Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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domingo, 21 de abril de 2013

Folha deixa escapar que todos os mortos eram chavistas


Ao longo da sexta-feira (19), setores da mídia brasileira alinhados aos EUA evitaram noticiar o maciço comparecimento de chefes de Estado e de representes de dezenas de países à posse do novo presidente constitucional da Venezuela, Nicolás Maduro. Só à noite, nos telejornais, que um evento desse porte ganhou alguns segundos de cobertura.
O comparecimento de nada menos do que dezessete chefes de Estado – entre eles, a presidente Dilma Rousseff e quase todos os presidentes sul-americanos – assustou a direita, que não esperava apoio tão decidido à democracia venezuelana.
Nos jornais de sábado (20), o tom sobre a posse de maduro veio literalmente furibundo. Entre vários editoriais e “reportagens” sobre a Venezuela, a forma de seus autores de se vingarem do que não puderam alterar foi mentir desbragadamente.
Talvez o melhor exemplo de mitomania tenha sido o da Folha de São Paulo, jornal que integra um grupo empresarial que se consolidou ao longo do século XX servindo a uma ditadura feroz que encheu de dinheiro público os bolsos do fundador do veículo enquanto ele a ajudava a assassinar os que resistiam ao regime.
Em editorial intitulado “Contraordem chavista”, o jornal dá vazão a uma sucessão de mentiras e distorções sobre a Venezuela que só não é inacreditável para quem sabe que a Folha tem a mitomania encravada em seu DNA.
Já no primeiro parágrafo, além de uma mentira que pode ser desmontada até pela internet visitando o site de algum grande jornal ou tevê do país que se opõem ao governo, a Folha reafirma seu desprezo pela democracia ao relativizar eleições como respaldo único e inalienável a governos.
Diz a Folha que a “realização periódica de votações plebiscitárias” é usada para “emprestar ao caudilho um verniz democrático”. Veja, leitor, que o jornal não chama de eleições, mas de “votações”. Para esse veículo, eleições livres e referendadas por incontáveis observadores internacionais não bastam para legitimar um governo.
Provavelmente o jornal da família golpista acha que um governo só é legítimo se a mídia e os ricos o apoiarem…
Mas foi no segundo parágrafo que o jornal se traiu sem apelação. Confira:
A morte de Hugo Chávez e a eleição contestada de seu sucessor evidenciam a corrosão desses três pilares. O recurso à força bruta, ao peso dos militares e ao silenciamento explícito da oposição, que antes parecia desnecessário, agora se insinua de modo um tanto preocupante
Antes de prosseguir, confira aqui, leitor, o que a Folha chama de “silenciamento explícito da oposição”. Trata-se da página de opinião do jornal El Universal, um dos mais ferrenhos opositores do regime venezuelano.
Se não bastar, visite o site do canal de televisão oposicionista e golpista Globovisión e veja como a oposição é “silenciada” na Venezuela – o nome do canal golpista venezuelano é apenas coincidência com o nome do canal golpista brasileiro.
Mas o que choca mesmo é o editorial da Folha acusar o regime venezuelano de se valer de “recurso à força bruta” justo quando se sabe que violência foi exatamente a arma usada pelos seguidores de Henrique Capriles, que assassinaram oito chavistas durante a última segunda-feira (15) durante um “panelaço pacífico” convocado pelo derrotado na eleição de domingo.
Todas as televisões comerciais, grandes jornais e grandes portais de internet parecem ter feito um pacto ao tratar do massacre que se abateu sobre nove estados da Venezuela a partir da madrugada de segunda-feira, quando seguidores de Capriles mataram, roubaram, depredaram e incendiaram.
Durante a semana, quando a mídia brasileira falou nos oito mortos, sempre tratou de despersonalizá-los, tentando vender a ideia de que gente dos dois lados havia tombado por conta da violência.
Todavia, em “reportagem” da última quinta-feira (18), a Folha “escorregou” e deixou passar informação que torna incompreensível que se diga que a oposição venezuelana é “silenciada” e que o regime usa “força bruta”.
Abaixo, trecho da reportagem “Chavistas cerceiam deputados da oposição”.
A Justiça e o Ministério Público, alinhados ao chavismo, responsabilizaram publicamente Capriles por oito mortes de seguidores chavistas que, segundo o governo, foram provocadas por partidários da oposição após a convocação do governador a protestos contra o resultado eleitoral. As circunstâncias das mortes são questionadas por opositores
Antes de prosseguir, mais uma vez este blog informa, logo abaixo, os nomes e as circunstâncias das mortes dessas oito pessoas.
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José Luís Ponce Ordoñez – 45 anos, carpinteiro, militante do PSUV, morto com tiro na cabeça
Rosiris del Valle Reyes Rangel – 44 anos, militante do PSUV, morta com tiro nas costas
Ender José Bastardo – 21 anos, militante do PSUV, morto com quatro tiros
Henry Rangel La Rosa – 32 anos, militante do PSUV, morto a tiros por encapuzados na porta de casa
Johan Antonio Hernández Acosta – Menor de idade, militante do PSUV, morto por caminhão que arremeteu contra multidão que comemorava a vitória de Maduro.
Luis Eduardo García Polanco – 25 anos, militante do PSUV, morto com um tiro no rosto enquanto comemorava a vitória de Maduro em frente à sede do Conselho Nacional Eleitoral no Estado Zulia.
Rey David Sánchez – Menor de idade, militante do PSUV, morto por caminhão que arremeteu contra multidão que comemorava a vitória de Maduro.
Cliver Enrique Guzmán – Ministério Público da Venezuela só divulgou que era militante do PSUV e que foi assassinado em uma manifestação.
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Fico tentando entender como se pode questionar as circunstâncias dessas mortes. Com militantes de oposição depredando e queimando tudo que tivesse o logotipo do governo em todo o país, o que há para questionar? A maioria foi assassinada a tiros. Duas das oito vítimas foram atropeladas por um caminhão que investiu contra uma manifestação chavista.
Mas o que não se entende mesmo é que o jornal acuse o governo de usar “força bruta” e de censurar. Quantos oposicionistas foram sequer feridos? Não há um só nome nem de ferido, nem de morto entre os que cometeram os atos de violência logo após o resultado da eleição de domingo.
Alguns dirão que é ingenuidade escrever um texto para pedir reflexão sobre o que faz um grupo de comunicação cuja mitomania vem de mais de meio século de atuação, tendo usado do estupro da verdade para bajular e se locupletar sob os favores de uma ditadura, mas escrevo para as pessoas de bom senso e de caráter, não para a Folha e sua militância.
O importante aqui, portanto, é o reconhecimento por esse jornal de um fato que seus congêneres político-ideológicos e ele mesmo tentaram esconder: oito seres humanos foram mortos por meios violentos na noite que se seguiu à vitória de Nicolás Maduro e todos eram seus apoiadores.
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Assista, abaixo, a mais um importante e histórico documentário sobre a América Latina. Um trailer do material foi publicado na sexta-feira pelo site Viomundo, do jornalista Luiz Carlos Azenha. Abaixo, reproduzo o documentário completo por sua extrema importância.
O autor é o jornalista australiano John Pilger. Sua carreira como repórter começou em 1958 e, ao longo dos anos, ele se tornou famoso pelos livros e documentários que escreveu ou produziu.
Apesar das tentativas de setores conservadores de desvalorizá-lo, seu jornalismo investigativo já mereceu vários galardões no jornalismo, tais como ser agraciado por duas vezes com o prêmio de jornalista inglês do ano.
No Reino Unido, Pilger é conhecido por documentários rodados no Camboja e em Timor-Leste. Ele também trabalhou como correspondente de guerra em vários conflitos, como na Guerra do Vietnam, no Camboja, no Egito, na Índia, no Bangladesh e em Biafra.
O documentário “Guerra à Democracia” mostra a atuação dos Estados Unidos na América Latina ao longo do século passado e no início deste, no sentido de estuprar a democracia em vários países da região em nome dos “interesses da América”.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Golpe de Capriles fracassou na Venezuela


Alguns dos hilários eleitores de Capriles na Venezuela:




Logo após a vitória do presidente Maduro, da Venezuela, por quase 2% de diferença, o derrotado Henrique Capriles, tentou um golpe.

Em vez de aproveitar seu próprio fortalecimento nas urnas para tentar vencer em eleições futuras, como acontece em qualquer democracia, tentou dar o golpe no tapetão.

Tentou contestar o resultado das urnas, apesar do sistema eleitoral venezuelano ser elogiado e reconhecido internacionalmente, como um dos mais avançados e seguros do mundo. Além disso, a diferença de quase 300 mil votos é mais do que suficiente para não deixar margem de dúvidas de que, mesmo que se impugnasse uma ou outra urna, não alteraria o vencedor.

Capriles incitou protestos e conflitos, que descambou para violência, com assassinato de sete pessoas adeptas do chavismo, com ataques criminosos a bens públicos que atendem a população mais pobre, como unidades de atedimento de saúde pública, só porque há médicos cubanos suprindo o déficit de profissionais na Venezuela.

O que queria Capriles com isso? Uma rebelião de setores das Forças Armadas a favor de seu golpe, como ocorreu em 2002? Será que pensou que, por Maduro não ser coronel como era Chavez, as Forças Armadas iriam apoiar um golpista aventureiro?

Não conseguiu. Todas as forças institucionais do país, inclusive as Forças Armadas, ficaram do lado da legalidade, exigindo respeito à Constituição e à vontade do povo expressa nas urnas.

Sem adesão de golpistas, Capriles recuou. Tardiamente fez um discurso pedindo manifestações pacíficas, e cancelou uma marcha que queria fazer para ver se o golpe decolava.

Perdeu o capital político que havia colhido. Nas urnas, havia conseguido avançar numa parcela do eleitorado que votou em Chavez meses atras. Ao tentar um novo golpe e flertar até com uma guerra civil, voltou à estaca zero, perdendo o eleitorado moderado que havia conseguido. Só sobrou os golpistas reacionários de sempre, que só gostam de dólares sujos para gastar em Miami e detestam seu próprio povo.

Se Maduro não negligenciar e atuar com firmeza nos pontos específicos de insatisfação popular com o governo, como problemas de abastecimento e de violência, recuperará todos os votos de moderados que Capriles amealhou nestas últimas eleições.

Em tempo: Os trechos são do documentário "Guerra contra a Democracia" (War on Democracy-2007) de John Pilger. Se ainda não assistiu, a íntegra está disponível no Youtube.

Há censura no Brasil, sim


Eduguim
No último sábado, fui um dos palestrantes em um encontro de blogueiros em Curitiba. A “mesa” de debates de que participei teve como tema “Comunicação e Democracia”. Como disse na oportunidade, aqui no Brasil uma sempre foi usada contra a outra.
Há quase sessenta anos, um presidente da República deu um tiro no peito por causa da comunicação. Dez anos depois, a comunicação pediu, tramou, ajudou a instalar e, depois, a sustentar uma ditadura sangrenta que durou duas décadas.
Nesta semana, a comunicação no Brasil trata de censurar fatos em um país fronteiriço que, por ser o maior produtor de petróleo do planeta, encerra importância geopolítica e econômica de tal magnitude que atrai os olhares do mundo.
Sob a batuta dos Estados Unidos, a comunicação brasileira trata a política interna da Venezuela à base de omissões e distorções dos fatos ou, simplesmente, à base da mais legítima censura.
Antes de prosseguir, há que contextualizar os fatos.
A vitória apertada do presidente recém-eleito do país vizinho não difere, por exemplo, da que – graças a Deus – obteve Barack Obama nos Estados Unidos em novembro do ano passado, quando derrotou o republicano Mitt Romney por margem tão apertada quanto o venezuelano Nicolás Maduro derrotou o adversário Henrique Capriles – Obama obteve 2,3 pontos de vantagem e Maduro, 1,75 ponto.
Embora os EUA ou a mídia brasileira não tenham pedido recontagem dos votos nos Estados Unidos só porque a vitória de Obama não foi mais ampla, ambos põem em suspeição a eleição venezuelana apesar de o sistema eleitoral do país sul-americano ser mais confiável do que o do país norte-americano.
Até aí, política é política e o debate público, por si só, dá conta de pôr os pingos nos is. O problema é quando um comportamento literalmente fascista dos derrotados na Venezuela, que não querem aceitar a derrota, conta com a cumplicidade da imprensa brasileira.
Os venezuelanos saberão resolver seus problemas, espera-se. Mas o nosso talvez seja pior do que o deles, pois na Venezuela a censura se tornou impossível devido à pluralidade da comunicação, que há para todos os gostos.
O comportamento dos derrotados na Venezuela vem sendo criminoso. Capriles, inconformado com a derrota, exortou seus seguidores a irem às ruas protestar contra uma vitória que, até prova em contrário, foi legítima como a de Obama no ano passado.
Sendo condescendente, pode-se aceitar que Capriles tenha perdido o controle de seus seguidores e que os atos de violência que desencadearam por toda Venezuela entre a madrugada de segunda-feira e a manhã de terça não tenham sido orquestrados por ele.
Aliás, ao recuar da manifestação que convocara para esta quarta-feira, o candidato derrotado parece ter percebido que sua exortação aos seus seguidores poderia leva-lo às barras da lei, porque sua primeira convocação teve como saldo, até agora, sete mortos e incontáveis atos de vandalismo por toda a Venezuela.
Uma onda de vandalismo e violência tomou o país vizinho. Sete seguidores de Nicolás Maduro foram assassinados nos estados Zulia, Táchira e em Caracas, e 61 pessoas ficaram feridas, algumas com gravidade.
Ao todo, nove estados reportaram agressões de variados tipos. A mais macabra, porém, foi a de um seguidor de Maduro que foi queimado vivo.
Segundo relatos do governo venezuelano, os assassinados tentaram defender unidades dos programas sociais Pdval, CDI e Mercal, que oferecem de atendimentos de saúde por médicos cubanos a venda de alimentos por preços mais baratos que os do comércio.
Segundo relatos do governo venezuelano, os estados atingidos pela onda de violência foram Caracas, Carabobo, Miranda, Barinas, Mérida, Lara, Táchira, Sucre e Zulia. Os primeiros ataques de seguidores de Capriles foram aos CDIs, centros de atendimento médico.
Os CDIs são dirigidos por médicos cubanos e até pacientes teriam sido atacados.
Há relatos, também, de ataques a tevês e rádios comunitárias simpatizantes do governo. As tevês estatais Venezolana de Televisión (VTV) e Telesur foram cercadas pelas hordas oposicionistas e só não as atacaram porque a polícia interveio.
Várias sedes do partido do governo, o Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), teriam sido depredadas e incendiadas. Praças públicas e pontos de ônibus teriam sido destruídos. Entregas de alimentos nos mercados do governo teriam sido impedidas e a mercadoria roubada pela horda ensandecida.
O governo venezuelano e incontáveis matérias nas tevês estatais reportam que tudo que tivesse o logotipo do governo era atacado pelos que, alegadamente, foram às ruas, sob instigação de Capriles, para promover um “panelaço pacífico”.
As redes estatais inclusive mostraram imagens de depredação nos centros médicos do estado Miranda, governado por Capriles, identificando-os como sendo os de La Limonera e de Trapichito. Esses ataques teriam resultado em 3 mortos que tentaram defender as instalações.
Outros relatos dão conta de ataques no estado Carabobo, na cidade de Valencia – onde este blogueiro esteve várias vezes a trabalho. Lá, oito centros médicos teriam sido atacados e um deles, incendiado.
Os mortos têm até nome. Um deles é o dirigente do PSUV Henry Rangel. No estado Zulia, outro militante do PSUV foi assassinado diante da sede do Conselho Nacional Eleitoral, quando os seguidores de Capriles ali protestavam e a vítima os xingou. Em Caracas, o militante do PSUV Luis Ponce também foi assassinado enquanto tentava defender o centro médico de La Limonera.
Aliás, o uso do condicional, aqui, é mera formalidade, pois a Telesur mostrou imagens de depredações ao longo da última terça-feira e 135 agressores foram presos em flagrante.
Se quiserem argumentar que é tudo invenção do governo, as imagens e as centenas de testemunhas provam que violência houve. Podem, então, argumentar que foi o governo que pôs hordas nas ruas para praticarem violência e pôr a culpa na oposição, mas há gente presa em flagrante, acusada de assassinatos e, segundo o governo, com filmagens e fotos das agressões.
Seja como for, haverá tempo de sobra para deslindar esses ataques. E a extensa cobertura de redes de televisão e jornais internacionais facilitará ainda mais o esclarecimento desses fatos.
O que não se pode aceitar, porém, é que fatos dessa gravidade sejam literalmente ocultados pela dita grande imprensa brasileira, que se limitou a relatar que houve “choques” com “7 mortos” na Venezuela por ação “dos dois lados”.
Não há relatos de ataques promovidos pelo governo, não há depredações de sedes de partidos de oposição, não há um só nome de um morto da oposição, não há uma só imagem em foto ou vídeo de governistas praticando violência ou vandalismo.
O Jornal Nacional, em sua edição de terça-feira, ocultou tudo isso. A Folha de São Paulo, na edição desta quarta-feira, não dá um só detalhe sobre as vítimas fatais e sobre os atos dos oposicionistas. Os outros grandes meios de comunicação brasileiros fizeram exatamente o mesmo.
O público desses veículos não sabe um dado crucial: todos os assassinados são governistas. Todos.
Há corpos, há nomes dos corpos e nenhum deles é da oposição. Há sedes do partido do governo e unidades de programas sociais do governo depredados e basta ir a eles e comprovar.
Inclusive, o mero exercício da lógica permite entender que o governo não teria por que promover uma farsa dessa magnitude, pois venceu a eleição. A quem interessa o caos? Aos que perderam, claro. Ao governo interessa a tranquilidade diante do resultado.
Grupos de mídia como Organizações Globo, Grupo Folha, Grupo Estado, Editora Abril vivem acusando quem pede regulação da mídia, sobretudo o PT, de quererem “censura”. A crise na Venezuela, porém, mostra quem não apenas quer, mas pratica censura no Brasil.

terça-feira, 16 de abril de 2013

SETE MORTOS E DEZENAS DE FERIDOS NA VENEZUELA


*Brasil, China e Rússia reconhecem vitória chavista e felicitam Maduro

**firmeza do trio enfraquece pressão contrária dos EUA e OEA

** Maduro é proclamado presidente eleito e recebe telefonema
 de Dilma: 'o Brasil está pronto para trabalhar com o novo governo', disse a Presidenta

* Itamaraty pede respeito às urnas**


EUA EM ALERTA: bombas em Boston matam, ferem e mutilam. 

Capriles convoca manifestações de rua contra resultado eleitoral. Maduro reune um comitê antigolpe para avaliar os acontecimentos recentes. "Quem venha pela via violenta encontrará o Estado", alertou após a reunião. Maduro pediu aos chavistas para não entrarem em provocações e culpou o Capriles pela tensão. "Essa é a Venezuela que vocês querem? ¿Essa é a Venezuela que você vai promover, candidato perdedor? (por Vinicius Mansur , direto de Caracas;nesta pag. Mais informações nas análises de Gilberto Maringoni, de Caracas; Eric Nepomuceno e o Blog das Frases: 'A valiosa teimosia dos venezuelanos' aqui.)


Em abril de 2002, eu estava em Valencia, no Estado Carabobo, na Venezuela. De lá, acompanhei, passo a passo, os preparativos para a tentativa de golpe que teve como saldo dezenas de mortos e centenas de feridos.
2013. O candidato oposicionista Henrique Capriles está convocando manifestações de seus partidários contra o resultado eleitoral que lhe foi adverso. Os partidários do presidente Nicolás Maduro também se preparam para ir às ruas.
Em 2002, duas manifestações antagônicas (chavistas e antichavistas) se encontraram na Ponte Llaguno, em Caracas. O saldo do encontro das duas marchas: 18 mortos e centenas de feridos.
Enquanto os manifestantes de lado a lado caminhavam para a Ponte Llaguno, as televisões RCTV, Globovisión, Venevisión e outros veículos oposicionistas instigavam os antichavistas a continuarem marchando até o Palácio presidencial de Miraflores.
Pouco antes do golpe, eu estava na Venezuela havia duas semanas, a trabalho. Um cliente antichavista filiado ao partido Acción Democrática me convidara a ir com ele a uma reunião de seu partido com o partido Copei e com sindicatos.
Durante a reunião, foi abordado do golpe até o assassinato de Hugo Chávez.
Parti da Venezuela antes das 47 horas da tentativa de golpe e da retomada do poder pelos chavistas, mas vi clima de confrontação entre governistas e oposicionsitas que precedeu a tentativa de golpe e que em tudo se assemelha ao que se está vendo hoje.
Por conta disso que no post de segunda-feira já previ o agravamento da situação política, pois estou vendo tudo ocorrer de novo como se fosse um filme.
Chefes das forças armadas venezuelanas leais a Chávez, tal como hoje, também garantiram apoio ao governo, mas as articulações oposicionistas cooptaram parte daquelas forças militares e o golpe ocorreu – Chávez foi sequestrado por militares.
Ontem (segunda-feira), o governo dos Estados Unidos recusou-se a reconhecer a vitória de Maduro, em perfeita consonância com a retórica incendiária de Capriles, tal como em 2002, quando a potência hegemônica também ajudou a inflar a guerra retórica de parte a parte que se está vendo.
Quem conhece a Venezuela como este que escreve, está experimentando um legítimo déjà vu. A escalada retórica de parte a parte (governo e oposição), as declarações do Departamento de Estado norte-americano… Tudo igual.
A Unasul foi criada justamente pensando em situações como a que se está assistindo. Só que está demorando demais a se manifestar. Confiar cem por cento no espírito legalista das forças armadas venezuelanas será um erro igual ao de 2002.
Capriles, na noite de domingo, reuniu-se com militares. As manifestações de rua oposicionistas estão sendo armadas de novo. Os EUA estão tomando partido abertamente de novo. A Espanha, idem. É preciso dizer mais?
Os países aliados da Venezuela parecem ter se esquecido da velocidade do golpismo naquele país. Após o golpe, não adiantará nada se reunirem e darem declarações. Nesse ritmo, acontecerá exatamente o mesmo que em Honduras, quando a Unasul não serviu para nada.
O tempo urge. O golpe está em processo. Maduro até já disse isso.
Informações oficiais transmitidas pela rede estatal de televisão venezuelana Telesur aludem a choques violentos, tiroteios, incêndios de carros, casas e até a mortes. A imprensa brasileira não diz um A, está deliberadamente ocultando os fatos.
Na noite de domingo, eu disse no Twitter que temia o surto de violência que acabou ocorrendo. Os choques de oposicionistas com a polícia, os incêndios dos quais as imagens já se espalham, os tiroteios…
Nada disso é aceitável. Uma vitória por pequena margem não é motivo para a oposição venezuelana agir assim. Que vá batalhar nos tribunais, não nas ruas.
A Unasul deve agir de acordo à sua carta constitutiva. Os países filiados devem sustentar o regime venezuelano POR TODOS OS MEIOS PREVISTOS. O sangue que pode voltar a ser derramado será responsabilidade dos omissos.
Depois da Venezuela, quem será? Argentina? Bolívia? Equador? Brasil?
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Assista, abaixo, à batalha de Puente Llaguno.

AQUARTELADO, MADURO CRIA "COMANDO ANTIGOLPE"


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