"Se os líderes governistas não se mexerem para montar uma trincheira de resistência, o Senado aprovará esta semana dois projetos que golpeiam fortemente a Petrobras", alerta Tereza Cruvinel, colunista do 247; ela cita o projeto do senador José Serra, que altera as regras de exploração do pré-sal, diminuindo a participação da estatal, e o do senador Ricardo Ferraço, que derruba o decreto sobre licitações simplificadas para a contratação de produtos e serviços; sobre o último, a jornalista comenta; "É verdade que os contratos questionados pela Operação Lava Jato foram firmados com base neste decreto", baixado por FHC, mas "seja como for, o que evita a corrupção são mecanismos mais rígidos de controle e não a sujeição da empresa a regras que a tornarão mais amarrada e menos eficiente"
Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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segunda-feira, 15 de junho de 2015
sexta-feira, 8 de maio de 2015
João Moraes, da FUP: “Se o Brasil abrir a operação para as estrangeiras no pré-sal, podemos dizer adeus aos royalties do petróleo para Educação e Saúde”
por Conceição Lemes
Em entrevista no último domingo, 2 de maio, o ministro das Minas e Energia, Eduardo Braga (PMDB-AM), durante entrevista realizada antes da Offshore Technology Conference, em Houston, nos Estados Unidos, deixou abertas duas portas perigosas. Acenou com mudanças no marco regulatório do pré-sal e abrandamento da norma de conteúdo local, que determina à Petrobras a compra preferencial de equipamentos e serviços de origem nacional.
Verdadeira sinfonia para os ouvidos das grandes petroleiras estrangeiras, como Shell, ExxonMobil, Chevron, BP e Total.
Até agora, Eduardo Braga não desmentiu a entrevista, que saiu em vários veículos da mídia brasileira.
Para João Antônio de Moraes, diretor de relações internacionais da Federação Única dos Petroleiros (FUP), é muito grave a declaração de Braga nos EUA.
“Onde já se viu abordar uma questão estratégica para o Brasil, fora do Brasil, num lugar onde a disputa pelo petróleo é gigantesca?”, critica. “Se já está havendo pressão sobre o Congresso Nacional para flexibilizar a partilha, com essa declaração absurda, a tendência é que a pressão só aumente.”
Nota da FUP (na íntegra, abaixo) publicada nessa quinta-feira 7 lembra: “Só o PSDB já tem três projetos em andamento no Congresso para alterar o modelo de partilha e retirar da estatal o papel de operadora única”.
Têm projetos para abrir o pré-sal às petroleiras internacionais os senadores tucanos José Serra, Aloysio Nunes e o deputado federal Jutahy Júnior. O deputado federal Leonardo Picciani (PMDB-RJ) também projeto nessa linha.
Moraes adverte: “Flexibilizar a partilha, não garantir a Petrobras como operadora única do pré-sal e abrandar a exigência de conteúdo local, como prega o ministro, significam abrir as portas para o Brasil ser saqueado novamente nos seus recursos naturais por interesses externos como já aconteceu ao longo da história, com o pau-brasil, o ouro, por exemplo”.
Ele enfatiza: “A operação só nas mãos da Petrobras nos garante desenvolvimento, segurança ambiental e segurança energética. Essas três coisas ficariam fragilizadas se empresas estrangeiras entrarem na operação”.
Ele denuncia: “Se o Brasil abrir a operação para as petroleiras estrangeiras, podemos dizer adeus aos royalties do petróleo para Educação e Saúde. No mundo inteiro, a história das petroleiras é uma história de não cumprimento da destinação social das riquezas”.
Segue a íntegra da nossa entrevista.
Viomundo — O que achou da declaração do ministro Eduardo Braga nos EUA?
João Moraes – Muito grave. Onde já se viu abordar uma questão estratégica para o Brasil, fora do Brasil, num país onde a disputa pelo petróleo é gigantesca? Se já está havendo pressão sobre o Congresso Nacional para flexibilizar a partilha, com essa declaração absurda, a tendência é que a pressão só aumente. Lembre-se de que há no Congresso vários projetos de tucanos que visam justamente flexibilizar o modelo de partilha no pré-sal.
Viomundo – O que acontece se o Brasil alterar o modelo?
João Moraes — Flexibilizar a partilha, não garantir a Petrobras como operadora única do pré-sal e abrandar a exigência de conteúdo local significam abrir as portas do Brasil para que seja saqueado novamente nos seus recursos naturais por interesses externos, como já foi ao longo da história, com o pau-brasil, o ouro, por exemplo.
Definitivamente, se o povo brasileiro não garantir esses três sustentáculos do modelo brasileiro, o ciclo econômico do petróleo vai repetir o que já aconteceu em outros ciclos econômicos. Vai embora o recurso natural, não fica o desenvolvimento aqui. Então, nós temos de realmente nos mobilizar para impedir que iniciativas para alterar o modelo de partilha tenham sucesso.
Viomundo – Em que setor do pré-sal as petroleiras internacionais podem atuar?
João Moraes – O modelo de partilha permite que elas invistam junto com a Petrobras. Foi o que aconteceu no campo de Libra, na Bacia de Campos, Rio de Janeiro. Em Libra, a Petrobras ficou com 40% dos investimentos, os europeus (Total e Elf), também com 40%, e os chineses com 20%.
Na verdade, o modelo de partilha só não permite atuar na operação. A declaração do ministro toca justamente nesse ponto. A declaração dele e os projetos dos tucanos no Congresso Nacional vão todos no mesmo sentido: o de abrir a operação do pré-sal para as petroleiras estrangeiras. Em resumo, é isso que eles e elas querem.
Viomundo – Qual o mérito da partilha?
João Moraes – As empresas estrangeiras podem investir junto com a Petrobras, mas quem vai operar é a Petrobras.
Viomundo — O que significa operar?
João Moraes – É a Petrobras que vai pegar esses investimentos, comprar os equipamentos, desenvolver os projetos e o mais importante – depois vai controlar a produção de petróleo. A Petrobras é que vai dizer se vai vai produzir 100 mil, 200 mil, 300 mil barris.
Viomundo — Com isso o que o Brasil tem a lucrar?
João Moraes – Primeiro, a garantia do conteúdo local, porque as empresas estrangerias não estão cumprindo o conteúdo local nas áreas em que atuam.
Viomundo – Não estão cumprindo?!
João Moraes – Não. Elas encontram um monte de subterfúgios para não comprar aqui. A Shell, por exemplo, é a segunda produtora no Brasil. Ela tem ativos importantes nas áreas já licitadas do pré-sal. Mas a Shell não tem nenhuma plataforma encomendada aos estaleiros brasileiros.
Se flexibilizar o pré-sal vai acontecer o que já acontece com áreas licitadas antes da lei da partilha.As petroleiras estrangeiras não cumprem o conteúdo local. Não cumprindo o conteúdo local, elas não geram emprego aqui, não geram renda aqui, não geram desenvolvimento aqui. Essa é uma etapa importante do ponto de vista do desenvolvimento.
Viomundo – O que Brasil tem a ganhar mais com o modelo de partilha?
João Moraes — Soberania energética e meio ambiente. Por que aconteceu aquele acidente importante da Chevron, no Campo de Frade, em 2012? Por que a Chevron avançou na produção além do que podia e dos equipamentos que detinha. Isso causou uma fratura no subsolo do oceano, provocando dano ambiental muito grande.
Viomundo – Mas a Petrobras não está livre de produzir danos ambientais.
João Moraes – Não está. Nenhuma petroleira está livre disso. Mas os mecanismos de pressão do povo brasileiro sobre a Petrobras são muito maiores do que sobre as petroleiras estrangeiras. Então, a Petrobras como operadora única nos dá uma garantia ambiental muito maior do que as estrangeiras.
Viomundo – O que mais o Brasil tem a lucrar mais com a partilha?
João Moraes – Impedir a produção predatória. Qual é o grande dilema que a Argentina vive hoje em dia? A Argentina privatizou a YPF. A maior empresa que assumiu foi a Repsol espanhola. A Repsol começou a ter produção predatória , não investiu em desenvolvimento de novas reservas nem em novas tecnologias. Resultado: hoje a Argentina é dependente da importação de petróleo e gás.
Viomundo — Por quê?
João Moraes — Justamente porque não era uma empresa estatal nacional que detinha a operação. Então esse é outro aspecto muito negativo dos projetos dos tucanos que estão no Congresso e buscam garantir a entrada de estrangeiras na operação.
A operação só nas mãos da Petrobras nos garante desenvolvimento, segurança ambiental e segurança energética. Essas três coisas ficariam fragilizadas se empresas estrangeiras entrarem na operação.
Viomundo – Pela lei da partilha foi criado um fundo social – o Fundo Social Soberano – que prevê a destinação dos royalties para Educação e Saúde. As petroleiras estrangeiras fariam isso?
João Moraes – De jeito nenhum. A história das petroleiras no mundo é uma história de não cumprimento da destinação social das riquezas. Então, essa batalha importante que tivemos para garantir os royalties para Educação e Saúde vai para o espaço se a operação do pré-sal for aberta para as empresas estrangeiras. Portanto, é muito ruim se acontecer isso que o ministro Eduardo Braga disse.
Viomundo – Nos últimos meses, estamos assistindo ao acirramento na disputa do petróleo brasileiro. Teria a ver com as denúncias da Lava Jato?
João Moraes – Tudo isso é fruto da campanha de desmoralização da Petrobras desenvolvida pela grande imprensa nos últimos meses. Não tem a ver com corrupção. É uma campanha antinacional. É uma campanha antipatriótica como se as nossas grandes redes de comunicação fossem de outros países e estivessem fazendo aqui uma campanha de interesse delas.
Portanto, é um absurdo sem tamanho, nessa conjuntura, um ministro de Estado ir lá fora e dar uma declaração tenebrosa como a que deu.
Mesmo que o governo tivesse a intenção, o ministro não poderia fazer essa declaração. Porque ao fazê-lo, se um dia isso vier acontecer, a Petrobras vai estar com o preço rebaixado.
Olhando pela lógica do capital, mesmo que fosse uma decisão de governo fazer isso – o que eu não acredito que seja –, ele não poderia declarar isso no exterior. Realmente um despreparo, um absurdo. É um negócio descabido.
Viomundo – A FUP pretende fazer algo em relação a isso?
João Moraes — A direção da FUP está reunida, aqui, em Curitiba, nesta quinta e sexta em Curitiba, onde vamos discutir o assunto. Nós trouxemos a nossa reunião mensal para cá como forma de darmos a nossa solidariedade. Na quarta-feira, inclusive, participamos de atos de solidariedade aos professores.
Mas, desde já, a sociedade tem de estar ciente. Se houver flexibilização no modelo de partilha do pré-sal, o povo brasileiro pode dizer adeus ao Fundo Social e ao uso dos seus recursos para a Educação e Saúde.
Tirem as mãos do que é nosso!
Em vez de fortalecer a Petrobrás, ministro de Minas e Energia quer flexibilizar partilha
Enquanto a Petrobrás recebia o prêmio OTC Distinguished Achievement Award for Companies, Organizations and Institutions, o maior reconhecimento de uma operadora offshore por tecnologias desenvolvidas e desafios vencidos, o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, pregava publicamente a redução da participação da estatal na exploração do pré-sal.
Em entrevista coletiva aos jornalistas que cobriam o evento em Houston (EUA), o ministro do PMDB não mediu palavras e anunciou que o Congresso (onde seu partido comanda a Câmara e o Senado) está aberto a alterar o modelo de partilha.
“O que se discute é a obrigatoriedade da operação. Defendo que a Petrobrás tenha direito à recusa”, declarou, alegando que a empresa não tem condições hoje de “alavancar os investimentos que a economia brasileira necessita”.
Na mesma linha foi a diretora geral da ANP, Magda Chambriard, que também participou da feira de petróleo em Houston e defendeu “uma flexibilização muito bem calibrada” da lei do pré-sal, com vistas aos leilões futuros.
Declarações deste tipo reforçam e alimentam os ataques da oposição contra a Petrobrás. Só o PSDB já tem três projetos em andamento no Congresso para alterar o modelo de partilha e retirar da estatal o papel de operadora única.
A defesa intransigente da soberania é um compromisso que deve ser honrado por um governo eleito pelos trabalhadores. A hora é de fortalecer a Petrobrás para que siga avançando na exploração do pré-sal, cuja riqueza deve ser servir ao povo brasileiro e não às multinacionais.
SANTAYANNA: TERROR NÃO JUSTIFICA ENTREGAR PRÉ-SAL
Em novo artigo sobre a situação da Petrobras, o jornalista Mauro Santayanna questiona os movimentos de dentro e fora do governo para a que a estatal deixe de ser operadora exclusiva dos blocos do pré-sal, com pelo menos 30% de participação; "Se quer aproveitar uma 'crise' da qual a empresa sairá em poucos meses para fazer com que o país recue no regime de partilha de produção, de conteúdo nacional mínimo, e na presença de uma empresa nacional na operação de todos os poços, para promover a entrega da maior reserva de petróleo descoberta neste século para empresas ocidentais, como a Exxon", diz ele; mudança nas regras do pré-sal já foi defendida por senadores tucanos, como Aécio Neves, Aloysio Nunes e José Serra; ministro Eduardo Braga, de Minas e Energia, também ensaia discurso
Por Mauro Santayanna
Os jornais voltam a anunciar que se discute, dentro e fora do governo, o fim da atuação da Petrobras como operadora exclusiva do pré-sal, com fatia mínima de 30%.
Alegam, entre outras coisas, seus adversários que seria inviável para a Petrobras continuar a explorar o petróleo do pré-sal com a baixa cotação atual do barril no mercado global, quando a produção oriunda dessa área cresceu 70% em março e se aproxima de 500 mil barris por dia.
Ora, se a Petrobras, que acaba de ganhar (pela terceira vez) o maior prêmio da indústria internacional de exploração de petróleo em águas marinhas, o OTC Distinguished Achievement Award for Companies, Organizations and Institutions, nos EUA, justamente pelo desenvolvimento de tecnologia própria para a extração do óleo do pré-sal em condições extremas de profundidade e pressão, estaria tendo prejuízo na exploração desse óleo, porque as empresas estrangeiras, a quem se quer entregar o negócio, conseguiriam ter lucro como operadoras, se não dispõem da mesma tecnologia?
Se a Petrobras explora petróleo até nos Estados Unidos, em campos como Cascade, Chinook e Hadrian South, onde acaba de descobrir reservas de 700 milhões de barris, em águas territoriais norte-americanas do Golfo do México, porque tem competência para fazer isso, qual é a lógica de abandonar a operação do pré-sal em seu próprio país, onde pode gerar mais empregos e renda com a contratação de serviços e produtos locais, e o petróleo é de melhor qualidade?
A falta de sustentação dessa tese não consegue ocultar seus principais objetivos. Se quer aproveitar uma “crise” da qual a empresa sairá em poucos meses (as ações com direito a voto já se valorizaram 60% desde janeiro; o balanço foi apresentado com enormes provisões para perdas por desvios de R$ 6 bilhões, que delatores “premiados”, cuja palavra foi considerada sagrada em outros casos, já negaram que tenham ocorrido; a produção e as vendas estão em franco crescimento) para fazer com que o país recue no regime de partilha de produção, de conteúdo nacional mínimo, e na presença de uma empresa nacional na operação de todos os poços, para promover a entrega da maior reserva de petróleo descoberta neste século para empresas ocidentais, como a Exxon, por exemplo, que acaba de perder, justamente para a Petrobras, o título de maior produtora de petróleo do mundo de capital aberto.
Como ocorreu na década de 1990, se cria um clima de terror para promover a entrega de uma das últimas empresas sob controle nacional ao estrangeiro.
Enquanto isso não for possível, procura-se diminuir sua dimensão e importância, impedindo sua operação na exploração de reservas que são suas, por direito, situadas em uma área que ela descobriu, sozinha, graças ao desenvolvimento de tecnologia própria e inédita e à capacidade de realização da nossa gente.
Alegam, entre outras coisas, seus adversários que seria inviável para a Petrobras continuar a explorar o petróleo do pré-sal com a baixa cotação atual do barril no mercado global, quando a produção oriunda dessa área cresceu 70% em março e se aproxima de 500 mil barris por dia.
Ora, se a Petrobras, que acaba de ganhar (pela terceira vez) o maior prêmio da indústria internacional de exploração de petróleo em águas marinhas, o OTC Distinguished Achievement Award for Companies, Organizations and Institutions, nos EUA, justamente pelo desenvolvimento de tecnologia própria para a extração do óleo do pré-sal em condições extremas de profundidade e pressão, estaria tendo prejuízo na exploração desse óleo, porque as empresas estrangeiras, a quem se quer entregar o negócio, conseguiriam ter lucro como operadoras, se não dispõem da mesma tecnologia?
Se a Petrobras explora petróleo até nos Estados Unidos, em campos como Cascade, Chinook e Hadrian South, onde acaba de descobrir reservas de 700 milhões de barris, em águas territoriais norte-americanas do Golfo do México, porque tem competência para fazer isso, qual é a lógica de abandonar a operação do pré-sal em seu próprio país, onde pode gerar mais empregos e renda com a contratação de serviços e produtos locais, e o petróleo é de melhor qualidade?
A falta de sustentação dessa tese não consegue ocultar seus principais objetivos. Se quer aproveitar uma “crise” da qual a empresa sairá em poucos meses (as ações com direito a voto já se valorizaram 60% desde janeiro; o balanço foi apresentado com enormes provisões para perdas por desvios de R$ 6 bilhões, que delatores “premiados”, cuja palavra foi considerada sagrada em outros casos, já negaram que tenham ocorrido; a produção e as vendas estão em franco crescimento) para fazer com que o país recue no regime de partilha de produção, de conteúdo nacional mínimo, e na presença de uma empresa nacional na operação de todos os poços, para promover a entrega da maior reserva de petróleo descoberta neste século para empresas ocidentais, como a Exxon, por exemplo, que acaba de perder, justamente para a Petrobras, o título de maior produtora de petróleo do mundo de capital aberto.
Como ocorreu na década de 1990, se cria um clima de terror para promover a entrega de uma das últimas empresas sob controle nacional ao estrangeiro.
Enquanto isso não for possível, procura-se diminuir sua dimensão e importância, impedindo sua operação na exploração de reservas que são suas, por direito, situadas em uma área que ela descobriu, sozinha, graças ao desenvolvimento de tecnologia própria e inédita e à capacidade de realização da nossa gente.
sexta-feira, 2 de janeiro de 2015
Feliz 2015, sem a Globo Para o seu ano ser mais feliz
O Conversa Afiada reproduz texto de Paulo Nogueira, extraído do DCM:
A escolha adequada da mídia pode tornar seu ano mais feliz
A mídia tem o poder de tornar o seu ano mais feliz ou mais infeliz.
Se você passa a temporada consumindo determinado tipo de notícias e análises, isso vai afetar negativamente seu humor e, em certos casos, até sua saúde mental e física.
Por isso, escolher o que você vai ler, ver ou ouvir na mídia é um ato de enorme importância como resolução de fim de ano.
Conheço muitas pessoas que se autoimpõem um flagelo. No carro, ligam a CBN ou a Jovem Pan, e ficam ouvindo Merval, Sardenberg, Sheherazade e Reinaldo Azevedo.
Na sala de casa, oscilam entre a Globo e a Globonews, e não enfrentam apenas a voz do atraso, mas também o rosto, de William Waack a Jabor.
Diante de tamanha dose de jornalismo enviesado e frequentemente envenenado, essas pessoas se revoltam, e acabam colocando sua raiva e inconformismo para fora, sobretudo nas redes sociais.
A estas pessoas, uma boa notícia: você pode viver perfeitamente sem esse martírio.
Sem zanzar freneticamente entre variadas mídias de índole maligna, você deixa de dar-lhes aquilo de que elas vivem: audiência.
De certas vozes perturbadoras você não pode se livrar: a de um chefe despótico, por exemplo. Mas ninguém obriga você a ouvir Jabor e derivados.
Algumas pessoas, erroneamente, retrucam que você tem que ver o que “eles” estão dizendo.
Não é verdade.
No mundo das redes sociais, o que eles falam ou fazem de extraordinário acaba chegando a você, sem que você tenha que consumir horas de informações e opiniões deletérias.
Ninguém teve que ficar grudado em Sheherazade, por exemplo, para saber, rapidamente, o que ela tinha a dizer sobre justiceiros.
Ninguém também foi obrigado a desperdiçar o domingo no Faustão para saber que Bonner ganhara um prêmio patético das mãos de Fernanda Montenegro.
Agora mesmo: ninguém teve que acompanhar o jornal gaúcho Zero Hora para saber a opinião de um cronista seu sobre o paraíso de Punta del Leste sem “um único negro”.
Tudo que for relevante chega rapidamente a você sem o preço brutal de acompanhar a Globonews e a CBN, a Jovem Pan ou a Veja.
Você terá um ano melhor sem a companhia de Ali Kamel e Bonner, Reinaldo Azevedo e Jabor, Sheherazade e Sardenberg, William Waack e Diego Mainardi, Lobão e Gentili, e assim por diante.
Experimente.
Sua vida ficará mais leve.
Feliz 2015 a todos.
leia também:
TELESUR E A DERROTA DA DIREITA NEOLIBELÊS E O PIG
Mídia veste a carapuça do 'inimigo externo' do País
Jornais conservadores, como Globo e Estado, destacam o ponto mais importante do discurso de posse da presidente Dilma Rousseff, que trata da defesa da Petrobras de seus 'predadores internos e inimigos externos', para ironizá-lo, como se não houvesse, nos meios de comunicação, uma torcida organizada contra a estatal e que defende interesses antinacionais; para quem não se lembra, o Globo, dos irmãos Marinho, foi o primeiro veículo a explicitar que a Lava Jato obrigaria a Petrobras a abrir o pré-sal aos estrangeiros; ontem, empossada para mais quatro anos, Dilma deixou claro que o regime de partilha do petróleo continuará em vigor; inimigos externos não gostaram.
Dilma falou em defender a empresa de seus "predadores internos e inimigos externos". Em seguida, arrematou: "Não podemos permitir que a Petrobrás seja alvo de um cerco especulativo dos interesses contrariados com a adoção do regime de partilha e da política de conteúdo local, que asseguraram ao nosso povo, o controle sobre nossas riquezas petrolíferas" (leia mais aqui).
Foi um recado claro para determinadas forças que tentam se valer da crise de imagem da Petrobras para forçar uma mudança de regime na produção de petróleo no País. Quem mais destaca, entre essas forças, é o grupo Globo, dos irmãos Marinho, o primeiro a dizer, com todas as letras, que a Lava Jato obrigaria a Petrobras a retomar o regime de concessões de petróleo, no lugar do modelo de partilha.
Quinze dias atrás, por exemplo, o Globo dizia, em reportagens e editoriais, que a regra do pré-sal poderia e deveria mudar, em benefício da exploração por empresas estrangeiras, como Shell, Exxon, Chevron e BP (leia mais aqui).
Dilma, no entanto, demonstrou estar atenta a essas pressões. E demonstrou que não irá ceder um milímetro em suas convicções sobre o melhor regime para a exploração das riquezas do pré-sal.
Os inimigos externos da Petrobras, nesse contexto, vestiram a carapuça. Em sua manchete, o Globo afirmou que "Dilma recicla promessas e vê 'inimigos externos' da Petrobras", como se eles não existissem – embora o jornal dos Marinho seja uma realidade palpável. O Estado de S. Paulo seguiu a mesma linha, mas não com a mesma intensidade.
O fato é que nem um nem outro terá força para provocar uma mudança nas regras do pré-sal.
segunda-feira, 15 de dezembro de 2014
Globo amplia pressão para abrir o pré-sal a gringos
Um dia depois de defender, em editorial, que empresas internacionais, como Shell, BP, Exxon e Chevron, assumissem a liderança da exploração das reservas brasileiras de petróleo no pré-sal, o jornal O Globo agora produz reportagem sobre a mudança iminente nas regras, em razão dos problemas vividos pela Petrobras; "essa reflexão vai acontecer", disse, em off, uma suposta fonte governamental ao governo; não se sabe ainda nem quem será o novo ministro de Minas e Energia, mas o Globo já vende a tese de que o segundo governo Dilma adotará o programa de Aécio Neves no petróleo.
247 - Um dia depois de produzir um editorial defendendo a abertura do pré-sal a empresas estrangeiras (leia mais aqui), o jornal O Globo, dos irmãos Marinho, produziu reportagem sobre uma suposta mudança nas regras da exploração de petróleo no País.
De acordo com o jornal, o modelo de partilha, que obriga os consórcios exploradores, sempre liderados pela Petrobras, a dividir parte da receita com a União (o que se explica pelo menor risco exploratório, uma vez que as reservas já estão comprovadas), seria substituído pelo de concessões.
Embora o governo ainda não tenha definido quem será o futuro ministro de Minas e Energia, cargo para o qual aparece cotado o senador Eduardo Braga (PMDM-AM), o Globo se ancora em fontes "em off" para tratar da suposta mudança. "Essa reflexão vai acontecer", diz a suposta fonte.
Pelo novo modelo, empresas internacionais, como Shell, Exxon, BP e Chevron poderiam arrematar concessões para, assim, explorar as reservas descobertas pela Petrobras ao longo dos últimos anos. O Globo aposta na tese de que a Petrobras, que ainda não conseguiu publicar seu balanço, ficará fragilizada financeiramente, será rebaixada por agências internacionais de risco e não conseguirá captar recursos para tocar seu plano de investimentos. Assim, a abertura aos grupos internacionais seria inevitável.
Este modelo era exatamente que vinha sendo defendido pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG) durante a campanha presidencial. "Acho que nós temos que discutir o que é melhor para o Brasil, se em determinados casos não é melhor o modelo de concessão. É uma discussão que nós vamos fazer lá na frente, obviamente respeitando os contratos vigentes", disse o senador, durante a campanha presidencial (leia mais aqui).
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quinta-feira, 27 de novembro de 2014
JN diz que lei de FHC para Petrobrás é boa, contanto que PT não use
Acabou a campanha eleitoral (?), mas não parece. Na imprensa escrita do eixo São Paulo-Rio segue a artilharia contra o governo federal e, sobretudo, a Petrobrás. Em São Paulo, os dois grandes jornais (Folha e Estadão) e a revista semanal dos adeptos da “intervenção militar” não conseguem produzir praticamente nada que incomode o governo reeleito do PSDB.
Sobre o Estado mais rico e desenvolvido da Federação, aliás, além de não ter fiscalização da imprensa tampouco a oposição, na Assembleia Legislativa, poderá exercer de forma minimamente eficiente a fiscalização democrática do Executivo, já que diminuiu consideravelmente na última eleição.
Aliás, a grande mídia – que tem estrutura para fiscalizar o poder – tem jornalistas “setoristas” acompanhando cada ato dos governos federal e da capital paulista, que são do PT, mas não há cobertura permanente do governo paulista. No Palácio dos Bandeirantes e na Assembleia Legislativa de São Paulo a grande mídia pouco dá as caras.
Enquanto isso, a maior emissora de televisão do país continua trabalhando duro para desmoralizar a Petrobrás enquanto empresa de economia mista. Em vez de mostrar como está sendo desbaratado um esquema criminoso na empresa que dura décadas incontáveis, o Jornal Nacional, na noite da última quarta-feira, tratou de inventar uma “irregularidade”.
Na “escalada” que abre o telejornal da Globo, a apresentadora Renata Vasconcellos, em tom melodramático, anuncia que “Este ano, 90% dos contratos da Petrobrás foram feitos sem licitação”. A frase de efeito chama atenção do espectador. “Sem licitação” significa que não foram exigidos critérios como menor preço e melhor qualidade na aquisição de equipamentos ou serviços.
Em seguida, porém, a nova âncora do JN explica que “Não tem nenhuma ilegalidade, nisso” porque “Existe um decreto há 16 anos que permite a dispensa de licitação”.
Ah, bom… Mas, então, onde está o problema? Renata explica que, apesar da legalidade das contratações sem licitação, “Há quem conteste a frequência com que isso tem sido feito nas condições atuais do mercado de petróleo”.
A pergunta óbvia é sobre quais são essas “Condições atuais do mercado de petróleo” que tornam inadequado o uso de um instrumento legal para dispensa de licitações. Em vez de explicar, a apresentadora do JN prefere responder, em nome do PSDB, à argumentação da Petrobrás de que o instrumento de dispensa de licitações não é novidade, pois foi criado em 1998 pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso:
“(…) Um decreto do presidente Fernando Henrique Cardoso, de 1998, permite que a Petrobras siga um regime diferenciado nas contratações. Na época, foi uma saída para que a empresa tivesse mais agilidade nas tomadas de decisão e pudesse concorrer em igualdade de condições com empresas privadas (…)”.
A “explicação” do Jornal Nacional faz sua a explicação do PSDB – ou até do próprio FHC. O telejornal, assim, converte-se em assessoria de imprensa.
Contudo, ainda é preciso “explicar” ao telespectador por que uma lei que era boa no governo do PSDB é ruim no governo do PT. É nesse momento que entra em campo a decenal estratégia do JN para conferir um ar de verdade inquestionável às suas teses políticas: o recurso aos “especialistas”.
Nesse caso, trata-se de Jerson Carneiro, professor de Direito do IBMEC. Seu diagnóstico, eivado de injunções políticas, explica por que uma lei que era boa quando usada no governo do PSDB é ruim ao ser usada no governo do PT:
“A lei é boa, o problema é que as pessoas usaram esse fim, esse benefício, para que participasse do mercado mais ativamente para fins contra a causa republicana, que é o desvio de verbas que você está acompanhando”
Por “as pessoas”, leia-se o governo Dilma Rousseff. A tese dele é a de que a Petrobrás sob o governo petista usa a dispensa de licitações criada por FHC para “desvio de verbas”.
Foi preciso ir buscar um obscuro “especialista” de um obscuro Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (IBMEC) para “fazer o serviço” porque, segundo congratulações de seus alunos no Facebook, é raro que a instituição e seus quadros tenham uma boquinha como essa na mídia.
E a reportagem do JN prossegue.
“(…) A partir de 2008, com a descoberta do pré-sal, essa liberdade da Petrobrás para celebrar contratos passou a ser cada vez mais questionada. O novo regime de exploração do petróleo determina que a estatal seja a operadora única em todos os blocos do pré-sal, limitando a competição com empresas estrangeiras (…)”
Bingo! Eis a razão da reportagem sobre nada, ou seja, sobre a Petrobrás usar um instrumento legal criado pelo governo FHC: o regime de partilha para exploração do pré-sal e a consequente determinação desse regime de que a Petrobrás seja a única empresa a operar a reserva petrolífera.
O que o Jornal Nacional chama de “limitar a competição” na verdade significa não deixar grupos estrangeiros obterem ganhos imensos só para perfurar e sugar sem risco o petróleo brasileiro já detectado nos campos do pré-sal.
E tome “especialistas”. Agora, é Adriano Pires, diretor do CBIE, que faz outra lenga-lenga político-ideológica:
“Essa situação, onde a legislação é para um mercado de concorrência, e o mercado na prática é um mercado monopolista, cria uma atmosfera propícia para esses eventos que estamos vendo, que estão sendo revelados pela Operação Lava Jato”
Mais uma vez, a investigação de antigos esquemas de corrupção na Petrobrás é associada ao regime de exploração do pré-sal. O que o “especialista” chama de “mercado monopolista” é um regime de exploração que não entrega o petróleo a grupos estrangeiros que não correriam risco algum ao investirem na extração de petróleo em campos onde a existência do “ouro negro” já está assegurada.
Ao contrário do que dizem os especialistas, porém, o suposto uso mais intenso da dispensa de licitações neste ano se deve ao exponencial crescimento da empresa desde que o PT chegou ao poder. Em 2002, o faturamento da Petrobrás foi de 69 bilhões de reais; em 2013, foi de 304 bilhões de reais.
O Jornal Nacional fez, apenas, um ataque político-ideológico à Petrobrás que visa, meramente, o pré-sal. “Escandalização” de um processo de depuração de empresa comandado pela política de Dilma de investigar a fundo a corrupção pretende reverter o regime de partilha das novas reservas de petróleo brasileiras e nada mais. Tudo em atenção a interesses estrangeiros.
Ao fim da matéria de mais de três minutos sobre nada, porém, aparece outro “especialista” colocando as coisas no seu devido lugar. Gustavo Binenbojm, professor da Faculdade de Direito UERJ, mostra como o que fez a matéria do JN foi mais uma edição da boa e velha “escandalização do nada” que a Globo pratica contra governos do PT:
“Eu temo que se queira curar a febre colocando o termômetro na geladeira. Na medida em que os escândalos de corrupção que existem em licitações no Brasil, acometem tanto as licitações sujeitas à lei geral de licitações, a lei 8.666, quanto dentro da Petrobras licitações submetidas a esse decreto simplificado. Então é preciso encontrar um meio termo, encontrar uma solução de um regulamento de licitações que seja ágil o bastante para dotar a intervenção do Estado do domínio econômico de eficiência respeitando princípios básicos de impessoalidade, de moralidade e de transparência”
Eis o que acontece: coibindo a dispensa de licitações, a Petrobrás terá muito mais dificuldade em extrair petróleo do pré-sal. Licitações são demoradas, sofrem contestações na Justiça etc. Com isso, perde o país e ganham os que querem ganhar gordas comissões para entregar o petróleo às multinacionais através do sistema de concessão.
O regime de exploração de Petróleo que vigia no Brasil até que os campos do pré-sal fossem mapeados e as reservas de petróleo fossem confirmadas era o de concessão. Por ele, a empresa estrangeira vem, suga o petróleo, leva embora e só paga os impostos. O país fica com menos de um terço do lucro, enquanto que no regime de partilha fica com mais de dois terços.
quarta-feira, 2 de julho de 2014
Presidente da Petrobrás fala a blogueiros e rebate críticas à empresa
Na última terça-feira, 1º de julho de 2014, na sede nacional da Petrobrás, no centro do Rio de Janeiro, teve lugar evento comemorativo decorrente de a empresa ter atingido a marca de extração de 500 mil barris de petróleo por dia dos campos do pré-sal.
A cerimônia teve início por volta das 11 horas e contou com a presença da presidente Dilma Roussef. No auditório, empresários, políticos, diretores e técnicos da Petrobrás e, claro, a imprensa brasileira em peso.
Após a cerimônia, Dilma se retirou e a presidente da Petrobrás, Maria das Graças Silva Foster, mais conhecida como Graça Foster, deu entrevista coletiva aos jornalistas presentes.
Desta feita, porém, a maior empresa do Brasil não ficou dependendo apenas de Globos, Folhas, Vejas e Estadões para divulgar seu mais novo feito. Na coletiva, havia representantes de vários veículos regionais, de várias partes do Brasil.
Mas a Petrobrás não ficou só nisso, em termos de comunicação. No fim da tarde, após o evento comemorativo e a coletiva aberta a toda a imprensa, promoveu, na sala de reuniões da presidência da empresa, reunião privada entre Graça Foster e oito blogueiros.
Estiveram presentes Blog da Cidadania, Blog do Luis Nassif, Blog do Miro (Barão de Itararé), Brasil 247, Cafezinho , Carta Maior, Conversa Afiada e Tijolaço.
Em 2013, a revista Forbes elegeu Graça Foster a 18º mulher mais poderosa do planeta. No mesmo ano, foi classificada pela revista Fortune como a mulher mais poderosa do mundo, fora dos Estados Unidos.
A Petrobrás é a maior empresa brasileira. Em 2012, bateu recorde de receita, com R$ 281 bilhões de reais, 15% a mais do que sobre 2011.
De 2011 para cá, porém, o faturamento tem crescido pouco devido à estagnação temporária da produção. Além disso, o preço das ações da empresa caiu muito – de R$ 29 para R$ 17, uma queda de quase 40%.
Em maio último, a média de produção diária da Petrobrás foi de 1,9 milhões de barris de petróleo, incluindo o que tem produzido o pré-sal. A produção da empresa permanece ao redor de 2 milhões de barris desde 2009 devido ao declínio da produção na Bacia de Campos.
Localizada na costa entre Rio de Janeiro e Espírito Santo, essa foi a maior província petrolífera do Brasil até meados da década passada, quando foi descoberto o pré-sal.
A partir de 1977, a reserva petrolífera da Bacia de Campos começou a ser explorada, permanecendo por décadas como a maior do país. Chegou a ser responsável por mais de 80% da produção nacional do petróleo. Agora, porém, a produção vem caindo. Sem o pré-sal, o Brasil sofreria escassez de petróleo e por certo precisaria importar.
Apesar de a Petrobrás ter marcado um tento incrível ao longo da década passada ao descobrir como explorar o pré-sal e, por isso, ter hoje um valor de mercado CINCO VEZES maior do que tinha em 2002, quando o PSDB deixou o poder, esse partido e os grandes meios de comunicação que o apoiam têm vendido uma farsa aos brasileiros.
A farsa, como toda farsa, baseia-se em fatos verdadeiros para contar mentiras. Sim, a produção da Petrobrás estagnou-se ao longo dos últimos cinco anos. Sim, o preço das ações caiu. Sim, o faturamento da empresa acompanha a produção. Por conta disso, grupos políticos e midiáticos ligados ao PSDB têm dito que a gestão do PT “acabou com a Petrobrás”.
Será verdade?
Graça Foster tratou de esclarecer essa questão aos blogueiros com os quais se reuniu. Até porque, foi por eles provocada nesse sentido.
Trata-se de uma executiva de altíssimo nível. Uma mulher que conhece o setor petroleiro como poucos. Aliás, ao fim da reunião com blogueiros presenteou-os com livro de sua autoria, muito bem encadernado, em tamanho A4, fartamente ilustrado e que conta a história da indústria naval no Brasil.
Não adianta apresentar transcrição do que a presidente Graça Foster e o corpo de diretores e técnicos que participou da reunião disseram aos blogueiros. Eles são técnicos, não políticos ou jornalistas. Falam linguagem técnica. Assim, é melhor apresentar um relato do que explicaram.
A explicação da presidente da Petrobras para a questão do suposto “declínio” da empresa “durante o governo Dilma” tem duas explicações muito simples: geologia e investimentos.
Vamos por partes, como o esquartejador. Em primeiro lugar, a questão da “estagnação” da produção. Graça Foster explicou que todo poço de petróleo declina 10% ao ano. Assim, para manter a produção é preciso aumentá-la anualmente nesse percentual.
Ou seja: crescimento da produção de um poço de petróleo é sempre de 10% e mais o crescimento real. Se em um ano a empresa de petróleo só consegue aumentar em 9% a produção, esse crescimento representará declínio de 1%, apesar de derivar de um crescimento de 9%.
Ocorre que a Bacia de Campos, o grande sítio produtor durante décadas, estava se esvaindo e precisava de fortes investimentos em prospecção.
A Petrobrás da era Lula/Dilma logrou um tento: reduziu em 55% o tempo de perfuração de poços de petróleo e, assim, começou a reativar a produção da bacia de campos, pois os poços mais antigos já não davam conta e os novos poços não eram prospectados em ritmo adequado.
Por conta da maior proficiência da empresa, em oito anos (a partir de 2006) a produção do pré-sal atingiu 500 mil barris de petróleo por dia. Só para se ter uma ideia, a partir de sua fundação, em 1953, a Petrobrás demorou 31 anos para atingir a marca de produção total de 500 mil barris/dia.
Descoberto o pré-sal, era preciso investir pesado para transformar aquelas reservas em produção. E as dificuldades eram muitas. Inclusive técnicas, devido à profundidade das reservas. Por conta disso, a mídia, sob claras motivações políticas, dizia que a Petrobrás não conseguiria tirar petróleo de tal profundidade, sob o leito do oceano.
As dificuldades foram superadas com o desenvolvimento de tecnologias, construção naval e fortunas incalculáveis de investimento. Mas faltava o dinheiro.
Na era FHC, foi adotado um modelo de exploração da Bacia de Campos – e outras – que premiava empresas que assumissem o risco de prospectar e não encontrar nada. Tratou-se do modelo de concessão, pelo qual, a grosso modo, pode-se dizer que a empresa privada concessionária prospectava e, se encontrasse petróleo, pagava somente os impostos da operação de extração.
Esse modelo não foi descartado por Graça Foster. Faz sentido, mas só quando o risco de perfurar um poço e não encontrar nada, é alto. Não é o caso do pré-sal. O risco é baixo, a Petrobrás sabe onde está o petróleo. É só ir lá e tirar. A Petrobrás, inclusive, repassa a tecnologia às empresas privadas que se disponham a atuar.
Assim, foi criado o sistema de Partilha, pelo qual mais de 70% do petróleo que for extraído por empresas privadas pertence à Petrobrás, ou seja, ao Brasil. E para obter concessão para explorar essas áreas em que o petróleo já está descoberto é preciso pagar um bônus que, no campo de Libra, chegou à casa dos 15 bilhões de reais.
Ou seja: antes de extrair uma única gota de petróleo e de sequer começar a operar, as empresas privadas que participaram do Leilão de Libra tiveram que pagar toda essa dinheirama.
Mas voltemos à questão da produção. Como a perfuração dos poços do pré-sal avança rapidamente, a partir do ano que vem o petróleo irá jorrar muito mais rápido. A perspectiva da Petrobrás é a de que a produção voltará a crescer com rapidez em pouco tempo.
Até 2018 – ou seja, nos próximos quatro anos –, a produção deverá atingir a marca de 3,2 milhões de barris/dia, um aumento de mais de SESSENTA POR CENTO na produção. Isso porque os poços do pré-sal estão começando a produzir cada vez mais rapidamente.
Detalhe: desses mais de 3 milhões de barris que o Brasil estará produzindo daqui a 4 anos, 52% serão oriundos do pré-sal.
Mas o melhor ficou para o final. Por que as ações da Petrobrás caíram tanto? Para entender a explicação de Graça Foster aos blogueiros, pode-se usar uma metáfora – criada por este que escreve, e não por ela.
Imagine que você tem uma casa de 100 metros quadrados de área construída e quer aumentar essa construção para, digamos, 200 metros. Como o investimento é muito grande – após a obra você terá dois imóveis em vez de um, em termos de área construída – você vai ao banco e pega um empréstimo.
Suponhamos que o imóvel vale 300 mil reais e que você teve que pegar 100 mil reais no banco para fazer a obra. Enquanto a obra não é feita, o seu imóvel não vale mais 300 mil reais. Vale 200. Após a obra ter sido feita, a valorização será muito maior do que o valor investido.
É isso o que acontece com a Petrobrás. A empresa teve que se capitalizar, contraindo dívidas para bancar a perfuração de poços do pré-sal. Mesmo com as empresas privadas atuando sob o modelo de partilha, a Petrobrás continua prospectando novas reservas e atuando em parte dos campos petrolíferos, só que agora com muito mais que extrair.
Ocorre, porém, que os poços do pré-sal estão começando a produzir mais rapidamente. Desse modo, em breve o lucro da empresa irá aumentar muito, pois os investimentos em extração de petróleo darão frutos e, assim, as ações começarão a se valorizar.
Graça Foster resumiu assim a questão: “Se eu entregar o que prometi, a valorização das ações será natural”.
Claro que a oposição midiática dirá que é tudo balela, que a Petrobrás não conseguirá extrair todo o petróleo que está prometendo etc., etc. Nesse ponto, volto ao post anterior publicado pelo blog, que mostra que a mídia dizia que a empresa não conseguiria extrair os 500 mil barris/dia do pré-sal que deram motivo à comemoração da última terça-feira.
O potencial incrível da Petrobrás nos próximos anos, a quantidade de lucros que a empresa irá produzir é o que está pondo em pé-de-guerra a oposição.
Esses recursos imensos que o Brasil irá obter poderão ser usados em saúde e educação, através do Fundo Social do pré-sal, ou podem ser entregues a petroleiras estrangeiras às quais os tucanos já disseram que darão “concessão” dos novos campos do pré-sal.
Usando o modelo de concessão para o pré-sal, toda essa riqueza não irá na base de 75% para a Educação e 25% para a saúde. As multinacionais do petróleo levarão tudo embora pagando só os impostos e nós todos ficaremos chupando o dedo, como durante a privataria tucana.
sexta-feira, 25 de abril de 2014
CPI da Petrobras: o direito é a política
“Eu vou contar uma coisa pra vocês de coração. O PT eu espero que tenha aprendido a lição do que significou a CPI do mensalão. Eu espero que tenha aprendido a lição, porque essa CPI, ela deixou marcas profundas nas entranhas do PT. Ou seja, se o PT tivesse feito o debate político no momento que tinha que fazer o debate político, e não ficasse esperando uma solução jurídica, possivelmente a história fosse outra, né?”
Este pedacinho da entrevista que Lula nos deu, aos blogueiros, deveria estar fazendo eco na cabeça dos dirigentes do PT e do Governo, neste momento.
A decisão da Ministra Rosa Weber de restringir a CPI à Petrobras, deixando de fora os trens da CTPM e do Metrô paulista, a rigor, não surpreende.
É apenas mais um capítulo no adonamento que o Supremo vem fazendo da República, que há muito deixou de ser composta de poderes independentes.
A decisão é tão insólita quanto insólita foi a estratégia de requerer a “CPI ampla”.
A CPI da Petrobras tem de ser enfrentada politicamente, não com um discurso “técnico”, porque não são técnicos os motivos que levam a toda esta onda.
A questão de Pasadena, creio, já ficou esvaziada. Agora, a estratégia será a de colocar sob suspeita cada um dos milhares de contratos e negócios que a Petrobras, pelo seu porte, tem de fazer.
O papel, é claro, aceita tudo. O papel dos nossos jornais, então, aceita mais ainda.
Na base das explicações técnicas ou de longas e enfadonhas notas técnicas nos jornais – embora contendo muitas informações úteis a quem quer analisar as denúncias com mais profundidade – a Petrobras só vai entupir a mídia de dinheiro sem qualquer efeito sobre a opinião pública.
A chave da comunicação é mostrar o problema como realmente sabemos que o problema é: o controle nacional sobre as imensas jazidas do pré-sal.
O ataque à Petrobras é apenas um meio, porque o que está se atacando, de fato, é este controle.
O comercial, finalmente, lançado pela empresa, avança neste caminho.
Mas ainda é pouco.
A mensagem deve ser mais clara, direta.
Petróleo brasileiro para os brasileiros.
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domingo, 6 de abril de 2014
Petrobras sob ataque em sua hora mais decisiva
Instalada no centro da arena eleitoral, companhia vive momento de alta na produção de petróleo; extração no pré-sal bateu recorde na semana passada, com 387 mil barris/dia; especulação na bolsa devolve mais de R$ 20 bilhões em valor de mercado à companhia; plano de investimentos para 2014 vai injetar R$ 94,6 bilhões; números ficam encobertos sob fogo cerrado da oposição, que tem na CPI mista no Congresso uma arma de desgaste de longo prazo para o governo e a direção da estatal; entre ataque e defesa, Petrobras vive seu teste de fogo
6 de Abril de 2014 às 15:54
Em razão de movimentos especulativos atrelados a pesquisa eleitorais de ocasião, as ações da estatal experimentam um movimento de alta nos últimos vinte pregões. Pelos motivos inversos, mas com um resultado de não deixa de mostrar a força da companhia, a mercado devolveu à estatal mais de R$ 20 bilhões do valor que havia subtraído. Ficou claro que, além da questão eleitoral, o potencial de recuperação rápida da maior empresa brasileira no mercado financeiro continua alto.
Mesmo assim, a empresa está diante de um teste de fogo. Todas as atenções da oposição ao governo da presidente Dilma Rousseff se voltam para a instalação da CPI da Petrobras, o que pode ocorrer no próximo dia 15. As investigações, que inicialmente devem se concentrar na compra, pela estatal, da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, em 2006, prometem se arrastar até as portas da eleição presidencial – e também ultrapassar o mês de outubro.
Os presidenciáveis Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) já acertaram entre si que não haverá trégua ao governo, com as próximas semanas a serem dedicadas a bater duro nos negócios da empresa, especialmente contratos de instalação e compra de refinarias. O líder tucano Aloysio Nunes Ferreira já é personagem de destaque na implantação dessa estratégia.
Para o campo do governo, uma boa notícia começou a surgir com o esvaziamento de provas que iriam ser apresentadas pelo ex-diretor da estatal Nestor Cerveró. Ele foi o autor do relatório ao Conselho de Administração para a compra da refinaria americana. Ao mesmo tempo as críticas feitas ao relatório, inicialmente, pela presidente Dilma foram corroboradas pelos demais integrantes do conselho de administração do período. No Senado, a ex-ministra Gleisi Hoffmann tem-se empenhado por uma defesa cerrada da estatal e contra-ataques a cada movimento da oposição.
Em definitivo, a estatal está instalada no centro da arena eleitoral. Não há previsão de quando deverá sair desta posição incômoda. Enquanto perdurar, a Petrobras terá de se acomodar à situação de frequentar as notícias tanto das páginas da política quanto as da economia. O desafio será fazer prevalecer os bons resultados da gestão sobre os ataques que serão disparados.
quarta-feira, 2 de abril de 2014
Rever partilha é "golpe nos interesses brasileiros"
Receituário neoliberal gera desemprego recorde na Itália: 13%; inflação cai à mínima na zona do euro, economia hiberna.
Levante da Juventude marca o 1º de abril com escrachos contra três torturadores impunes: coronel Brilhante Ustra; Aparecido Callandra e coronel Pedro Ivo Vasconcelos
Hollande dobra a aposta e indica Manuel Valls como premiê: direita do PS, Valls já quis mudar o nome do partido para adequá-lo aos mercados.
Ministro Celso Amorim diz que Forças Armadas vão investigar tortura em sete dependências militares.
Opinião é de Haroldo Lima, diretor-geral da Agência Nacional de Petróleo (ANP) quando o Brasil descobriu as jazidas do pré-sal, durante o governo Lula, ao comentar, em entrevista ao 247, a proposta do presidenciável Aécio Neves (PSDB-MG); em palestra a empresários, tucano disse na segunda-feira que pretende rever, caso eleito, o modelo de partilha válido para a exploração do petróleo na área do pré-sal, voltando ao regime de concessões, vigente no governo FHC; "Seria um grave erro para o interesse dos brasileiros", ressaltou Lima
A mudança "seria um grave erro para o interesse dos brasileiros", disse ao 247 Haroldo Lima, diretor-geral da Agência Nacional de Petróleo (ANP) na época da descoberta das jazidas do pré-sal, durante o governo Lula. Segundo ele, a alteração "contraria os interesses nacionais", uma vez que procuraria "satisfazer os interesses das multinacionais" na exploração de grandes áreas de petróleo.
No Brasil, a exploração de petróleo é dividida em dois modelos: o de concessão, que domina a maioria dos trabalhos no setor brasileiro e se aplica a casos em que se acredita que exista uma quantidade pequena ou média de petróleo, e onde há alto risco exploratório; já o de partilha é usado apenas em casos em que há grande quantidade de petróleo e, portanto, baixo risco exploratório.
No caso do Brasil, o modelo de partilha se aplica apenas à área do pré-sal, única de baixo risco exploratório no País. Segundo Haroldo Lima, é assim que o setor funciona no mundo todo. "Temos que levar em conta os interesses nacionais, e para não perdê-los de vista, temos que olhar os hábitos que existem no setor do petróleo. Esse é o costume normal no mundo. Essa divisão não é inovação do Brasil", disse.
O argumento do especialista de "satisfazer os interesses das multinacionais" se explica da seguinte forma: no regime de concessões, a Petrobras precisa competir com empresas privadas nacionais e estrangeiras para ter acesso a novas reservas, enquanto no modelo de partilha, instituído em 2010, no governo Lula, o governo fica com a maior parte dos lucros obtidos na exploração e a Petrobras é parte obrigatória na exploração de todos os campos.
Segundo Haroldo Lima, no modelo proposto por Aécio, os grupos estrangeiros tentariam negociar para explorar grandes áreas de petróleo em outros países, como Rússia e México, e não conseguiriam, mas encontrariam as portas abertas no Brasil. "Eu espero que esse ponto de vista que você está me dizendo, que foi apresentado, não seja feito, porque é um golpe nos interesses brasileiros", disse ele.
Pasadena
O ex-presidente da ANP aproveitou para comentar, sobre o caso de Pasadena, que as denúncias contra a estatal não podem ter o objetivo de fragilizar a empresa. "Essas coisas de suborno, Pasadena, têm que ser apuradas, mas não se pode enxovalhar a Petrobras, isso é prestar um desserviço à nação brasileira", disse.
Segundo ele, a empresa "precisa ser prestigiada, beneficiada, para assumir as responsabilidades que nós colocamos a ela na área do pré-sal". A pretexto do caso de Pasadena, disse Lima, "estão acabando com a Petrobras", que acaba "não conseguindo recursos para cumprir com suas responsabilidades". É preciso apresentar "casos concretos, pessoas concretas, mas não fragilizar a empresa", completou.

A “coluna social” de Monica Bérgamo, na Ilustrada da Folha de hoje é um retrato sem retoques do que representa Aécio Neves.
Representa Fernando Henrique Cardoso, nada mais, nada menos.
Leia.
É uma visão dantesca do Brasil que, tomara, tenha ficado sempre para trás.
O Brasil governado para o capital.
Não para o povo.
Não para “os que votam como o estômago”, como diz o banqueiro André Esteves.
Esta gente que tem o estranho desejo de comer todo dia, desatenta ao fato de que sempre foi preciso que passasse fome para que os salões do nosso capitalismo brilhassem.
“Esgotou (-se) a capacidade de crescer pelo consumo (da população).”
É como se dissessem: “chega, você já tiveram o que merecem, acabou o recreio, voltem para a senzala social”.
Sonham com a “reconquista” do Brasil, porque não querem o povo brasileiro como parceiro de seu sucesso, mas como uma massa de servos de seus empreendimentos.
Uma elite que não se emenda, que nem mesmo tendo visto do que este país é capaz quando é um só, não aceita os pobres, os negros, os mestiços, o povão senão ali, nas caras telas de Di Cavalcanti penduradas na parede da mansão.
Eles são lindos assim: imóveis, passivos, decorativos.
“Estou preparado para as decisões necessárias, por mais que sejam impopulares”, garante Neves, e um empresário traduz: aumentar as tarifas públicas.
Não o dirá aos que votam com o estômago, mas que importa? Pois se podem deixados sem comer, o que é deixá-los sem saber? Eles não estão aqui, senão nos servindo canapés e não entendem o que se diz.
Não vão saber, como não saberão que será vendido o que sobrou do período Fernando Henrique e o petróleo que depois dele se encontrou.
Os negros, os mulatos, os pobres dos quadros de Di Cavalcanti tudo ouvem, porém, nas paredes da mansão.
Fugiriam das telas, se pudessem, para dizer aos seus iguais, de carne e osso o que dizem os “sinhôs”.
Não podem, mas nós podemos.
O que se vai enfrentar nas eleições não é uma decisão sobre o futuro.
É um fantasma do passado.
Os convidados, que já tinham aplaudido os governadores Geraldo Alckmin, de SP, e Antonio Anastasia, de Minas, voltam a bater palmas.
Mas é quando Fernando Henrique Cardoso é anunciado que o público realmente se empolga.
Empresários como José Luiz Cutrale, maior produtor de suco de laranja do mundo, André Esteves, do BTG Pactual, Guilherme Leal, da Natura, e Luiz Carlos Trabuco, do Bradesco, se levantam para aplaudir aquele que, segundo Doria, é um “exemplo de homem público”, “de ser humano”, “de brasilidade”, “de estadista”. E o grande fiador da candidatura de Aécio.
Antes de ceder o microfone, Doria fala dos 50 anos do golpe militar. “Viva a democracia!”, afirma. E todos, em uníssono: “Viva!”.
FHC se diz “sem palavras”. E inicia um breve discurso de apresentação de Aécio.
Lembrando seu próprio governo, acena com a possibilidade de reformas numa eventual gestão do tucano mineiro. “O reformador só é aplaudido depois de muito tempo.” O Brasil precisa de um novo rumo, segundo ele. “E não dá para mudar com as mesmas pessoas. O cachimbo deixa a boca torta.”
Antes de falar, Aécio chama Armínio Fraga, presidente do Banco Central no governo FHC, para ficar ao seu lado, sinalizando que ele terá papel primordial na condução da economia em seu eventual governo. “Ninguém tem o time que nós temos”, diz o mineiro. “Vou anunciar aos poucos quem estará comigo. Esse time dará confiança ao mercado.”
Aécio segue: “Eu conversava com o Armínio e ele me perguntou: Mas é para [num eventual governo] fazer tudo o que precisa ser feito? No primeiro ano?’. E eu disse: Se der, no primeiro dia’”.
“Eu estou preparado para tomar as decisões necessárias”, diz. “Por mais que elas sejam impopulares.” Num outro momento, repete: “Se o preço [das medidas] for ficar quatro anos com [índices de] impopularidade, pagarei esse preço. Que venha outro [presidente] depois de mim”. Sua ambição, diz, não é ser querido. E sim “fazer o maior governo da história do país”.
O tucano não detalhou que medidas seriam essas. Um dos empresários disse à Folha: “Ele está querendo dizer que vai reajustar tarifas. Não dá mais para empurrar com a barriga, como o governo [Dilma Rousseff] está fazendo, por populismo”.
Começam as perguntas. O banqueiro André Esteves diz que o país vive numa “armadilha do baixo crescimento”, em que se “esgotou a capacidade de crescer pelo consumo”. “Temos que investir” e, para isso, o governo tem que despertar “a confiança”.
Horacio Lafer Piva, ex-presidente da Fiesp, pergunta como o presidenciável fará sua mensagem chegar “aos que votam com o estômago”, referindo-se aos beneficiários de programas sociais do governo. Jorge Gerdau pede que ele se comprometa a não aumentar a carga tributária.
Depois de responder a todas as perguntas, Aécio Neves se despede com uma brincadeira: “Se tudo der errado, eu tenho um craque para entrar em campo”. Ele, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Levante da Juventude marca o 1º de abril com escrachos contra três torturadores impunes: coronel Brilhante Ustra; Aparecido Callandra e coronel Pedro Ivo Vasconcelos
Hollande dobra a aposta e indica Manuel Valls como premiê: direita do PS, Valls já quis mudar o nome do partido para adequá-lo aos mercados.
Ministro Celso Amorim diz que Forças Armadas vão investigar tortura em sete dependências militares.
Opinião é de Haroldo Lima, diretor-geral da Agência Nacional de Petróleo (ANP) quando o Brasil descobriu as jazidas do pré-sal, durante o governo Lula, ao comentar, em entrevista ao 247, a proposta do presidenciável Aécio Neves (PSDB-MG); em palestra a empresários, tucano disse na segunda-feira que pretende rever, caso eleito, o modelo de partilha válido para a exploração do petróleo na área do pré-sal, voltando ao regime de concessões, vigente no governo FHC; "Seria um grave erro para o interesse dos brasileiros", ressaltou Lima
2 de Abril de 2014 às 07:06
Gisele Federicce, 247 – Em palestra concedida na
última segunda-feira 31 a empresários em São Paulo, o presidenciável do
PSDB, senador Aécio Neves, expôs sua intenção em rever o modelo de
partilha utilizado hoje para a exploração do petróleo na área
do pré-sal. Sua proposta, caso seja eleito, é retomar o modelo de
concessões, vigente durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso (PSDB).A mudança "seria um grave erro para o interesse dos brasileiros", disse ao 247 Haroldo Lima, diretor-geral da Agência Nacional de Petróleo (ANP) na época da descoberta das jazidas do pré-sal, durante o governo Lula. Segundo ele, a alteração "contraria os interesses nacionais", uma vez que procuraria "satisfazer os interesses das multinacionais" na exploração de grandes áreas de petróleo.
No Brasil, a exploração de petróleo é dividida em dois modelos: o de concessão, que domina a maioria dos trabalhos no setor brasileiro e se aplica a casos em que se acredita que exista uma quantidade pequena ou média de petróleo, e onde há alto risco exploratório; já o de partilha é usado apenas em casos em que há grande quantidade de petróleo e, portanto, baixo risco exploratório.
No caso do Brasil, o modelo de partilha se aplica apenas à área do pré-sal, única de baixo risco exploratório no País. Segundo Haroldo Lima, é assim que o setor funciona no mundo todo. "Temos que levar em conta os interesses nacionais, e para não perdê-los de vista, temos que olhar os hábitos que existem no setor do petróleo. Esse é o costume normal no mundo. Essa divisão não é inovação do Brasil", disse.
O argumento do especialista de "satisfazer os interesses das multinacionais" se explica da seguinte forma: no regime de concessões, a Petrobras precisa competir com empresas privadas nacionais e estrangeiras para ter acesso a novas reservas, enquanto no modelo de partilha, instituído em 2010, no governo Lula, o governo fica com a maior parte dos lucros obtidos na exploração e a Petrobras é parte obrigatória na exploração de todos os campos.
Segundo Haroldo Lima, no modelo proposto por Aécio, os grupos estrangeiros tentariam negociar para explorar grandes áreas de petróleo em outros países, como Rússia e México, e não conseguiriam, mas encontrariam as portas abertas no Brasil. "Eu espero que esse ponto de vista que você está me dizendo, que foi apresentado, não seja feito, porque é um golpe nos interesses brasileiros", disse ele.
Pasadena
O ex-presidente da ANP aproveitou para comentar, sobre o caso de Pasadena, que as denúncias contra a estatal não podem ter o objetivo de fragilizar a empresa. "Essas coisas de suborno, Pasadena, têm que ser apuradas, mas não se pode enxovalhar a Petrobras, isso é prestar um desserviço à nação brasileira", disse.
Segundo ele, a empresa "precisa ser prestigiada, beneficiada, para assumir as responsabilidades que nós colocamos a ela na área do pré-sal". A pretexto do caso de Pasadena, disse Lima, "estão acabando com a Petrobras", que acaba "não conseguindo recursos para cumprir com suas responsabilidades". É preciso apresentar "casos concretos, pessoas concretas, mas não fragilizar a empresa", completou.
O “novo” Aécio é a volta do Brasil de sempre. O da senzala social
A “coluna social” de Monica Bérgamo, na Ilustrada da Folha de hoje é um retrato sem retoques do que representa Aécio Neves.
Representa Fernando Henrique Cardoso, nada mais, nada menos.
Leia.
É uma visão dantesca do Brasil que, tomara, tenha ficado sempre para trás.
O Brasil governado para o capital.
Não para o povo.
Não para “os que votam como o estômago”, como diz o banqueiro André Esteves.
Esta gente que tem o estranho desejo de comer todo dia, desatenta ao fato de que sempre foi preciso que passasse fome para que os salões do nosso capitalismo brilhassem.
“Esgotou (-se) a capacidade de crescer pelo consumo (da população).”
É como se dissessem: “chega, você já tiveram o que merecem, acabou o recreio, voltem para a senzala social”.
Sonham com a “reconquista” do Brasil, porque não querem o povo brasileiro como parceiro de seu sucesso, mas como uma massa de servos de seus empreendimentos.
Uma elite que não se emenda, que nem mesmo tendo visto do que este país é capaz quando é um só, não aceita os pobres, os negros, os mestiços, o povão senão ali, nas caras telas de Di Cavalcanti penduradas na parede da mansão.
Eles são lindos assim: imóveis, passivos, decorativos.
“Estou preparado para as decisões necessárias, por mais que sejam impopulares”, garante Neves, e um empresário traduz: aumentar as tarifas públicas.
Não o dirá aos que votam com o estômago, mas que importa? Pois se podem deixados sem comer, o que é deixá-los sem saber? Eles não estão aqui, senão nos servindo canapés e não entendem o que se diz.
Não vão saber, como não saberão que será vendido o que sobrou do período Fernando Henrique e o petróleo que depois dele se encontrou.
Os negros, os mulatos, os pobres dos quadros de Di Cavalcanti tudo ouvem, porém, nas paredes da mansão.
Fugiriam das telas, se pudessem, para dizer aos seus iguais, de carne e osso o que dizem os “sinhôs”.
Não podem, mas nós podemos.
O que se vai enfrentar nas eleições não é uma decisão sobre o futuro.
É um fantasma do passado.
Aécio: estou preparado para decisões impopulares
Mônica Bergamo
No pequeno púlpito montado na sala de jantar de sua casa, tendo
como fundo uma parede com quadros de Di Cavalcanti, João Doria Jr. chama
Aécio Neves para falar à seleta plateia de empresários que foram ao
encontro com o presidenciável tucano. “Um jovem amigo. Um dos mais
valorosos nomes da política brasileira. Ele é o novo!”Os convidados, que já tinham aplaudido os governadores Geraldo Alckmin, de SP, e Antonio Anastasia, de Minas, voltam a bater palmas.
Mas é quando Fernando Henrique Cardoso é anunciado que o público realmente se empolga.
Empresários como José Luiz Cutrale, maior produtor de suco de laranja do mundo, André Esteves, do BTG Pactual, Guilherme Leal, da Natura, e Luiz Carlos Trabuco, do Bradesco, se levantam para aplaudir aquele que, segundo Doria, é um “exemplo de homem público”, “de ser humano”, “de brasilidade”, “de estadista”. E o grande fiador da candidatura de Aécio.
Antes de ceder o microfone, Doria fala dos 50 anos do golpe militar. “Viva a democracia!”, afirma. E todos, em uníssono: “Viva!”.
FHC se diz “sem palavras”. E inicia um breve discurso de apresentação de Aécio.
Lembrando seu próprio governo, acena com a possibilidade de reformas numa eventual gestão do tucano mineiro. “O reformador só é aplaudido depois de muito tempo.” O Brasil precisa de um novo rumo, segundo ele. “E não dá para mudar com as mesmas pessoas. O cachimbo deixa a boca torta.”
Antes de falar, Aécio chama Armínio Fraga, presidente do Banco Central no governo FHC, para ficar ao seu lado, sinalizando que ele terá papel primordial na condução da economia em seu eventual governo. “Ninguém tem o time que nós temos”, diz o mineiro. “Vou anunciar aos poucos quem estará comigo. Esse time dará confiança ao mercado.”
Aécio segue: “Eu conversava com o Armínio e ele me perguntou: Mas é para [num eventual governo] fazer tudo o que precisa ser feito? No primeiro ano?’. E eu disse: Se der, no primeiro dia’”.
“Eu estou preparado para tomar as decisões necessárias”, diz. “Por mais que elas sejam impopulares.” Num outro momento, repete: “Se o preço [das medidas] for ficar quatro anos com [índices de] impopularidade, pagarei esse preço. Que venha outro [presidente] depois de mim”. Sua ambição, diz, não é ser querido. E sim “fazer o maior governo da história do país”.
O tucano não detalhou que medidas seriam essas. Um dos empresários disse à Folha: “Ele está querendo dizer que vai reajustar tarifas. Não dá mais para empurrar com a barriga, como o governo [Dilma Rousseff] está fazendo, por populismo”.
Começam as perguntas. O banqueiro André Esteves diz que o país vive numa “armadilha do baixo crescimento”, em que se “esgotou a capacidade de crescer pelo consumo”. “Temos que investir” e, para isso, o governo tem que despertar “a confiança”.
Horacio Lafer Piva, ex-presidente da Fiesp, pergunta como o presidenciável fará sua mensagem chegar “aos que votam com o estômago”, referindo-se aos beneficiários de programas sociais do governo. Jorge Gerdau pede que ele se comprometa a não aumentar a carga tributária.
Depois de responder a todas as perguntas, Aécio Neves se despede com uma brincadeira: “Se tudo der errado, eu tenho um craque para entrar em campo”. Ele, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
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