Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista
Mostrando postagens com marcador Posse. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Posse. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 18 de março de 2016

As mentiras patológicas da Globo

Por Miguel do Rosário, no blog O Cafezinho:


Peço perdão por não ter feito a análise de ontem. Uma desculpa, algo esfarrapada, é que acompanhei a posse de Lula como ministro. Acabei ligando na Globo para ver se eles cortariam a transmissão no momento em que as pessoas gritavam contra a emissora. Eu moro no Leme, perto de onde se amontoam os protestos de direita contra o governo. Continuei assistindo, de forma intermitente, como a Globo cobria os fatos políticos.

Então perdi a serenidade logo cedo. Vi Renata Lo Prete, junto com Merval Pereira e outros soldados da Globo (não posso chamá-los de jornalistas) dizendo que Dilma havia convidado apenas petistas para a posse de Lula.

A Globo não explicou, naturalmente, que em função do clima de quase guerra civil instaurado pela dobradinha Moro/Globo, com a divulgação de conversas privadas do ex-presidente, numa tentativa antidemocrática e anticonstitucional de humilhá-lo e destruí-lo, e, sobretudo, em função das interpretações falaciosas, mentirosas, da Globo sobre os fatos e factoides políticos, os movimentos sociais encheram o Palácio para proteger, inclusive fisicamente, a presidenta e seus ministros.

Loprete esqueceu de dizer que o lado de fora do Palácio estava lotado de fascistas dispostos a agredir, inclusive fisicamente, a presidenta da república. Essa foi a razão dos movimentos sociais terem acorrido em peso à posse de Lula como ministro.

Não eram petistas, eram cidadãos brasileiros.

Ao tratá-los como "petistas", Lo Prete, e a Globo, parecem considerar que não eram cidadãos brasileiros normais, com seus direitos políticos garantidos. Por acaso, o jornal pediu a filiação partidária de cada um dos presentes?

Há também o detalhe que Dilma é do PT, o ex-presidente Lula, é do PT, então é normal que numa posse como essa, num ambiente tão conturbado, os pólos queiram se juntar como forma de se protegerem da hostilidade fascista que a própria Globo tem insuflado diuturnamente.

A Globo vem atacando o governo e Lula 24 horas por dia. No mesmo dia, tratou o rascunho de minuta encontrado na casa do ex-presidente Lula, como prova definitiva de que o sítio em Atibaia pertence a ele, dando uma interpretação invertida dos fatos. Se havia uma minuta em branco, um rascunho, prova-se somente que o ex-presidente Lula pretendia, ou pensou em algum momento, adquirir o sítio do amigo. Um desejo natural, visto que passou a frequentá-lo e a guardar lá vários de seus objetos pessoais.

A linha que liga a República do Paraná à Globo serve para mostrar ao Brasil o que é o chapa-branquismo mais assustador, aquele chapa-branquismo de polícia, em que as forças de repressão, independente dos abusos que cometem, estão sempre certas.

Dias antes, a mesma Globo, junto com a ala golpista da Polícia Federal, mostrou o acervo do ex-presidente encontrado num cofre do Banco do Brasil como se houvesse descoberto o cofre do governador Adhemar de Barros.

Crimes jornalísticos seguidos de mais crimes jornalísticos. A mentira se tornou uma patologia crônica da imprensa brasileira.

A casa do ex-presidente devassada pela polícia. O sítio frequentado por ele, idem.

O acervo presidencial tratado como butim de bandido.

E daí, num movimento orquestrado, que contou inclusive com uma fraude notória, já denunciada aqui no Cafezinho por um desembargador, juízes contaminados pela atmosfera de subversão e golpe, promovem ações que visam, como na ditadura, cassar os direitos políticos do ex-presidente Lula.

Aos poucos, as liminares contra a posse do ex-presidente vão sendo derrubadas uma a uma.

Daqui a pouco, começam manifestações pela democracia no Brasil inteiro.

Nos últimos dias, testemunhamos, mais que nunca, o avanço do fascismo, com hordas de zumbis midiáticos, como num filme de ficção científica, perseguindo e agredindo pessoas que, segundo elas, seriam "petralhas".

É muito difícil fazer uma análise de uma conjuntura tão frenética, bombardeada por novos factoides a cada minuto.

As coisas saíram do controle.

As hordas fascistas criadas pela Globo não querem diálogo com ninguém. Enxotaram, com extrema virulência, Aécio Neves de sua grande manifestação na Paulista. Ontem, expulsaram e agrediram o secretário de segurança tucano de São Paulo, que esteve na Paulista para conversar. Eles só querem saber de Globo e Sergio Moro, a quem reputam a suspeita honra de justiceiro nacional, um novo superheroi de quadrinhos que deveria prender toda a classe política, independente de provas.

A mídia noticia a intensificação da violência fascista contra cidadãos supostamente de esquerda (como na ditadura, apenas por não concordar com o linchamento político de Lula, a pessoa já considerada "petralha"), mas não faz um mísero editorial em prol da harmonia democrática entre ideias contrárias.

A mídia está sendo inacreditavelmente irresponsável, o que apenas se explica pelo seu desespero e por sua natureza intimamente bandida e golpista.

Para piorar o quadro, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) decidiu cometer exatamente o mesmo erro que cometeu em 1964. Lá, como agora, a OAB adere ao golpe. Lá como agora, ao invés de ponderar os fatos políticos com serenidade, embebeda-se no espírito contaminado das desordens políticas e assume o pior lado possível para uma entidade que deveria valorizar, acima de tudo, a legalidade democrática: assume o lado do golpe.

Insisto junto aos leitores que assistam ao vídeo das manifestações de intelectuais no Tuca-SP [aqui].

Usem a tecnologia em benefício próprio! Vão direto para o minuto 46:24, quanto começam os discursos. São valentes, objetivos, conscientes, antológicos!

Sim, estamos à beira de um golpe!

Ou melhor, estamos já vivenciando um golpe de Estado, onde todas as violações constitucionais são permitidas em nome de interesses políticos e midiáticos.

Mas, à diferença de 1964, estamos mergulhando novamente no abismo do autoritarismo com uma lucidez terrivelmente aguda. Aliás, por isso é tão doloroso. O nível de consciência política da intelectualidade progressista (conceito que vai bem além da esquerda tradicional) é assustador. As pessoas sabem o que está acontecendo: um golpe de Estado midiático-judicial, baseado em violações sistemática contra os direitos políticos ou mesmo os direitos individuais de uma quantidade crescente de pessoas.

Mesmo os executivos presos por acusações de corrupção estão sendo vítimas do estupro constitucional promovido pela Lava Jato. Culpados ou não, estão sendo torturados. Há denúncias horríveis que chegam de toda a parte sobre os abusos cometidos contra os réus na Abu Ghraib de Curitiba, e isso desde o início da operação!

Os réus são torturados para que delatem, ou melhor, para que façam as delações desejadas pelos procuradores.

Contra Lula, agora se sabe, houve uma espionagem avassaladora, e agora toda a sua intimidade telefônica é vazada, num gesto inacreditável de violência polícial contra uma liderança popular. Quer dizer, contra toda a democracia, pois o ato gerou atmosfera de terrorismo policial.

Há tempos, Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal, conseguiu derrubar o então diretor da Polícia Federal, Paulo Lacerda, com uma acusação de grampo de uma conversa entre ele e Demóstenes Torres, senador pelo DEM que, logo em seguida, foi flagrado num esquema de corrupção.

Nunca foi achado grampo nenhum, e no entanto, Gilmar conseguiu pautar a mídia e produzir uma grande acusação contra a emergência de um Estado Policial.

Pois bem, agora nós vemos a própria presidenta da república ser grampeada. As ligações do presidente Lula são vazadas sem nenhum tipo de responsabilidade. E não acontece nada. A mídia não fala nada.

Ao contrário, a Globo defende a espionagem política promovida pela Lava Jato, usando todas as suas ferramentas semióticas para justificar essa flagrante ilegalidade.

Era esperado que houvesse agitação política após a nomeação de Lula como ministro, porque o golpe vinha sendo preparado há tempos, e a decisão de Dilma de trazer o ex-presidente para perto de si representou uma surpresa para os conspiradores.

A questão do fóro privilegiado é tratada com um hipocrisia inacreditável pela mídia.

Gilmar Mendes, então advogado-geral da União, tinha vários processos nas costas. FHC determinou que seu cargo se elevasse ao de ministro, justamente para lhe dar fóro privilegiado. O próprio FHC tinha um projeto que dava fóro privilegiado a ex-presidentes. O ex- presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, começou a ser investigado por alguma coisa por um juiz de primeira instância. Rapidamente, a mídia defendeu que o presidente do Banco Central, por sua importância, não fosse exposto às intempestividades de um magistrado sem as qualidades de um juiz do supremo, que sabe ponderar melhor as consequências sociais e políticas de seus atos.

Não ando muito otimista.

Tenho impressão que enfrentaremos, nos próximos anos, um longa noite de autoritarismo.

Mas a enfrentaremos com uma lucidez e uma consciência que não tínhamos em 1964.

A nossa consciência democrática irá avançar de maneira aguda em pouquíssimo tempo, porque nada nos faz amar com mais intensidade as liberdades democráticas do que perdê-las, e estamos perdendo-as.

A questão da mídia, finalmente, é vista como ela deveria ter sido olhada desde muito tempo: uma questão essencialmente democrática. A imprensa brasileira é inimiga da democracia e, portanto, é um elemento incompatível com a democracia.

O Brasil precisa de um conjunto de leis de mídia para assegurar a verdadeira liberdade de expressão e um autêntico jornalismo, e não o que temos hoje, um cartel mafioso usando de um poder construído no regime militar para destruir todos os pilares democráticos que, a duras penas, vínhamos construindo desde a Constituição de 1988.

Hoje, todos à rua para defender a democracia.

Será uma luta dura, e não podemos saber se venceremos todas as batalhas. Provavelmente não. Mas se permanecermos unidos, coesos, conscientes do arbítrio, inflexíveis em nossas convicções democráticas, iremos vencer a guerra e pôr um ponto final à ditadura, que achávamos superada com o fim do regime militar, sem ver que seus generais se refugiavam em tribunais corruptos e redações golpistas.

Eles não passarão, porque o interesse maior do povo brasileiro, essa grande força ainda adormecida, ainda enganada por um sistema de comunicação corrupto e golpista, não está ao lado deles.

O povo brasileiro precisa de instituições políticas fortes, democráticas, protegidas dessa cultura enganosa de meganhagem e dedodurismo - que jamais serviu ao combate efetivo e duradouro à corrupção.

O povo precisa de uma imprensa plural e livre, e não desse cartel golpista e corrupto que o intoxica diariamente com mentiras, factoides e incitação à violência.

O jornalismo não precisa de dedo-duros ou vazamentos ilegais.

Os blogs publicam, com frequência cada vez maior, denúncias contra empresas e políticos, sem prender, sem torturar, sem delação premiada, sem vazamentos ilegais.

A ditadura midiático-judicial, porém, só quer investigar o que sai na Globo.

Para combater a corrupção, precisamos de respeito às leis, magistrados imparciais e procuradores conscientes das consequências sócio-econômicas de suas ações.

Como diria Chico, amanhã há de ser outro dia, e eles pagarão dobrado pelo que nos fizeram passar.

DESEMBARGADOR DENUNCIA FRAUDE EM LIMINAR CONTRA POSSE DE LULA

quinta-feira, 17 de março de 2016

MORO GRAMPEOU NÚMERO DOS ADVOGADOS DE LULA

JUIZ QUE VETOU POSSE DE LULA DEFENDE GOLPE E DÓLAR BARATO PARA IR A MIAMI

Uma imprensa contra a Democracia

EMIR SADER
:
Quando a sigla PIG apareceu, poderia parecer um exagero. Afinal a mídia já estava vacinada contra seu engajamento com a campanha de desestabilização política e a mobilização para o golpe de 1964 e como apoio à ditadura militar. A Folha tentou rebatizá-la como "ditabranda" para tentar diminuir seus pecados, incluído o de ter emprestado carros para que a Operação Bandeirantes desenvolvesse suas ações de terror e extermínio contra a oposição, mas teve que retroceder. O Globo forjou uma autocrítica fajuta, escrita por um ex-militante de esquerda, mas ninguém acreditou.
Quando a então presidente da Associação Nacional de Jornais, Maria Judith Brito admitiu, na campanha eleitoral de 2010, que "esses meios de comunicação estão fazendo de fato a posição oposicionista neste país, já que a oposição está 'profundamente fragilizada", apenas confessava o que já todos sabíamos. A grande mídia monopolista privada faz o papel de grande partido de oposição, aqui e nos outros países da América Latina onde há governos similares.
Conforme foram perdendo sucessivamente as eleições para a presidência, como partido de oposição o PIG foi assumindo o papel de força desestabilizadora do país, sem reconhecimento do processo democrático. Apoiou sempre, abertamente, os candidatos da direita, perdeu e nunca se conformou.
Desde o resultado eleitoral de 2014, a mídia tradicional privada aderiu abertamente a um projeto golpista, centrado nas tentativas de impeachment, valendo-se das delações premiadas vazadas seletivamente para sua divulgação pelo juiz Sérgio Moro e outros promotores, com a anuência da PF.
O cerco sobre o governo foi se fechando, buscando asfixiá-lo antes de derrubá-lo. Seu maior obstáculo é a liderança popular do Lula, seja para resistir a seu golpe, seja para candidatar-se como favorito em 2018. Por isso tentar forjar a prisão do Lula no dia 4 de marco fracassaram. Outra iniciativa desastrada de decretar prisão preventiva do Lula falhou e assim a direita perdeu oportunidades e tempo.
Enquanto isso Dilma convidou o Lula para fortalecer o governo, este aceitou e assim os planos golpistas perderam o timing. Queriam prender o Lula, isolar a Dilma e derrubá-la. Sem essa possibilidade, jogaram a cartada de ontem, a partir do ato ilegal da escuta da PF autorizada pelo Moro, de que a mídia se aproveitou para tentar convocar mobilizações de desestabilização do pais.
Agora é a hora da contraofensiva, a começar pela jurídica, que prenda o Moro e o destitua, sem o que, como já se escreveu, "Ou a democracia acaba com o Moro, ou o Moro acaba com a democracia". Aproveitar-nos de que ele violou normas básicas da segurança nacional com fins de complô político, articulado com meios de comunicação. Ao mesmo tempo, ver como punir a esses meios pelos chamados à sublevação contra o governos constituído do país.
E a contraofensiva de massas, começando hoje, desembocando amanhã e continuando com a marcha de 31 para Brasilia. Pipocar por todo o Brasil cartazes dos mais diferentes tipos de apoio ao Lula que, hoje, mais do que nunca, representa os anseios democráticos do povo brasileiro.
A direita, como se deu conta que saímos de defensiva e, com o Lula no governo, vamos enfraquecer seus projetos de impeachment e as arbitrariedades do Moro, está jogando todas as cartas que lhe restam. Vamos enfrentá-la, nas ruas, nos tribunais, nos governos e na mídia. A democracia e o futuro do Brasil jogam seu destino nessa parada. Não é mais possível conviver com uma mídia golpista, manipuladora e antidemocrática. Cortar de imediato toda publicidade nos órgãos que incitam o golpe, para que a democracia não siga financiando os que a sabotam.
A mídia aderiu definitivamente ao golpe, deve passar a ser considerada como um partido de oposição golpista e tratada como tal.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Feliz 2015, sem a Globo Para o seu ano ser mais feliz



O Conversa Afiada reproduz texto de Paulo Nogueira, extraído do DCM:

A escolha adequada da mídia pode tornar seu ano mais feliz

A mídia tem o poder de tornar o seu ano mais feliz ou mais infeliz.

Se você passa a temporada consumindo determinado tipo de notícias e análises, isso vai afetar negativamente seu humor e, em certos casos, até sua saúde mental e física.

Por isso, escolher o que você vai ler, ver ou ouvir na mídia é um ato de enorme importância como resolução de fim de ano.

Conheço muitas pessoas que se autoimpõem um flagelo. No carro, ligam a CBN ou a Jovem Pan, e ficam ouvindo Merval, Sardenberg, Sheherazade e Reinaldo Azevedo.

Na sala de casa, oscilam entre a Globo e a Globonews, e não enfrentam apenas a voz do atraso, mas também o rosto, de William Waack a Jabor.

Diante de tamanha dose de jornalismo enviesado e frequentemente envenenado, essas pessoas se revoltam, e acabam colocando sua raiva e inconformismo para fora, sobretudo nas redes sociais.

A estas pessoas, uma boa notícia: você pode viver perfeitamente sem esse martírio.

Sem zanzar freneticamente entre variadas mídias de índole maligna, você deixa de dar-lhes aquilo de que elas vivem: audiência.

De certas vozes perturbadoras você não pode se livrar: a de um chefe despótico, por exemplo. Mas ninguém obriga você a ouvir Jabor e derivados.

Algumas pessoas, erroneamente, retrucam que você tem que ver o que “eles” estão dizendo.

Não é verdade.

No mundo das redes sociais, o que eles falam ou fazem de extraordinário acaba chegando a você, sem que você tenha que consumir horas de informações e opiniões deletérias.

Ninguém teve que ficar grudado em Sheherazade, por exemplo, para saber, rapidamente, o que ela tinha a dizer sobre justiceiros.

Ninguém também foi obrigado a desperdiçar o domingo no Faustão para saber que Bonner ganhara um prêmio patético das mãos de Fernanda Montenegro.

Agora mesmo: ninguém teve que acompanhar o jornal gaúcho Zero Hora para saber a opinião de um cronista seu sobre o paraíso de Punta del Leste sem “um único negro”.

Tudo que for relevante chega rapidamente a você sem o preço brutal de acompanhar a Globonews e a CBN, a Jovem Pan ou a Veja.

Você terá um ano melhor sem a companhia de Ali Kamel e Bonner, Reinaldo Azevedo e Jabor, Sheherazade e Sardenberg, William Waack e Diego Mainardi, Lobão e Gentili, e assim por diante.


Experimente.


Sua vida ficará mais leve.


Feliz 2015 a todos.

leia também:

TELESUR E A DERROTA DA DIREITA NEOLIBELÊS E O PIG


247 - O ponto alto do discurso da presidente Dilma Rousseff ao tomar posse do seu segundo mandato foi, sem dúvida, o que abordou a Petrobras.
Dilma falou em defender a empresa de seus "predadores internos e inimigos externos". Em seguida, arrematou: "Não podemos permitir que a Petrobrás seja alvo de um cerco especulativo dos interesses contrariados com a adoção do regime de partilha e da política de conteúdo local, que asseguraram ao nosso povo, o controle sobre nossas riquezas petrolíferas" (leia mais aqui).

Foi um recado claro para determinadas forças que tentam se valer da crise de imagem da Petrobras para forçar uma mudança de regime na produção de petróleo no País. Quem mais destaca, entre essas forças, é o grupo Globo, dos irmãos Marinho, o primeiro a dizer, com todas as letras, que a Lava Jato obrigaria a Petrobras a retomar o regime de concessões de petróleo, no lugar do modelo de partilha.

Quinze dias atrás, por exemplo, o Globo dizia, em reportagens e editoriais, que a regra do pré-sal poderia e deveria mudar, em benefício da exploração por empresas estrangeiras, como Shell, Exxon, Chevron e BP (leia mais aqui).

Dilma, no entanto, demonstrou estar atenta a essas pressões. E demonstrou que não irá ceder um milímetro em suas convicções sobre o melhor regime para a exploração das riquezas do pré-sal.

Os inimigos externos da Petrobras, nesse contexto, vestiram a carapuça. Em sua manchete, o Globo afirmou que "Dilma recicla promessas e vê 'inimigos externos' da Petrobras", como se eles não existissem – embora o jornal dos Marinho seja uma realidade palpável. O Estado de S. Paulo seguiu a mesma linha, mas não com a mesma intensidade.

O fato é que nem um nem outro terá força para provocar uma mudança nas regras do pré-sal.

domingo, 21 de abril de 2013

Folha deixa escapar que todos os mortos eram chavistas


Ao longo da sexta-feira (19), setores da mídia brasileira alinhados aos EUA evitaram noticiar o maciço comparecimento de chefes de Estado e de representes de dezenas de países à posse do novo presidente constitucional da Venezuela, Nicolás Maduro. Só à noite, nos telejornais, que um evento desse porte ganhou alguns segundos de cobertura.
O comparecimento de nada menos do que dezessete chefes de Estado – entre eles, a presidente Dilma Rousseff e quase todos os presidentes sul-americanos – assustou a direita, que não esperava apoio tão decidido à democracia venezuelana.
Nos jornais de sábado (20), o tom sobre a posse de maduro veio literalmente furibundo. Entre vários editoriais e “reportagens” sobre a Venezuela, a forma de seus autores de se vingarem do que não puderam alterar foi mentir desbragadamente.
Talvez o melhor exemplo de mitomania tenha sido o da Folha de São Paulo, jornal que integra um grupo empresarial que se consolidou ao longo do século XX servindo a uma ditadura feroz que encheu de dinheiro público os bolsos do fundador do veículo enquanto ele a ajudava a assassinar os que resistiam ao regime.
Em editorial intitulado “Contraordem chavista”, o jornal dá vazão a uma sucessão de mentiras e distorções sobre a Venezuela que só não é inacreditável para quem sabe que a Folha tem a mitomania encravada em seu DNA.
Já no primeiro parágrafo, além de uma mentira que pode ser desmontada até pela internet visitando o site de algum grande jornal ou tevê do país que se opõem ao governo, a Folha reafirma seu desprezo pela democracia ao relativizar eleições como respaldo único e inalienável a governos.
Diz a Folha que a “realização periódica de votações plebiscitárias” é usada para “emprestar ao caudilho um verniz democrático”. Veja, leitor, que o jornal não chama de eleições, mas de “votações”. Para esse veículo, eleições livres e referendadas por incontáveis observadores internacionais não bastam para legitimar um governo.
Provavelmente o jornal da família golpista acha que um governo só é legítimo se a mídia e os ricos o apoiarem…
Mas foi no segundo parágrafo que o jornal se traiu sem apelação. Confira:
A morte de Hugo Chávez e a eleição contestada de seu sucessor evidenciam a corrosão desses três pilares. O recurso à força bruta, ao peso dos militares e ao silenciamento explícito da oposição, que antes parecia desnecessário, agora se insinua de modo um tanto preocupante
Antes de prosseguir, confira aqui, leitor, o que a Folha chama de “silenciamento explícito da oposição”. Trata-se da página de opinião do jornal El Universal, um dos mais ferrenhos opositores do regime venezuelano.
Se não bastar, visite o site do canal de televisão oposicionista e golpista Globovisión e veja como a oposição é “silenciada” na Venezuela – o nome do canal golpista venezuelano é apenas coincidência com o nome do canal golpista brasileiro.
Mas o que choca mesmo é o editorial da Folha acusar o regime venezuelano de se valer de “recurso à força bruta” justo quando se sabe que violência foi exatamente a arma usada pelos seguidores de Henrique Capriles, que assassinaram oito chavistas durante a última segunda-feira (15) durante um “panelaço pacífico” convocado pelo derrotado na eleição de domingo.
Todas as televisões comerciais, grandes jornais e grandes portais de internet parecem ter feito um pacto ao tratar do massacre que se abateu sobre nove estados da Venezuela a partir da madrugada de segunda-feira, quando seguidores de Capriles mataram, roubaram, depredaram e incendiaram.
Durante a semana, quando a mídia brasileira falou nos oito mortos, sempre tratou de despersonalizá-los, tentando vender a ideia de que gente dos dois lados havia tombado por conta da violência.
Todavia, em “reportagem” da última quinta-feira (18), a Folha “escorregou” e deixou passar informação que torna incompreensível que se diga que a oposição venezuelana é “silenciada” e que o regime usa “força bruta”.
Abaixo, trecho da reportagem “Chavistas cerceiam deputados da oposição”.
A Justiça e o Ministério Público, alinhados ao chavismo, responsabilizaram publicamente Capriles por oito mortes de seguidores chavistas que, segundo o governo, foram provocadas por partidários da oposição após a convocação do governador a protestos contra o resultado eleitoral. As circunstâncias das mortes são questionadas por opositores
Antes de prosseguir, mais uma vez este blog informa, logo abaixo, os nomes e as circunstâncias das mortes dessas oito pessoas.
—–
José Luís Ponce Ordoñez – 45 anos, carpinteiro, militante do PSUV, morto com tiro na cabeça
Rosiris del Valle Reyes Rangel – 44 anos, militante do PSUV, morta com tiro nas costas
Ender José Bastardo – 21 anos, militante do PSUV, morto com quatro tiros
Henry Rangel La Rosa – 32 anos, militante do PSUV, morto a tiros por encapuzados na porta de casa
Johan Antonio Hernández Acosta – Menor de idade, militante do PSUV, morto por caminhão que arremeteu contra multidão que comemorava a vitória de Maduro.
Luis Eduardo García Polanco – 25 anos, militante do PSUV, morto com um tiro no rosto enquanto comemorava a vitória de Maduro em frente à sede do Conselho Nacional Eleitoral no Estado Zulia.
Rey David Sánchez – Menor de idade, militante do PSUV, morto por caminhão que arremeteu contra multidão que comemorava a vitória de Maduro.
Cliver Enrique Guzmán – Ministério Público da Venezuela só divulgou que era militante do PSUV e que foi assassinado em uma manifestação.
—–
Fico tentando entender como se pode questionar as circunstâncias dessas mortes. Com militantes de oposição depredando e queimando tudo que tivesse o logotipo do governo em todo o país, o que há para questionar? A maioria foi assassinada a tiros. Duas das oito vítimas foram atropeladas por um caminhão que investiu contra uma manifestação chavista.
Mas o que não se entende mesmo é que o jornal acuse o governo de usar “força bruta” e de censurar. Quantos oposicionistas foram sequer feridos? Não há um só nome nem de ferido, nem de morto entre os que cometeram os atos de violência logo após o resultado da eleição de domingo.
Alguns dirão que é ingenuidade escrever um texto para pedir reflexão sobre o que faz um grupo de comunicação cuja mitomania vem de mais de meio século de atuação, tendo usado do estupro da verdade para bajular e se locupletar sob os favores de uma ditadura, mas escrevo para as pessoas de bom senso e de caráter, não para a Folha e sua militância.
O importante aqui, portanto, é o reconhecimento por esse jornal de um fato que seus congêneres político-ideológicos e ele mesmo tentaram esconder: oito seres humanos foram mortos por meios violentos na noite que se seguiu à vitória de Nicolás Maduro e todos eram seus apoiadores.
*
Assista, abaixo, a mais um importante e histórico documentário sobre a América Latina. Um trailer do material foi publicado na sexta-feira pelo site Viomundo, do jornalista Luiz Carlos Azenha. Abaixo, reproduzo o documentário completo por sua extrema importância.
O autor é o jornalista australiano John Pilger. Sua carreira como repórter começou em 1958 e, ao longo dos anos, ele se tornou famoso pelos livros e documentários que escreveu ou produziu.
Apesar das tentativas de setores conservadores de desvalorizá-lo, seu jornalismo investigativo já mereceu vários galardões no jornalismo, tais como ser agraciado por duas vezes com o prêmio de jornalista inglês do ano.
No Reino Unido, Pilger é conhecido por documentários rodados no Camboja e em Timor-Leste. Ele também trabalhou como correspondente de guerra em vários conflitos, como na Guerra do Vietnam, no Camboja, no Egito, na Índia, no Bangladesh e em Biafra.
O documentário “Guerra à Democracia” mostra a atuação dos Estados Unidos na América Latina ao longo do século passado e no início deste, no sentido de estuprar a democracia em vários países da região em nome dos “interesses da América”.