Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista
Mostrando postagens com marcador 1%. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador 1%. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

NY vai cobrar o cafezinho sabotado em SP

Novo prefeito de NY, Bill Blasio, prometeu taxar os endinheirados à razão de um cafezinho com leite no Starbucks por dia (US$ 3) para melhorar a vida dos pobres

por: Saul Leblon 

Arquivo














Endinheirados nativos adoram elogiar os ares cosmopolitas de NY - embora  se sintam espiritualmente melhor em Miami.

A mídia irradia preferências semelhantes.

O democrata Bill de Blasio, recém empossado prefeito de NY, ganha espaços e confetes  por aqui  pela ecumênica trajetória pessoal.

Blasio, um progressista à esquerda de Obama, e cuja eleição teve o apoio do Partido da Família Trabalhadora, que se autodefine como uma espécie de PT dos EUA, é casado com uma poetiza negra.

Chirlane não escondeu na campanha a adesão ao lesbianismo nos anos 70.

A cerimonia de casamento entre ela e Blasio foi oficiada por pastores gays.

Filhos afrodescendentes, Dante e Chiara, fizeram do candidato, que apoiou a causa sandinista na juventude e escolheu a América Latina como objeto de estudo acadêmico,  um símbolo de afirmação dos valores multirraciais.

A cabeleira black power exuberante de Dante tornou-se uma espécie de certificado de garantia dos compromissos progressistas do pai.

O conjunto galvanizou a Nova Iorque.

Formada por 26% de latinos e 25% de negros, a metrópole de 8,7 milhões de habitantes está cindida em duas cidades pela linha da desigualdade.

Blasio prometeu acabar com o conto dickensiano de um povo repartido em dois pelo dinheiro e o urbanismo excludente.

Artistas de seriados famosos trabalharam com afinco para arrastar votos de um pedaço da classe média branca e  dar a esse projeto  o apoio esmagador de 73% do eleitorado.

Não é pouca coisa.

Desde 1993  a população de NY não entregava a prefeitura a um democrata.

Temas como o mergulho de Blasio no alcoolismo --após o suicídio do pai, ademais de vídeos da filha discutindo abertamente a questão das drogas, reforçaram o apelo contemporâneo da candidatura.

Mas não só.

Tido como bom administrador, seu antecessor, o bilionário Bloomberg, provou que é possível ser eficiente na gestão sem alterar o apartheid de uma metrópole.

Há cinco anos ele se alarga em NY e em toda a sociedade norte-americana mergulhada na pior crise do capitalismo desde 1929.

A relação da Forbes de 2013, que atualiza o ranking dos 400 norte-americanos mais ricos do país, ilustra a expansão do fosso.

A riqueza total dos ‘400’ aumentou quase 20% sobre 2012.

Passou de US$ 1,7 trilhão para US$ 2,02 trilhões de dólares em dezembro último.

Equivale ao valor do  PIB da Rússia.

Estamos falando de apenas  400 cidadãos e uma fortuna equiparável à oitava economia do globo, ou 15% do PIB dos EUA.

Mas a coisa é pior que isso.

Em 2012, pela primeira vez desde 1917, os 10% mais ricos passaram a abocanhar mais da metade de toda a renda norte-americana (50,4% , segundo pesquisa feita pela Universidade de Berkeley).

Só há dois precedentes históricos no gênero: antes da Depressão de 1929; e antes da falência do Lehman Brothers, em 2007, gatilho da presente crise mundial.

A política de injeção de liquidez de Obama –lapidada pelos interditos do Tea Party— paradoxalmente ajudou a consumar esse feito.

A renda média nos EUA cresceu 6% no triênio finalizado em 2012.

Dentro dessa média, os ganhos do 1% mais rico aumentaram mais de 31% no período (recuperando assim quase completamente as perdas decorrentes da crise, da ordem de 35%).

Os demais 99% tiveram um ganho de apenas 0,4% em três anos. Estão hoje 12% abaixo da soleira em que se encontravam antes do colapso neoliberal.

O Ocuppy Wall Street tinha razão.

Não surpreende que muitos de seus integrantes tenham se engajado na vitória a Blasi, que emerge assim como uma segunda aposta, mais à esquerda, depois do fiasco de Obama.

O cabelo black power de Dante deu confiabilidade a quem batia forte na tirania do 1% sobre os 99%.

Mas Blasio não foi eleito apenas pela fiança familiar.

Para investir em escolas e serviços destinados aos subúrbios –que empobreceram adicionalmente desde 2007, ele a prometeu elevar o imposto sobre os ricos que lucraram com a crise.

Quem ganha entre US$ 500 mil e US$ 1 milhão pagará um adicional em taxas municipais de US$ 973 por ano em sua gestão.

Significa menos que US$ 3 por dia – ‘um cafezinho com leite no Starbucks’, alfinetou o novo prefeito.

Não há como não enxergar nessa aritmética um espelho do que se passa na São Paulo dirigida pelo prefeito  Fernando Haddad.

Financiar a tarifa congelada dos ônibus na capital, modernizar  o transporte coletivo com 150 kms de corredores exclusivos (as faixas já passam de 290 kms) e investir em educação e saúde exigiriam um aumento do IPTU com atualização de valores venais defasados pela supervalorizados nos últimos anos.

Aqui como lá os ricos arcariam com a maior fatia do adicional arrecadado.

1/3 dos moradores mais pobres  não pagariam nada, conforme a proposta original de Haddad.

Os demais, em média, contribuiriam com  um adicional de R$ 15,00 ao mês.

Cinquenta centavos ao dia.

Para somar o preço de um café com leite no Starbuscks em São Paulo ( R$ 3,90 no Shopping Eldorado, na capital), seriam necessários quase o equivalente a  oito dias de  IPTU.

O prefeito Haddad foi ao STF solicitar apoio a uma contribuição 12 vezes inferior a de NY, vetada aqui pelo matrimônio de interesses que uniu a  Fiesp, a mídia, endinheirados, senhorios e o PSDB.

Ao contrário da cumplicidade selada entre afrodescedentes e Blasio, Haddad encontrou na Suprema Corte alguém que age e pensa aqui como aqueles que, em passado sombrio, destinaram a seus semelhantes a senzala e a chibata.

E depois delas, as periferias  conflagradas das grandes metrópoles.

Cerca de R$ 100 milhões arrecadados com o novo IPTU iriam financiar a construção de creches nos bairros mais pobres de SP, onde 150 mil crianças aguardam na fila.

Continuarão a aguardar enquanto os endinheirados, seus ventríloquos e serviçais tomam seu cafezinho no Starbucks.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Por que você está muito mais pobre do que pensava estar


Cerca de 61% de todos os estadunidenses eram “classe média” em 1971, enquanto, hoje, o número caiu para 51%. A classe média está envolvida em uma guerra até a morte nos Estados Unidos com os agentes de Wall Street que pretendem privá-los do trabalho, tirar seus ativos, executar a hipoteca de suas casas, e deixá-los sem nenhum dinheiro para enfrentar a velhice. É apenas uma boa e velha luta de classes – e como Warren Buffett opinou – a classe dele está ganhando. O artigo é de Mike Whitney.

Você está muito mais pobre do que você pensava estar.

De acordo com um relatório da Sentier Research “a renda média anual real por domicílio caiu 4,8% desde que a ‘recuperação econômica’ começou em junho de 2009.”

Isso é pior do que o declínio de 2,6% que ocorreu durante a recessão em si (entre julho de 2007 e junho de 2009) Ao todo – do começo da crise em 2007 até hoje, a renda média domiciliar caiu impressionantes 7,2%. (“Mudanças na Renda Domicilar Durante a Recuperação Econômica: Junho de 2009 a Junho de 2012”, Sentier Research)

Como eu disse, você está muito mais pobre do que você pensava estar.
O relatório Sentier Research vem em sequência a um relatório similar do Federal Reserv (FED) que foi lançando em junho mostrando que as famílias de classe média viram um declínio de aproximadamente 40% em seu patrimônio líquido entre os anos de 2007 e 2010. O relatório de 80 páginas do Fed, Survey of Consumer Finances, aponta para a Grande Recessão como a causa presumível do declínio geral da riqueza, mas as políticas desequilibradas do Fed podem ser facilmente responsabilizadas. Baixas taxas de juros, frouxos padrões de empréstimos e fraudes geraram bolhas em ativos que destruíram duas décadas de ganhos econômicos dos trabalhadores nos EUA.

É uma coisa surpreendente, por que a confiança do consumidor está no seu mais baixo ponto desde novembro de 2011? Ou por que investidores não-profissionais ainda estão fugindo do mercado de ações em números recordes 4 anos após a falência do Lehman Brother? Ou por que os rendimentos dos títulos do Tesouro Americano de 10 anos ainda estão pairando abaixo dos 2%? Ou por que os depósitos bancários agora excedem muito os empréstimos?

Todos esses são sinais extremos para se pensar, por isso que os trabalhadores têm tido uma visão tão obscura sobre o futuro. Você sabia que (de acordo com o Pew Research Center) 61% de todos os estadunidenses eram “classe média” em 1971, enquanto, hoje, o número foi cortado para 51%? Isso explica porque 85% das pessoas entrevistadas dizem “que é mais difícil manter um padrão de classe média hoje do que comparado com 10 anos atrás.” A maioria das pessoas também admitiu que teve que reduzir seus gastos no ano passado.

O que todos esses relatórios indicam é que a classe média dos EUA está sendo esquartejada pelas políticas econômicas que servem para enriquecer poucos a custa de muitos.

É claro, o presidente do Fed Ben Bernanke vai “colocar as coisas no eixo” ao lançar outra rodada de afrouxamento quantitativo (“quantitative easing” – QE) que supostamente impulsionará o crescimento e diminuirá o desemprego. Infelizmente, QE não funciona desse modo. De fato, o Banco da Inglaterra acaba de lançar um relatório que prova que as compras de ativos do Banco Central desproporcionalmente beneficiam os ricos. Aqui está um trecho do artigo que foi publicado no Washington Post:

“Os 10% mais ricos dos domicílios na Grã-Bretanha viram o valor de seus ativos aumentar por até £322.000 [$510.000] como resultado de tentativas do Banco da Inglaterra de usar a criação de dinheiro eletrônico para tirar a economia de sua mais profunda crise pós-guerra. O Banco da Inglaterra calculou que o valor de ações e títutlos subiu 26% - ou £600 bilhões – como resultado da política, o equivalente a £10.000 para cada domicílio no Reino Unido. Acrescenta-se, entretanto, que 40% dos ganhos foram para os 5% mais ricos das famílias.”

Não é difícil ver por que isso acontece. Uma forma pela qual o programa de flexibilização quantitativa funciona, em teoria, é empurrar os preços dos ativos para apoiar a economia. E, de acordo com o Banco da Inglaterra, a família média britânica mantém apenas $2.370 em ativos financeiros. Então os benefícios diretos em grande parte são revertidos para as famílias mais ricas.

E nos Estados Unidos? Bem como na Grã-Bretanha, a distribuição de ativos financeiros também é fortemente enviesada. ... Assim, qualquer movimento do Fed para elevar os preços dos ativos tende a aumentar a desigualdade de riqueza no curto prazo.” (“Will the Fed’s efforts to boost the economy only benefit the wealthiest?”, Washington Post).

Então QE é apenas uma farsa para encher o bolso da classe de investidores. Imagine isso! Foram necessários 4 anos e um grupo de pesquisadores de gênios finaceiros BOE para descobrir isso.

E aqui está outra coisa sobre a qual vale a pena se debruçar; trabalhadores estão ficando totalmente prejudicados no negócio. Não apenas os poupadores e os aposentados de renda-fixa que sendo roubados dos ganhos insignificantes que teriam visto se as taxas estivessem em seu nível normal ao invés de zero, mas também a perspectiva de mais QE gera elevações futuras de petróleo, enquanto preços de alimentos com certeza subirão. Isto é da Bloomberg, em um artigo intitulado “Bernanke Boosts Oil Bulls to Highest Since May: Energy Markets”:

“Os fundos de hedge levantaram apostas otimistas sobre o petróleo, para uma alta de três meses, baseado em sinais de que o presidente do Federal Reserve, Ben S. Bernanke, tomará medidas para reforçar o crescimento econômico norte-americano e estimular a retomada de forças nas commodities.

Gestores de dinheiro aumentaram “long positions” líquidas, ou apostas na elevação de preços, em 18% nos sete dias encerrados em 21 de Agosto, de acordo com o relatório da Commodity Futures Trading Commission’s Commitments of Trades de 24 de Agosto. Eles estavam no nível mais alto desde a semana encerrada em 1º de Maio.” (Bloomberg)


Preços mais altos na bomba. Isso deve acelerar os gastos do consumidor, você não acha?

Ainda assim, Bernanke e seus colegas no Fed não vão ser desencorajados por algo tão insignificante como as agruras do povo trabalhador. Oh, não. Afinal, ele tem seus eleitores reais para considerar, os parasistas barões ladrões de Wall Street. Suas necessidades vêm primeiro e o que eles querem é outra rodada de “funny-money” e então encher a despensa no Hamptons com Beluga e espumante. É por isso que membros do Fed já começaram a cantar por “mais acomodação”. Aqui está o que o Presidente do Fed de Chicago Charles Evans disse na última semana da em seu boletim de tom sinistro, entitulado “Some Thoughts on Global Risks and Monetary Policy”:

“Encontrar uma forma de oferecer mais acomodação... é particularmente importante agora porque os atrasos na redução do desemprego são custosas. Uma extraordinarimente grande porcentagem dos desempregados ficaram sem trabalho por um bom período de tempo; suas habilidades podem se tornar menos fluentes e até mesmo entrar em deterioração, deixando trabalhadores afetados com cicatrizes permanentes em suas receitas da vida útil. E qualquer produtividade agregada resultante mais baixa também pesa sobre o produto potencial, salários e lucros para a economia como um todo. O dano intensifica enquanto o desemprego permanecer elevado. Falhar na ação agressiva agora pode baixar a capacidade da economia por muitos anos...

Dados os riscos que nós encaramos, eu acho que é vital que nós façamos esses movimentos hoje. Eu não acho que nós deveríamos estar em um mundo onde nós estamos esperando pra ver o que os próximos lançamentos de alguns dados tem a trazer. Nós passamos do limite para ação adicional, devemos tomar essa atitude agora.”


Que amargura! Será que alguém realmente acredita que o presidente do Fed dá a mínima atenção sobre reduzir desemprego? É uma piada.

E onde está a prova de que QE reduz desemprego, aumenta salários ou beneficia a economia como um todo? Em nenhum lugar. A ideia de “acomodação” é apenas outro jeito de encher seus amigos ricos de dinheiro.

Agora veja isto no Wall Street Journal:

“Durante a recessão, as pessoas que perderam empregos de longa data se esforçaram para encontrar novo emprego e geralmente sofreram cortes substanciais no salário quando encontravam um novo trabalho. Pouco parece ter mudade depois que a recessão terminou, mostra um novo relatório do Labor Department.

De 2009 a 2011, 6,1 milhões de trabalhadores perderam empregos que eles haviam mantido por pelo menos 3 anos. Pouco mais da metade – 56% - deles foram reempregados até janeiro, departamento descobriu em sua mais recente pesquisa sobre trabalhadores desempregados. Dois anos atrás, a pesquisa encontrou que 49% das pessoas que perderam seus empregos entre 2007 e 2009 foram reempregadas.

Pessoas com sorte suficiente para encontrar um novo emprego geralmente sofrem exagerados cortes salariais. Dos trabalhadores desempregados que perderam seus empregos, e salários, de tempo integral, de 2009 a 2011 e foram reempregados em Janeiro, apenas 46% estavam recebendo o mesmo ou mais do que eles ganhavam no emprego perdido. Um terço deles relatou que os rendimentos caíram 20% ou mais.” (“New Jobs Come With Lower Wages”, Wall Street Journal)

Assim, mesmo as pessoas “com sorte suficiente para encontrar um novo emprego” estão piores do que elas estavam antes. Ei, mas ao menos ela encontrou um emprego, certo? E as pessoas que não conseguiram nem encontrar um trabalho? O que acontecerá a eles?

Não se preocupe. Obama e seus companheiros cortadores-de-déficit no Congresso têm tudo planejado. Assim que a eleição acabar, o Presidente Socialista começará dispensando as pessoas dos benefícios para desemprego prolongado, tão rápido quanto é humanamente possível, deixando milhões de trabalhadores sem dinheiro suficiente para morar ou alimentar suas famílias. Aqui está como está tudo indo abaixo:

“Mais de 500 mil pessoas perderam benefícios para desemprego prolongado desde o início do ano, e mais 2 milhões estão agendadas para perder seus benefícios em 1º de janeiro de 2013.... Emergency Unemplyment Compensation (EUC), está programada para acabar completamente em 1º de Janeiro, encerrando pagamentos de desemprego para mais de 2 milhões de pessoas da noite para o dia.

Com o início do novo ano, não haverá nenhuma parte do país que ofereça mais de 26 semanas de benefícios de desemprego. Isso é muito menos do que a duração média do desemprego, que tem pairado em cerca de 40 semanas para mais de um ano.....

Apesar do impacto desastroso dos cortes, eles foram largamente ignorados tanto pela grande mídia quanto nas eleições norte-americanas. Além disso, a administração Obama já deixa saber que não buscará uma renovação de auxílio-desemprego estendido.” (“Extended jobless benefits end for 500,000 US workers”, World Socialist web Site)

Você pode ver quão bem isso segue a campanha anti-obesidade de Michelle? A administração planeja aumentar a “flexibilidade” dos trabalhadores, colocando milhões de desempregados em uma dieta radical.

E, não se engane, desemprego é apenas um de muito programas que Obama planeja eviscerar após a contagem de votos. Ele também esta indo para o zero – na Segurança Social, Medicare e Medicaid. Eles estão todos no bloco de corte, cada um deles. É disso que o chamado Fiscal Cliff se trata; é farsa em relações públicas para esconder o plano de Obama para desmantelar os programas vitais que fornecem remédios, abrigo e uma aposentadoria insuficiente para os doentes, os carentes e os idosos, você sabe, as pessoas às quais os Republicanos se referem como “bocas inúteis”.

Todos esses relatórios (Sentier, Pew, o Fed’s Survey of Consumer Finances) dão atenção ao mesmo ponto, que a classe média está envolvida em uma guerra até a morte com os vermes carregadores-de-saco (“carpetbagging”) que pretendem privá-los do trabalho, tirar seus ativos, executar a hipoteca de suas casas, e deixá-los sem nenhum dinheiro para enfrentar a velhice. É apenas uma boa e velha luta de classes – e como Warren Buffett opinou – a classe dele está ganhando.

(*) Mike Whitney é um analista político independente.

Tradução: Hector Luz

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

50 números de 201.Tão loucos que é quase impossível acreditar neles

 

Apesar de a maioria dos estadunidenses estar bastante furiosa com esta economia, a realidade é que grande parte deles continua a não ter ideia do quão intenso tem sido o declínio económico do país. Este artigo publicado no blogue The Economic Collapse é um bom contributo para alertar as pessoas.
A economia norte-americana está em mau estado e a pobreza alastra, 
como provam os indicadores aqui reunidos.
Apesar de a maioria dos estadunidenses estar bastante furiosa com esta economia, a realidade é que a grande parte deles continua a não ter ideia do quão intenso tem sido o nosso declínio económico ou quais os problemas que vamos enfrentar se não fizermos mudanças drásticas rapidamente. Se não educarmos o povo estadunidense sobre o quão mortal se tornou a economia dos EUA, então eles vão continuar a seguir as velhas mentiras que os políticos continuam a contar. “Ajustar” umas coisas não vai consertar esta economia.
De facto, precisamos de uma mudança profunda de direcção. A América está a consumir bastante mais do que aquilo que produz e a nossa dívida está a explodir. Se continuamos por este caminho, o colapso económico é inevitável. Espero que os números loucos de 2011 que incluí neste artigo sejam suficientemente chocantes para acordar algumas pessoas.
Nesta altura do ano, muitas famílias juntam-se e na maioria dos lares, a certa altura, a conversa gira em torno da política. Espero que muitos de vós usem a seguinte lista como ferramenta para ajudar a partilhar com a vossa família e amigos a realidade da crise económica dos EUA. Se trabalharmos juntos, conseguiremos que milhões de pessoas acordem e percebam que os “negócios dos costume” resultarão no apocalipse económico nacional.
Os 50 números económicos de 2011 que são quase demasiado loucos para acreditarmos neles...
#1 48% dos estadunidenses são considerados como tendo “baixos rendimentos” ou vivem na pobreza.
#2 Aproximadamente 57% de todas as crianças dos EUA vivem em lares que se consideram de “baixos rendimentos” ou empobrecidos.
#3 Se hoje o número de estadunidenses que “queriam trabalho” fosse o mesmo que em 2007, a taxa de desemprego “oficial” do governo chegaria aos 11%.
#4 A média de tempo que um trabalhador fica no desemprego nos EUA é agora mais de 40 semanas.
#5 Uma sondagem recente descobriu que 77% das pequenas empresas dos EUA não planeiam contratar mais pessoas.
6# Hoje existem menos empregos pagos do que em 2000 apesar de termos mais 30 milhões de pessoas desde essa altura.
#7 Desde Dezembro de 2007, a média dos rendimentos familiares diminuiu 6,8% depois da inflação.
#8 De acordo com o Gabinete de Estatística para o Trabalho, em Dezembro de 2006, 16,6 milhões de estadunidenses encontravam-se em situação de auto-emprego. Hoje o número diminuiu para 14,5 milhões.
#9 Uma sondagem Gallup do início deste ano revelou que aproximadamente um em cada cinco estadunidenses que têm trabalho consideram-se subempregadas.
#10 De acordo com o autor Paul Osterman, cerca de 20% de todos os adultos têm empregos onde ganham salários ao nível da pobreza.
#11 Em 1980, menos de 30% de todos os empregos dos EUA eram de baixo rendimento. Hoje representam mais de 40%.
#12 Em 1969, 95% de todos os homens entre os 25 e os 54 tinham um trabalho. Em Julho, apenas 81,2% dos homens nessa faixa etária trabalhavam.
#13 Uma sondagem recente revelou que um em cada três estadunidenses não teriam possibilidades de pagar a próxima mensalidade do empréstimo de habitação/renda se de repente perdessem o emprego.
#14 A Reserva Federal anunciou recentemente que o total do rendimento líquido dos lares desceu 4,1% apenas no terceiro trimestre de 2011.
#15 De acordo com um estudo recente do Instituto de Investimento Black Rock, o rácio da dívida/rendimento pessoal é agora de 154%.
#16 À medida que a economia abrandou, o mesmo aconteceu ao número de casamentos. Segundo a análise do Pew Research Center, apenas 51% dos estadunidenses que têm pelo menos 18 anos estão casados. Em 1960, 72% dos adultos eram casados.
#17 O Serviço Postal dos EUA perdeu mais de 5 mil milhões de dólares durante o ano passado.
#18 Em Stockton, California, os preços das casas caíram 64% desde o auge do mercado imobiliário.
#19 O Estado do Nevada tem a maior taxa de vencimentos de hipotecas (foreclosures) desde há 59 meses consecutivos.
#20 Se não acredita, o preço médio de uma casa em Detroit é agora de seis mil dólares.
#21 De acordo com o Gabinete dos Censos, 18% de todas as casas no Estado da Florida estão vazias. Isto representa um aumento de 63% nos últimos dez anos.
#22 O baixo ritmo de construção de novas casas nos EUA está a caminho de bater um novo recorde em 2011.
#23 Como escrevi anteriormente, 19% de todos os homens estadunidenses entre os 25 e os 34 vivem com os pais.
#24 Nos últimos cinco anos, as contas de electricidade nos EUA subiram mais depressa que a taxa de inflação.
#25 De acordo com o Gabinete de Análise Económica, em 1980, os custos com os cuidados de saúde representavam 9,5% do consumo pessoal. Hoje, representam 16,3%.
#26 Um estudo revelou que cerca de 41% de todos os cidadãos capazes de trabalhar têm problemas com custos de saúde ou estão a pagar uma dívida médica.
#27 Se é possível acreditar, um em cada sete estadunidenses tem no mínimo 10 cartões de crédito.
#28 Os EUA gastam cerca de 4 dólares em bens e serviços provenientes da China para cada dólar que a China gasta em bens e serviços provenientes dos EUA.
#29 Estima-se que o défice comercial dos EUA em 2011 seja de 558 mil milhões de dólares.
#30 A crise das reformas continua a ficar pior. De acordo com o Instituto de Pesquisa dos Benefícios do Empregado, 46% de todos os trabalhadores estadunidenses têm menos de 10 mil dólares poupados para a reforma, e 29% têm menos de mil dólares.
#31 Hoje, um em casa seis idosos vive abaixo da linha federal de pobreza.
#32 Segundo um estudo recentemente publicado, os salários dos administradores executivos nas maiores empresas subiu 36,5% num período de 12 meses.
#33 Hoje, os bancos “demasiado grandes para cair” são maiores do que nunca. Os total de activos detidos pelos seis maiores bancos dos EUA subiu 39% entre 30 de Setembro de 2006 e 30 de Setembro de 2011.
#34 O seis herdeiros do fundador do Wal-Mart, Sam Walton, têm um rendimento líquido quase igual ao dos 30% de estadunidenses mais pobres.
#35 De acordo com a análise do Pew Research Center aos dados reunidos pelo Gabinete dos Censos, a média do rendimento líquido dos lares liderados por cidadãos com 65 anos ou mais é 47 vezes mais alto que a média do rendimento líquido dos lares liderados por cidadãos abaixo dos 35.
#36 Se é possível acreditar, 37% de todos os lares nos EUA liderados por alguém abaixo dos 35 anos possuem um rendimento líquido de zero ou abaixo de zero.
#37 A percentagem de estadunidenses que vive na pobreza extrema (6,7%) é a maior registada.
#38 A percentagem de crianças sem abrigo é 33% mais alta do que em 2007.
#39 Desde 2007, o número de crianças pobres no Estado da California subiu 30%.
#40 Tristemente, a pobreza infantil está a explodir pelos EUA fora. De acordo com o Centro Nacional para a Pobreza Infantil, 36,4% de todas as crianças que vivem em Filadélfia estão na pobreza. 40,1% das crianças que vivem em Atlanta estão na pobreza, 52,6% das crianças que vivem em Cleveland estão na pobreza e 53,6% das crianças que vivem em Detroit estão na pobreza.
#41 Hoje, um em cada sete estadunidenses e uma em cada quatro das crianças usam cupões de comida.
#42 Em 1980, as transferências feitas pelo goveno representavam 11,7% de todo o rendimento. Hoje, representam mais de 18%.
#43 Uns inacreditáveis 48,5% de todos os estadunidenses vivem num lar que recebe alguma forma de ajuda do governo. Em 1983, o número estava abaixo dos 30%.
#44 Actualmente, os gastos do governo federal representam cerca de 24% do PIB. Em 2001, representavam 18%.
#45 No ano fiscal de 2011, o défice federal era de 1,3 biliões de dólares. É o terceiro ano consecutivo em que o défice ultrapassa o bilião de dólares.
#46 Se o Bill Gates desse toda a sua fortuna ao Governo, apenas cobriria o défice por cerca de 15 dias.
# 47 Incrivelmente, o governo acumulou uma dívida total de 15 biliões de dólares. Quando Barack Obama tomou posse a dívida era de 10,6 biliões.
#48 Se o governo federal começasse a pagar agora a dívida nacional ao ritmo de um dólar por segundo, levaria mais de 440 mil anos para pagar tudo.
#49 Desde o início da administração Obama, a dívida nacional tem aumentado a uma média de 4 mil milhões de dólares por dia.
#50 Durante a presidência de Obama, o governo acumulou mais dívida do que o período entre a presidência de George Washington e a presidência de Bill Clinton.
Obviamente, no centro dos nossos problemas económicos está a Reserva Federal. É uma máquina perpétua, destruiu quase completamente o valor do dólar e tem um registo terrível de incompetência. Se o sistema da Reserva Federal nunca tivesse sido criado, a economia estadunidense estaria em melhor forma. O governo tem de acabar com a Reserva Federal e emitir moeda não baseada em dívida. Seria um passo importante para restaurar a prosperidade dos EUA.
Durante 2011 fizemos muitos progressos ao educar o povo estadunidense sobre os nossos problemas económicos, mais ainda há muito para fazer.
Espero que no próximo ano, mais cidadãos acordarão porque 2012 vai ser um ponto de viragem para este país.
No Esquerda.net

Prisioneiros Sendo Transportados Para Guantánamo

Prisioneiros de Guantánamo sendo "transportados" de avião por soldados estadunidenses. Circular Baghdad-Guantánamo...
Mais um Militar cobrindo o rosto com a mão!
Eles nunca assumem as merdas que fazem...
E esse país pede direitos humanos em Cuba... Vão se lascar!!!
No Cachete

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

JUVENTUDE PAGA A CONTA DA RECUPERAÇÃO SEM EMPREGOS

 EGITO, A DEMOCRATIZAÇÃO INCONCLUSA: massacre no estádio de Port Said reacende  o ciclo de lutas políticas no país ** 4 mortos e 900 feridos é o saldo das últimas 24 horas de violência**  (leia o relato do correspondente de Carta Maior nas jornadas de Tahrir, Eduardo Febbro, nesta pág)

"A produção industrial norte-americana cresceu 15% desde o nível mais baixo da recessão em 2009. Porém, a produtividade respondeu por quase todo o avanço, com um crescimento de 10,7%. A jornada de trabalho mais longa respondeu por quase todo o resto. O nível de emprego ficou virtualmente estável" (Dow Jones). O emprego que crece nos EUA --como agora em janeiro, com 234 mil vagas-- é de má qualidade e baixos salários. Para retornar aos níveis pré-crise, a economia norte-americana precisaria gerar seis milhões de vagas. N ritmo atual isso demandaria tres anos, sem considerar o acréscimo líquido anual.  Segundo a OIT, um em cada três trabalhadores do mundo encontra-se hoje desempregado ou vive na pobreza; isso equivale um contingente de 1,1 bilhão de pessoas. Nesta década será preciso criar mais de 600 milhões de vagas para enxugar o estrago causado pela crise e absorver as novas levas que chegam ao mercado de trabalho. A receita  atual de 'saneamento financeiro', ou a 'contração fiscal expansiva', implementada a ferro e fogo sobretudo na Europa, não tem a mínima chance --nem o interesse-- de atender a essa demanda. A maior vítima do ocaso do emprego no planeta é a juventude. Na Espanha, na Grécia e na Itália as taxas de desemprego entre os jovens oscilam em torno de 48%: praticamente a metade da atual geração está fora do mercado de trabalho e tem poucas esperanças de ser incorporada um dia. Na Inglaterra, essa geração à deriva já forma um exército superior a um milhõa de pessoas. Não por acaso,  80% dos participantes dos saques de agosto de 2011, em Londres, tinham menos de 25 anos. No Egito em chamas, os jovens na faixa dos 15 aos 24 anos formam a maioria da população: o desemprego entre eles é da ordem de 25% a 30%. Sem trabalho e sem democracia, resta a revolta, que se derrama para as demais esferas da vida social: as ruas, as escolas, as torcidas organizadas, os estádios de futebol. É muito vapor na fornalha da insatisfação. Explosões  são inevitáveis.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Os perigos de 2012

Os países emergentes, que enfrentaram com sucesso as tempestades de 2008 e 2009, poderão não lidar tão bem com os problemas futuros 


O ano de 2011 será lembrado como o período em que muitos americanos otimistas incorrigíveis começaram a perder as esperanças. O presidente John F. Kennedy certa vez disse que uma maré crescente levanta todos os barcos. Agora, porém, na maré vazante, os americanos estão começando a perceber não só que aqueles com os mastros mais altos foram elevados bem mais alto, mas também que muitos dos barcos menores foram feitos em pedaços na esteira deles.

Naquele breve momento em que a maré crescente estava realmente crescendo, milhões de pessoas acreditaram que poderiam ter uma chance justa de realizar o "Sonho Americano". Agora, esses sonhos também estão se desfazendo. Em 2011, as poupanças dos que perderam seus empregos em 2008 e 2009 foram gastas. Os freios para controlar o desemprego haviam se esgotado. As manchetes anunciavam novas contratações - ainda insuficientes para alcançar o número dos que teriam entrado normalmente na força de trabalho - que significaram pouco para as pessoas com 50 anos ou mais com pouca expectativa de conseguir um novo emprego algum dia.

Aliás, as pessoas de meia idade que achavam que ficariam desempregadas por alguns meses, agora perceberam que estavam, de fato, compulsoriamente aposentadas. Jovens que se formaram na universidade ao preço de dezenas de milhares de dólares de crédito educativo não conseguem encontrar nenhum emprego. Pessoas que foram morar com amigos e parentes ficaram sem teto. Casas adquiridas durante o boom imobiliário ainda estão no mercado ou foram vendidas com prejuízo. Mais de 7 milhões de famílias americanas perderam suas casas.

O lado escuro do boom financeiro da década anterior ficou plenamente exposto na Europa também. As hesitações sobre a Grécia e a devoção à austeridade de governos nacionais importantes começaram a cobrar um alto preço no ano passado. O contágio se espalhou para a Itália. O desemprego na Espanha, que já chegara perto de 20% desde o início da recessão, subiu ainda mais. O impensável - o fim do euro - começou a parecer uma possibilidade real.

Este ano promete ser ainda pior. É possível, é claro, que os Estados Unidos resolvam seus problemas políticos e finalmente adotem as medidas de estímulo de que necessitam para reduzir o desemprego para 6% ou 7% (o nível de 4% ou 5% de antes da crise é bom demais para se sonhar).

Mas isso é tão improvável quanto a Europa descobrir que essa austeridade apenas não resolverá seus problemas. Ao contrário, a austeridade só exacerbará a desaceleração econômica. Sem crescimento, a crise da dívida e a crise do euro só se agravarão. E a longa crise que começou com o colapso da bolha imobiliária em 2007 e a recessão subsequente continuará.

Ademais, os principais países de mercados emergentes, que transitaram com sucesso pelas tempestades de 2008 e 2009, poderão não lidar tão bem com os problemas que despontam no horizonte. O crescimento do Brasil já está paralisado, alimentando ansiedades em seus vizinhos na América Latina.

Enquanto isso, os problemas de longo prazo - incluindo mudança climática e outras ameaças ambientais, e o aumento da desigualdade na maioria dos países do mundo - não desapareceram. Alguns se tornaram mais graves. Por exemplo, o desemprego elevado fez deprimir salários e aumentar a pobreza.

A boa nova é que o enfrentamento desses problemas de longo prazo poderia realmente ajudar a resolver os problemas de curto prazo. O aumento dos investimentos para reajustar a economia para o aquecimento global ajudaria a estimular a atividade econômica, o crescimento e a criação de emprego.

Uma taxação mais progressiva, redistribuindo de fato a renda do topo para o meio e a base, simultaneamente reduziria a desigualdade e aumentaria o emprego com o fortalecimento da demanda total. Impostos mais altos no topo poderiam aumentar a receita fiscal para financiar o necessário investimento público, e prover alguma proteção social aos que estão na base, incluindo os desempregados.

Mesmo sem alargar o déficit fiscal, os aumentos de impostos e de gastos nesse "orçamento equilibrado" reduziriam o desemprego e aumentariam a produção.

O senão, porém, é que política e ideologia nos dois lados do Atlântico, mas especialmente nos Estados Unidos, não permitirão que nada disso ocorra. A fixação no déficit induzirá a cortes nos gastos sociais, agravando a desigualdade. Da mesma maneira, a atração duradoura pela economia do lado da oferta, apesar de todas as evidência em contrário (em especial, num período em que há um alto desemprego), impedirá a elevação dos impostos no topo.

Antes mesmo da crise, havia um reequilíbrio do poder econômico - de fato, uma correção de uma anomalia histórica de 200 anos, em que a participação da Ásia no Produto Interno Bruto global caiu de quase 50% para, em certo ponto, menos de 10%. O compromisso pragmático com o crescimento que hoje se vê na Ásia e em outros mercado emergentes contrasta com as políticas desorientadas do Ocidente que, impelidas por uma combinação de ideologia com interesses adquiridos, quase parecem refletir um compromisso com o não crescimento.

Por consequência, um reequilíbrio econômico global provavelmente vai se acelerar, quase inevitavelmente alimentando tensões políticas. Com todos os problemas que a economia global já se depara, teremos sorte se essas tensões não começarem a se manifestar nos próximos doze meses.

Tradução de Celso Paciornik

*É PRÊMIO NOBEL DE ECONOMIA E PROFESSOR DA UNIVERSIDADE DE COLÚMBIA

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Significado para a democracia, das manifestações populares

ATENÇÃO:
O artigo abaixo não é nenhuma Brastemp, mas, pelo menos, o pessoal da Universidade lááááá, em Port Elizabeth, láááááá na África do Sul, ESTÁ TRABALHANDO na internet, distribuindo pensamento aproveitável, né-não?!

Bert Olivier é professor de filosofia na Universidade Metropolitana Nelson Mandela, em Port Elizabeth, África do Sul

Há alguma justiça histórica em a revista TIME ter escolhido, como “Pessoa do Ano de 2011: O Que Protesta (com subtítulo: “da Primavera Árabe a Atenas, de Occupy Wall Street a Moscou”). O que o editor Richard Stengel escreve, à página 7 da edição de 26/12/2011-2/1/2012), faz eco ao que disse Albert Camus (para todos há um ponto, a partir do qual alguém se rebela e começa a resistir). Stengel escreveu:
“Em todo o mundo, houve protestos em países onde, se se somam as populações, vivem 3 bilhões de pessoas; e a palavra “protesto” apareceu com frequência jamais vista, impressa e online, mais lida em 2011 do que jamais antes em qualquer tempo da história. Haverá um ponto extremo da frustração global? Em todos os cantos, parece, as pessoas dizem “Basta!”. Em todas as reuniões e manifestações estava presente a palavra “democracia”. “Democracia” é palavra derivada de “povo”. Na democracia, o povo governa. E não há dúvidas de que, nas manifestações populares, o povo governou: não pelas urnas, mas diretamente das ruas. Os EUA somos nação que nasceu, que foi concebida, em movimentos de protesto. E os movimentos de protesto são, em vários sentidos, o código fonte da democracia – tanto quanto são prova de que as democracias podem falhar” [TIMES, 14/12/2011, em http://www.time.com/time/specials/packages/article/0,28804,2101745_2102139_2102380,00.html].
Se se lembra o que Hardt e Negri escreveram em Multidão (2005, Rio de Janeiro: Editora Record), pode-se dizer que os protestos que irromperam em 2011 já estavam em formação há algum tempo. Naquele livro, Hardt e Negri listaram e discutiram várias “demandas globais por democracia” no mundo contemporâneo.

Para aqueles autores, as queixas e reclamações que já naqueles anos estavam crescendo e começando a tornar-se visíveis, eram dirigidas às autoridades dos governos e às corporações transnacionais, na tentativa de comunicar várias demandas, todas aplicadas a pontos em que a democracia mostrava-se emperrada – o que, por estranha via, a revista TIME também destaca, mais de dez anos depois da reflexão de Negri e Hardt.

Para Negri e Hardt, em 2005, os protestos que já então se viam em todo o mundo, contra o sistema político e econômico global, podiam ser entendidos como um sinal de que “a democracia não pode ser feita nem imposta de cima para baixo”.

Hardt e Negri listaram três principais queixas e as correspondentes demandas que, para eles estariam mais diretamente relacionadas à democracia e que já em 2005 apareciam recorrentes no quadro das queixas e correspondentes demandas globais em todo o mundo: “queixas contra as formas existentes de representação; queixas contra a miséria; e queixas contra a guerra.” O que aconteceu em 2011 e continua a acontecer parece continuar muito próximo dessas queixas, posições e demandas (mais das duas primeiras).

Deve-se ter em mente também que os tropeços da democracia, para Hardt e Negri, estão inseparavelmente conectados ao que aqueles autores apresentam como conceitos e vocabulário políticos cada dia mais obsoletos, forjados no nascimento da modernidade, e que se tornaram insuficientes para manifestar ou dar forma às novas exigências democráticas no mundo pós-moderno globalizado.
Traçando um paralelo entre o significado social e político dos mais de 40 mil cahiers de doléances (listas de queixas) compilados por todo o território da França e entregues a Luis 14 pouco antes da Revolução Francesa de 1789, e as listas acumuladas de queixas repetidas por muitos – das mais locais às mais “elevadas”, dirigidas aos mais altos níveis do governo, Hardt e Negri observam, em 2005:
“Talvez se possam ver àquela mesma luz os atuais protestos contra a atual forma da globalização; e talvez se possa ler nesses protestos a figura potencial de uma nova sociedade global.”
Creio que a mais recente série de protestos – que sacudiram o mundo em 2011 e envolvem questões políticas e questões econômicas –, confirmam as observações de Hardt e Negri publicadas em 2005 e o acerto daquele insight profundo e certeiro: faz falta ainda um novo vocabulário para os conceitos das lutas políticas hoje renovadas. Esse novo vocabulário é necessário para dar conta das novas queixas e demandas, em tempos que já não falam a língua da modernidade.
O novo livro daqueles autores, Commonwealth (2009), parece antecipar ainda mais claramente e mais diretamente os grandes movimentos populares de protesto iniciados em todo o mundo em 2011 – movimentos que já evidenciam muito claramente a necessidade de um novo vocabulário político, de que Hardt e Negri falavam em 2005.

Para Hardt e Negri em Commonwealth, a noção de que qualquer revolução tenha de ser entendida a partir das forças imanentes da própria revolução, sem que se tenha de ‘ancorar’ as revoluções em princípios transcendentes, já aparecia bem clara nos trabalhos de Adorno e Horkheimer; mas esses teóricos da teoria crítica não conseguiram romper o plano “escolástico” e não extraíram de sua reflexão a conclusão mais radical: não há revolução sem ativismo e ação militantes, propriamente, nas ruas. Para Hardt e Negri, essa teorização radicalmente orientada pela prática apareceria, sim, mas no pensamento de Mario Tronti e de Cornelius Castoriades.

O “novo vocabulário político” que dê conta dos conceitos das lutas políticas hoje renovadas só pode surgir, portanto, no exato ponto no qual se encontrem e se cruzem as teorias revolucionárias e a ação dos movimentos – exatamente o que o mundo viu na Praça Tahrir, no início de 2011.

Em 2009, Hardt e Negri escreveram em Commonwealth:
“A análise tem de mergulhar nas lutas dos humilhados e explorados, porque as lutas são a matriz de todo e qualquer relacionamento institucional e de qualquer figura da organização social (...). A reflexão e a pesquisa revolucionárias têm de seguir as novas formas dos movimentos sociais; a reflexão e a pesquisa revolucionárias têm de ser redefinidas pelas novas formas dos movimentos sociais.”
Todos temos portanto pleno direito de esperar que teóricos e pensadores da filosofia política comecem a deixar-se penetrar pelas lições que nos chegam das revoluções populares em curso em todo o mundo, em todos os pontos onde multidões protestam contra a miséria política e econômica.

Creio firmemente que se pode alcançar compreensão tanto melhor de como a democracia deve ser e deve funcionar no mundo global transformado de hoje, quanto mais sejamos capazes de ver e de analisar o modo como as pessoas estão pessoalmente e individualmente envolvidas nos movimentos de protestos que continuam a alastrar-se pelo mundo.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Avisem aos ingleses que o FHC saiu

As previsões do "The Sun" para o crescimento do PIB do Reino Unido.
Alguém precisa avisar ao “Financial Times” que o Fernando Henrique já não é mais o presidente do Brasil” e que não espere que continuemos a responder “sim, buana” a tudo o que eles dizem.
Hoje, além do mau-gosto de chamar a presidenta Dilma Rousseff de “Dama de Ferro dos Trópicos” – além do machismo, uma comparação improcedente com uma neoliberal que privatizou, desempregou, acabou com o salário mínimo e até o leite das escolas inglesas tirou – dá pitacos sobre  a queda do crescimento e  a alta da inflação.
A matéria foi comentada e emparte reproduzida no Estadão.
Eles duvidam que ela vá manter o crescimento econômico e se preocupam com a inflação.
Muito obrigado, mas isso me lembra a minha avó dizendo: “macaco, olha o seu rabo, deixa o rabo do vizinho”.
Deveriam dar conselhos sobre reformas ao Primeiro-Ministro David  Cameron e a seu ministro das Finanças, George Osborne. Lá, o crescimento econômico para 2011 baixará – segundo os oimistas – para 0,9%, ante o  1,7% previsto em março, enquanto a previsão para 2012 foi reduzida  de 2,5% para 0,7%.
Imaginem o que a imprensa diria aqui se o nosso PIB crescesse tão pouco?
E a inflação? A meta lá era de 2%, e a inflação bateu em 5%, para depois cair uns dois ou três décimos. Na proporção, seria o mesmo que o nosso índice  ficar na casa dos 11%.
O “FT” fala que precisamos de reformas. E cita a tributária, a trabalhista – traduzindo, cortar direitos e impostos – e a necessidade de aumentar os investimentos em educação, pesquisa e infraestrutura.
Quanto a isso, é verdade. Precisamos gastar mais com estas áreas e, para isso, a reforma de que precisamos, essencialmente, é uma só: a financeira, que tire das costas deste povo a carga de pagar mais de R$ 230 bilhões por ano aos rentistas. Nisso, sim, gostaríamos e deveríamos imitá-los: a taxa Libor, principal referência de juros do mercado inglês, anda pouco acima de 1% – 1% ao ano! E, felizmente, este vai ser o ano, ao que tudo indica, dos juros voltarem a um patamar não diríamos civilizado, mas menos selvagem.
O Financial Times, em lugar da velha cantilena de nos mandar fazer o dever de casa, deveria, sim, fazer o seu dever em casa.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

A esquerda mundial após 2011

A questão para a esquerda mundial é como avançar e converter o sucesso do discurso inicial em transformação política. O problema pode ser exposto de maneira muito simples. Ainda que exista, em termos econômicos, um abismo claro e crescente entre um grupo muito pequeno (o 1%) e outro muito grande (os 99%), a divisão política não segue o mesmo padrão. As forças de centro-direita ainda comandam cerca de metade da população mundial, ou pelo menos daqueles que são politicamente ativos de alguma forma. O artigo é de Immanuel Wallerstein.

(*) Publicado originalmente em português no site Outras Palavras.

Por qualquer ângulo, 2011 foi um bom ano para a esquerda mundial – seja qual for a abrangência da definição de cada um sobre ela. A razão fundamental foi a condição econômica negativa, que atinge a maior parte do mundo. O desemprego, que era alto, cresceu ainda mais. A maioria dos governos enfrentou grandes dívidas e receita reduzida. A resposta deles foi tentar impor medidas de austeridade contra suas populações, ao mesmo tempo em que tentavam proteger os bancos.

O resultado disso foi uma revolta global daquilo que o movimento Occuppy Wall Street chama de “os 99%”. Os alvos eram a excessiva polarização da riqueza, os governos corruptos e a natureza essencialmente antidemocrática desses governos – tenham eles sistemas multipartidários ou não.

O Occuppy Wall Street, a Primavera Árabe e os Indignados não alcançaram tudo o que esperavam. Mas conseguiram alterar o discurso mundial, levando-o para longe dos mantras ideológicos do neoliberalismo – para temas como desigualdade, injustiça e descolonização. Pela primeira vez pessoas comuns passaram a discutir a natureza do sistema no qual vivem. Já não o veem como natural ou inevitável…

A questão para a esquerda mundial, agora, é como avançar e converter o sucesso do discurso inicial em transformação política. O problema pode ser exposto de maneira muito simples. Ainda que exista, em termos econômicos, um abismo claro e crescente entre um grupo muito pequeno (o 1%) e outro muito grande (os 99%), a divisão política não segue o mesmo padrão. Em todo o mundo, as forças de centro-direita ainda comandam aproximadamente metade da população mundial, ou pelo menos daqueles que são politicamente ativos de alguma forma.

Portanto, para transformar o mundo, a esquerda mundial precisará de um grau de unidade política que ainda não tem. Há profundos desacordos tanto sobre a objetivos de longo prazo quanto sobre táticas a curto prazo. Não é que esses problemas não estejam sendo debatidos. Ao contrário, são discutidos acaloradamente, e pouco progresso tem sido feito para superar essas divisões.

Essas discordâncias são antigas. Isso não as torna fáceis de resolver. Existem duas grandes divisões. A primeira é em relação a eleições. Não existem duas, mas três posições a respeito. Existe um grupo que suspeita profundamente de eleições, argumentando que participar delas não é apenas politicamente ineficaz, mas reforça a legitimidade do sistema mundial existente.

Os outros acham que é crucial participar de processos eleitorais. Mas esse grupo está dividido em dois. Por um lado, existem aqueles que afirmam ser pragmáticos. Eles querem trabalhar de dentro – dentro dos maiores partidos de centro-esquerda quando existe um sistema multipartidário funcional, ou dentro do partido único quando a alternância parlamentar não é permitida.

E existem, é claro, os que condenam essa política de escolher o mal menor. Eles insistem que não existe diferença significativa entre os principais partidos e são a favor de votar em algum que esteja “genuinamente” na esquerda.

Todos estamos familiarizados com esse debate e já ouvimos os argumentos várias vezes. No entanto, está claro, pelo menos para mim, que, se não houver algum acordo entre esses três grupos em relação às táticas eleitorais, a esquerda mundial não tem muita chance de prevalecer a curto ou a longo prazo.

Acredito que exista uma forma de reconciliação. Ela consiste em fazer uma distinção entre as táticas de curto prazo e as estratégias a longo prazo. Concordo totalmente com aqueles que argumentam que obter poder estatal é irrelevante para as transformações de longo prazo do sistema mundial – e possivelmente as prejudica. Como uma estratégia de transformação, foi tentada diversas vezes e falhou.

Isso não significa que participar nas eleições seja uma perda de tempo. É preciso considerar que uma grande parte dos 99% está sofrendo no curto prazo. Esse sofrimento é sua preocupação principal. Tentam sobreviver e ajudar suas famílias e amigos a sobreviver. Se pensarmos nos governos não como agente potencial de transformação social, mas como estruturas que podem afetar o sofrimento a curto prazo, por meio de decisões políticas imediatas, então a esquerda mundial se verá obrigada a fazer o que puder para conquistar medidas capazes de minimizar a dor.

Agir para minimizar a dor exige participação eleitoral. E o debate entre os que propõem o menor mal e os que propõem apoiar partidos genuinamente de esquerda? Isso torna-se uma decisão de tática local, que varia enormemente de acordo com vários fatores: o tamanho do país, estrutura política formal, demografia, posição geopolítica, história política. Não há uma resposta padrão. E a resposta para 2012 também não irá necessariamente servir para 2014 ou 2016. Não é, pelo menos para mim, um debate de princípios. Diz respeito, muito mais, à situação tática de cada país.

O segundo debate fundamental presente na esquerda é entre o desenvolvimentismo e o que pode ser chamado de prioridade na mudança da civilização. Podemos observar esse debate em muitas partes do mundo. Ele está presente na América Latina, nos debates fervorosos entre os governos de esquerda e os movimentos indígenas – por exemplo na Bolívia, no Equador, na Venezuela. Também pode ser acompanhado na América do Norte e na Europa, nos debates entre ambientalistas/verdes e os sindicatos, que priorizam manutenção dos empregos já existentes e a expansão da oferta de emprego.

De um lado, a opção desenvolvimentista, apoiada por governos de esquerda ou por sindicatos, sustenta que, sem crescimento econômico, não é possível enfrentar as desigualdades econômicas do mundo de hoje – tanto as que existem dentro de cada país quanto as internacionais. Esse grupo acusa o oponente de apoiar, pelo menos objetivamente e talvez subjetivamente, os interesses das forças de direita.

Os que apoiam a opção antidesenvolvimentista dizem que o foco em crescimento econômico está errado em dois aspectos. É uma política que leva adiante as piores características do sistema capitalista. E é uma política que causa danos irreparáveis – sociais e ambientais.

Essa divisão parece ainda mais apaixonada, se é que é possível, do que a divergência sobre a participação eleitoral. A única forma de resolver isso é com compromissos, diferentes em cada caso. Para fazer com que isso seja possível, cada grupo precisa acreditar na boa fé e nas credenciais de esquerda do outro. Isso não será fácil.

Essas diferenças poderão ser superadas nos próximos cinco ou dez anos? Não tenho certeza. Mas se não forem, não acredito que a esquerda mundial possa ganhar, nos próximos 20 ou 40 anos, a batalha fundamental. Nela definir-se-á que tipo de sistema sucederá o capitalismo, quando este sistema entrar definitivamente em colapso.

Tradução: Daniela Frabasile

terça-feira, 22 de novembro de 2011

O PAC se acelera

 

Belchior: a Dilma vai inaugurar uma obra por semana. Bye-bye Cerra 2014

O Conversa Afiada reproduz post do blog do Planalto:

PAC 2 teve aumento de 66% no ritmo de execução

Balanço do Programa de Aceleração do Crescimento 2 (PAC 2), divulgado hoje (22) pelo governo, revela o aumento de 66% na execução orçamentária entre junho e setembro de 2011. Neste período, foram concluídas, por exemplo, as obras de construção das hidrelétricas de Estreito (MA) e Dardanelos (MT), de duplicação e adequação de 494 quilômetros de rodovias, e de implantação de quatro módulos operacionais de passageiros nos aeroportos de Guarulhos e Viracopos (SP), Vitória (ES) e Goiânia (GO).

Esses empreendimentos integram os 11,3% já concluídos do total previsto até 2014, informou a ministra do Planejamento, Miriam Belchior. Segundo ela, os investimentos no PAC, que incluem recursos do Orçamento Geral da União, estados, municípios, estatais e setor privado, alcançaram, este ano, R$ 143,6 bilhões ou 15% do total previsto para o período de 2011 a 2014.

Em 2011, houve um aumento de 22% no volume de pagamento em comparação com o mesmo período de 2010, ano de melhor desempenho do PAC.

“Aceleramos a execução do PAC nesses últimos três meses. Tivemos um desempenho bastante importante para o período”, disse a ministra Miriam Belchior.

Em setembro de 2011, o monitoramento do PAC indicava que 72% das ações de transportes, energia, mobilidade urbana, Luz para Todos e recursos hídricos estavam no ritmo adequado, enquanto 10% pediam atenção. O ritmo de 4% das obras foi considerado preocupante.

“O PAC cumprirá seu papel anticíclico. As obras alavancarão a nossa economia, vão garantir a geração de emprego, o aumento da renda no momento de incerteza internacional”, garantiu a ministra.

Cenário econômico – Na apresentação do balanço do PAC 2, o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, afirmou que, apesar das incertezas no cenário internacional, o governo trabalha com uma expectativa de crescimento da economia brasileira entre 4% e 5% em 2012. Para 2011, o Ministério da Fazenda acredita que o crescimento do PIB será moderado e deve alcançar 3,8%

“Há muita incerteza sobre o que vai acontecer. Vislumbramos um cenário de desaceleração do crescimento nos Estados Unidos e de recessão na Europa, mas sem a crise que atingiu os países em 2008. No Brasil, a aceleração do crescimento deve ser de 4% a 5%”, defendeu Nelson Barbosa.

Um dos motivos, segundo ele, é o PAC, que protege a economia brasileira dos efeitos da crise internacional.

“O PAC é uma diferença que o Brasil tem relação ao resto do mundo.”

Leia também:

Obras em seis aeroportos e cinco portos são concluídas no PAC 2

No balanço da segunda fase do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2), o governo anunciou hoje (22) a conclusão das obras de construção e duplicação de aproximadamente 500 quilômetros de rodovias, de implantação de módulos operacionais de passageiros e outros empreendimentos em seis aeroportos, e de dragagem, ampliação e recuperação em cinco portos. Essas obras foram finalizadas entre julho e setembro de 2011 e fazem parte dos 11,3% já concluídas do total previsto até 2014.

Segundo o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, também avançaram o Trecho Sul da Ferrovia Norte-Sul, que tem 1,3 mil quilômetros em obras, e a Nova Transnordestina, com as obras de 847 quilômetros em andamento.

“Os empreendimentos estão passando por reavaliação. Alguns já tiveram seus valores alterados em função de ajustes de projetos. Outros permanecem em análise”, explicou o ministro Paulo Sérgio.

Nos aeroportos, foram implantados módulos operacionais de passageiros em Guarulhos e Viracopos (SP), Vitória (ES) e Goiânia (GO). No caso de Guarulhos, a obra permitiu a ampliação da capacidade do aeroporto em 1 milhão de passageiros por ano.

O governo também incluiu no balanço do PAC 2 o leilão do aeroporto de São Gonçalo do Amarante (RN), que teve um ágio de 229%. Já a concessão dos aeroportos de Brasília (DF), Viracopos e Guarulhos teve o estudo técnico encaminhado, em outubro, ao Tribunal de Contas da União.

Obras em cinco portos também foram concluídas em 2011, sendo que no Rio de Janeiro foi finalizada a primeira fase da dragagem de aprofundamento. O governo também anunciou a conclusão da primeira fase do Porto sem Papel em Santos (SP), Vitória (ES) e Rio de Janeiro (RJ) com o desenvolvimento dos sistemas concentrador de dados portuários. O objetivo é reduzir a burocracia na atracação, liberação e desatracação de navios, além de acelerar o processamento das cargas.

De acordo com o balanço divulgado hoje pelo governo, 77% das obras no eixo transportes têm o ritmo considerado adequado, sendo que 12% requerem atenção. A situação de 6% das obras é preocupante neste eixo.

                                               @@@@@@@@@@@@@@@@@
A Presidenta calou a boca do PiG (*).
Este ano, segundo a Ministra Belchior, o Brasil investiu só no PAC R$ 143 bilhões.
É uma barbaridade.
Deve ser umas mil vezes mais do que o Farol de Alexandria e o Padim Pade Cerra investiram em oito anos de desastroso Governo.
Como se sabe, o Governo Cerra/FHC não produziu uma única obra que usasse tijolo e cimento.
São US$ 80 bi.
Dava para o Obama cantar de galo.
Outra notícia interessante é a recuperação da capacidade de investir do Ministério dos Transportes.
Com a crise da demissão do Ministro Nascimento, o PiG (*) se entreteu com a ilusão de que poderia paralisar todas as obras.
Deu-se mal.
Vai tudo ouro sobre azul.
Seis aeroportos concluídos.
E a Globo diz que vai faltar bola para a Copa …
72% das obras estão no ritmo adequado.
Nem as obras do Projac têm 72% no prazo.
Essa Dilma.
Vai inaugurar uma obra toda quarta-feira.
E deixar o Cerra sentado no meio fio da História.
Paulo Henrique Amorim

(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Por que os economistas midiáticos nunca admitem que erraram? (Aqueles) economistas erraram de novo, de novo, de novo, de novo…


 
Paulo Moreira Leite

Ideia para zerar o déficit público: cobrar multa toda vez que determinados  economistas publicassem artigos tendenciosos e errados sobre a economia brasileira. Piadinhas pedantes seriam punidas com pagamentos adicionais.

Ia entrar tanto dinheiro que daria até para diminuir o impostometro, outra obsessão dessa turma. Em plena crise mundial, a agência de classificação Standard & Poor’s acaba de elevar a nota de risco soberano de longo prazo do Brasil de BBB- para BBB, e a nota de risco de longo prazo da moeda de BBB+ para A. Ao mesmo tempo, a S& P reafirmou as notas de curto prazo para país de A-3 para moeda estrangeira e A-2 para a moeda local. Conforme a agencia, a perspectiva do país é estável. Conclusão: ao contrário do que nossos sábios diziam, a economia brasileira não só está bem – relativamente – mas está sendo promovida na avaliação internacional.

No mês passado, outra agência, a Fitch, confirmou a nota de risco BBB do Brasil, com perspectiva estável. O rating BBB do Brasil foi obtido em abril, quando a Fitch elevou a nota soberana de crédito do país, que era BBB-. Em agosto, a agência japonesa R&I Japan também elevou a nota do Brasil. A agência Moody’s também fez o mesmo movimento em junho passado ao elevar a nota brasileira de “Baa3″ para “Baa2″.

Vamos combinar: a economia está em queda livre no mundo e não se pode dizer que o Brasil é uma ilha de prosperidade em meio ao colapso internacional. Crescemos 7,5% em 2010 e agora o pais está em guerra para fechar o ano com 3%.
A discussão não é essa mas saber se o governo fez o possível para dar respostas coerentes com a as mudanças na conjuntura.

Sabemos que as agencias de risco não são monumentos à sabedoria. Erram muito. Perderam boa parte de sua credibilidade em 2008, quando davam atestado de boa saúde a bancos que estavam à beira do precipício. Mas as profecias apocalípticas de determinados economistas são inesquecíveis. Nos primeiros meses do ano, diziam que a inflação iria explodir, que as medidas macroprudenciais não iriam funcionar e que era preciso jogar os juros nas alturas.

A inflação não explodiu e, nos piores meses, ficou muito próximo da meta. Os juros não foram às alturas. Ainda bem: se tivesse seguido tais conselhos, o Banco Central teria jogado o Brasil numa recessão grega.

(Na época, escrevi que era isso nossos sábios gostariam, pois têm uma idéia fixa de derrubar o crescimento. Eles observam que crescimento prolongado mantém o desemprego baixo e acreditam que isso é ruim para a inflação, pois as empresas precisam contratar mais funcionários e não podem pagar salários baixos. Neste caso, nossos economistas abandonam seus pruridos de quem acredita no mercado, apenas no mercado, e pedem intervenção do Estado para dar um jeito na situação. Deveriam pagar uma multa em dobro por espírito anti-social).

Em agosto, formou-se um novo coral de indignados quando o Banco Central cortou os juros em 0,5. Dizia-se que era pura interferencia política do Planalto, sem razão técnica. Mais uma vez se ouvia um coralzinho fúnebre sobre a autonomia da instituição. Vamos recordar o tamanho dos absurdos.

O BC dizia que a Europa estava afundando – coisa que nossos sábios, mais uma vez, não eram capazes de enxergar mas mesmo assim não perderam o tom nem a agressividade. O BC também dizia que havia espaço para derrubar os juros. Outro motivo para tomar pancada.

Aprendi, com um antigo presidente do Banco Central, que hoje se dedica a distribuir profecias negativas, que o pessimismo costuma render mais do que as boas noticias. “Quando mais pessimista for sua análise, mais altos serão seus honorários. Ninguém quer ser pego de surpresa.” Faz sentido.

Mesmo assim, diante de tal retrospecto, estes economistas poderiam pelo menos assumir um pouco de humildade para dizer que erraram, erraram, erraram…

Leia entrevistas e textos que o blogue publicou sobre o assunto:

Aqui, um executivo da construção civil explica a queda dos juros

Aqui, recorda-se o costume de maldizer a sorte quando a economia vai bem 

Aqui, comenta-se as críticas a decisão de reduzir os juros
Leia mais em: O Esquerdopata