Na última terça-feira, 1º de julho de 2014, na sede nacional da
Petrobrás, no centro do Rio de Janeiro, teve lugar evento comemorativo
decorrente de a empresa ter atingido a marca de extração de 500 mil
barris de petróleo por dia dos campos do pré-sal.
A cerimônia teve início por volta das 11 horas e contou com a
presença da presidente Dilma Roussef. No auditório, empresários,
políticos, diretores e técnicos da Petrobrás e, claro, a imprensa
brasileira em peso.

Após a cerimônia, Dilma se retirou e a presidente da Petrobrás, Maria
das Graças Silva Foster, mais conhecida como Graça Foster, deu
entrevista coletiva aos jornalistas presentes.
Desta feita, porém, a maior empresa do Brasil não ficou dependendo
apenas de Globos, Folhas, Vejas e Estadões para divulgar seu mais novo
feito. Na coletiva, havia representantes de vários veículos regionais,
de várias partes do Brasil.
Mas a Petrobrás não ficou só nisso, em termos de comunicação. No fim
da tarde, após o evento comemorativo e a coletiva aberta a toda a
imprensa, promoveu, na sala de reuniões da presidência da empresa,
reunião privada entre Graça Foster e oito blogueiros.
Estiveram presentes Blog da Cidadania, Blog do Luis Nassif, Blog do
Miro (Barão de Itararé), Brasil 247, Cafezinho , Carta Maior, Conversa
Afiada e Tijolaço.

Em 2013, a revista Forbes elegeu Graça Foster a 18º mulher mais
poderosa do planeta. No mesmo ano, foi classificada pela revista Fortune
como a mulher mais poderosa do mundo, fora dos Estados Unidos.
A Petrobrás é a maior empresa brasileira. Em 2012, bateu recorde de
receita, com R$ 281 bilhões de reais, 15% a mais do que sobre 2011.
De 2011 para cá, porém, o faturamento tem crescido pouco devido à
estagnação temporária da produção. Além disso, o preço das ações da
empresa caiu muito – de R$ 29 para R$ 17, uma queda de quase 40%.
Em maio último, a média de produção diária da Petrobrás foi de 1,9
milhões de barris de petróleo, incluindo o que tem produzido o pré-sal. A
produção da empresa permanece ao redor de 2 milhões de barris desde
2009 devido ao declínio da produção na Bacia de Campos.
Localizada na costa entre Rio de Janeiro e Espírito Santo, essa foi a
maior província petrolífera do Brasil até meados da década passada,
quando foi descoberto o pré-sal.
A partir de 1977, a reserva petrolífera da Bacia de Campos começou a
ser explorada, permanecendo por décadas como a maior do país. Chegou a
ser responsável por mais de 80% da produção nacional do petróleo. Agora,
porém, a produção vem caindo. Sem o pré-sal, o Brasil sofreria escassez
de petróleo e por certo precisaria importar.
Apesar de a Petrobrás ter marcado um tento incrível ao longo da
década passada ao descobrir como explorar o pré-sal e, por isso, ter
hoje um valor de mercado CINCO VEZES maior do que tinha em 2002, quando o
PSDB deixou o poder, esse partido e os grandes meios de comunicação que
o apoiam têm vendido uma farsa aos brasileiros.
A farsa, como toda farsa, baseia-se em fatos verdadeiros para contar
mentiras. Sim, a produção da Petrobrás estagnou-se ao longo dos últimos
cinco anos. Sim, o preço das ações caiu. Sim, o faturamento da empresa
acompanha a produção. Por conta disso, grupos políticos e midiáticos
ligados ao PSDB têm dito que a gestão do PT “acabou com a Petrobrás”.
Será verdade?
Graça Foster tratou de esclarecer essa questão aos blogueiros com os
quais se reuniu. Até porque, foi por eles provocada nesse sentido.
Trata-se de uma executiva de altíssimo nível. Uma mulher que conhece o
setor petroleiro como poucos. Aliás, ao fim da reunião com blogueiros
presenteou-os com livro de sua autoria, muito bem encadernado, em
tamanho A4, fartamente ilustrado e que conta a história da indústria
naval no Brasil.

Não adianta apresentar transcrição do que a presidente Graça Foster e
o corpo de diretores e técnicos que participou da reunião disseram aos
blogueiros. Eles são técnicos, não políticos ou jornalistas. Falam
linguagem técnica. Assim, é melhor apresentar um relato do que
explicaram.
A explicação da presidente da Petrobras para a questão do suposto
“declínio” da empresa “durante o governo Dilma” tem duas explicações
muito simples: geologia e investimentos.
Vamos por partes, como o esquartejador. Em primeiro lugar, a questão
da “estagnação” da produção. Graça Foster explicou que todo poço de
petróleo declina 10% ao ano. Assim, para manter a produção é preciso
aumentá-la anualmente nesse percentual.
Ou seja: crescimento da produção de um poço de petróleo é sempre de
10% e mais o crescimento real. Se em um ano a empresa de petróleo só
consegue aumentar em 9% a produção, esse crescimento representará
declínio de 1%, apesar de derivar de um crescimento de 9%.
Ocorre que a Bacia de Campos, o grande sítio produtor durante
décadas, estava se esvaindo e precisava de fortes investimentos em
prospecção.
A Petrobrás da era Lula/Dilma logrou um tento: reduziu em 55% o tempo
de perfuração de poços de petróleo e, assim, começou a reativar a
produção da bacia de campos, pois os poços mais antigos já não davam
conta e os novos poços não eram prospectados em ritmo adequado.
Por conta da maior proficiência da empresa, em oito anos (a partir de
2006) a produção do pré-sal atingiu 500 mil barris de petróleo por dia.
Só para se ter uma ideia, a partir de sua fundação, em 1953, a
Petrobrás demorou 31 anos para atingir a marca de produção total de 500
mil barris/dia.
Descoberto o pré-sal, era preciso investir pesado para transformar
aquelas reservas em produção. E as dificuldades eram muitas. Inclusive
técnicas, devido à profundidade das reservas. Por conta disso, a mídia,
sob claras motivações políticas, dizia que a Petrobrás não conseguiria
tirar petróleo de tal profundidade, sob o leito do oceano.
As dificuldades foram superadas com o desenvolvimento de tecnologias,
construção naval e fortunas incalculáveis de investimento. Mas faltava o
dinheiro.
Na era FHC, foi adotado um modelo de exploração da Bacia de Campos – e
outras – que premiava empresas que assumissem o risco de prospectar e
não encontrar nada. Tratou-se do modelo de concessão, pelo qual, a
grosso modo, pode-se dizer que a empresa privada concessionária
prospectava e, se encontrasse petróleo, pagava somente os impostos da
operação de extração.
Esse modelo não foi descartado por Graça Foster. Faz sentido, mas só
quando o risco de perfurar um poço e não encontrar nada, é alto. Não é o
caso do pré-sal. O risco é baixo, a Petrobrás sabe onde está o
petróleo. É só ir lá e tirar. A Petrobrás, inclusive, repassa a
tecnologia às empresas privadas que se disponham a atuar.
Assim, foi criado o sistema de Partilha, pelo qual mais de 70% do
petróleo que for extraído por empresas privadas pertence à Petrobrás, ou
seja, ao Brasil. E para obter concessão para explorar essas áreas em
que o petróleo já está descoberto é preciso pagar um bônus que, no campo
de Libra, chegou à casa dos 15 bilhões de reais.
Ou seja: antes de extrair uma única gota de petróleo e de sequer
começar a operar, as empresas privadas que participaram do Leilão de
Libra tiveram que pagar toda essa dinheirama.
Mas voltemos à questão da produção. Como a perfuração dos poços do
pré-sal avança rapidamente, a partir do ano que vem o petróleo irá
jorrar muito mais rápido. A perspectiva da Petrobrás é a de que a
produção voltará a crescer com rapidez em pouco tempo.
Até 2018 – ou seja, nos próximos quatro anos –, a produção deverá
atingir a marca de 3,2 milhões de barris/dia, um aumento de mais de
SESSENTA POR CENTO na produção. Isso porque os poços do pré-sal estão
começando a produzir cada vez mais rapidamente.
Detalhe: desses mais de 3 milhões de barris que o Brasil estará produzindo daqui a 4 anos, 52% serão oriundos do pré-sal.
Mas o melhor ficou para o final. Por que as ações da Petrobrás caíram
tanto? Para entender a explicação de Graça Foster aos blogueiros,
pode-se usar uma metáfora – criada por este que escreve, e não por ela.
Imagine que você tem uma casa de 100 metros quadrados de área
construída e quer aumentar essa construção para, digamos, 200 metros.
Como o investimento é muito grande – após a obra você terá dois imóveis
em vez de um, em termos de área construída – você vai ao banco e pega um
empréstimo.
Suponhamos que o imóvel vale 300 mil reais e que você teve que pegar
100 mil reais no banco para fazer a obra. Enquanto a obra não é feita, o
seu imóvel não vale mais 300 mil reais. Vale 200. Após a obra ter sido
feita, a valorização será muito maior do que o valor investido.
É isso o que acontece com a Petrobrás. A empresa teve que se
capitalizar, contraindo dívidas para bancar a perfuração de poços do
pré-sal. Mesmo com as empresas privadas atuando sob o modelo de
partilha, a Petrobrás continua prospectando novas reservas e atuando em
parte dos campos petrolíferos, só que agora com muito mais que extrair.
Ocorre, porém, que os poços do pré-sal estão começando a produzir
mais rapidamente. Desse modo, em breve o lucro da empresa irá aumentar
muito, pois os investimentos em extração de petróleo darão frutos e,
assim, as ações começarão a se valorizar.
Graça Foster resumiu assim a questão: “Se eu entregar o que prometi, a valorização das ações será natural”.
Claro que a oposição midiática dirá que é tudo balela, que a
Petrobrás não conseguirá extrair todo o petróleo que está prometendo
etc., etc. Nesse ponto, volto ao
post anterior
publicado pelo blog, que mostra que a mídia dizia que a empresa não
conseguiria extrair os 500 mil barris/dia do pré-sal que deram motivo à
comemoração da última terça-feira.
O potencial incrível da Petrobrás nos próximos anos, a quantidade de
lucros que a empresa irá produzir é o que está pondo em pé-de-guerra a
oposição.
Esses recursos imensos que o Brasil irá obter poderão ser usados em
saúde e educação, através do Fundo Social do pré-sal, ou podem ser
entregues a petroleiras estrangeiras às quais os tucanos já disseram que
darão “concessão” dos novos campos do pré-sal.
Usando o modelo de concessão para o pré-sal, toda essa riqueza não
irá na base de 75% para a Educação e 25% para a saúde. As multinacionais
do petróleo levarão tudo embora pagando só os impostos e nós todos
ficaremos chupando o dedo, como durante a privataria tucana.