Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Donos do poder exibem o ódio de classe

BolsaOnaro.jpg
O Conversa Afiada reproduz o artigo inicial de Mauricio Dias, maestro da Rosa dos Ventos, na Carta Capital.

A última esperança

Medido pelo comportamento da mídia, autointitulada porta-voz da sociedade, mesmo assim é inacreditável o silêncio dos autointitulados democratas diante do golpe dissimulado de impeachment. Sem crime ao rasgar a Constituição.

A presidenta eleita e afastada parece confiar no seu retorno ao Palácio do Planalto. Apesar da sua esperança, ou convicção, do outro lado manifesta-se a força do engodo. Se o golpe for consumado, terá inevitáveis consequências, e mesmo conflitos perigosos.

O risco é percebido por Dilma. Em entrevista ao jornal mexicano La Jornada, publicada no domingo 24, a presidenta afastada mostrou preocupação com o desenrolar da história: “Esses processos golpistas podem trazer consequências imprevisíveis”.

Segundo ela, “não se pode sustentar indefinidamente a ocultação da realidade e a realidade é o golpe (...) processos típicos golpistas querem silenciar os protestos, os governos que não têm votos são intolerantes. Os líderes do golpe querem sempre o silêncio”.

Há um discurso predominante. Nasce da reação conservadora longe do poder por 13 anos e vinga nas reportagens, análises editoriais, colunas de jornais, rádios, televisões e nas semanais alinhadas.

Mais de 50 anos separam um golpe do outro. Hoje há, e não havia em 64, uma diversificação tão pronunciada entre os agrupamentos sociais. Além disso, ontem havia e hoje não há a ação direta dos militares.

Uma repulsa ao golpe existe, traduzida no lema “Fora Temer”. Trata-se, potencialmente, de uma fonte de fermentação, bem como outra, capaz de atingir cruelmente a população mais pobre.

É o resultado de um compromisso, sem-vergonha e sem virtude, assumido pelo presidente interino. Nesse sentido, há proposições e decisões já em curso no governo Temer.

Existe a promessa de fazer, a ferro e fogo, a reforma da Previdência e da Consolidação das Leis do Trabalho. Obviamente, não serão favoráveis aos beneficiários de hoje. Com o mesmo propósito, há de se criar um teto financeiro para os programas de Saúde e Educação.

Pretendem mandar para o espaço o programa Ciência sem Fronteiras. Registre-se ainda o esboço da intenção de dar um fim às universidades públicas.

Estamos diante do desmanche radical dos programas dos governos petistas, Lula e Dilma, alcançando ainda as políticas populares de Getúlio Vargas. 
 
Fica-se com a impressão de que os tradicionais donos do poder extravasam todo o seu ódio de classe.
 

 
Nesse domingo 31 de julho, na Avenida Paulista (sugestão do amigo navegante Pedro Vieira)


Nota Opedeuta:

Ao ver a imagem acima, creio de um senhor já sexagenário ou mais, fico com uma sensação muito ruim como se fosse um  pesadelo ou filme de péssima qualidade  reprisado muitas vezes. Lembro-me em algumas momentos na vida  já ter  visto e até conversado com alguns destes senhores. Há algo em comum entre todos eles, creio, pelo que notei. A maioria oriundos de uma família classe média ,classe média baixa, católica , conservadora. Não leem muito, a maioria ficam nos jornalões ou tabloides populares, pouco acesso a livros , quando muito de auto ajuda. Sempre com os mesmos discursos e frases quase padronizadas, " Entra governo e saia governo....e nada muda..... bom mesmo era na época de fulano. O fulano a que ele se referia ,  era sempre um politiqueiro de família  tradicional de politiqueiro que defendia justamente os interesses totalmente contrário das classes trabalhadoras. Sindicatos ...um bando de vagabundos. Ou , "Se não fosse a "revolução " de 64...os comunistas teriam tomado tudo......
Dava a impressão que eram produzidos em série com uma programação de discursos uniformes....
Programados para não verem nem saberem das causas mas apenas suportar o efeito ajudando a engordar o pato. Uma característica que me chama sempre a atenção, a mesma mídia , a mesma informação , os mesmos discursos, geração após geração sempre fora criado para passar a diante a mesma ignorância do que lhe ocorre sem questionar uma vez se quer .....as causas. Amestrados a não questionar. Adorar justamente aquele que lhe aperta o laço ao pescoço. Parece que o grande propósito em criar este tipo de ignorância foi atingido, fazendo-o descrer naquilo que para ele é o grande mal, a democracia. Para estes o estado de exceção, é a regra.

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

QUEM É A DIREITA BRASILEIRA?

quarta-feira, 19 de junho de 2013

PREPAREM-SE: VEM AÍ O DISCURSO DA ORDEM



O que haveria , caso não haja eleições em 2014 , pelo motivo de ocorrer alguma radicalização das manifestações. A quem isso interessaria? O grito de alguns grupos de manifestantes já acusam ao "NÃO AOS PARTIDOS POLÍSTICOS". "NÃO À POLÍTICA". Então , ninguém nos representa , é isso? Não haveria essa necessidade , pois nessa podridão da POLÍTICA e, dos POLÍTICOS, por quê ? PARA QUE ? Do jeito em que estão colocando  a situação, sem objetivo definido ," CONTRA TUDO ISTO QUE ESTÁ AÍ".Então, haveríamos uma democracia sem representação e SEM POVO. Já passamos por isso e, o discurso que foi "FOI PRECISO COLOCAR A CASA EM ORDEM" , MAU NECESSÁRIO, já conhecemos. Não podemos correr o risco de que queiram transformar um direito de manifestação de anseios de mudança para melhor, em retrocesso e trazermos para cena atual a velha e desbotada roupagem de uma nova e repaginada "MARCHA DA FAMÍLIA COM DEUS" em que ficamos marchando , mas sem sair do lugar, por 21 longos anos. Mudanças na democracia , só no voto.

terça-feira, 28 de maio de 2013

Carta não perdoa Civita por entrega de sua cabeça à ditadura


Mino Carta

Em entrevista aos alunos da PUC-Campinas, o jornalista Mino Carta fundador das revistas VejaIsto ÉCarta Capital e Quatro Rodas conta que os donos da editora Abril Victor Civita e seu filho Roberto Civita o “venderam” em troca de um empréstimo de 50 milhões de dólares. No momento em que revive suas emoções, o Michelangelo das revistas perde o controle e afirma que duas vezes tentou bater no Roberto Civita “Minha cabeça foi vendida por 50 milhões de dólares.Eu tentei duas vezes dar um murro na cara do Roberto Civita, e ele fugiu! Escreve isso, ele fugiu”, conta Carta
O episódio culminou na saída do jornalista da editora Abril, Mino Carta que foi ele que se demitiu, não foi demitido como contam os Civita. Carta relembra que foi Richard Civita, irmão de Roberto, que, durante uma partida de tênis contaria para Carta sobre as dificuldades financeiras da editora Abril, o empréstimo de 50 milhões de dólares proposto pela Caixa Econômica Federal a mando dos líderes da Ditadura que só seria possível se os Civita aceitassem a troca: o dinheiro pela saída de Carta da Abril. Da primeira vez que toca nesse assunto não estoura em sentimentos e até brinca “Vocês viram como valho muito?”
A entrevista não foi apenas marcada por essa declaração, houve momentos de forte crítica as elites brasileiras e a sociedade. “Nós tivemos a pior elite do mundo. Os brasileiros são os herdeiros da Casa Grande né. Eu acho que a tragédia brasileira são três séculos e meio de escravidão e uma elite cafajeste, vulgar, prepotente, arrogante, incapaz, incompetente, muito incompetente, muito ignorante. Nossa elite é uma tragédia”, conclui o jornalista.
O italiano, radicado no país desde os doze anos analisa que o Brasil ainda não é uma nação por não ter uma identidade. Ele afirma que o povo brasileiro é infantil e estupidamente festeiro, colocando a culpa nas elites coloniais e da república velha. “Mas o problema do Brasil é que sofreu algo monstruoso que foram os três séculos e meio de escravidão. É que essa elite é tão calhorda que ela permitiu o inchaço das cidades. Então, há uma péssima distribuição da população brasileira dentro do território brasileiro, tão ruim quanto à distribuição de renda. A nossa distribuição de renda nos coloca ao nível da Nigéria e de Serra Leoa”, contextualiza Carta.
O diretor de redação da Carta Capital ainda condena os escolhidos pela presidente Dilma Roussef para compor a Comissão da Verdade. Na opinião de Mino Carta, os integrantes deveriam ser pessoas que estiveram envolvidas, sentiram os problemas. “E por que chama pilantras notórios? Nelson Jobim na comissão da verdade? Paulo Sérgio Pinheiro na comissão da verdade? José Carlos Dias na comissão da verdade? Isso é uma piada! Ou a Dona Dilma está confusa ou enganada, está sendo enganada ou está tudo errado”, defende o jornalista.
Mino Carta ainda critica as faculdades de jornalismo, afirma que os cursos de comunicação são corporativos e que foram criados pela ditadura. Apesar de analisar que não é mais possível acabar com os cursos, ele aconselha que o estudante faça uma graduação de História ou Ciências Sociais e apenas posteriormente fazer uma pós – graduação em Jornalismo. “Para a prática profissional o jornalista deve ter uma busca canina pela verdade factual, um espírito crítico, e o dever de fiscalizar o poder”
Apesar dos problemas com os Civita, o ítalo – brasileiro revela carinho com os veículos que criou. Ele afirma gostar da Veja que criou e da revistaQuatro Rodas. “A Quatro Rodas foi um sucesso de mercado realmente. Era um momento muito oportuno, porque estava nascendo a indústria automobilística brasileira”, diz Carta que observa que as revistas criadas foram uma aventuras complicadas por levar muito tempo para se afirmar, como no caso de Veja e da Carta Capital. Mas brinca que sempre teve que inventar seus empregos: “São revistas que eu inventei para poder garantir um salário”.
Abaixo parte da entrevista, em Mino Carta conta da sua relação com Roberto Civita
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Danilo Zanini | Foto de Ubiratan Maia
Do Digitais PUC-Campinas
No Contraponto PIG

domingo, 4 de novembro de 2012

O script do golpe


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Vencidas as inacreditáveis ingenuidade e imprudência de democratas bem-intencionados que chegaram a crer que a direita midiática continuaria aceitando ser contrariada por uma vontade popular que as urnas teimam em expressar eleição após eleição desde o histórico 2002, é chegada a hora de ler o script do golpe – que já não se esconde.
Retrocedamos, pois, ao limiar daquele outono de 1964, quando, já em nome do “combate à corrupção”, os mesmos meios de comunicação evocavam a “ética” contra o governo trabalhista de então, que, tenhamos presente, cometia o “crime” de combater a desigualdade renitente que infecta a nação há 500 anos, só que com muito menos ousadia do que o atual.
No início dos anos 1960, o Coeficiente de Gini, que mede a concentração de renda das nações, em sua versão verde-amarela, já altíssimo, alcançava a marca pornográfica de 0,52 – quanto mais próximo de 1, maior a desigualdade.

Aos trancos e barrancos, no limiar do golpe Jango Goulart retomara, em certa medida, o controle do governo, após tentativas civilizadas de impedir que adotasse medidas contra uma chaga nacional que escandalizava o mundo e mantinha o país agrilhoado ao atraso.
A expressão “reforma agrária” também escandalizava, só que aos detentores do que, à época, tinha muito mais importância do que hoje: a propriedade da terra. E, para colocar lenha na fogueira, os movimentos estudantil e sindical se entregavam, entre um devaneio e outro, ao idílio socialista. E o que é pior: sem fazer maior segredo.
Os arreganhos golpistas, para se venderem à sociedade, não falavam no “direito” dos ricos a concentrarem parcela indecente da renda. A ideia de que o povo estava sendo roubado pelo governo justificaria melhor a conspiração que já germinava nas redações dos donos da “imprensa”.
Era preciso, pois, construir “razões” para justificar o uso da força bruta a fim de obter o que, cada vez mais, ficava evidente que não seria obtido pelas urnas – até porque, na falta de votos, fraudá-las seria impossível estando os “comunistas” no poder, pois são os governos que organizam eleições.
Dez anos antes, a mesma desculpa fora usada para acuar aquele que, heresia das heresias, ousara erigir uma legislação trabalhista que tantos “custos” acarretara ao “pobre” capital.
A história do Brasil, como se vê, é a prova de que a “corrupção” sempre foi o artifício do capital e das elites para manter a esquerda, seu trabalhismo e seu viés distributivista de renda longe do poder de Estado.
A pontuação do coeficiente de Gini, naquele outono de 1964, era pouco maior do que é hoje. Com a ditadura, as coisas foram postas no lugar, ou seja, de 0,52, naquele momento, ao fim da ditadura foi parar em cerca de 0,60, em um processo que tornou o rico mais rico e o pobre, mais pobre.
Entre todas as razões para o golpismo se erguer de novo por estas bandas, portanto, a queda vertiginosa do Gini que marcou os governos Lula e Dilma explica, como nada mais, a volta das acusações de corrupção ao grupo político que, no poder, é responsável por, em dez anos, devolver ao Brasil o que a ditadura levou vinte para lhe roubar – em 2012, o índice é pouco menor do que o de 1964.
No entanto, se as razões de hoje para o golpismo via acusações de corrupção ao governo de turno são as mesmas de há meio século, o script do golpe teve que ser reescrito. Não existe mais o inimigo externo a ameaçar tomar os bens das famílias mais abastadas para entregá-los à ralé preguiçosa, morena e inculta.
Sem a ameaça de tropas vermelhas a marchar sobre a nação, não se justifica mais o uso das forças armadas para golpear a democracia. É por aí que começou a ser construída, em Honduras, uma modalidade de golpe que há pouco se reproduziu no Paraguai de forma mais próxima – porém ainda grosseira – do modelo que se pretende aplicar por aqui.
O golpe “constitucional” de Honduras inaugurou a modalidade, o do Paraguai a refinou um pouco mais, mas ainda não o suficiente para ser usada no Brasil. O ansiedade por retomar o poder naqueles países pecou pelo tempo escandalosamente curto para desenvolver o processo.
No Brasil, com a comunicação de massas, o Judiciário, os militares e boa parte da classe política de acordo, pode-se dar tempo ao tempo, começando a devorar a democracia pelas beiradas.
A aceleração que se está vendo do processo, portanto, deve-se à gota d’água que foram as eleições de 2012, que extirparam aos golpistas contemporâneos qualquer esperança em obter do povo a colaboração eleitoral para recolocá-los no poder.
Pela burrice de que padecem os autoritários, confiaram na “burrice” popular que acreditaria, por exemplo, em uma revista que há dez anos, semana após semana, só enxerga e denuncia corrupção em um único partido, em um único nível de governo. Passada a última surra eleitoral, aplicada bem quando a bomba atômica (o julgamento do mensalão) foi detonada, não há mais esperança.
A condenação ditatorial de José Dirceu, José Genoino e outros petistas menos relevantes não conspurcou nem o PT, nem Lula e muito menos o governo Dilma Rousseff. Acabaram-se as ilusões.
Assim, o golpismo destro-midiático descobriu que o povo simplesmente se recusa a acreditar que o PT inventou a corrupção  no país – premissa contida no fato de petistas serem os primeiros políticos a ser condenados pelo STF após mais de cem anos de história republicana.
Eis que a ingenuidade de Lula e de Dilma, quase inacreditável, foi um presente dos deuses – ou dos demônios – para o golpismo tupiniquim. Lula, um estrategista político como nunca se viu outro no Brasil, nomeou, de olhos fechados, inimigos políticos para o cargo que dá a quem ocupa a prerrogativa de processar até o presidente da República.
Dessa maneira, há poucas dúvidas – se é que existe alguma – de que o doutor Roberto Gurgel aceitará, gostosamente, a denúncia que a oposição faz àquele que responsabiliza por suas derrotas eleitorais, o que ela faz por não entender que o que leva o povo a votar nos que ele indica não são seus belos olhos, mas a distribuição de renda e oportunidades.
Os golpistas mais espertos, então, já sabem que anular Lula será insuficiente enquanto a vida do brasileiro continuar melhorando. Mesmo que consigam fazer o processo dele andar até as eleições de 2014, de forma a chegar lá desmoralizado, a situação do país reelegerá Dilma.
Se mesmo após Lula ter sido inocentado nas investigações sobre o mensalão agora estão conseguindo envolvê-lo com matérias  meramente opinativas de revistas e jornais, o que custará “descobrirem”, antes de agosto – quando Gurgel será substituído –, que a presidente, que integrou o governo anterior, também integrou a “quadrilha”?

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

TORTURADOR E CORNO



Do blog do bemvindo

"- Mormaço...nem quente nem frio...morno..."...Por seres morno te vomitarei da minha boca"....esse versículo martela na minha cabeça  neste tempo abafado. A caixa do supermercado  citou esta frase quando eu disse que o tempo estava morno...Maldita...ela fez de propósito.

Agora são os crentes...todos comunistas disfarçados...são os comunistas que voltaram pregando o reino de Deus aqui na Terra. O mesmo papo marxista de sempre: riqueza  para os pobres. Maluquice...se todos forem ricos quem vai limpar minha latrina; quem vai por a minha mesa do café?

Minha pressão sobe...sou hipertenso...com a idade a gente vai adquirindo todas as mazelas. Diabético e hipertenso, setenta e cinco anos ....Há quarenta anos atrás pensava que seria eterno.

Cinco filhos. só três ainda vivem.

O mais velho morto  por uma "bala perdida" na entrada de casa,  e o do meio  consumido por um tumor cerebral aos 28 anos. Disseram que foi AIDS, não foi. Não tive filho viado. Foi tumor cerebral, graças a Deus. AIDS não!

Dos três ainda vivos, uma filha drogada, adicta, como dizem. A outra sumida no mundo. Casou-se com um holandês e nunca mais deu notícias desde a morte da mãe. Parece que trabalha numa vitrine em Amsterdã.

Hélida! A safada da minha mulher...Eu, corno !!! Nunca, jamais,  pensei que carregaria estes chifres para o resto da vida.

A devassa me trocou por um primo catarinense 30 anos mais novo que eu. Ele viera fazer o artigo 99 no Rio.

Aquela  promíscua deixou nossa casa na Ilha do Governador para morar na favela de Ramos com o catarina vagabundo.

Costurou pra fora e sustentou o gigolô por décadas. E eu, corno! CORNO! Como gritou na minha cara o Adolfo, meu  filho restante.

Um ingrato : desvelei-me para que ele fizesse a Academia Militar. Foi expulso no último ano, acusado de desvio de armamento para o tráfico.

Um canalha!!! Se eu sou corno ele é um canalha!!!

E este mormaço...este clima morno..."te vomitarei da minha boca".

Ontem uns baderneiros picharam minha calçada e o muro  da minha casa: "TORTURADOR".
Cantavam e promoviam baderna na rua gritando: ‘TORTURADOR!!!"

O pederasta petista, vizinho da frente,  ainda saiu na porta pra gritar: - "Além de torturador, é CORNO!!!"

Se fosse há uns tempos atrás este lulochavista  já estaria pendurado no pau- de - arara. Não por mim...que nunca persegui ninguém sem motivo patriótico.

Mas e se torturei? Houve a Anistia. O esquecimento. A Lei de Anistia tem que valer.

E aquilo não era tortura, era corretivo. Era defesa da Pátria. Da Democracia. O General nos garantiu que jamais seríamos incomodados por isto.

Então, uns choques elétricos na língua, um cassetete no rabo e quatro “telefones” nas orelhas, e eles abriam logo o bico.
Choravam...babavam...eu me lembro... me xingavam muito, mas nenhum me chamou de “CORNO” como este petista de merda !

A moça faleceu, é verdade,  mas o médico garantia que ela ainda aguentava mais um afogamento. Parada cardíaca foi o laudo. O culpado foi o médico. Se ele fosse competente eu teria parado antes.

Mas e  daí que ela morreu? É a vida. Meu filho também morreu. Todos morremos.

E agora na velhice , ser humilhado desta forma: “TORTURADOR E CORNO!!!” .

"Torturador"  não me incomoda tanto, mas...CORNO!!!! é humilhante para um homem como eu.

 Chamar de corno um patriota leal, um democrata! É demais!
Ainda por cima  essa tal Comissão da Verdade. Vai dar em nada. O General me garantiu .

E se a tal comissão apurar que sou Corno? Não. Não vai dar em nada. O General falou.

A menos que esta terrorista na presidência resolva ir além... Nunca se sabe...

Uma ladra, roubou o cofre do Adhemar e ficou com o dinheiro...milhões... e agora me acusam  por causa de uma televisão e uma máquina fotográfica...

Peguei sim, mas pra que ia servir ao dono? Ele não voltava mais. Tinha ido para a “Casa”  de Petrópolis. Dali ninguém saía mais. Sumia no mar.
Então peguei a Tv e a máquina. Peguei também um aquário vazio. Sempre quis ter um peixinho em casa. Acho muito delicado.

Peguei sim,  não chegou a ser crime. Não tinha mais dono...

Mormaço...Estou melado, pegajoso, este mormaço...sinto-me um sapo, suado e gordo. Um sapo CORNO!!!

O General já faleceu, a mulher dele também...aquela soube fazer a coisa com discrição.Não saiu de casa. Manteve o casamento... Mas meteu os chifres no quatro estrelas...

O capitãozinho  achava que ninguém sabia.  Porém, a Inteligência acompanhava tudo...

Mas o Corno Estrelado morreu coberto de honras...com a comenda de corno dentro do  ataúde.

Mortos: o General e a galinha oxigenada da mulher dele. Qualquer dia chega a minha vez.
Espero  que estes baderneiros de ontem  não venham a mijar na minha cova.
É melhor ser cremado, senão podem colocar uma lápide só de sacanagem: "Aqui jaz um Torturador e Corno!!!"

Vida de merda!

E este tempo morno. Tempo de quem será vomitado da boca de Deus!

Eu, aposentado com louvor por serviços prestados à Revolução de 64. Digno, justo, democrata e boa praça,  morrer vomitado. Derrotado por uma bosta de uma funcionariazinha  de Supermercado.

Morrer vomitado e CORNO!!!”

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Vargas e Wainer. Dilma é a próxima ?

Quem manda não fazer a Ley de Medios? Vargas, pelo menos, incentivou Wainer.


O Conversa Afiada reproduz da Carta Maior excelente artigo de Saul Leblon.

Quem manda não fazer a Ley de Medios ?

Vargas, pelo menos, incentivou Wainer.

Quem sabe o Instituto Moreira Salles não o ajudaria hoje, de novo ?

Ao Saul:

Notícias de agosto: de Vargas ao Mensalão



Há 58 anos, naquele 24 de agosto de 1954, quando Getúlio Vargas cometeu o suicídio político mais inteligente da história, um único veículo de informação pode circular pacificamente na cidade do Rio de Janeiro, então a capital de uma República em transe: o jornal Última Hora, de Samuel Wainer.

Os demais conheceram a fúria da multidão que trouxe a dor para a rua e extravazou um ressentimento que guardava no fundo do peito. E dele talvez nem tivesse consciência, até aquele momento.

Consternado com a notícia do suicídio que ecoava pelas rádios, o povo carioca perseguiu e escorraçou porta-vozes da oposição virulenta ao Presidente. A experiência da tragédia abalou o cimento da resignação cotidiana e a multidão elegeu seu alvo: cercou e depredou a sede da rádio Globo que saiu do ar.

A radiofonia reunia então um poder e abrangência equivalentes ou superior ao da televisão nos dias atuais. A emissora do jovem udenista Roberto Marinho cumpria o mesmo papel de âncora do diretório midiático que hoje desempenha o Jornal Nacional da mesma cepa.

Os veículos impressos, a exemplo do que também ocorre hoje,mantinham as aparências da legalidade.

Mesmo assim, carros de entrega do diário da família Marinho foram caçados, tombados e queimados nas vias públicas. Prédios de outros jornais que haviam aderido ao ultimato pela renúncia de Vargas conheceram a força da desaprovação popular.

Com a mesma manchete do dia anterior, atualizada pela fatalidade bombástica, os exemplares do Última Hora eram disputados nas esquinas por uma população desesperada e perplexa em seu luto.

A tiragem extra de 850 mil exemplares, providenciada a toque de caixa por Wainer que trabalhava febrilmente, sustentou a declaração desassombrada de Getúlio, pronunciada 24 horas antes. Agora, porém, revigorada pela mão de mestre do editor: “O presidente cumpriu a palavra -”Só morto sairei do Catete!”.

Nenhum outro jornal quis ou poderia estampar o recado de um morto que conduziu assim a alça do próprio caixão até o imaginário popular . E ali perpetuou a sua influência ainda inexcedível na história brasileira.

Vargas fora eleito três anos antes, em 3 de outubro de 1950, aos 67 anos de idade. Mais que uma vitória, fora uma afronta à esférica oposição das classes dominantes e ao boicote da grande mídia, vitaminados pela rejeição de intelectuais, vacinados contra a virulência e a censura do Estado Novo.

A campanha varguista rompeu o cerco percorrendo o país com uma frota de caminhões munidos de caixas de som. Em cada morada do voto fazia-se a ampla distribuição de panfletos. Neles, a promessa revolucionária de um Brasil nacionalista e de feição popular.

Vargas confirmou o carisma nas urnas. Foram quase 4 milhões de votos, contra pouco mais de 2 milhões do brigadeiro das elites, Eduardo Gomes.
A derrota, antes de aplacar açulou a esférica rejeição conservadora ao seu nome.

Premonitório, o Presidente incentivou Samuel Wainer , que conhecera como repórter dos Diários Associados, de Assis Chateaubriand, a criar um poderoso aparato de imprensa diária.

Queria pressa. Pediu a Wainer um antídoto ao que antevia como ‘um pacto de silêncio’ da grande mídia contra seu governo, que dele só trataria para denegrir.

Getúlio não era persecutório, mas visionário. E não desprezava os sinais, sobretudo os ostensivos.

Em 1950, quando admitiu em entrevista ao próprio Wainer que poderia ser candidato, Carlos Lacerda escreveu na Tribuna de Imprensa, em 1º de junho: “O senhor Getúlio Vargas, senador, não deve ser candidato à presidência. Candidato, não deve ser eleito. Eleito não deve tomar posse. Empossado, devemos recorrer à revolução para impedi-lo de governar”.
O velho caudilho sabia o que o esperava no crepúsculo da volta ao poder.

Wainer montou uma empresa moderna, um jornal arrojado, com financiamento levantado junto um pool de bancos, entre eles o Banco do Brasile a Caixa Econômica Federal, mas também obteve recursos de casas privadas, através de Walter Moreira Salles.

Todas as empresas de comunicação da época eram de certa forma subsidiadas pelo crédito público. Com o Última Hora não foi diferente. Mas foi objeto de uma CPI.

Para desconcerto conservador o projeto de Wainer provou-se capaz de se pagar integralmente, graças ao sucesso estrondoso que acendeu a luz amarela no oligopólio midiático.

Wainer foi mais um acerto da intuição de Vargas. A primeira edição chegou às ruas menos de cinco meses depois da posse do presidente, quando o cerco oposicionista ainda não o sufocava.

Em 12 de junho de 1951, estavas nas esquinas do Rio e das principais capitais um diário inovador na forma e no conteúdo e fulminante logística de distribuição.

Deve-se ao Última Hora a tradição da coluna dos leitores no país. A cobertura de bairro até então indigente foi elevada à categoria de pauta nobre.A política era seu forte.Mas s receita editorial buscava o olhar da multidão urbana com uma mistura de colunistas de apelo popular, como Abelardo Barbosa , o futuro Chacrinha, ao lado de intelectuais sofisticados, a exemplo de Paulo Francis e do escritor Nelson Rodrigues.

Aos que criticavam o ‘getulismo’ do projeto, Wainer fazia questão de reafirmar a natureza de um conceito de independência que estarrrecia a elite e os endinheirados: somos um jornal independente porque de oposição às classes dominantes, e de apoio ao governo.

Não qualquer governo. O segundo Vargas. Aquele que criaria o BNDE (sem o ’s’ ainda) em 1952; a Petrobras em 1953, no auge da campanha ‘o petróleo é nosso’ , e anunciaria um aumento de 100% do salário mínimo no 1º de Maio de 1954.

Foi quando o Presidente já exausto pelo bombardeio oposicionista pronunciou talvez a sua mensagem mais importante. Mais até que o texto consagrado da carta testamento. De novo, então, foi o Última Hora que deu o destaque ao ensaio de despedida e de chamamento de um Getúlio que quatro meses depois atiraria contra o próprio peito para não ceder à pressão da mídia pela renúncia.

Ao lado de João Goulart, recém afastado do governo por pressão da UDN, mas coberto de elogios pelo Presidente, que lhe creditou a paternidade do reajuste, Vargas falou aos trabalhadores que lotavam o estádio do Vasco, em São Januário:

“A minha tarefa está terminando e a vossa apenas começa. O que já obtivestes ainda não é tudo. Resta ainda conquistar a plenitude dos direitos que vos são devidos e a satisfação das reivindicações impostas pelas necessidades (…) Como cidadãos, a vossa vontade pesará nas urnas. Como classe, podeis imprimir ao vosso sufrágio a força decisória do número. Constituí a maioria. Hoje estais com o governo. Amanhã sereis o governo”

Era uma rota de colisão incontornável.

Ao mesmo tempo em que espetara as estacas necessárias ao impulso industrializante da soberania nacional, com infraestreutura, restrições ao capital estrangeiro e expansão do mercado interno, o segundo governo Vargas indiretamente pavimentava a geometria do cerco de interesses que hoje, como ontem, se opõem a esse projeto. Estreitavam-se as linhas de ataque a sua volta; ordenadas –como previra– pela corneta da mídia.

O cacho de forças silenciadas na vitória esmagadora de 1950 preservara intacta sua sonoridade junto à opinião pública. A estridência de uma narrativa que parecia ubíqua só era afrontada pela Última Hora.

À medida em que a incontinência dos decibéis superava o comedimento das formalidades e contaminava todo aparato midiático conservador, o duelo tornava-se a cada dia mais desproporcional.

Um entorno latejante de suspeição, corrupção e impasse aderia à imagem do governo assim apregoada dia e noite.

A pressão atingiu seu auge naqueles dias finais de agosto.

Cinquenta e oito anos depois do tiro que sacudiu o país, o volume asfixiante do coro conservador ainda pode ser ouvido e aquilatado.

Basta potencializar – um pouco – o jogral da condenação sumária sentenciada em cada linha, título, nota, coluna, fotomontagens, capas, escaladas televisivas e radiofônicas que nutrem o noticiário sobre o julgamento do chamado ‘mensalão’.

O sociólogo Marcos Coimbra, presidente do Instituto de Pesquisas Vox Populi, em artigo recente, já mencionado nesta página, mensurou um pedaço dessa artilharia determinada a subordinar o discernimento da sociedade.

Nas quatro semanas até 13 de agosto, 65 mil textos foram publicados na imprensa sobre o “mensalão”.

“No Jornal Nacional da Globo para cada 10 segundos de cobertura neutra houve cerca de 1,5 mil negativos”, diz Coimbra.

Nas rádios, conectadas pela propriedade cruzada aos mesmos núcleos emissores, a pregação incessante é ainda mais desabrida e abusada –como naquele agosto de 1954.

O cerco promovido contra o PT atinge dimensões inéditas na asfixia a um partido político em regime democrático, na avaliação do governador Tarso Genro, em artigo recente na página de Carta Maior.

Entre um agosto e outro, algumas peças do paiol midiático permanecem. Outras se juntaram à tradição.Os personagens se renovam, mas o método se repete.

O arsenal udenista da suspeição e da condenação sumária, avesso ao contraditório, às provas e à isenção — despida do cinismo liberal da objetividade– forma um fio de continuidade que atravessa a régua desses 58 anos.

Compare-se alguns exemplos originários da mesma cepa de interesses, da mesma lógica inarredável, encadeiados com os mesmos propósito, formando um mesmo e único fio na linha do tempo:

Março de 54:

* A usina midiática de denúncias contra o governo Vargas lança uma bomba na praça . O escândalo da vez é a denúncia de que “os caudilhos populistas” Vargas e Perón (o peronismo era o chavismo da época)– planejavam um suposto “Pacto ABC” (Argentina –Brasil –Chile). A meta era “promover a integração sul-americana formando num arquipélago de repúblicas sindicais na região contra os EUA” (qualquer semelhança com a reação ao ingresso da Venezuela no Mercosul não é apenas coincidência)

* Carlos Lacerda, na Tribuna da Imprensa e na rádio Globo, e a Banda de Música da UDN no Congresso – um pouco como o jogral que hoje modula as vozes da turma da mídia “ética” – martelavam a denúncia incansavelmente.

* Um ex-ministro rompido com Getúlio aliou-se a Lacerda para oferecer “evidências” das negociações entre o Vargas e Perón.A inexistência de provas – exceto a menção genérica de Perón à uma aliança econômica regional — não demoveu a mídia que deu à fraude contornos de verdade inquestionável, independente dos fatos, das investigações e dos desmentidos.


Setembro de 1954:

* A dramaticidade do suicídio de Vargas em 24 de agosto iluminou o quadro político e incendiou a revolta popular contra o golpismo que recuou.Mas não cedeu. Em 16 de setembro lá estava Carlos Lacerda de volta novamente nos microfones da rádio Globo. O alvo agora era João Goulart, o herdeiro político do presidente morto, adversário certo da UDN no pleito de outubro de 1955. Na voz estridente do comentarista ‘convidado’ de diversos programas da emissora foi lida –’em primeira mão’– a “Carta Brandi”. Uma suposta correspondência entre Jango e o deputado argentino Antonio Brandi; segundo Lacerda, a prova “definitiva” da conspiração para implantar “uma república sindicalista no Brasil”.

* Na efervescência da guerra eleitoral, o escândalo levou o Exército a abrir inquérito imediatamente, enviando missão oficial a Buenos Aires para investigações. Conclusão oficial: tudo não passara de uma grosseira fraude, forjada e alimentada pela imprensa anti-getulista. Inútil.

* A exemplo dos que hoje sonegam às evidências contrárias o poder de mudar sentenças já pronunciadas pela mídia, Lacerda contratacou na Tribuna da Imprensa em outubro de 1955, um mês depois da derrota da UDN para JK e Jango: “(…) Se a carta não é verdadeira seu conteúdo está de acordo, mais ou menos, com o que se sabe da vida política do sr. Goulart…”

Qualquer semelhança com o malabarismo denuncista dos últimos anos não é mera coincidência.

O exemplo ilustrativo, a seguir, reúne autores, métodos veículos em plena ação nos dias que correm:

Março de 2005:

” Documentos secretos guardados nos arquivos da Abin informam que a narcoguerrilha colombiana Farc deu 5 milhões de dólares a candidatos petistas em 2002 .Nos arquivos da Agência Brasileira de Inteligência em Brasília há um conjunto de documentos cujo conteúdo é explosivo. Os papéis, guardados no centro de documentação da Abin, mostram ligações das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) com militantes petistas. O principal documento (…)informa que, no dia 13 de abril de 2002, (…) o padre Olivério Medina, que atua como uma espécie de embaixador das Farc no Brasil, fez um anúncio pecuniário. Disse aos presentes que sua organização guerrilheira estava fazendo uma doação de 5 milhões de dólares para a campanha eleitoral de candidatos petistas de sua predileção (…) Um agente da Abin,( NR: quem, Dadá, o repórter auxiliar de Policarpo & Cachoeira já em ação?) infiltrado na reunião, ouviu tudo, fez um informe a seus chefes, e assim chegou à Abin a primeira notícia de que as relações entre militantes esquerdistas, alguns deles petistas, e as Farc podem ter ultrapassado a mera simpatia ideológica e chegado ao pantanoso terreno financeiro. Sob a condição de não reproduzi-los nas páginas da revista, VEJA teve acesso a seis documentos da pasta que trata das relações entre as Farc e petistas simpatizantes do movimento.(autor: Policarpo Jr.; veículos: revista Veja, edição 1896; 16 de março de 2005. Título: ‘Laços explosivos’ )

Os mesmos objetivos, os mesmos métodos, a mesma elasticidade ética.

A solitária trincheira do ‘Última Hora’ não existe mais para rebatê-los.
O jornal foi comprado, sugestivamente, em plena ditadura Médici, em 1971, pela família Frias, que edita a Folha de São Paulo.

Descaracterizado em imprensa sensacionalista saiu de circulação nos anos 90. Do seu vazio brota hoje um ramo vigoroso, igualmente inovador na forma, no conteúdo e na agilidade: o jornalismo digital independente.

Juntando pedaços , porém, é impossível não temer o ectoplasma presente de Lacerda e do udenismo.

Egressos da surra histórica naquele agosto em que o Última Hora e seus leitores reescreveram a narrativa do país nas ruas, eles persistem no cerco ao Catete. A qualquer Catete que dentro tenha um homem público disposto a assumir a tarefa que o mais mítico de todos eles deixou inconclusa, porém agendada na advertência de um estampido que sacudiu o discernimento nacional na manhã de 24 de agosto de 1954.

Em 3 linhas, Folha ofende Dilma, Weber e o leitor

A Folha diz qualquer coisa de um lado só. É uma leviandade – para ser gentil – com método, diria o Hamlet.

Saiu na Folha (*):

JARDIM 2


O voto de Rosa (Weber), mesmo contra a sua vontade, será traduzido como o empenho (ou a falta dele) de Dilma pela absolvição de réus. Recém-nomeada para o STF, a ministra é amiga pessoal da família da presidente.


Portanto, segundo a Folha (*), a Presidenta do Brasil nomeou ministra porque é “amiga pessoal da família da presidente”.
Segundo, Dilma é quem vota por ministros do Supremo.
E, portanto, ministros do Supremo são títeres.
Claro, isso só seria possível no chiqueiro em que a Folha (*) habita.
Em tempo:
Diz amiga navegante: é assim mesmo, a Folha (*) é capaz de dizer qualquer coisa.
Não, responde o ansioso blogueiro.
A Folha diz qualquer coisa de um lado só.
Vê se essa colonista (**) diz uma coisa dessas com impacto no outro lado.
É uma leviandade – para ser gentil – com método, diria o Hamlet.




Paulo Henrique Amorim


(*) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é,  porque o dono é o que é; nos anos militares, a  Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.

(**) Não tem nada a ver com cólon. São os colonistas do PiG que combateram na milícia para derrubar o presidente Lula e, depois, a presidenta Dilma. E assim se comportarão sempre que um presidente no Brasil, no mundo e na Galáxia tiver origem no trabalho e, não, no capital. O Mino Carta  costuma dizer que o Brasil é o único lugar do mundo em que jornalista chama patrão de colega. É esse  pessoal aí.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

E se o golpe de 2005 tivesse dado certo?




Um historiador inglês (Neill Ferguson, História virtual) se dedicou a pensar vias alternativas daquelas que triunfaram efetivamente na história realmente existente, como exercícios de pensamento sobre o que teria sido se não fosse. Por exemplo: e se a Alemanha de Hitler tivesse triunfado na Segunda Guerra? E se a URSS não tivesse desaparecido? E outras circunstâncias como essas.

No Brasil podemos pensar o que teria acontecido se várias tentativas de golpe militar – antes e depois da de 1964 – tivessem triunfado, o que teria acontecido com o Brasil. Um bom exercício também para entender o presente, quando as mesmas forças que protagonizaram essas tentativas no passado – as fracassadas e a vencedora de 1964 – se excitam de novo e, como toda força decadente, tratam de dar aos estertores da sua última tentativa, uma dimensão épica, que somente uma classe que não pode olhar para sua vergonhosa historia golpista, pode fazer. Juizes, jornalistas, políticos derrotados, usam os superlativos que suas pobres formas de expressão permitem, para falar “do julgamento do século”, do “maior caso de...”.

Pudessem assumir a história do Brasil como ela realmente ocorreu e ocorre, se dariam conta que o maior julgamento da nossa história teria sido o da ditadura militar – aventura da qual essas mesmas forças participaram ativamente -, que destruiu a democracia no país, violou todos os direitos humanos, em todos os planos – políticos, jurídicos, sociais, culturais, econômicos -, abriu as portas para o assalto do Estado e do pais às grandes corporações nacionais e internacionais, impôs a ditadura também no plano da liberdade de expressão, prendeu, torturou, assassinou, fez desaparecer, alguns dos melhores brasileiros.

Em suma, passar a limpo essa página odiosa da nossa história – que tem as impressões digitais dos mesmos órgãos de comunicação que lideraram a ofensiva golpista de 2005 – teria sido o maior julgamento da nossa história, onde seriam réus eles mesmos, junto à alta oficialidade das FFAA, grande parte dos empresários nacionais e internacionais, entre outros.

Podemos, por exemplo, especular o que teria sido o país se tivesse triunfado o golpe contra Getúlio, em 1954. Era um movimento similar ao que triunfou uma década depois, com origem na Doutrina de Segurança Nacional, típica ideologia da guerra fria. Na Argentina, por exemplo, a queda de Peron, um ano depois do suicídio do Getúlio, introduziu o tipo de militar “gorila” (a expressão nasceu na Argentina, com o golpe de 1955), que se generalizaria a partir do golpe brasileiro.

Na Argentina, com a proscrição do peronismo, Arturo Frondizi conseguiu se eleger presidente, mas nem ele, nem os presidentes ou ditadores que o sucederam – houve novo golpe em 1966, que também fracassou, como o de 1955 - conseguiram estabilizar-se, frente à oposiçao do peronismo, principalmente do seu ramo sindical, que tornou impossível a vida a todos os governos, até o retorno de Peron, em 1973.

No Brasil, um objetivo central do golpismo era evitar a continuidade do getulismo, expressada no JK, mas também no Jango. A famosa frase – suprassumo do golpismo – de Carlos Lacerda, de que “Juscelino não deveria ser candidato; se fosse, não deveria ganhar; se ganhasse, não deveria tomar posse; se tomasse posse, não deveria poder governar”, espelhava aquele objetivo.

Se Getulio nao tivesse apelado para o gesto radical do suicídio, para brecar a ofensiva golpista, o movimento de 1964 teria surgido uma década antes. Ao invés das eleições relativamente democrática de 1955, teríamos tido uma ditadura militar mais ou menos similar à de 1964. As consequências teriam sido ainda mais catastróficas, porque o sacrifício do Getúlio conquistou dez anos, que o movimento popular aproveitou para se fortalecer amplamente. Nessa década avançou não apenas a industrialização, mas também o movimento sindical e outros movimentos populares, assim como a consciência social na massa da população. Uma ditadura – ou algum regime duro, mesmo se recoberto de formas institucionais, mas que impedisse a continuidade do regime getulista – teria atuado sobre um movimento popular com muito menor capacidade de organização e de consciência social.

Na Argentina os militares tiveram que, em prazos mais ou menos curtos, convocar novas eleições, o fizeram depois de prescrever o peronismo, a grande força politica e ideológica, do campo popular argentino. No Brasil, teriam feito algo similar, castrando a democracia brasileira da vitalidade que os movimentos populares possuíam e imprimiam ao país.

De qualquer forma, grande parte dos retrocessos que a ditadura
impôs ao Brasil, teriam sido antecipados por um movimento de direita que tivesse se apropriado do Estado brasileiro em 1964. Nossa história seria ainda pior do que ela foi, a partir do golpe triunfante de 1964.

Outras tentativas golpistas existiram durante o governo do Juscelino, pelo menos duas de caráter militar – por membros da Aeronáutica -, de menor monta, mas as articulações golpistas nunca deixaram de existir, de tal maneira que os antecedentes do golpe de 1964 vem da fundação da Escola Superior de Guerra, por Golbery do Couto e Silva e Humberto Castelo Branco, vindos da guerra na Itália, sob influência e patrocínio diretos dos EUA, que desembocou finalmente no golpe vitorioso de 1964, que não por acaso teve nesses dois militares seus protagonistas fundamentais.

E se nos perguntarmos o que teria sido do Brasil se o movimento de um golpe branco contra o Lula – que poderia ter sido um impeachment ou uma derrota eleitoral em 2006 – tivesse triunfado?

Se nos recordamos que o candidato da direita era o neoliberal acabado que é Alckmin, podemos imaginar os descalabros a que teria sido submetido o país. (O que torna ainda mais absurda a posição da ultra esquerda, que se absteve ou pregou o voto nulo diante da alternativa Lula ou Alckmin.) Só para recordar uma circunstância concreta, quando Calderon triunfou no México, de forma evidentemente fraudulenta, nas eleições presidenciais de julho de 2006, Alckimin saudou-a como o caminho que o Brasil deveria seguir. (Ver artigo aqui na Carta Maior, comentando essa similitude assumida por Alckmin.)

Significaria, antes de tudo, a retomada de um Tratado de Livre Comércio com os EUA, ja que a ALCA (Área de Livre Comércio das Américas) tinha sido substituída por tratados bilaterais com países do continente, como o Chile, entre outros, pelos EUA, depois que o Brasil contribuiu decisivamente para enterrar a ideia de uma America Latina totalmente aderida ao livre comercio, subordinada completamente aos EUA.

Os processos de privatização que FHC não tinha conseguido completar, pela resistência do movimento popular brasileiro, seriam retomados, atingindo a Petrobras, o Banco do Brasil, a Caixa Economica, a Eletrobras, entre outras empresas sobreviventes do vendaval privatizando do governo dos tucanos.

Mas sem ir mais longe, bastaria imaginar o que teria sido o Brasil – e também a América Latina – se a crise internacional do capitalismo, iniciada em 2007 e ainda vigente, tivesse encontrado o Brasil tendo ao neoliberal duro e puro do Alckmin como presidente. Estaríamos ainda pior do que um país como a Espanha ou a Grécia ou Portugal. Estaríamos devastados pela recessão, pelo desemprego, pelos compromissos escorchantes do FMI.

Basta esse quadro realista do que estaríamos vivendo se o golpe de 2005 tivesse dado certo. O seu objetivo inicial era tentar impor uma derrota de longo prazo à esquerda, que teria fracassado, com Lula, seu principal dirigente, por um prazo longo, permitindo que as forças tradicionais da direita retomassem o controle do Estado brasileiro.

O julgamento que começa esta semana é, sobretudo, o julgamento de uma tentativa frustrada de golpe branco contra um governo popular e democrático, eleito pelo voto popular e legitimado pela reeleição do Lula e pela eleição da Dilma. O povo já disse sua palavra.
Postado por Emir Sader

quarta-feira, 18 de julho de 2012

"Brasil forjado na ditadura representa Estado de exceção permanente"



Para professores, filósofos e defensores de direitos humanos, o golpe de 64 moldou um país de estruturas autoritárias, que garante direitos apenas para as classes proprietárias e que transformou a exceção em consenso. Em seminário realizado em São Paulo, eles afirmaram que a exceção é o novo modo de governo do capital e que o povo brasileiro vive um momento perigosíssimo de letargia. A reportagem é de Bia Barbosa.

SÃO PAULO - Qual a idéia de "Estado de exceção"? Na interpretação tradicional do termo, trata-se de um momento de suspensão temporária de direitos e garantias constitucionais, decretado pelas autoridades em situações de emergência nacional, ou mediante a instituição de regimes autoritários. Seu oposto seria o Estado de Direito, conduzido por um regime democrático. Na avaliação de professores, filósofos e defensores de direitos humanos, no entanto, a existência de um Estado de exceção dentro do Estado de Direito seria exatamente a característica do Brasil atual, forjada no período da ditadura militar e que, mesmo após a redemocratização do país, não se alterou. Esta foi uma das conclusões do seminário sobre a herança da ditura brasileira nos dias de hoje, promovido pela Cooperativa Paulista de Teatro e pela Kiwi Companhia de Teatro realizado esta semana, em São Paulo.

Para o filósofo Paulo Arantes, professor aposentado do Departamento de Filosofia da USP, há um país que morreu e renasceu de outra maneira depois da ditadura, e que hoje é indiferente ao abismo que se abriu depois do golpe militar e que nunca mais se fechou.

"Que tipo de Estado e sociedade temos depois do corte feito em 64, do limiar sistêmico construído por coisas que parecem normais numa sociedade de classes, mas que não são? O fato da classe dominante brasileira poder se permitir tudo a partir da ditadura militar é algo análogo à explosão de Hiroshima. Depois que a guerra nuclear começa ela não pode mais ser desinventada. Quando, a partir de 64, a elite brasileira branca se permite molhar a mão de sangue, frequentar e financiar uma câmara de tortura, por mais bárbara que tenha sido a história do Brasil, há uma mudança de qualidade neste momento", avalia Arantes.

Para o filósofo, o país foi forjado pela ditadura a ponto de hoje nossa sociedade negligenciar tudo aquilo que foi consenso durante o autoritarismo dos militares. "A ditadura não foi imposta. Ela foi desejada. Leiam os jornais publicados logo após 31 de março de 1964. Todos lançaram manifestos de apoio ao golpe, era algo arrebatador. CNBB, ABI, OAB, todo mundo que hoje é advogado do Estado de Direito apoiou. Se criou um mito de que a sociedade foi vítima de um ato de violência, mas a imensa maioria apoiou o golpe", disse Arantes. "E a ditadura se retirou não porque foi derrotada, mas porque conquistou seus objetivos. A abertura de Geisel foi planejada, já tinha dado certo com o milagre econômico. Tanto que seus ideólogos estão aí, como principais conselheiros econômicos da era Lula-Dilma, e que a ordem militar está toda consolidada na Constituição de 88", criticou.

Na avaliação de Edson Teles, membro da Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos do Brasil e professor de filosofia da Unifesp, a Constituição de 1988 foi apenas uma das formas de lançar o Brasil num Estado de exceção permanente, definido por ele quando a própria norma é usada para suspender a ordem; ou quando aquilo que deveria ser a exceção acaba se tornando ou reafirmando a própria norma.

Para Teles, além de manter a estrutura autoritária militar, o novo ordenamento democrático foi construído sobre o silenciamento dos familiares de vítimas e de movimentos de defesa dos direitos humanos, que queriam justiça para os crimes da ditadura. O problema, no entanto, vinha de antes.

"Em um Congresso controlado pela ditadura, a Lei de Anistia adotou a suspensão da possibilidade de punição de qualquer crime. Um momento ilícito foi tornado lícito, com o silenciamento dos movimentos sociais e pela anistia, que exigiam esclarecimentos sobre os crimes. O que o Estado montou foi algo que manteve a ideia de impunidade. Depois veio o Colégio Eleitoral, que fez uma opção por uma saída negociada entre as oligarquias que saíam e as novas que chegavam, decidindo manter a anista ao crimes da ditadura. Foi o grande acordo do não-esclarecimento", relatou.

O julgamento no Supremo Tribunal Federal em 2010 sobre a interpretação da Lei de Anistia foi, segundo Teles, o coroamento desse silêncio e a instauração de um Estado de exceçãono país. "Baseada em ideias fantasmagóricas de que novos golpes que poderiam ser dados, nossa transição foi a criação de um discurso hegemônico de legitimação deste Estado de exceção. Faz-se este discurso como forma de legitimar essa memória do consenso, mas se mantem o Estado de exceção permanente, reconhecendo as vítimas sem nomear os crimes", acrescentou.

Exceção e consenso hoje
O consenso acerca daquilo que deveria ser visto como exceção não se restringe hoje, no entanto, àquilo que pode ser considerado a herança mais direta da ditadura militar. Foi construído também em torno de uma série de acontecimentos e práticas que deveriam mas não mais despertam reações da população brasileira.

"A exceção se torna perigosíssima quando deixamos de reconhecê-la como tal e ela se torna consenso", alertou o escritor e professor de jornalismo da PUC-SP, José Arbex Jr. "Ninguém achou um escândalo, por exemplo, no lançamento da Comissão da Verdade, ver os últimos Presidentes do país juntos, sendo que um deles foi presidente da Arena, o partido da ditadura, responsável pela tortura da própria Dilma; e o outros era Collor! Da mesma forma, está em curso em Osasco uma operação chamada Comboio da Morte, que matou nas últimas horas 16 pessoas. Isso não causa um escândalo nacional, é normal, natural, porque estamos "na democracia". Os jornais falam da Síria, mas a média de mortes diária no auge do conflito da Síria não chega ao que temos aqui cotidianamente. Lá é 60 aqui é 120! Então não estamos discutindo algo que aconteceu em 64 e que hoje se apresenta de forma mitigada, atenuada", disse Arbex.

Para o jornalista, o país vive um estado de letargia hipnótica coletiva, fabricado de maneira competente e eficiente pelo aparato midiático, que produz um consenso em torno de uma imagem de país na qual todos acabamos acreditando. "É muito grave quando olhamos para o Brasil e não percebemos essa realidade de consenso: de nenhuma garantia de direito para quem esteja fora da Casa Grande, e uma situação de guerra permanente", acrescentou.

É o que Paulo Arantes chamou de Estado oligárquico de Direito, um Estado dual, com uma face garantista patrimonial, que funciona para o topo da pirâmide, e uma face punitivista para a base. "Esse Estado bifurcado é uma das "n" consequências da remodelagem do país a partir dos 21 anos de ditadura. Basta pensar no que acontece todos os dias no país. Trata-se de um outro consenso, também sinistro e indiferente, senão hostil, a tudo que nos reúne aqui. Um Estado de exceção que não é o velho golpe de Estado, mas um novo modo de governo do capital na presente conjuntura mundial, que já dura 30 anos", afirmou Arantes.

Ninguém cavalga a história
O que permitiria dizer da possibilidade de se encontrar uma saída deste Estado de exceção permanente é o caráter imprevisível e incontrolável da história. Arbex lembrou que, em setembro de 1989, quando estava em Berlim, ninguém dizia que o Muro cairia menos de dois meses depois. "O fato é que, felizmente, ninguém cavalga a história. Ainda não encontraram uma maneira de domesticá-la. Há um processo latente de explosão social no Brasil, que se combina com processos semelhantes na América Latina, e que pode produzir uma situação totalmente nova. Ninguém previu a Primavera Árabe. Quando um jovem na Tunísia atirou fogo no próprio corpo, ninguém imaginava que, um mês depois, cairia Mubarak no Egito. Estão, não estamos condenamos para sempre a esta situação. Só posso dizer que estamos vivendo numa época que, em alguns aspectos, é mais trágica, mais cruel e mortífera que a ditadura militar", acredita.

"Este Estado de exceção só terminará quando a ditadura terminar, quando o último algoz for processado e julgado. Se a Comissão da Verdade encontrar dois ou três bons casos e levantar material para ações cíveis, pode haver uma transmutação disso tudo. E o regime, a sociedade e a economia não vão cair se os perpetradores da ditadura forem processados, como não caíram na Argentina ou no Chile", acredita Paulo Arantes. "Mas devemos pensar no que significaria essa última reparação. Se o último torturador e os últimos desaparecidos forem localizados, em que estágio histórico vamos poder entrar?", questionou. Uma pergunta ainda sem resposta.

terça-feira, 10 de julho de 2012

Santayana: 1932 foi a frustrada desforra de SP


Há oitenta anos, os paulistas se levantavam contra o governo Vargas.



O Conversa Afiada reproduz artgo de Mauro Santayana do JB online:

A frustrada desforra paulista e o desenvolvimento do Brasil



por Mauro Santayana

Todos os historiadores deveriam partir da advertência de Spinoza e buscar entender a realidade, antes de exercer a lisonja ou o ódio. Há oitenta anos, os paulistas se levantavam contra o governo Vargas, sob a bandeira da constitucionalização do país. Ora, o pretexto era frágil, uma vez que, em 14 de maio – três meses antes dessa insurreição armada – o governo provisório emitira o Decreto 21.402, nomeando  comissão de juristas, encarregada de elaborar anteprojeto de Constituição e marcando a data de 3 de maio do ano seguinte para a eleição dos delegados constituintes. O prazo de um ano era razoável, porque os membros da comissão necessitavam de tempo hábil para discutir a nova ordem jurídica, depois da ruptura da Revolução de 30.

Não era bem a falta de uma Constituição que estimulara São Paulo à rebelião, que vinha sendo preparada desde a vitória militar da Revolução Liberal, em 3 de outubro de 1930. O que açulava os paulistas era a desejada revanche contra a sua derrota. As elites de São Paulo, todas vindas das oligarquias rurais, não podiam engolir a capitulação militar de Washington Luís diante de tropas mineiras, nordestinas e gaúchas. Os altos quatrocentões, apoiados por vitoriosos imigrantes, que também viviam da exportação de café, sentiam-se como  junkers prussianos, acossados pela ralé de bárbaros. Apesar do relativo desenvolvimento da indústria manufatureira, promovido pelos imigrantes, as oligarquias rurais não queriam o desenvolvimento industrial do país, que as deslocaria de seu poder secular.

O sentimento de superioridade, que levara Washington Luís a insistir na continuidade de São Paulo no comando da República, induzira muitos dos chefes do movimento a pensar na independência do Estado, se sua hegemonia econômica não se confirmasse no comando político do país. Essa era uma das razões, mas havia outras, e mais importantes.

A ruptura da República Velha não fora  simples mudança de homens ou de partidos no poder, e muito menos  coligação de estados pobres, ressentidos contra a pujança econômica de São Paulo.  Getúlio, na plataforma  da Aliança Liberal, lida em janeiro de 1930, na Esplanada dos Ministérios, fora claro. O Brasil não poderia continuar um país vazio, só ocupado, desde o descobrimento, no litoral e em escassas manchas humanas no resto do território. A Guerra do Paraguai já nos alertara para a necessidade do intensivo povoamento do Centro-Oeste. O Brasil precisava sair do casulo conservador e dar empregos e vida digna a seu povo.

O confronto se fazia entre o pensamento renovador e a reação conservadora. Tanto é assim que, em Minas, o partido dos aliados das oligarquias paulistas se identificava, sem embuços, como sendo a Concentração Conservadora. Nomes importantes de Minas, conduzidos por motivos diferentes, estiveram com São Paulo, não só em 30, como em 32,  entre outros Artur Bernardes e Fernando Mello Viana. E no Rio Grande do Sul, também. No caso, mesclavam-se os interesses  pessoais e as questões políticas internas.

Tanto foi assim que os primeiros tiros da Revolução de 30 foram disparados em 6 de fevereiro de 1930, em  Montes Claros – terra de Darci Ribeiro, é bom anotar.  O tiroteio começou quando uma caravana conservadora, chefiada pelo então vice-presidente da República, o mineiro Mello Viana, passou diante da casa de João Alves e sua mulher, dona Tiburtina, e houve os disparos. A versão mais conhecida é a de que o primeiro tiro partiu do grupo provocador, e foi respondido pelos  partidários da Aliança Liberal, que se encontravam no sobrado. Ali morreram seis pessoas e Mello Viana escapou por pouco – uma bala atingiu-lhe levemente o pescoço.

Getúlio pretendia a industrialização do país e justiça social para com os trabalhadores. O mundo começava a mudar, depois da Revolução de Outubro, na Rússia, e os desafios da Depressão iniciada meses antes, com a queda da Bolsa em Nova Iorque. Em 1930, no governo do Estado de Nova Iorque, Roosevelt iniciaria a sua política social e econômica que o levaria em 1932, à presidência e ao New Deal. Roosevelt e Getúlio estavam na mesma estrada. Em contraponto à política de solidariedade para com os trabalhadores, Washington Luís definia a sua posição, ao afirmar que “a questão social é apenas um caso de polícia”.

Infelizmente, ao que parece, os oligarcas paulistas – e seus representantes na política atual – não entenderam até hoje as razões dos revolucionários de 30. Continuam com a mesma posição que tiveram em julho de 1932. O ódio contra Getúlio e o seu governo – que, pela primeira vez via o povo como protagonista da História -  permanece até hoje. Não há, em São Paulo, uma ruela qualquer com o nome do grande presidente. Não é por mero exercício retórico que Fernando Henrique Cardoso decretou, sem consegui-lo, “o fim da era Vargas”. Foi por convicção.

Não fazemos a apologia de 1932, nem lhe temos ódio, mas procuramos entender o movimento dos revolucionários paulistas como um gesto que, tendo sido de arrogância contra o Brasil (não nos esqueçamos de seu lema, non dvcor, dvco), foi importante para o desenvolvimento político e econômico do nosso país. Sem seu movimento, não teríamos a consolidação revolucionária do governo provisório, nem o projeto nacional de Vargas, que promoveu a industrialização do país, a participação do Brasil na Guerra e o fim do mito conformista de que deveríamos ser sempre um país essencialmente agrícola, eterno exportador de café e açúcar.

Ora, São Paulo foi o Estado mais beneficiado com a política industrial de Vargas. Como disse Delfim Neto ao jornalista Leonardo Attuch, São Paulo não perdoa a Getúlio o bem que ele fez a São Paulo.

E como a História é feita pelos homens e para os homens, não teríamos, sem a guerra paulista,  tido a carreira política de Juscelino, que, sucedendo a Vargas, deu o grande salto para a afirmação do Brasil no mundo. Como se sabe, foi combatendo os paulistas, no Túnel da Mantiqueira, que o capitão médico se tornou político.

E tampouco nos devemos esquecer que os paulistas, derrotados em 32, afinal, ganharam, em 64, quando muitos de seus empresários, reunidos no IEPES, aliaram-se aos militares para derrubar Jango. Eles se mantiveram no poder, diretamente ou pelos seus delegados, até a restauração democrática de 1985.

Quando a repressão se exacerbou em São Paulo – e foi exercida pelo Doi-Codi e pela Oban (Operação Bandeirantes),  financiada por grande parte daquele grupo de empresários – muitos dos que tombaram não tiveram o privilégio de cair em pleno combate, como o tiveram os mortos em 30 e em 32. Só Deus e os torturadores sabem como eles pereceram.

O povo paulista começa a desvincular-se das elites, e a autonomia de sua ação política, na solidariedade com os brasileiros de todas as regiões, é a argamassa necessária à autêntica coesão nacional.

Brizola Neto: Revolução de 32 foi
guerra da elite contra trabalhadores

Ministro fez as críticas em visita à capital paulista no dia em que o movimento completou 80 anos.

"Movimento da elite paulista não compreendia e não aceitava o avanço nos direitos dos trabalhadores", disse Brizola Neto


Como se sabe, no dia 9 de julho a elite de São Paulo celebra uma derrota.

A derrota da tentativa de se separar do Brasil de Vargas e instalar a República da UDN-PRP, o último partido republicano a pregar o fim da Escravidão.

Saiu na Folha (*):

Revolução de 32 foi guerra da elite de SP contra trabalhadores, diz ministro



BERNARDO MELLO FRANCO
DE SÃO PAULO

O ministro do Trabalho, Brizola Neto, afirmou nesta segunda-feira que a Revolução Constitucionalista de 1932 foi uma guerra da elite de São Paulo para tentar impedir a ampliação dos direitos dos trabalhadores.

Ele fez as críticas em visita à capital paulista no dia em que o movimento completa 80 anos.

“O dia 9 de julho, que foi comemorado pelos grandes jornais paulistas como se fosse uma grande vitória da democracia, nada mais foi do que uma grande tentativa de retrocesso do processo de ampliação dos direitos e garantias dos trabalhadores iniciado pelo presidente Getúlio Vargas”, afirmou.

“32 na verdade não era um movimento paulista. Era um movimento da elite paulista que não compreendia e não aceitava o avanço nos direitos dos trabalhadores. Tanto é que os trabalhadores paulistas elegeram Vargas presidente da República [em 1950] e senador por São Paulo [em 1946]“, disse.

Brizola Neto discursou na 11ª abertura do congresso nacional da CUT (Central Única dos Trabalhadores). Sua crítica ao Nove de Julho foi aplaudida por parte da plateia de sindicalistas. Os demais permaneceram em silêncio.

O ministro é neto do ex-governador Leonel Brizola, um dos principais herdeiros políticos de Vargas.



(*) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é,  porque o dono é o que é; nos anos militares, a  Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.