja requentou as acusações contra Padilha acrescentando que o Ministério Público Federal pediu o bloqueio de bens e a devolução de R$ 300 mil pelo ministro de Temer num caso correlato.
A ação por improbidade administrativa diz respeito a uma funcionária fantasma:
A Polícia Federal concluiu que a funcionária fantasma, motivo da ação de improbidade, recebeu salário como servidora do gabinete de Padilha por quatro anos. A suspeita é de que o titular da Casa Civil teria contratado a dona de casa como pagamento de favores a um empresário. 
Padilha pede o arquivamento desta ação alegando que ela também está contaminada pelo vício de origem, as gravações não autorizadas pelo STF.
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Temer entre Darcísio e a esposa, que é vice-presidente nacional do PMDB-Mulher; o Hospital de Caridade de Ijuí
DARCÍSIO E A COBRANÇA NO SUS
O deputado Darcísio Perondi não é exceção à regra na “bancada gaúcha” de Michel Temer.
Eleito pela primeira vez em 1995, ele pode se dizer um deputado bem sucedido.
Nas campanhas mais recentes, dobrou os gastos para se reeleger: foram R$ 989 mil em 2010 e R$ 1,79 milhão em 2014.
Pelas declarações de bens apresentadas à Justiça Eleitoral, teve um salto no patrimônio de 293% entre 2006 e 2014.
Ao votar pela abertura de processo de impeachment contra Dilma, ele falou em defesa de um “governo decente”.
Porém, suas práticas destoaram do discurso em pelo menos uma ocasião, segundo o Ministério Público Federal.
Perondi, que é médico, era presidente do Hospital de Caridade de Ijuí, no Rio Grande do Sul, quando aconteceu a denúncia.
Médicos locais cobraram por consultas do SUS, o Sistema Único de Saúde, com o conhecimento da direção do hospital.
Cobranças foram feitas de pacientes humildes dos municípios vizinhos de Catuípe, Chiapeta e Inhacorá que precisavam consultar especialistas.
O MPF recolheu vários depoimentos:
Ângela Dallepiane Schneider, professora estadual: “(…) que a aluna Cilene Patat havia sofrido uma fratura no braço, motivo pelo qual acompanhou­-a até o Hospital de Caridade de Ijuí. Chegando lá, Cilene foi atendida pelo médico Dr. Adonis Dei Ricardi. Após ter sido atendida, Cilene solicitou à declarante que lhe emprestasse um cheque no valor de R$ 100,00 para pagamento dos serviços médicos. Foi a própria declarante quem entregou o cheque para o Dr. Adonis. Declara que foi ressarcida pela Prefeitura Municipal de Catuípe”;
Cleci Vieira, do lar: “(…) em julho de 2001, procurou a assistência médica do Município, pois estava grávida, quando então foi encaminhada para o Hospital de Caridade de Ijuí (…); foi atendida pelo Dr. Élvio Silveira. Declara que, na oportunidade, foi­-lhe cobrado unicamente R$ 50,00, quantia essa paga em dinheiro para o Dr. Élvio, referente a exame de toque. Refere que tal valor foi ressarcido pela Prefeitura de Catuípe, mediante apresentação do recibo firmado pelo médico que recebeu a importância. Informa que é carente e que não teria condições de pagar quaisquer despesas (…)”.
Celine Mezadre da Luz, do lar: “(…) foi encaminhada para o Hospital de Caridade de Ijuí, ocasião em que foi atendida pelo médico Dr. Élvio. Na oportunidade, foi ­lhe exigido a importância de R$ 180,00, apenas para chamar o médico, pois era final de semana e o mesmo encontrava- se em casa. Diante da informação de que não poderia pagá­-lo, este veio atendê­-la, porém, disse que mandaria cobrar a conta da Prefeitura do Município de Catuípe. Declara que foi trazida pela ambulância do município de Catuípe após ter feito a curetagem. Informa que perdeu o bebê (…)”.
Valdemar Bortolotti, agricultor: “(…) há mais ou menos um ano fraturou a perna esquerda, quando então foi atendido pelo Dr. Rui, na cidade de Catuípe, que o encaminhou para o Hospital de Caridade de Ijuí. Que foi conduzido até aquele hospital pela ambulância da Prefeitura Municipal de Catuípe; lá chegando, foi atendido no Pronto­ Socorro pelo Dr. Adonis, que lhe pediu pessoalmente R$ 180,00 (cento e oitenta reais) para operá­-lo. Diante da recusa, ante a falta de recurso, o referido médico disse que engessaria a perna do jeito que estava, pois com o tempo ficaria bom. Declara que relutou para aceitar o engessamento, contudo acabou aceitando. (…) Declara que até hoje sofre seriamente seqüelas do procedimento adotado pelo médico, sendo que sofre muitas dores (…)”
Registre-se que em 2001/2002, época da denúncia, o salário mínimo era de R$ 180, valor relevante para um agricultor que teve de recorrer a uma ambulância pública para ser transportado entre duas cidades.
O dr. Adonis Dei Ricardi foi incluído na lista de médicos denunciados, juntamente com Armindo Pydd, Alberto Arais Pydd, Aureo Paulo Zimmermann, Bruno Wayhs, Edemar Paula da Costa, Elvio Gonçalves da Silveira, Fernando Vargas Buenos, Francisco Coutinho Kubaski, João Antônio da Silva Stucky, Mario Valter Michel e Maristela Casagrande.
Em sua defesa, eles alegaram que a cobrança era feita apenas quando os pacientes não aceitavam o tratamento dos plantonistas do hospital. Portanto, era como se fossem consultas particulares.
O juiz Adriano Copetti, de Santo Ângelo, não aceitou a argumentação.
A defesa do deputado Darcísio Perondi tentou arguir que ele tinha foro privilegiado, mas o STF considerou que o caso não envolvia seu mandato parlamentar.
Advogados de Perondi também argumentaram que as cobranças não eram irregulares, uma vez que “os municípios devem complementar os serviços de saúde financiados pelo SUS”.
O juiz, porém, condenou Perondi por improbidade administrativa:
O demandado Darcísio Perondi, como Presidente do Hospital de Caridade de Ijuí ­ HCI, concorreu com a prática dos atos ímprobos, já que anuía com as cobranças ilícitas, tanto que pressionava os municípios da região a firmarem convênios com o HCI, dizendo que os repasses do SUS eram insuficientes para o atendimento gratuito de toda a região de abrangência do referido nosocômio. Tinha ele, portanto, na condição de administrador máximo do HCI, o dever de zelar pelo adequado funcionamento da estrutura, o que implica também, sobremaneira, em fiscalizar e coibir atos atentatórios aos princípios da Administração Pública e aos objetivos do Sistema Único de Saúde, dentre eles, em especial, os do acesso universal, gratuito e igualitário às ações e aos serviços de saúde, função a qual, ao que se apurou, omitiu-­se.
Pena? No caso de Perondi, multa de R$ 1 mil. Mil reais.
Os réus, condenados em primeira e segunda instâncias, estão recorrendo.
Darcísio é crítico do programa Mais Médicos. Ele protestou, por exemplo, pelo fato de que os primeiros médicos cubanos chegaram ao Brasil ganhando menos que seus colegas, “apenas” 300 dólares mensais. Segundo ele, a presença de médicos nas pequenas cidades, sem mais investimento federal na Saúde, causaria o estrangulamento do sistema.
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O terminal em Santos e o deputado federal Baleia Rossi, presidente do PMDB paulista: porto seguro
A BANCADA DE TEMER E A DELAÇÃO DE CUNHA
A bancada de Michel Temer na Câmara não inclui apenas os deputados gaúchos Alceu Moreira e Darcísio Perondi, aos quais ele doou como pessoa física.
Nas eleições de 2014, só o CPF 20.569.767/0001-43, relacionado à campanha do vice-presidente Michel Miguel Elias Temer Lulia, aparece associado ao repasse de R$ 11.886.827,14 a 78 candidatos do PMDB, PSD, PDT, PCdoB e PT em vários estados do Brasil.
Impressiona o interesse de Temer pelo Rio Grande do Sul: ele ajudou na campanha de 25 candidatos a deputado estadual e federal do Estado.
Uma possível explicação: Eliseu Padilha, braço direito de Temer, é gaúcho; foi prefeito de Tramandaí, deputado federal desde 1995 e serviu como ministro em governos que um dia tiveram apoio/participação de Temer: dos Transportes sob FHC, da Aviação Civil sob Dilma e da Casa Civil sob o próprio Temer.
Doar a candidatos gaúchos seria uma forma de reforçar a base parlamentar da dupla.
Na lista de doações de Temer em 2014, a maioria dos repasses é de dinheiro originário de empresas.
A empreiteira OAS, por exemplo, fez doações de mais de R$ 3,4 milhões através de Michel Temer.
Alguns casos chamam especialmente a atenção.
Temer repassou, por exemplo, R$ 300 mil da OAS e do frigorífico JBS à candidata Fátima Pelaes. Depois de cinco mandatos, ela não se reelegeu em 2014 como deputada federal pelo PMDB do Amapá.
Agora, a ex-deputada foi escolhida por Temer para dirigir a Secretaria Nacional de Políticas para as Mulheres.
Fátima responde a inquérito que resultou da Operação Voucher, da Polícia Federal, que investigou desvios no Ministério do Turismo.
Quando deputada, Fátima indicou uma ONG de nome Ibrasi para promover o turismo no Amapá a partir de emendas apresentadas por ela.
Fátima teria sido beneficiária de parte dos R$ 4 milhões recebidos pela ONG.
Outro que recebeu dinheiro de Temer para a campanha de 2014 foi Baleia Rossi, o presidente do PMDB paulista: R$ 150 mil, originários do frigorífico JBS.
No escândalo das merendas de São Paulo, o deputado foi acusado pelo presidente da Coaf, a cooperativa que pagou propina, de ser o beneficiário de pagamentos nos contratos fechados com as prefeituras de Campinas e Ribeirão Preto. Ele nega veementemente.
Mas, há coisas mais interessantes ainda na lista de doações eleitorais de Temer.
Voltemos no tempo.
Como o Viomundo denunciou aqui, o presidente interino já foi mencionado em ação de divórcio pelo suposto recebimento de R$ 2,7 milhões em propinas em contratos fechados quando Marcelo de Azeredo dirigia a Codesp, Companhia Docas do Estado de São Paulo, controladora das maiores instalações portuárias do Brasil, em Santos.
Temer era deputado federal e indicara seu afilhado político para dirigir a empresa, o que Marcelo fez entre julho de 1995 e maio de 1998, durante o governo FHC.
À época, Azeredo foi acusado de esbanjar dinheiro público – por exemplo, segundo denúncia assinada pelo repórter Gilberto Nascimento, ele “pagou pelo aluguel de sete veículos da marca Quantum, para atender à diretoria durante dois anos, a quantia de R$ 394 mil, suficiente para adquirir em definitivo 14 carros zero-quilômetro do mesmo tipo”.
A denúncia das propinas obtidas por Temer no porto de Santos partiu da ex-mulher de Azeredo, numa ação de divórcio litigioso.
Ela teve acesso ao computador do ex e copiou planilhas que registravam negócios e pagamentos.
A divisão do dinheiro: 25% ficavam com Azeredo, 25% com um certo Lima e 50% com MT, que os advogados dela identificaram como Michel Temer.
Lima provavelmente é o coronel aposentado da PM João Baptista Lima Filho, dono de 1.500 hectares de terras no interior de São Paulo e da empresa Argeplan, investigada na Operação Lava Jato por contrato com a Eletronuclear — que teria sido fechado depois de pagamento de propina.
O coronel Lima e Temer são amigos há mais de duas décadas.
Pois bem, segundo os registros obtidos pela ex-mulher de Azeredo naquele divórcio litigioso, Temer teria se beneficiado de R$ 640 mil em propina quando dois terminais do porto de Santos, os de número 34 e 35, foram concedidos ao Grupo Libra, especializado no transporte de contêineres.
Quando a concessão original aconteceu, em 1998, a Companhia Docas do Estado de São Paulo, Codesp, era subordinada ao Ministério dos Transportes, ocupado então por Eliseu Padilha, hoje ministro da Casa Civil de Temer.
Fast forward para o governo Dilma, com Temer na vice-presidência.
Em 2013, foi editada a nova Lei dos Portos.
Ela permitia a renovação da concessão de terminais desde que houvesse promessa de novos investimentos, mas vedava isso para empresas inadimplentes.
A essa altura, o Grupo Libra tinha uma dívida com a União estimada em mais de R$ 800 milhões (valores atualizados), que contestava.
Porém, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) apresentou uma emenda que abriu uma exceção: renovação da concessão se a empresa inadimplente aceitasse um processo de arbitragem para a dívida.
O Grupo Libra aceitou e os processos de cobrança da União contra ele foram extintos.
Isso permitiu ao Grupo Libra renovar a concessão dos dois terminais de Santos por mais 20 anos, com a promessa de novos investimentos de R$ 750 milhões.
A Secretaria de Portos, vinculada hoje à Presidência da República, era ocupada na época pelo deputado federal Edinho Araújo (PMDB-SP), indicado por Temer.
A demissão de Edinho por Dilma foi um dos temas da famosa carta em que o vice reclamou da presidenta: “E a senhora não teve a menor preocupação em eliminar do governo o Deputado Edinho Araújo, deputado de São Paulo e a mim ligado”, dizia trecho da carta.
Na lista de doações eleitorais de Temer em 2014, R$ 200 mil foram destinados à campanha de reeleição de Edinho, dinheiro originário das empresas JBS, Jofege Pavimentação e São Sebastião Desenvolvimento Imobiliário.
Já os donos do Grupo Libra, concessionários no porto de Santos desde 1998, compareceram com doações de ao menos R$ 800 mil através de Temer!
Rodrigues Borges Torrealba, um dos donos do Grupo, doou R$ 500 mil a cinco candidatos do PMDB: Edson Meuer Brum (estadual/RS), Rodrigo Sanches da Rocha Loures (federal/PR), Fábio Ricardo Trad (federal/MS), Edio Vieira Lopes (federal/RR) e Elcione Barbalho (federal, PA).
A irmã dele, Ana Carolina Borges Torrealba Affonso, também sócia do Grupo Libra, doou R$ 300 mil a candidatos do PMDB, sempre através de Temer: Hermes Parcianello (federal/PR), Mário Feitoza de Carvalho Freitas (federal/CE), Claudia Lyra Nascimento (federal/DF), Francisco Luiz Escorcio Lima (federal/MA) e Darcisio Paulo Perondi (federal/RS).
Detalhe: Elcione Barbalho, que recebeu R$ 100 mil do Grupo Libra, é mãe de Helder Barbalho, o deputado federal escolhido por Temer para ocupar… a Secretaria de Portos no governo interino!
Trocando em miúdos:
1. Temer foi citado em ação de divórcio por supostamente receber propina do Grupo Libra quando este obteve as concessões no porto de Santos, quando a Companhia Docas do Estado de São Paulo era subordinada ao então ministro dos Transportes Eliseu Padilha, no governo FHC;
2. O mesmo Grupo Libra, sob Dilma, teve as concessões renovadas por duas décadas tirando proveito de emenda parlamentar de Eduardo Cunha, quando Temer era vice-presidente e um aliado dele, Edinho Araujo, ocupava a Secretaria de Portos;
3. O Grupo Libra fez doações eleitorais através de Temer que beneficiaram inclusive a mãe do futuro secretário de Portos, Helder Barbalho.
Será que o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, se renunciar ao mandato e eventualmente fizer delação premiada, vai contar os motivos republicanos que o levaram a apresentar aquela emenda tão particular, um lustroso jabuti, à Lei dos Portos?
* Garganta Profunda é repórter investigativo com duas décadas de experiência; ele foi ‘contratado’ pelos leitores do Viomundo através de crowdfunding
Leia também:
Focinheira para os que atacaram a UNB

quinta-feira, 16 de junho de 2016

Delatado por Machado, Temer cancela fala à Nação

247 – O governo interino classificou a denúncia de que Michel Temer, teria pedido doação de recursos ilícitos para a campanha a prefeito de São Paulo de Gabriel Chalita em 2012 como "muito ruim para a governabilidade".
A divulgação do conteúdo da delação de Sérgio Machado já atrapalha os planos do presidente interino. Temer foi aconselhado a cancelar o pronunciamento à nação em cadeia de televisão e rádio, previsto para esta sexta-feira, com receio de panelaços.
No final da tarde desta quarta-feira, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência se viu forçada a distribuir uma nota oficial, dizendo ser "absolutamente inverídica a versão de que [Temer] teria solicitado recursos ilícitos ao ex-presidente da Transpetro".
Machado foi preciso em suas acusações e diz que conversou com Temer na Base Aérea de Brasília, provavelmente em setembro de 2012, para acertar uma doação de R$ 1,5 milhão.
Leia aqui reportagem de Gustavo Uribe sobre o assunto.

terça-feira, 7 de julho de 2015

GOLPISTA, AÉCIO DIZ QUE SEU GOLPE NÃO É GOLPE

segunda-feira, 29 de junho de 2015

Versão de Aécio para doações da UTC é uma afronta à lógica

aécio

No último sábado (27), este Blog divulgou que o líder da oposição ao governo Dilma Rousseff, Aécio Neves, recebeu da empreiteira UTC, de Ricardo Pessoa, R$ 1,2 milhão a mais do que a adversária, a quem o tucano e a imprensa que o apoia atribuem chantagem contra esse empreiteiro para que fizesse doações eleitorais ao PT e à campanha à reeleição.
Enquanto Dilma recebeu R$ 7,5 mi da UTC, Aécio recebeu R$ 8,7 mi.
Aécio esteve em Parintins, no Amazonas, onde participou de festividade local chamada “festa do boi”. Ao embarcar de volta, o tucano deu uma declaração no mínimo espantosa ao ser inquirido pela imprensa sobre a notícia de que recebeu mais doações da UTC do que a adversária, apesar de esta estar sendo acusada de sua campanha ter coagido o dono dessa empresa a lhe fazer doações.
Segundo Aécio, pouco importam os milhões que recebeu da empreiteira porque “Tudo que tinha pra dar à UTC era alforria”, ou seja, libertação do jugo do “malvado” PT.
Antes de prosseguir pelo labirinto retórico tucano, analisemos alguns dados sobre a campanha eleitoral de 2014.
Para quem não sabe, os grupos empresariais citados na Operação Lava-Jato, juntos, fizeram doações eleitorais a partidos no valor de espantosos R$ 484,4 milhões. Isso mesmo, meio bilhão de reais.
Os partidos mais contemplados por essas doações foram PT, PSDB, PMDB e DEM (este último, de forma espantosa porque tem pouquíssima representatividade, atualmente). Entre as empresas doadoras, a UTC, que doou a esses partidos, segundo o TSE, R$ 52,7 milhões.
A tese de Aécio, é a seguinte: se a UTC não tivesse sido pressionada pelo PT, não teria feito doações ao partido. Teria doado a todos os partidos, menos ao PT. Assim, a empresa de Ricardo Pessoa diferiria de todas as outras grandes empresas que doaram ao PT e aos outros partidos citados e que não acusaram a campanha de Dilma de tê-los pressionado.
A UTC, segundo Aécio Neves, apesar de prestar serviços para vários governos tucanos, não tem interesse algum em doar a tucanos. Doa por amor – à democracia e à “social democracia” tucana.
A declaração de Aécio de que “nada tinha a dar” à UTC é espantosa. Uma afronta aos fatos, à lógica e à própria sociedade brasileira. Isso se torna mais evidente quando se analisa o fato de que empresas investigadas por cartel no Metrô de São Paulo, que vicejou durante duas décadas sob o olhar “desatento” da tucanada local, bancaram 56% da campanha de Geraldo Alckmin à reeleição.
Adivinhe, agora, leitor, quem é uma das empresas que bancaram metade dos custos da reeleição do “desinteressado” governador tucano. Se você marcou UTC, do mesmo Ricardo Pessoa, acertou na mosca.
Claro que, pela lógica safada, sem-vergonha, cara-de-pau, o PSDB nada tinha a oferecer à UTC – além, é claro, de polpudos contratos pelo país todo, nas diversas administrações estaduais e municipais que utilizam os serviços das empreiteiras. Isso sem falar que a mesma UTC tinha expectativa de que o PSDB vencesse as eleições nas Minas Gerais de Aécio.
Mas o que a “lógica” aecista contempla ainda menos, é o seguinte:  se o PT tinha todo esse poder de pressão sobre a UTC, por que aceitou que a empreiteira doasse mais a Aécio do que a Dilma. E por que não exigiu, inclusive, que não doasse nada aos adversários? E mais: por que todas as outras empresas não acusam o PT de tê-las pressionado a doar?
Essa acusação de que Dilma, seu partido e sua campanha teriam extorquido o dono da UTC foi, inclusive,desmentida por ele, segundo a coluna Painel, da Folha de São Paulo. Trata-se de uma versão da imprensa sobre supostos desdobramentos da já dita Operação Vaza-Jato, da qual só se tem notícia quando surge alguma acusação ao PT.
O que está acontecendo neste país é um escândalo. Há um golpe de Estado “branco” ocorrendo em capítulos. Uma investigação sigilosa sofre vazamentos de informações seletivas o tempo todo e as autoridades que investigam não tomam providência. Mentiras são “vazadas’ e não são desmentidas.
Enquanto a esquerda caviar se masturba contra o “ajuste fiscal” – cuja necessidade nenhum economista sério ignora -, a democracia brasileira vai sendo feita em picadinho. Mais uma vez, a exemplo do que ocorreu tantas vezes na história, a esquerda fica assistindo de camarote a democracia ser estuprada enquanto se droga com dogmas e palavras de ordem.

domingo, 28 de junho de 2015

UTC doou mais a Aécio que a Dilma; “novas” denúncias são requentadas

UTC capa

Não dá para entender por que tanta celeuma em torno das acusações do dono da UTC, Ricardo Pessoa, a políticos de vários partidos. E muito menos por que razão só as acusações dele à campanha de Dilma Rousseff e ao seu partido ganharam as manchetes.
UTC 1
Quem lê os principais jornais dando conta de que a UTC doou 7,5 milhões de reais à campanha de Dilma Rousseff fica com a impressão de que há, aí, uma grande descoberta e que a presidente foi especialmente beneficiada por essa empresa. Nada mais falso.
Em primeiro lugar, se esses grandes veículos fizessem jornalismo deveriam esclarecer que essa empresa doou inclusive mais dinheiro à campanha de Aécio Neves no ano passado do que à de Dilma Rousseff.
Levantamento feito pelo site Às Claras, ligado à ONG Transparência Brasil, mostra que a UTC doou R$ 8.722.566,00 para a campanha a presidente de Aécio Neves, no ano passado. O valor é R$ 1,22 milhão superior ao valor doado à campanha de Dilma Rousseff na mesma época.
UTC 2

Diz o noticiário que Pessoa sentiu-se pressionado a doar a Dilma e ao PT porque tinha medo de que, se não doasse, o governo petista prejudicaria seus negócios. A pergunta que é obrigatório fazer, diante de tal acusação, é muito simples: por que Aécio, sem pressionar, recebeu mais do que Dilma?
Uma campanha recebeu 7,5 milhões de reais do empresário porque o intimidou e a outra – que, conforme a omissão do noticiário em citá-la, subentende-se que não intimidou – recebe 8,7 milhões de reais.
A primeira doação decorre de chantagem e a segunda de “amor” ao candidato?
Ora, façam-me o favor…
Mas o pior não é isso. Uma simples busca na internet revela que essa celeuma que dominou a grande mídia a partir da última sexta-feira (26) por conta das “novas” revelações de Ricardo Pessoa, da UTC, não tem a menor justificativa porque é matéria requentada.
Os três maiores jornais do país (Folha, Globo e Estadão) publicaram, neste sábado (27/06), praticamente a mesma matéria sobre o tema, inclusive com manchetes praticamente idênticas. Desse modo, tomemos como exemplo a matéria da Folha, que afirma que “Revelações de empreiteiro ampliam pressão sobre o PT”.
FOLHA DE SÃO PAULO
27 de junho de 2015
PETROLÃO
Dono da UTC cita doações a campanhas de Dilma e Mercadante em delação
Partido afirma que todas as contribuições que recebeu foram feitas conforme a lei e declaradas à Justiça
DE BRASÍLIA
DE CURITIBA
DE SÃO PAULO
Depoimentos prestados pelo empresário Ricardo Pessoa, dono da empreiteira UTC, aos procuradores da Operação Lava Jato ampliaram a pressão sobre o governo da presidente Dilma Rousseff e seu partido, o PT, lançando novas suspeitas sobre doações feitas à sua campanha à reeleição em 2014.
Apontado como um dos líderes do cartel de empreiteiras acusadas de participar do esquema de corrupção na Petrobras, Pessoa fez acordo com a Procuradoria-Geral da República para colaborar com as investigações em troca de uma pena reduzida. O acordo foi homologado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) nesta quinta-feira (25).
Pessoa doou R$ 7,5 milhões para a campanha de Dilma. A contribuição foi declarada à Justiça Eleitoral pelo PT, mas, como a Folha revelou em maio, Pessoa disse que só fez a doação por temer prejuízos em seus negócios na Petrobras se não ajudasse o partido. Ele disse que tratou da contribuição com o tesoureiro da campanha de Dilma, o atual ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, Edinho Silva.
Nesta sexta (26), a revista “Veja” afirmou que Pessoa detalhou também contribuições feitas para 18 campanhas políticas, incluindo repasses de R$ 15 milhões para o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto e de R$ 750 mil ao ex-deputado José de Fillipi (PT-SP), que foi tesoureiro da campanha de Dilma em 2010 e hoje é secretário da administração do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT).
Segundo o jornal “O Estado de S. Paulo”, Pessoa indicou aos procuradores que os repasses para Vaccari e Fillipi foram feitos de maneira ilegal, e não por meio de doações oficiais. Em nota, o PT afirmou que todas as doações recebidas pelo partido foram declaradas à Justiça Eleitoral.
Como a Folha informou nesta sexta (26), Pessoa também detalhou a maneira como foi negociada uma contribuição à campanha do petista Aloizio Mercadante ao governo do Estado de São Paulo, em 2010. Em 2010, Mercadante declarou à Justiça Eleitoral uma doação de R$ 250 mil da UTC. Hoje ministro da Casa Civil, Mercadante é o principal auxiliar de Dilma.
As novas revelações sobre os depoimentos de Pessoa fizeram Dilma convocar uma reunião de emergência nesta sexta. Participaram Mercadante, Edinho Silva e o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Nenhum se manifestou sobre o assunto.
Em avaliações internas, ministros afirmavam que o episódio poderá contribuir para abalar ainda mais a frágil popularidade da presidente, que tem 10% de aprovação, segundo o Datafolha.
Preso desde novembro de 2014 e hoje em prisão domiciliar, Ricardo Pessoa negociou durante meses o acordo de delação premiada. A Folha apurou que Pessoa descreveu em detalhes a maneira como acertava o repasse de recursos destinados ao PT.
‘PIXULECO’
Segundo ele, o então diretor da Petrobras Renato Duque, ligado ao PT, avisava João Vaccari sempre que a estatal fechava um contrato com a UTC e o tesoureiro então procurava o empreiteiro para cobrar o “pixuleco”, como ele chamava a propina de 1% que seria destinada ao PT.
Segundo Pessoa, eles então combinavam de que forma, e em quantas parcelas, esse pagamento seria feito.
Na maior parte das vezes, Pessoa disse que optou por fazer doações oficiais ao PT ou a candidatos do partido. Às vezes, disse, Vaccari pedia que o pagamento fosse feito por fora. Segundo Pessoa, nesses casos o dinheiro era passado em espécie ao partido.
Na delação, Pessoa também citou contribuições a políticos de outros partidos, entre eles os senadores Aloysio Nunes (PSB-SP), Fernando Collor (PTB-AL) e Edison Lobão (PMDB-MA). Todos negam irregularidades.
(ANDRÉIA SADI, MARINA DIAS, NATUZA NERY, ESTELITA HASS CARAZZAI E FLÁVIO FERREIRA)
O que você, atento leitor, entende dessa matéria e, sobretudo, da manchete que a intitula é que surgiu alguma novidade que “ampliou” a “pressão” sobre “o PT”. Ou seja, o que se subentende da manchete é que alguma coisa nova veio à tona.
Pois bem. Vejamos, então, matéria da mesma Folha de São Paulo publicada 49 dias antes, de autoria da mesma Estelita Hass Carazzai que assina a matéria publicada pelo jornal neste sábado.
FOLHA DE SÃO PAULO
9 de maio de 2015
FLÁVIO FERREIRA
DE ENVIADO ESPECIAL A CURITIBA
ESTELITA HASS CARAZZAI
DE CURITIBA
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O empresário Ricardo Pessoa, dono da empreiteira UTC, disse a procuradores da Operação Lava Jato que doou R$ 7,5 milhões à campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff por temer prejuízos em seus negócios na Petrobras se não ajudasse o PT.
Segundo Pessoa, a contribuição da empresa foi tratada diretamente com o tesoureiro da campanha de Dilma, o atual ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, Edinho Silva.
Preso desde novembro do ano passado e hoje em regime de prisão domiciliar, o empresário negocia desde janeiro com o Ministério Público Federal um acordo para colaborar com as investigações em troca de uma pena reduzida.
Nos contatos com os procuradores e no documento em que indicou as revelações que está disposto a fazer caso feche o acordo, Pessoa descreveu de forma vaga sua conversa com Edinho, mas afirmou que havia vinculação entre as doações eleitorais e seus negócios na Petrobras.
O empreiteiro contou ter se reunido com Edinho a pedido do então tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, apontado como o principal operador do partido no esquema de corrupção descoberto na Petrobras e hoje preso em Curitiba.
As doações à campanha de Dilma foram feitas legalmente. Segundo os registros do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), foram três: duas em agosto e outra em outubro de 2014, dias antes do segundo turno da eleição.
Se Pessoa fechar o acordo de delação premiada com os procuradores, ele terá então que fornecer provas e detalhar suas denúncias em depoimentos ao Ministério Público e à Polícia Federal.
Em janeiro, Pessoa já havia indicado sua disposição de falar sobre a campanha de Dilma Rousseff em documento escrito na cadeia e publicado pela revista “Veja”. “Edinho Silva está preocupadíssimo”, escreveu o empresário.
CAIXA DOIS
Pessoa também afirmou aos procuradores que fez contribuições clandestinas para a campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à reeleição, em 2006, e a do prefeito petista de São Paulo, Fernando Haddad, em 2012.
O empreiteiro disse que deu R$ 2,4 milhões à campanha de Lula, via caixa dois. O dinheiro teria sido trazido do exterior por um fornecedor de um consórcio formado pela UTC com as empresas Queiroz Galvão e Iesa e entregue em espécie no comitê petista.
Pessoa afirmou também que, a pedido de Vaccari, pagou outros R$ 2,4 milhões para quitar dívida que a campanha de Haddad teria deixado com uma gráfica em 2012. O doleiro Alberto Youssef, outro operador do esquema de corrupção na Petrobras, teria viabilizado o pagamento.
Segundo o empreiteiro, o valor foi descontado de uma espécie de conta corrente que ele diz ter mantido com Vaccari para controlar o pagamento de propinas associadas a seus contratos na Petrobras.
Pessoa também promete revelar às autoridades detalhes sobre seus negócios com o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, que hoje cumpre prisão domiciliar por seu envolvimento com o mensalão.
O empreiteiro, que pagou R$ 3,1 milhões à empresa de consultoria de Dirceu entre 2012 e 2014, diz que o contratou para prospectar negócios no Peru, mas afirmou aos procuradores que a maior parte dos repasses foi feita após a prisão do ex-ministro, para atender a um pedido de ajuda financeira da sua família, em razão de sua influência no PT.
OUTRO LADO
O PT rejeitou as acusações do empresário Ricardo Pessoa e afirmou em nota que todas as doações à campanha da presidente Dilma Rousseff em 2014 foram feitas de acordo com a legislação eleitoral.
O partido ressaltou que as contas da campanha de Dilma foram aprovadas por unanimidade na Justiça Eleitoral.
A assessoria do ministro Edinho Silva, chefe da Secretaria de Comunicação Social, que foi o tesoureiro da campanha presidenical, informou que a nota do PT deveria ser considerada sua reposta às alegações do empreiteiro.
A Presidência da República e a assessoria do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disseram que não fariam comentários sobre o assunto.
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, afirmou que as doações à sua campanha foram todas feitas de acordo com a lei, e que as dívidas foram absorvidas e quitadas posteriormente pelo PT.
O advogado Luiz Flávio Borges D’Urso, que defende o ex-tesoureiro petista João Vaccari Neto, disse que ele só captou doações legais para o partido e não participou do esquema de corrupção descoberto na Petrobras.
O advogado do ex-ministro José Dirceu, Roberto Podval, informou que seu contrato de consultoria com a UTC tinha como objetivo prospectar negócios no Peru, sem qualquer relação com a Petrobras.
Alguém, por favor, ajude este desorientado blogueiro: o que é, diabos, que há de novo nas notícias recém-publicadas sobre as denúncias do empreiteiro Ricardo Pessoa? O que é que ele acrescentou ao que já havia dito que justifique que a mídia e a oposição façam esse estardalhaço e digam que, à luz das “novas” revelações, há que tirar o mandato de Dilma Rousseff?
O que esse estardalhaço todo significa é, no fim das contas, um imenso desrespeito pela opinião pública, obviamente vista pela mídia e pela oposição como desmemoriada, idiotizada, incapaz de juntar fatos escandalosamente óbvios e deles tirar uma simples conclusão.
Infelizmente, pensando bem, tanto a mídia quanto a oposição têm boas doses de razão para enxergar assim a sociedade brasileira, ou ao menos sua maioria esmagadora

terça-feira, 16 de junho de 2015

FHC apelou a ricaços durante rega-bofe: “Preciso de 30 milhões!”

FHC CAPA
Em 2004, a agenda do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso estava carregada. Suas palestras em eventos empresariais haviam se tornado uma sensação, segundo matéria publicada pela revista época em 23 de abril daquele ano.
Desde que, havia um ano, entrara no circuito dos “gurus corporativos”, Fernando Henrique já fizera duas dezenas de palestras, a maioria remunerada.
As exposições de FHC duravam de 50 minutos a 1 hora, em média. Em seguida, respondia a perguntas da plateia.
O preço para ouvir o tucano ao vivo variava de 50 000 a 75 000 dólares, mais os encargos fiscais, conforme o porte da empresa e sua lucratividade. Como o câmbio, à época, estava em cerca de 3 reais por dólar, as palestras do tucano rendiam de 150 a 225 mil reais.
O dinheiro tinha que ser depositado 14 dias antes da data da palestra. A soma, então, segundo a revista, era, “de longe, o valor mais alto obtido por um palestrante brasileiro.”
Na matéria “O Guru FHC”, Exame relatou que, “a título de comparação”, o ex-ministro Pedro Malan cobrava 38 000 reais por palestra, o que já era quantia “bem superior à média do mercado nacional”.
Exame ainda relatou, em sua edição de 23 de abril de 2004, que, com FHC, o instituto de pesquisa ACNielsen conseguira “atrair pela primeira vez a São Paulo os 15 presidentes de filiais latino-americanas, além do CEO”
“Nossa lista começou com 120 convidados e acabaram comparecendo 180″, afirmou à revista o empresário Germano Rocha, então presidente da Medial Saúde, que comemorou com um café da manhã no hotel Meliá seu 40o aniversário de fundação.
A palestra de FHC ganhou ampla repercussão, rendendo ainda para a Medial a citação da marca na mídia. Foi nela que, segundo Exame, “Fernando Henrique pediu ‘valentia moral’ ao governo”.
Em palestra posterior à Ambev, a empresa mantivera em sigilo o nome do conferencista. O evento que reunira cerca de 1 000 pessoas no hotel Casagrande, no Guarujá. Anunciado, FHC ganhou quase 5 minutos de aplausos frenéticos.
Apesar de toda essa ovação – sempre segundo a matéria da Exame de 23 de abril de 2004 –, pesquisa feita à época com vários executivos do mercado brasileiro conferira nota 2,9 à “eficiência gerencial” do governo FHC, uma nota “abaixo de regular”.
A matéria da Exame foi publicada logo após FHC retornar de um rega-bofe em um sofisticado resort na Ilha de Comandatuba que fora retratado pela colunista da Folha de São Paulo Monica Bergamo, em matéria de 18 de abril de 2004, publicada 5 dias antes da matéria da revista da Editora Abril.
Na reportagem “Uma ilha e mil fantasias”, Bergamo relata como começara um evento em que o tucano dava continuidade a uma coleta de recursos para montar seu instituto que, segundo matéria autocensurada pela revista Época pouco antes de a mídia começar a questionar doações recebidas pelo Instituto Lula – confira aquiaqui e aqui–, começara quando ele ainda era presidente da República.
Observação: sim, caro leitor, você leu direito o parágrafo anterior. FHC começou a pedir dinheiro a empresários enquanto ainda era presidente da República e, sim, a revista Época censurou a própria matéria há alguns dias, no exato momento em a mídia começou a “acusar” Lula por receber doações de empresas APÓS deixar o poder. Época tirou do ar matéria que publicou no fim de 2002, pouco antes de FHC deixar o poder.
Retomemos, pois, o divertido convescote de que participaram FHC, a mesma Camargo Correa que agora é “acusada” de doar ao Instituto Lula e muitos outros ricaços. Com vocês, o rega-bofe de Comandatuba, sob a batuta do anfitrião João Dória Junior.
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quarta-feira, 10 de junho de 2015

Doações: com Lula é “imoral”, com FHC é “cultural”. A hipócrisia da mídia e o sapato do Brizola

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Os jornais se lambuzam nas doações e pagamentos feitos ao ex-presidente Lula por palestras, a partir do vazamento cuidadosamente filtrado dos policiais federais e dos promotores da Operação Lava-Jato.
Embora, lá pelo final das matérias, registre-se que Lula e o Instituto Lula não estão sendo investigados – e não estão por falta de razão, não por imunidade legal – o tom das matérias é o de evidente “denúncia” e “suspeição” das doações e pagamentos que Lula recebe por palestras, o que não apenas é legal como é feito por muitas figuras públicas.
A “onda” é tanta que, no post anterior, um comentarista faz um apelo sentido,  que resolvi atender:
não vi ainda nenhum blog sujo falando sobre a reportagem do Estadão sobre as doações de empreiteiras ao Lula. Isso me deixou com o estômago embrulhado. Gostaria de ler alguma coisa do Brito sobre o assunto, talvez para sossegar um pouco. Acho que muitos compartilham desse sentimento. A mídia em geral e os blogs oposicionistas estão aos pulos, “Pegaram o Lula!” é o que dizem. Há anos faço o papel de advogado do diabo, mas não tenho como mentir para mim mesmo, eu já começo a fraquejar.
Todos os “institutos” de vinculação política recebem doações de empresas, devidamente declaradas. Aliás, em escala microscóprica, este blog também, com os R$ 10 ou pouco mais que recebe de seus colaboradores em conta, declara e – até contra a opinião do contador e de uma amiga auditora da Receita – paga impostos.
Como também ocorre, certamente, com os pagamentos por serviços prestados e não só por palestras de políticos ou ex-governantes.
Eu próprio participei da produção do comercial que Leonel Brizola fez do “Vulcabrás 752″, da Grendene, suando junto com o pessoal da W/Brasil para acertar um texto que fosse coerente com as opiniões do “velho”. E saiu este, que está no Youtube, e que em nada macula o pensamento brizolista. Ao contrário, o pagamento deste comercial pagou muitas viagens de Brizola pelo país, na forma de um crédito junto a TAM.
O “Vulcabrás” do Lula são suas palestras e ele sai mesmo de “garoto-propaganda” do Brasil – e naturalmente de suas empresas, ou quem será que faria negócios no exterior, uma ONG? – pelo exterior. O FHC, mesmo desmoralizado mundo afora com o resultado dos seus governos, também as faz, para bancos, investidores e outros, que não acharam, como nós, aqueles tempos tão ruins. Ao contrário.
E, no caso do Instituto Lula, nem sequer há dinheiro público envolvido, ao contrário do que acontece na organização de Fernando Henrique Cardoso, que recebeu – prestem atenção! – R$ 12 milhões de renúncia fiscal aplicada a empresas que contribuíram com seus projetos culturais, ao menos oficialmente: a organização de seus arquivos pessoais e os de D. Ruth Cardoso.
Para que não se reclame de “leviandade” deste  blog sujo (adoraria saber porque) esclareço que não se trata do “vazamento” privilegiado de qualquer investigação, mas o dado do sistema público de cadastro de projetos financiados com renúncia fiscal pelo Ministério da Cultura,acessível aqui.
Vejam: não estou falando de pagamento por palestras ou por comparecimento de FHC em eventos, valor que só pode ser acessível se indevidamente verificado e divulgado o que é pago e o que é recebido por uma instituição privada, como são os dois institutos dos dois ex-presidentes.
Só que o de Lula não tem um tostão patrocinado com renúncia fiscal naquele sistema de consulta.
Muito menos de empresas públicas, como foi o caso de FHC, como revelou o Terra, em 2007, quando registrou uma doação da Sabesp – antes da seca – de R$ 500 mil, um quarto dos R$ 2 milhões arrecadados até então, dentro de um plano de R$ 8 milhões, que, em matéria de dinheiro solicitado, era 50% menor que os R$ 12,1 milhões que Fernando Henrique solicitou que fossem concedidos como renúncia fiscal pelas leis de incentivo à cultura para o projeto original.
Legal? Sim.
Se é moral, avalie você mesmo:
A quatro meses do final de seu governo, Fernando Henrique alargou o  alcance do que seria  “acervo presidencial” a  tudo o que fosse relativo à vida dos ex-presidentes, independente do período de exercício do cargo, pelo Decreto 4344, de 26 de agosto de 2002.
“Art. 2o  O acervo documental privado do cidadão eleito presidente da República é considerado presidencial a partir de sua diplomação, independentemente de o documento ter sido produzido ou acumulado antes, durante ou depois do mandato presidencial.”
E prevê o financiamento com dinheiro público, condicionado apenas a liberdade de acesso público, no art. 7°, onde se diz que “as entidades, públicas ou privadas, ou as pessoas físicas mantenedoras de acervos documentais privados dos presidentes da República poderão (…) pleitear apoio técnico e financeiro do poder público para projetos de fins educativos, científicos ou culturais”.
Por isso, atendo ao pedido do angustiado leitor, que – como eu – ainda tem esperanças de que se diga a verdade e haja imparcialidade na mídia brasileira, mas que cada vez mais compreende que ela deixou o jornalismo pela propaganda histérica contra o que chama de “lulopetismo”.
Os pesos e as medidas são direito de qualquer um, porém. Use os seus.
PS. Para poupar trabalho, o vídeo do comercial do Brizola: