Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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terça-feira, 30 de setembro de 2014

Marina quer governar com “núcleos vivos” ou núcleos DE vivos?

Não sei que diabo de fetiche é esse que a direita tem por alguns jogos de palavras que, a rigor, não querem dizer coisa alguma.
Querem ver?
Que porcaria é essa de “homens de bem”? É usada por outros autoproclamados “homens de bem” para definir os que consideram seus iguais.
Requisito básico? Ter bens, o que os torna, em vez de “homens de bem”, homens de bens.
De preferência, de muitos bens.
Para muito não me alongar, vamos ao ponto: agora importam, por aqui, expressão inútil, porém pomposa, que, faz tempo, encanta reacionários de países latinos onde o conflito com a direita acirrou-se de forma que nem podemos imaginar por aqui.
Quem trouxe essa belezura para cá? A candidata descolada, claro. Marina, a “nova política” das banqueiras, socialites e de toda uma “geração malhação” que, com papais, mamães e vovôs embonecados infestam shoppings, clubes e “points” invariavelmente ditos “exclusivos”.
Uma turma que, reunida, não enche o maracanã.
A expressão frequentemente usada por Marina em 2010, então chupada da direita latino-americana, voltou à tona. Segundo o Jornal Nacional, nesta semana ela citou uns tais de “núcleos vivos”, dizendo que governará com eles.
Conheci essa droga de expressão lendo o jornal local El Universo durante viagem a Guayaquil, Equador, em 2007. Só que, em vez de “núcleos”, o que se usava por lá era “Fuerzas vivas de la comunidad” ou “de Guayaquil”.
Grandes empresários, donos de veículos de mídia, setores ultraconservadores da Igreja Católica e um opositor do ainda hoje presidente Rafael Correa, o prefeito de então daquela cidade equatoriana, Jaime Nebot, reuniram-se em um evento contra o governo do país.
A direita equatoriana dissera-se “forças vivas da sociedade”, como se uma sociedade fosse composta por mortos e vivos.
Talvez o reaça equatoriano se referisse àquela maioria pobre de seu país que, até então, não vivia, mas sobrevivia, e que o presidente Correa começava a resgatar ao mudar o modelo comercial de extração de petróleo do país, que, naquele ano, era de concessão e mudou para partilha, como seria feito anos depois no Brasil, no caso do pré-sal.
Até então, a maior fonte de divisas equatoriana (o petróleo) ficava com as petroleiras estrangeiras na proporção de 90% para elas e 10% para o país. Correa mudou o modelo e inverteu esses percentuais. Com o modelo de partilha, agora quem ficava com 90% era o Equador.
Contra essa nova realidade, reuniram-se as tais “fuerzas vivas de Guayaquil”.
Destemido, carismático e sem papas na língua, Correa foi aos meios de comunicação no dia seguinte e disparou: “No son fuerzas vivas, son fuerzas DE vivos que saben muy bién por qué no quieren que este Pueblo disfrute de las ganancias del petroleo”.
Anos mais tarde, em 2012, agora na Venezuela, vejo na tevê local o anti Hugo Chávez de plantão, Henrique Capriles Radonski, em plena campanha eleitoral para presidente – que Chávez venceria antes de partir da vida –, referir-se a seus apoiadores como “fuerzas vivas venezolanas”.
Até nisso Marina endireitou.
Resgato, pois, resposta inesquecível de Correa, quem, até hoje, ostenta níveis estratosféricos de popularidade em seu país: Marina, você não quer governar com “núcleos vivos”, mas com núcleos DE vivos que pensam que você os colocará para cuidar do “galinheiro”.
As pesquisas, porém, já mostram que esses núcleos e sua candidata são muito menos “vivos” do que imaginam. Se bobearem, a festa se lhes acabará no próximo domingo.

domingo, 21 de abril de 2013

Folha deixa escapar que todos os mortos eram chavistas


Ao longo da sexta-feira (19), setores da mídia brasileira alinhados aos EUA evitaram noticiar o maciço comparecimento de chefes de Estado e de representes de dezenas de países à posse do novo presidente constitucional da Venezuela, Nicolás Maduro. Só à noite, nos telejornais, que um evento desse porte ganhou alguns segundos de cobertura.
O comparecimento de nada menos do que dezessete chefes de Estado – entre eles, a presidente Dilma Rousseff e quase todos os presidentes sul-americanos – assustou a direita, que não esperava apoio tão decidido à democracia venezuelana.
Nos jornais de sábado (20), o tom sobre a posse de maduro veio literalmente furibundo. Entre vários editoriais e “reportagens” sobre a Venezuela, a forma de seus autores de se vingarem do que não puderam alterar foi mentir desbragadamente.
Talvez o melhor exemplo de mitomania tenha sido o da Folha de São Paulo, jornal que integra um grupo empresarial que se consolidou ao longo do século XX servindo a uma ditadura feroz que encheu de dinheiro público os bolsos do fundador do veículo enquanto ele a ajudava a assassinar os que resistiam ao regime.
Em editorial intitulado “Contraordem chavista”, o jornal dá vazão a uma sucessão de mentiras e distorções sobre a Venezuela que só não é inacreditável para quem sabe que a Folha tem a mitomania encravada em seu DNA.
Já no primeiro parágrafo, além de uma mentira que pode ser desmontada até pela internet visitando o site de algum grande jornal ou tevê do país que se opõem ao governo, a Folha reafirma seu desprezo pela democracia ao relativizar eleições como respaldo único e inalienável a governos.
Diz a Folha que a “realização periódica de votações plebiscitárias” é usada para “emprestar ao caudilho um verniz democrático”. Veja, leitor, que o jornal não chama de eleições, mas de “votações”. Para esse veículo, eleições livres e referendadas por incontáveis observadores internacionais não bastam para legitimar um governo.
Provavelmente o jornal da família golpista acha que um governo só é legítimo se a mídia e os ricos o apoiarem…
Mas foi no segundo parágrafo que o jornal se traiu sem apelação. Confira:
A morte de Hugo Chávez e a eleição contestada de seu sucessor evidenciam a corrosão desses três pilares. O recurso à força bruta, ao peso dos militares e ao silenciamento explícito da oposição, que antes parecia desnecessário, agora se insinua de modo um tanto preocupante
Antes de prosseguir, confira aqui, leitor, o que a Folha chama de “silenciamento explícito da oposição”. Trata-se da página de opinião do jornal El Universal, um dos mais ferrenhos opositores do regime venezuelano.
Se não bastar, visite o site do canal de televisão oposicionista e golpista Globovisión e veja como a oposição é “silenciada” na Venezuela – o nome do canal golpista venezuelano é apenas coincidência com o nome do canal golpista brasileiro.
Mas o que choca mesmo é o editorial da Folha acusar o regime venezuelano de se valer de “recurso à força bruta” justo quando se sabe que violência foi exatamente a arma usada pelos seguidores de Henrique Capriles, que assassinaram oito chavistas durante a última segunda-feira (15) durante um “panelaço pacífico” convocado pelo derrotado na eleição de domingo.
Todas as televisões comerciais, grandes jornais e grandes portais de internet parecem ter feito um pacto ao tratar do massacre que se abateu sobre nove estados da Venezuela a partir da madrugada de segunda-feira, quando seguidores de Capriles mataram, roubaram, depredaram e incendiaram.
Durante a semana, quando a mídia brasileira falou nos oito mortos, sempre tratou de despersonalizá-los, tentando vender a ideia de que gente dos dois lados havia tombado por conta da violência.
Todavia, em “reportagem” da última quinta-feira (18), a Folha “escorregou” e deixou passar informação que torna incompreensível que se diga que a oposição venezuelana é “silenciada” e que o regime usa “força bruta”.
Abaixo, trecho da reportagem “Chavistas cerceiam deputados da oposição”.
A Justiça e o Ministério Público, alinhados ao chavismo, responsabilizaram publicamente Capriles por oito mortes de seguidores chavistas que, segundo o governo, foram provocadas por partidários da oposição após a convocação do governador a protestos contra o resultado eleitoral. As circunstâncias das mortes são questionadas por opositores
Antes de prosseguir, mais uma vez este blog informa, logo abaixo, os nomes e as circunstâncias das mortes dessas oito pessoas.
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José Luís Ponce Ordoñez – 45 anos, carpinteiro, militante do PSUV, morto com tiro na cabeça
Rosiris del Valle Reyes Rangel – 44 anos, militante do PSUV, morta com tiro nas costas
Ender José Bastardo – 21 anos, militante do PSUV, morto com quatro tiros
Henry Rangel La Rosa – 32 anos, militante do PSUV, morto a tiros por encapuzados na porta de casa
Johan Antonio Hernández Acosta – Menor de idade, militante do PSUV, morto por caminhão que arremeteu contra multidão que comemorava a vitória de Maduro.
Luis Eduardo García Polanco – 25 anos, militante do PSUV, morto com um tiro no rosto enquanto comemorava a vitória de Maduro em frente à sede do Conselho Nacional Eleitoral no Estado Zulia.
Rey David Sánchez – Menor de idade, militante do PSUV, morto por caminhão que arremeteu contra multidão que comemorava a vitória de Maduro.
Cliver Enrique Guzmán – Ministério Público da Venezuela só divulgou que era militante do PSUV e que foi assassinado em uma manifestação.
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Fico tentando entender como se pode questionar as circunstâncias dessas mortes. Com militantes de oposição depredando e queimando tudo que tivesse o logotipo do governo em todo o país, o que há para questionar? A maioria foi assassinada a tiros. Duas das oito vítimas foram atropeladas por um caminhão que investiu contra uma manifestação chavista.
Mas o que não se entende mesmo é que o jornal acuse o governo de usar “força bruta” e de censurar. Quantos oposicionistas foram sequer feridos? Não há um só nome nem de ferido, nem de morto entre os que cometeram os atos de violência logo após o resultado da eleição de domingo.
Alguns dirão que é ingenuidade escrever um texto para pedir reflexão sobre o que faz um grupo de comunicação cuja mitomania vem de mais de meio século de atuação, tendo usado do estupro da verdade para bajular e se locupletar sob os favores de uma ditadura, mas escrevo para as pessoas de bom senso e de caráter, não para a Folha e sua militância.
O importante aqui, portanto, é o reconhecimento por esse jornal de um fato que seus congêneres político-ideológicos e ele mesmo tentaram esconder: oito seres humanos foram mortos por meios violentos na noite que se seguiu à vitória de Nicolás Maduro e todos eram seus apoiadores.
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Assista, abaixo, a mais um importante e histórico documentário sobre a América Latina. Um trailer do material foi publicado na sexta-feira pelo site Viomundo, do jornalista Luiz Carlos Azenha. Abaixo, reproduzo o documentário completo por sua extrema importância.
O autor é o jornalista australiano John Pilger. Sua carreira como repórter começou em 1958 e, ao longo dos anos, ele se tornou famoso pelos livros e documentários que escreveu ou produziu.
Apesar das tentativas de setores conservadores de desvalorizá-lo, seu jornalismo investigativo já mereceu vários galardões no jornalismo, tais como ser agraciado por duas vezes com o prêmio de jornalista inglês do ano.
No Reino Unido, Pilger é conhecido por documentários rodados no Camboja e em Timor-Leste. Ele também trabalhou como correspondente de guerra em vários conflitos, como na Guerra do Vietnam, no Camboja, no Egito, na Índia, no Bangladesh e em Biafra.
O documentário “Guerra à Democracia” mostra a atuação dos Estados Unidos na América Latina ao longo do século passado e no início deste, no sentido de estuprar a democracia em vários países da região em nome dos “interesses da América”.