Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista
Mostrando postagens com marcador judicialização. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador judicialização. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 18 de março de 2016

As mentiras patológicas da Globo

Por Miguel do Rosário, no blog O Cafezinho:


Peço perdão por não ter feito a análise de ontem. Uma desculpa, algo esfarrapada, é que acompanhei a posse de Lula como ministro. Acabei ligando na Globo para ver se eles cortariam a transmissão no momento em que as pessoas gritavam contra a emissora. Eu moro no Leme, perto de onde se amontoam os protestos de direita contra o governo. Continuei assistindo, de forma intermitente, como a Globo cobria os fatos políticos.

Então perdi a serenidade logo cedo. Vi Renata Lo Prete, junto com Merval Pereira e outros soldados da Globo (não posso chamá-los de jornalistas) dizendo que Dilma havia convidado apenas petistas para a posse de Lula.

A Globo não explicou, naturalmente, que em função do clima de quase guerra civil instaurado pela dobradinha Moro/Globo, com a divulgação de conversas privadas do ex-presidente, numa tentativa antidemocrática e anticonstitucional de humilhá-lo e destruí-lo, e, sobretudo, em função das interpretações falaciosas, mentirosas, da Globo sobre os fatos e factoides políticos, os movimentos sociais encheram o Palácio para proteger, inclusive fisicamente, a presidenta e seus ministros.

Loprete esqueceu de dizer que o lado de fora do Palácio estava lotado de fascistas dispostos a agredir, inclusive fisicamente, a presidenta da república. Essa foi a razão dos movimentos sociais terem acorrido em peso à posse de Lula como ministro.

Não eram petistas, eram cidadãos brasileiros.

Ao tratá-los como "petistas", Lo Prete, e a Globo, parecem considerar que não eram cidadãos brasileiros normais, com seus direitos políticos garantidos. Por acaso, o jornal pediu a filiação partidária de cada um dos presentes?

Há também o detalhe que Dilma é do PT, o ex-presidente Lula, é do PT, então é normal que numa posse como essa, num ambiente tão conturbado, os pólos queiram se juntar como forma de se protegerem da hostilidade fascista que a própria Globo tem insuflado diuturnamente.

A Globo vem atacando o governo e Lula 24 horas por dia. No mesmo dia, tratou o rascunho de minuta encontrado na casa do ex-presidente Lula, como prova definitiva de que o sítio em Atibaia pertence a ele, dando uma interpretação invertida dos fatos. Se havia uma minuta em branco, um rascunho, prova-se somente que o ex-presidente Lula pretendia, ou pensou em algum momento, adquirir o sítio do amigo. Um desejo natural, visto que passou a frequentá-lo e a guardar lá vários de seus objetos pessoais.

A linha que liga a República do Paraná à Globo serve para mostrar ao Brasil o que é o chapa-branquismo mais assustador, aquele chapa-branquismo de polícia, em que as forças de repressão, independente dos abusos que cometem, estão sempre certas.

Dias antes, a mesma Globo, junto com a ala golpista da Polícia Federal, mostrou o acervo do ex-presidente encontrado num cofre do Banco do Brasil como se houvesse descoberto o cofre do governador Adhemar de Barros.

Crimes jornalísticos seguidos de mais crimes jornalísticos. A mentira se tornou uma patologia crônica da imprensa brasileira.

A casa do ex-presidente devassada pela polícia. O sítio frequentado por ele, idem.

O acervo presidencial tratado como butim de bandido.

E daí, num movimento orquestrado, que contou inclusive com uma fraude notória, já denunciada aqui no Cafezinho por um desembargador, juízes contaminados pela atmosfera de subversão e golpe, promovem ações que visam, como na ditadura, cassar os direitos políticos do ex-presidente Lula.

Aos poucos, as liminares contra a posse do ex-presidente vão sendo derrubadas uma a uma.

Daqui a pouco, começam manifestações pela democracia no Brasil inteiro.

Nos últimos dias, testemunhamos, mais que nunca, o avanço do fascismo, com hordas de zumbis midiáticos, como num filme de ficção científica, perseguindo e agredindo pessoas que, segundo elas, seriam "petralhas".

É muito difícil fazer uma análise de uma conjuntura tão frenética, bombardeada por novos factoides a cada minuto.

As coisas saíram do controle.

As hordas fascistas criadas pela Globo não querem diálogo com ninguém. Enxotaram, com extrema virulência, Aécio Neves de sua grande manifestação na Paulista. Ontem, expulsaram e agrediram o secretário de segurança tucano de São Paulo, que esteve na Paulista para conversar. Eles só querem saber de Globo e Sergio Moro, a quem reputam a suspeita honra de justiceiro nacional, um novo superheroi de quadrinhos que deveria prender toda a classe política, independente de provas.

A mídia noticia a intensificação da violência fascista contra cidadãos supostamente de esquerda (como na ditadura, apenas por não concordar com o linchamento político de Lula, a pessoa já considerada "petralha"), mas não faz um mísero editorial em prol da harmonia democrática entre ideias contrárias.

A mídia está sendo inacreditavelmente irresponsável, o que apenas se explica pelo seu desespero e por sua natureza intimamente bandida e golpista.

Para piorar o quadro, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) decidiu cometer exatamente o mesmo erro que cometeu em 1964. Lá, como agora, a OAB adere ao golpe. Lá como agora, ao invés de ponderar os fatos políticos com serenidade, embebeda-se no espírito contaminado das desordens políticas e assume o pior lado possível para uma entidade que deveria valorizar, acima de tudo, a legalidade democrática: assume o lado do golpe.

Insisto junto aos leitores que assistam ao vídeo das manifestações de intelectuais no Tuca-SP [aqui].

Usem a tecnologia em benefício próprio! Vão direto para o minuto 46:24, quanto começam os discursos. São valentes, objetivos, conscientes, antológicos!

Sim, estamos à beira de um golpe!

Ou melhor, estamos já vivenciando um golpe de Estado, onde todas as violações constitucionais são permitidas em nome de interesses políticos e midiáticos.

Mas, à diferença de 1964, estamos mergulhando novamente no abismo do autoritarismo com uma lucidez terrivelmente aguda. Aliás, por isso é tão doloroso. O nível de consciência política da intelectualidade progressista (conceito que vai bem além da esquerda tradicional) é assustador. As pessoas sabem o que está acontecendo: um golpe de Estado midiático-judicial, baseado em violações sistemática contra os direitos políticos ou mesmo os direitos individuais de uma quantidade crescente de pessoas.

Mesmo os executivos presos por acusações de corrupção estão sendo vítimas do estupro constitucional promovido pela Lava Jato. Culpados ou não, estão sendo torturados. Há denúncias horríveis que chegam de toda a parte sobre os abusos cometidos contra os réus na Abu Ghraib de Curitiba, e isso desde o início da operação!

Os réus são torturados para que delatem, ou melhor, para que façam as delações desejadas pelos procuradores.

Contra Lula, agora se sabe, houve uma espionagem avassaladora, e agora toda a sua intimidade telefônica é vazada, num gesto inacreditável de violência polícial contra uma liderança popular. Quer dizer, contra toda a democracia, pois o ato gerou atmosfera de terrorismo policial.

Há tempos, Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal, conseguiu derrubar o então diretor da Polícia Federal, Paulo Lacerda, com uma acusação de grampo de uma conversa entre ele e Demóstenes Torres, senador pelo DEM que, logo em seguida, foi flagrado num esquema de corrupção.

Nunca foi achado grampo nenhum, e no entanto, Gilmar conseguiu pautar a mídia e produzir uma grande acusação contra a emergência de um Estado Policial.

Pois bem, agora nós vemos a própria presidenta da república ser grampeada. As ligações do presidente Lula são vazadas sem nenhum tipo de responsabilidade. E não acontece nada. A mídia não fala nada.

Ao contrário, a Globo defende a espionagem política promovida pela Lava Jato, usando todas as suas ferramentas semióticas para justificar essa flagrante ilegalidade.

Era esperado que houvesse agitação política após a nomeação de Lula como ministro, porque o golpe vinha sendo preparado há tempos, e a decisão de Dilma de trazer o ex-presidente para perto de si representou uma surpresa para os conspiradores.

A questão do fóro privilegiado é tratada com um hipocrisia inacreditável pela mídia.

Gilmar Mendes, então advogado-geral da União, tinha vários processos nas costas. FHC determinou que seu cargo se elevasse ao de ministro, justamente para lhe dar fóro privilegiado. O próprio FHC tinha um projeto que dava fóro privilegiado a ex-presidentes. O ex- presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, começou a ser investigado por alguma coisa por um juiz de primeira instância. Rapidamente, a mídia defendeu que o presidente do Banco Central, por sua importância, não fosse exposto às intempestividades de um magistrado sem as qualidades de um juiz do supremo, que sabe ponderar melhor as consequências sociais e políticas de seus atos.

Não ando muito otimista.

Tenho impressão que enfrentaremos, nos próximos anos, um longa noite de autoritarismo.

Mas a enfrentaremos com uma lucidez e uma consciência que não tínhamos em 1964.

A nossa consciência democrática irá avançar de maneira aguda em pouquíssimo tempo, porque nada nos faz amar com mais intensidade as liberdades democráticas do que perdê-las, e estamos perdendo-as.

A questão da mídia, finalmente, é vista como ela deveria ter sido olhada desde muito tempo: uma questão essencialmente democrática. A imprensa brasileira é inimiga da democracia e, portanto, é um elemento incompatível com a democracia.

O Brasil precisa de um conjunto de leis de mídia para assegurar a verdadeira liberdade de expressão e um autêntico jornalismo, e não o que temos hoje, um cartel mafioso usando de um poder construído no regime militar para destruir todos os pilares democráticos que, a duras penas, vínhamos construindo desde a Constituição de 1988.

Hoje, todos à rua para defender a democracia.

Será uma luta dura, e não podemos saber se venceremos todas as batalhas. Provavelmente não. Mas se permanecermos unidos, coesos, conscientes do arbítrio, inflexíveis em nossas convicções democráticas, iremos vencer a guerra e pôr um ponto final à ditadura, que achávamos superada com o fim do regime militar, sem ver que seus generais se refugiavam em tribunais corruptos e redações golpistas.

Eles não passarão, porque o interesse maior do povo brasileiro, essa grande força ainda adormecida, ainda enganada por um sistema de comunicação corrupto e golpista, não está ao lado deles.

O povo brasileiro precisa de instituições políticas fortes, democráticas, protegidas dessa cultura enganosa de meganhagem e dedodurismo - que jamais serviu ao combate efetivo e duradouro à corrupção.

O povo precisa de uma imprensa plural e livre, e não desse cartel golpista e corrupto que o intoxica diariamente com mentiras, factoides e incitação à violência.

O jornalismo não precisa de dedo-duros ou vazamentos ilegais.

Os blogs publicam, com frequência cada vez maior, denúncias contra empresas e políticos, sem prender, sem torturar, sem delação premiada, sem vazamentos ilegais.

A ditadura midiático-judicial, porém, só quer investigar o que sai na Globo.

Para combater a corrupção, precisamos de respeito às leis, magistrados imparciais e procuradores conscientes das consequências sócio-econômicas de suas ações.

Como diria Chico, amanhã há de ser outro dia, e eles pagarão dobrado pelo que nos fizeram passar.

quinta-feira, 17 de março de 2016

MORO GRAMPEOU NÚMERO DOS ADVOGADOS DE LULA

JUIZ QUE VETOU POSSE DE LULA DEFENDE GOLPE E DÓLAR BARATO PARA IR A MIAMI

quinta-feira, 16 de abril de 2015

Bola de cristal de Moro prevê que Vaccari “pode” vir a cometer crimes

moro capa

Prisão é um castigo. Um dos mais duros. Mesmo que seja uma prisão “especial” que não tenha condições subumanas de confinamento, privar alguém da liberdade é um castigo que, pela crueldade, só deveria ser aplicado contra quem é possível provar que ou ameaçou a sociedade ou praticou atos que dificultem ou impeçam que essa pessoa seja investigada.
O Estado Democrático de Direito garante aos cidadãos um julgamento justo. As leis penais brasileiras garantem que todos devem ser considerados inocentes até PROVA em contrário. Contudo, a aplicação das leis brasileiras está tratando acusados de crimes de formas diversas de acordo com a posição político-ideológica de cada um.
Como se sabe, esse fenômeno já ocorria de acordo com a situação econômica ou com a etnia dos suspeitos de delinquir. A isso, agora, o Poder Judiciário soma a discriminação pela forma como a pessoa pensa.
No início do ano passado, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu a condenação do então deputado federal Eduardo Azeredo (PSDB-MG) a 22 anos de prisão. Ele teria desviado recursos do Bemge (Banco do Estado de Minas Gerais), extinto, e das estatais mineiras Copasa e Cemig para sua campanha à reeleição ao governo de Minas Gerais, em 1998.
Logo após a denúncia do PGR, Azeredo renunciou ao seu mandato parlamentar a fim de, não tendo mais foro privilegiado, não ser julgado pelo STF, pois o “foro especial” que o levaria a ser julgado naquela Corte também faria com que o julgamento ocorresse em pouco tempo.
Com o fim de protelar o julgamento, Azeredo renunciou e o processo foi remetido à primeira instância – benefício que não foi concedido a réus do mensalão do PT, que mesmo não tendo foro especial foram julgados pelo STF.
Em que difere a situação do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, da situação do ex-senador e ex-deputado tucano Eduardo Azeredo é o nível de provas que existe contra cada um. Contra o tucano, as provas são consistentes a ponto de levar o procurador-geral da República a pedir que seja encarcerado por mais de duas décadas; contra Vaccari, há meras suspeitas.
Por que, então, Vaccari foi preso e Azeredo, não? A explicação está na imagem abaixo. O juiz Sergio Moro, que cuida do processo, teve uma visão em sua bola de cristal judiciária. Previu que o acusado “poderia” atrapalhar a investigação. Assim, Vaccari foi encarcerado por presunção de culpa feita por um juiz que ignorou a lei, que manda presumir inocência até prova em contrário.
moro

Prender alguém com base em uma suposição, com muito boa vontade só pode ser considerado aceitável se esse tipo de atitude valer para todos os suspeitos de crimes. Contudo, não é assim que as coisas funcionam no Brasil.
Azeredo, por exemplo, nunca foi preso. Estar solto nunca foi considerado risco às investigações contra si. Seu processo parou de tramitar na Justiça porque esta não se deu ao trabalho de buscar um juiz de primeira instância para tocar seu caso para frente.
Esse pequeno apanhado de contradições do Poder Judiciário brasileiro revela, sem sombra de dúvida, que não há mais democracia no Brasil. A dita “justiça” trata de forma desigual as pessoas de acordo com a filiação político-partidária, com a ideologia ou com a mera simpatia político-ideológica. Há uma ditadura judicial no Brasil. Esses são os fatos.

segunda-feira, 23 de março de 2015

Doações a PT e PSDB se equivalem. É propina?

:


Levantamento junto ao Tribunal Superior Eleitoral das doações eleitorais feitas pelas empresas investigadas na Lava Jato nos anos de 2010, quando a presidente Dilma Rousseff venceu José Serra, e de 2014, quando ela superou Aécio Neves, revela que os valores doados por Odebrecht, Galvão, UTC, Camargo Correa, OAS, Andrade Gutierrez, Mendes Júnior, Iesa, Queiroz Galvão, Engevix, Setal, GDK, Techint, Promon, MPE e Skanska aos diretórios petistas e tucanos são praticamente equivalentes; mais: o PMDB também recebeu valores muitos próximos; a questão é: por que as doações a alguns partidos são consideradas propina pelo Ministério Público Federal e a outros são classificadas como algo normal?



247 - Um dos pedidos de inquérito do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, na Lava Jato compra a tese de que doações legais de empreiteiras a determinados partidos políticos, na realidade, seriam propina. Com base nesse argumento, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) chegou até a apresentar um projeto propondo a cassação do registro de partidos que possam ser enquadrados nessa classificação – seu alvo, obviamente, é o PT.

Para provar essa tese, o Ministério Público pretende fazer uma varredura em R$ 62 milhões doados pelas empresas investigadas na Lava Jato nos últimos anos (leia mais aqui).

Ocorre, no entanto, que um levantamento das doações de campanha feitas por essas mesmas empresas em 2010 e 2014, anos das duas últimas eleições presidenciais, mostra que os valores doados aos diretórios nacionais de PT e PSDB foram praticamente idênticos. E mais: o PMDB também recebeu um valor muito próximo, tendo sido o primeiro no ranking em 2010 e o terceiro em 2014.

O levantamento envolve as empresas Odebrecht, Galvão, UTC, Camargo Correa, OAS, Andrade Gutierrez, Mendes Júnior, Iesa, Queiroz Galvão, Engevix, Setal, GDK, Techint, Promon, MPE e Skanska.

Eis os números de 2010:

Partido Valor % sobre o total da arrecadação

PMDB 32.850.000,00 24

PT 31.400.000,00 23

PSDB 27.770.000,00 20

PSB 19.515.000,00 14

PR 6.501.000,00 5

PP 4.950.000,00 4

Fonte: TSE

Os dados revelam, portanto, que, em 2010, quando a presidente Dilma Rousseff superou José Serra na disputa presidencial, o PMDB recebeu R$ 32,8 milhões, seguido pelo PT, com R$ 31,4 milhões e pelo PSDB, com R$ 27,7 milhões. Nos três casos, a participação das empreiteiras sobre o total arrecadado foi próxima a 20%.

Em 2014, quando a presidente Dilma Rousseff superou Aécio Neves, não foi muito diferente.

Eis os números:

Partido Valor % sobre o total da arrecadação

PT 56.386.000,00 25

PSDB 53.730.000,00 24

PMDB 46.620.000,00 21

PSB 15.800.000,00 7

DEM 12.100.000,00 5

PP 10.255.000,00 5

Fonte: TSE

É novamente uma situação de equilíbrio entre os três maiores partidos: PT, PSDB e PMDB. E, de novo, com a participação das empreiteiras sobre o total arrecadado pouco superior a 20%.

Esses dados revelam a incoerência de quem pretende demonstrar que as doações a determinados partidos são "propina", enquanto a outros representam algum tipo de convicção ideológica ou cidadania corporativa. (A esse respeito, vale ler, aqui, a análise de Fernando Brito, editor do Tijolaço)

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Lula: quem sabe faz a hora


 Muy isenta: Folha noticia na primeira página a CPI sobre a Petrobras e o metrô tucano sem mencionar a palavra metrô, trocada gentilmente por trem. Tudo pela causa


Ao dar uma de suas mais contundentes entrevistas através da rede de blogs e sites progressistas, Lula sinalizou um novo divisor ao PT, ao governo e à campanha.

por: Saul Leblon

Ricardo Stuckert/Instituto Lula


O presidente da Suprema corte do país mantém um líder político encarcerado há três meses, em ilegal e ostensiva afronta ao desfecho do processo  do qual foi o relator e no qual o condenado teve o benefício do regime semiaberto.

A mídia ‘isenta’ trata o escárnio  jurídico incomum como um fato da natureza.

A prisão do líder da extrema direita venezuelana, Leopoldo López, acusado de incitar a violência que causou inúmeras mortes no país, ademais de liderar atentados a prédios públicos, incluindo-se a edificante prática de incinerar universidades, ensejou mais indignação nas páginas dos veículos isentos do que o aleijão  jurídico a que é submetido o ex-ministro José Dirceu.

A produção industrial cresceu pelo segundo mês consecutivo em fevereiro, mais 0,4% ; já havia avançado  3,8% em janeiro. O resultado sopra vento a contrapelo das dificuldades reais e magnificadas do setor manufatureiro.

A mídia especializada trata o fato como um segundo ponto fora da curva granítica do ’Brasil aos cacos’; não concede o benefício sequer da reflexão aos fatos, independente do quanto eles gritem nas estatísticas.

A presidente do Fed norte-americano, Janet Yellen,  reafirmou esta semana, pela terceira vez consecutiva, que  as fragilidades do sistema produtivo  e, sobretudo, as inconsistências de um mercado de trabalho dominado pelo vínculo precário, exigirão a persistência de juros muito baixos nos EUA  –mesmo depois de flexibilizada a taxa, e por um longo período.

A mídia dá de ombros e continua a alardear a ‘iminente’ alta do custo do dinheiro  nos EUA.

O argumento reitera a lógica da reversão do fluxo de capitais no mundo, em prejuízo das contas externas brasileiras, já pressionadas pelo  déficit comercial.
Detalhe: enquanto isso,  o dólar derrete no país sob a pressão de ingressos recordes de capitais especulativos, que vem  engordar no pasto dos juros altos defendidos pela mesma mídia.

O presidente Nicolas Maduro incorpora a mediação da Unasul e dá seguidas demonstrações de disposição para negociar uma trégua com grupos oposicionistas.
A mídia continua a desdenhar da Unasul  --bom é a OEA dominada pelo interesse dos EUA--  e a  descrever o governo venezuelano  como um descendente direto das ditaduras trogloditas latino-americanas  que ela nunca hesitou em apoiar.

À  líder da extrema direita, María Corina, que recusa o diálogo proposto por Maduro, do qual fará parte  Capriles, o dispositivo midiático conservador concede um tratamento de estadista em sua passagem pelo Brasil esta semana.

O metrô de São Paulo comparece dia sim, dia não nas páginas isentas do noticiário conservador como palco de panes e outros evidentes sintomas de saturação estrutural.

Ninguém diz ‘imagina na Copa’ para essa obra ilustrativa do apuro administrativo tucano.

Neste caso também, a anomalia é  reportada como evento da natureza.

A dificuldade em associar o colapso operacional do metrô paulista a outro fenômeno  sistêmico --a lambança entre carteis e licitações fraudulentas  em uma década e meia de administração tucana na empresa—é flagrante.

 A longa sedimentação desse condomínio de interesses lesou o cofre público bandeirante com um sobrepreço ora aventado em torno de 30%.

Repita-se: durante década e meia. Período no qual a rede metroviária da capital avançou a passo de tartaruga manca  para somar hoje  fantásticos 74 km de trilhos: 1/3 da malha mexicana, que começou junto.

 Há enorme abismo entre o que o jornalismo conservador  relata e a efetiva relação causal entre as  paralelas da ineficiência e da corrupção. Ambas sistêmicas e longevas abarcando gestões de Covas, Serra e do atual governador, Geraldo Alckmin –candidato a protagonizar duas décadas do PSDB no comando do metrô.

A mesma dificuldade não acomete o ímpeto investigatório da mídia no caso da polêmica compra da refinaria de Pasadena pela Petrobrás.

As conexões com os habituais doleiros e  lavadores de recursos são garimpadas, ou inferidas, com a isenção sabida, e a avidez costumeira.

Note-se, ademais, que no caso da Petrobras o subtexto da ‘estatal controlada pelo petismo’ serve como denuncia subliminar  do ‘intervencionismo da Dilma’. Ademais de redimir –indiretamente—a agenda privatista do PSDB contra a empresa.

 Uma pergunta  argui o colunismo da indignação seletiva: que ilação histórico-ideológica poderíamos extrair da união estável entre cartel privado e governos liberais conservadores do PSDB em São Paulo?

O cartel é a forma de planejamento hegemônica em nosso tempo. Uma forma de planejamento privado da sociedade pelo capital. Ou a serviço do capital.

Cada vez mais, grandes corporações substituem a concorrência pelo rateio clandestino de cotas em uma licitação. O ilícito assegura lucros robustos de oligopólio a cada um dos participantes da operação fraudulenta.

Imperasse a livre concorrência, os custos desabariam.

O lucro seria da sociedade, ao contrário do que ocorre em São Paulo há uma década e meia, em que os cofres públicos pagam o sobrepreço do  butim.

Tão ou mais grave, porém,  foi  o assalto paralelo que a mídia praticou  ao longo destes anos, contra o discernimento crítico da sociedade.

O alarido do cartel midiático contra tudo o que exalasse o mais tênue aroma do interesse público e da participação estatal na economia revestia de ares de  eficiência –inquestionável—a lambança que os titãs do neoliberalismo nativo e os cartéis privados cometiam contra o interesse público.

No jogral que nunca desafina, em diuturna catequese ‘informativa’, lá estava a turma do choque de gestão; os liquidacionistas da era Vargas; os trovadores do Estado mínimo; o pelotão antigasto público; os áulicos das finanças desreguladas; os vigilantes do ‘superávit cheio’; os algozes do BNDES; os prosadores da desindustrialização virtuosa (concorrência livre); os mariners do ‘custo Brasil’; os porta-vozes da república rentista...

Os mesmos  que agora se escandalizam com Pasadena,  mas se mostram comedidos quando se trata de responsabilizar os altos escalões da queijaria suíça nas licitações do metrô tucano.

 Conceda-se o mérito da coerência ao jornalismo conservador.

 É exemplar a forma comedida com que trata  personagens como o guarda-livros do rateio do metrô, o impoluto vigilante das contas estaduais tucanas, Robson Marinho, por exemplo.

Estratégico integrante do Tribunal de Contas do estado, do qual já foi presidente, Robson Marinho, teve  sua singela vida bancária foi estourada pela justiça suíça.

Nem por isso o Jornal Nacional exibiu as imagens aéreas da ilha e dos dois edifícios de propriedade do tucano detentor de saldo de US$ 1 milhão em casa bancária de Genebra.

 O Estado mínimo que tem na mídia isenta um centurião  das suas virtudes  é o escopo desse enlace de pautas, interesses e ética.

A cansativa rememoração desses  paradoxos pinçados a esmo entre as inúmeras demonstrações de isenção do jornalismo conservador  remete a certas constatações que, a julgar pela entrevista do ex-presidente Lula nesta 3ª feira, passaram –finalmente-- a ordenar a agenda progressista.

A saber: não há a menor hipótese de se contar com uma nesga de imparcialidade na mediação que o dispositivo midiático faz e fará da disputa política sangrenta em curso no país.

O  espaço de diálogo do governo e do PT com a sociedade terá que ser urgentemente pavimentado e ampliado através de outros canais.

Ao dar uma de suas mais contundentes entrevistas à rede de blogs e sites progressistas, o ex-presidente Lula sinalizou um precedente às demais instancias do partido, do governo e dos responsáveis pela campanha da reeleição da Presidenta Dilma.

É crucial que o recado seja entendido  e incorporado.

Mais que isso. Lula  fez um visceral apelo à luta  política, aquela que condiciona o passo seguinte do país  ao engajamento da sociedade.

O exemplo deve começar por quem tem  a responsabilidade de liderar o processo: o próprio PT.

A campanha eleitoral deve servir a isso. Ou não servirá a nada.

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

SEM PRENDER JEFFERSON, BARBOSA ANTECIPA FÉRIAS

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Caso Rosalba: a justiça e as urnas

Enviado por  


Alguns leitores me alertaram para um fato muito grave. A destituição da governadora Rosalba Ciarlini, através de uma canetada do TRE, não causou grande comoção porque a dita já era o que se chama “pata manca”. Seu nível de aprovação estava abaixo de zero. No entanto, mais uma vez, testemunhamos o avanço do judiciário sobre a política.
A matéria que eu reproduzi, em post anterior, diz que a “governadora Rosalba Ciarlini é acusada de ter utilizado o avião oficial do Estado para viajar a Mossoró e participar da campanha”.
Essa acusação está me parecendo um tanto inconsistente para justificar a derrubada de uma governante. De qualquer forma, a única fórmula realmente democrática para se afastar um governador é através do Legislativo do estado.
De resto, estamos abrindo caminho para a proliferação de golpes judiciários Brasil a fora, com possibilidade mesmo de um golpe contra o Palácio do Planalto.
*
O mesmo raciocínio vale para a votação, esta semana, no Supremo Tribunal Federal, da legalidade ou não de doações de empresas privadas a partidos políticos. Muitos colegas da esquerda vêem a votação como “histórica”, mas acho que, mais uma vez, estamos entregando a soberania popular em mãos de juízes que não nos representam. Eu também sou contra doações de empresas para campanhas políticas. Mas isso deveria ser debatido e decidido no Congresso Nacional, pelas lideranças partidárias.
O STF, ao meter o bedelho, apenas irá atrapalhar o que já está sendo debatido democraticamente, que é a reforma política e o financiamento público exclusivo de campanha.
O judiciário já fez várias besteiras, recentemente, quando se meteu a legislar sobre fidelidade partidária. Fez uma coisa, teve que voltar a atrás, mudou de novo, e ao cabo teve que obedecer à orientação do Congresso, o que é a única coisa certa a fazer.
Não estou dizendo que o Congresso é “melhor” que o Judiciário. Eventualmente, o Judiciário pode tomar decisões até mais acertadas, e, seguramente, pode agir de forma mais rápida. Afinal, são apenas 11 mininstros no STF, contra 513 deputados no Congresso e mais 51 senadores. O Congresso não é “melhor”, mas é o único que representa a soberania popular. O Congresso é a democracia, com seus vícios e virtudes. O STF representa a nossa elite, com seus vícios e virtudes. O STF pode, por exemplo, num gesto de magnamidade liberal, aceitar o aborto de fetos sem cérebro; mas, no dia seguinte, sob pressão da mídia, pode derrubar um presidente.
EUA, França, Uruguai e Argentina estão nos mostrando que a melhor forma de avançar, nos costumes, é via Legislativo. Os EUA liberaram produção e consumo de maconha em dezenas de estados. O Congresso francês acaba de aprovar o casamento gay. O legislativo uruguaio chancelou ontem a lei mais moderna do mundo sobre a maconha. A Argentina, também via Congresso, igualmente aprovou diversas leis progressistas sobre drogas, casamento homossexual. Sem falar das leis de mídia, debatidas e aprovadas pelos legislativos de vários países latino-americanos.
O STF brasileiro foi chamado pelo grande constitucionalista português, Canotilho, de o mais poderoso do mundo. Já vimos os absurdos e as mentiras que ele chancelou durante a Ação Penal 470. O ex-presidente do STF, Ayres Brito, no afã de condenar os réus, afirmou a multinacional Visanet era tão estatal como a Embrapa, só porque tinha “Brasileira” no nome: Companhia Brasileira de Meios de Pagamento.
Temos que tomar muito cuidado. A direita pode muito bem “vender” hoje a cabeça de uma governadora do seu campo, com vistas a “comprar” a cabeça de um presidente da república amanhã.
A política brasileira precisa ser desjudicializada. E o nosso STF precisa ser “desempoderado”, em prol do parlamento e do povo (via plebiscitos). A democracia pressupõe o voto e ouvir a voz dos cidadãos. Juízes, ainda mais essas figuras midiáticas e desqualificadas que nós temos, não podem substituir a soberania popular!
STF02-e1360098147593
- See more at: http://www.ocafezinho.com/2013/12/11/caso-rosalba-a-justica-e-as-urnas/#sthash.DCIfrtKX.dpuf