Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

ATAQUE DO VALOR A LULA PROVA: 2018 JÁ COMEÇOU

 É preciso rememorar o que foi feito da Caixa Econômica Federal no governo do PSDB para se ter a dimensão dos riscos embutidos no atual projeto de abrir seu capital:o país perderá um banco público estratégico, de tamanho só inferior ao do BB e Itaú.


 Alexis Tsipras, candidato do Syriza, que lidera com 29% as pesquisas de intenção de voto nas eleições presidenciais gregas, defende um corte de 50% da dívida externa do país e propõe conferencia europeia sobre o tema; em 1953 um evento similar aliviou o débito da Alemanha, hoje algoz da Grécia.


 Dilma reitera o padrão de reajuste do salário mínimo e confirma a promessa solene na posse: 'Nenhum direito a menos, nenhum passo atrás'


 O Rubicão das nossas esperanças: no quarto mandato sucessivo do PT no país, Presidenta Dilma comandará aquele que será talvez o mais difícil Rubicão das forças progressistas brasileiras, sob pressões e desafios equivalentes aos enfrentados por Vargas e Jango


 Aquilo que nos devora: R$ 288 bilhões foram gastos com juros da dívida pública em 12 meses até novembro; valor equivale a 97% do déficit fiscal total do período.





quarta-feira, 13 de março de 2013

Crescem suspeitas sobre morte de Cháves; Venezuela abre inquérito


Nos dias que sucedem a morte de Hugo Chávez está sendo travada uma batalha retórica por todo o mundo em decorrência de declarações do governo venezuelano e de governos de países alinhados ao projeto “bolivariano” no sentido de que o ex-presidente pode ter sido alvo de “envenenamento” por parte de seus inimigos políticos ou, mais especificamente, dos Estados Unidos.
Do lado do governo da Venezuela e dos países aliados, a difusão da suspeita parece obedecer a um ritual bem calculado, como se existissem elementos mais do que simplesmente especulativos. Já pelo lado dos inimigos do governo Venezuelano, sobretudo por parte dos Estados Unidos, a estratégia tem sido a de tentar caracterizar como “loucura” dos adeptos do que chamam de “teoria conspiratória”.
Se for loucura, porém, está afetando gente que sabe muito bem o risco de se fazer uma acusação dessa monta sem maiores evidências. O presidente da Bolívia, Evo Morales, reiterou na última segunda-feira suas suspeitas em torno da morte de Chávez, que, segundo ele, teria sido assassinado por causa de sua oposição ao “império” e ao capitalismo.
Morales assegurou que Chávez ainda era muito jovem e, por isso, questionou: “Como pôde ter perdido tão rapidamente a vida? O império sabe como se infiltrar”, completou Morales, que lembrou que o próprio Fidel Castro já escapou de muitas tentativas de assassinato.
Apesar da tentativa do governo americano, de setores da mídia nacional e internacional e de militantes pró Estados Unidos em redes sociais da internet de ridicularizar a teoria e qualquer um que a leve a sério, os mais importantes meios de comunicação do Brasil e do mundo repercutiram, na última terça-feira, a abertura de inquérito na Venezuela para investigar a natureza do câncer que ceifou em um curto espaço de tempo a vida do líder venezuelano.
O presidente interino da Venezuela, Nicolás Maduro, disse que Chávez “Tinha a intuição desde o princípio” de que o câncer lhe fora inoculado e lembrou que os EUA “Tinham laboratórios científicos ensaiando como provocar cânceres” na década de 1940 e que “Após 70 anos, quanto não deve ter avançado esse tipo de laboratórios da maldade e da morte?”.
A teoria de que Chávez foi “envenenado”, apesar de uma campanha de desmoralização que vem sofrendo e na qual se vê uso de frases pré-elaboradas,  nas ruas de Caracas, como no Paseo de Los Próceres, onde fica a Academia Militar, local onde o corpo está sendo velado, há cartazes com dizeres como “Quem matou meu comandante?” e “Justiça”.
A ativista política estadunidense-venezuelana Eva Golinger, que vive em Nova Iorque e tem um programa de televisão num canal para a comunidade russa nos EUA, uniu-se aos adeptos da “teoria da conspiração”. Abaixo, vídeo em que, em bom espanhol, ela explica que evidências existiriam.
Já o escritor e historiador americano Willian Blum, autor de obras como Killing Hope: U.S. Military and CIA Interventions Since World War II e deRogue State: A Guide to the World’s Only Superpower , dentre outros, deu a seguinte declaração: “Pessoalmente, acredito que Hugo Chávez foi assassinado pelos Estados Unidos”.
Por telefone, fonte do governo venezuelano que não quer se identificar afirma que já existiriam “evidencias” de “inconformidades” no padrão da moléstia que matou Chávez, inclusive com laudos médicos feitos não apenas por cubanos ou venezuelanos e que afirmariam que o tumor em questão seria de um tipo “nunca visto”, com um poder de alastramento e uma resistência a tratamentos maior do que tudo que se viu até hoje.
“Teoria conspiratória” ou não, ela está hoje nos principais jornais e agências de notícias do Brasil e do mundo e os governos de Cuba e Venezuela não deram sinal algum de arrefecimento em veiculá-la. Pelo contrário, a retórica desses governos vem aumentando e ganhando adeptos entre aliados, ao ponto de ter sido aberta uma investigação formal.
Enquanto isso, em vários grandes jornais do Brasil parece ter baixado certa cautela, o que se explica pelo empenho com que o governo venezuelano e aliados têm difundido a tese. Este Blog, desde a primeira hora, com base em contatos que vem fazendo sugere aos que se apressam em negar o que antes de ser descartado precisa ser investigado, que também se acautelem.

terça-feira, 3 de julho de 2012

Lula e Civita: a solidariedade no câncer

 
Atualizado às 18:10
No Sirio, em tratamento, Lula soube que seu arquiinimigo, Roberto Civita, também estava internado, câncer na próstata, só que em situação bem mais grave. Assim que foi informado, decidiu visitá-lo, apesar da resistência de dona Marisa.
Desceram ao apartamento de Roberto Civita acompanhado do oncologista de Lula, Roberto Kalil. Civita se emocionou com a visita e pediu desculpas pelos ataques a Lula e ao filho. Lula lhe disse para não se emocionar muito para não atrapalhar o tratamento.
Kalil viu sinais de ironia no alerta de Lula. Quem o conhece, viu a solidariedade para com o próximo.
A visita foi para a pessoa de Roberto Civita. Mas em nada mudou o julgamento de Lula sobre o publisher Roberto Civita.
Desdobramentos
Algumas deduções e desdobramentos da notícia acima.
Ganha consistência o rumor de que João Roberto Marinho esteve na Casa Civil do governo Dilma, solicitando o empenho do governo para a não convocação de Roberto Civita pela CPI, devido à doença. Da Abril ele seria a única pessoa a poder responder pelos movimentos da Veja nos últimos anos. Nenhum executivo - com exceção de Fábio Barbosa - tem acesso às instâncias mais altas da República.
A notícia do agravamento da doença, além disso, lança nuvens de suspeita sobre o futuro da editora. Os herdeiros não demonstram pique para segurar o timão. Analista do mercado - com quem acabo de conversar agora - julga que se encerra o ciclo Civita na mídia brasileira, sem conseguir chegar até a terceira geração. Não significa o fim da Abril, mas, a médio prazo, dos Civita à frente do grupo.
Roberto recebeu uma editora sólida do pai e teve oportunidades de criar um império. A influência da mídia sobre o governo Sarney permitiu-lhe conquistar uma rede de TV a cabo, a TVA. Depois, com a BOL, foi o primeiro grupo de mídia a tentar explorar as possibilidades da Internet.
Na segunda metade dos anos 90, junto com Otávio Frias de Oliveira, tentou adquirir a Rede Bandeirantes. Na época, fiz uma espécie de meio campo entre ele, Frias e João Saad.
Gradativamente, o grupo foi fracassando em todas as frentes. A BOL acabou fundindo-se com a UOL - da Folha. Mais à frente, Civita foi engolido por Luiz Frias que, na primeira capitalização do grupo, adquiriu a participação da Abril. De um lado, Civita tentava reduzir o endividamento. De outro, julgava que na hora em que quisesse, o conteúdo do grupo permitiria montar uma nova UOL. Perdeu o bonde.
Mais tarde, também para reduzir a dívida, vendeu a TVA para o grupo Telefonica, matando sua última oportunidade de virar um grupo multimidia.
Finalmente, houve um processo de capitalização em que o sul-africano Nasper adquiriu 30% da Abril. Outros 20% ficaram com duas holdings de Delaware, cujo controle nunca foi revelado. Quando vendeu a TVA, provavelmente a Abril recomprou os 20% adicionais.
Alguns anos atrás, a Abril lançou a toalha do lado midiático. Civita passou a investir em educação, montando cursos apostilados e adquirindo editoras de livros didáticos. O poder de intimidação da Veja, as parcerias políticas permitiram avançar em algumas frentes.
Montou estratégias de ataques a concorrentes. Atacou um curso de Ribeirão Preto com informações mentirosas. Depois, apoiou-se em uma ONG recem aberta para ataques macartistas contra concorrentes. A aproximação com jornalistas de outros veículos fez com que, uma semana depois de conceder duas páginas ao livro de um deles, este publicasse em O Globo artigo criminalizando politicamente livro de história de editora concorrente.
Ainda há chão pela frente.
Mas a saga dos Civita, no Brasil, será conhecida por duas fases: a do velho Victor Civita com suas histórias em quadrinhos, suas coleções de livros de economia, filosofia e música, a ousadia em lançar Realidade, Quatro Rodas e Veja. E a era de Roberto Civita, que errou em todas suas estratégias e transformou a menina dos olhos da Abril - a revista Veja - no mais repelente modelo de jornalismo que o país jamais teve em toda sua história.


segunda-feira, 2 de julho de 2012

O simbolismo do câncer de Civita

Em situação normal, não haveria por que escrever sobre a notícia veiculada pelo blog de Luis Nassif de que o dono da revista Veja, Roberto Civita, está sofrendo de um mal que, nos últimos anos, tem feito a alegria de certos grupos políticos. Ser acometido por câncer não difere de ser atropelado, por exemplo. Pode acontecer a qualquer um.
Quem adoece tão gravemente, por certo experimenta um sofrimento adicional se a própria saúde se tornar objeto de especulações. Esse, porém, é preço que pagam pessoas públicas como Lula ou como o dono de império de comunicação que mais embates políticos tem travado com o ex-presidente.
Lula não foi a única pessoa pública a quem o câncer gerou onda de ataques rasteiros e virtualmente inumanos. Coincidentemente, uma sucessão de políticos de esquerda sul-americanos passou a sofrer de câncer e o mal que os acometeu se tornou objeto de regozijo de seus inimigos políticos, que chegaram a enxergar a doença como uma espécie de castigo divino.
O câncer de Civita é de direita ou de esquerda? Essa é a pergunta que vem à mente quando se lembra das centenas de milhares de comentários em redes sociais, em blogs, em portais e até no dia a dia, os quais clamavam para a doença levar logo aqueles políticos. E que pregavam que adoecer não lhes gerasse qualquer condescendência.
Condescendência deveria haver, até certo ponto. A mídia, por exemplo, deveria ser condescendente. Em se tratando de pessoas públicas, porém, isso não significa que devesse isentá-las de questionamentos de ordem legal sobre suas condutas.
Por exemplo: se houvesse um processo de investigação contra Lula ou Civita, é óbvio que não poderia ser interrompido por adoecerem. Se um dos dois fosse suspeito de algum crime, estar doente não poderia livrá-lo de um indiciamento, assim como não acontece com tantos que estão presos e são acometidos por doenças terminais.
Todavia, os comentários feitos contra Lula, Dilma Rousseff, Hugo Chávez, Fernando Lugo e Cristina Kirchner nos anos recentes atribuíam seu adoecimento a uma espécie de justiça divina que, obviamente, essas pessoas não enxergam agora no fato de o maior algoz desses políticos, no que tange à exploração de seus estados de saúde, ser vitimado pelo mal que usou como arma política ao permitir que seus funcionários estimulassem a vilania do público.
O principal motor da onda de burrice e de mau-caratismo que se levantou desde que o primeiro desses líderes políticos adoeceu foi o colunista da Veja Reinaldo Azevedo. Durante muito tempo, estimulou a insensibilidade de seus leitores para com a doença que se abateu sobre os desafetos políticos do patrão. E Civita não o conteve.
Mas e sobre o simbolismo do câncer de Civita? Ser vitimado pela doença que serviu aos seus propósitos políticos não significa nada?
Em termos. Definitivamente, não é um castigo por ter estimulado a hipótese de que o mal que ora o acomete fora um “castigo divino” aos seus desafetos políticos quando sobre eles se abateu. A teoria de que fatalidades constituem “castigo”, porém, é muito popular entre os pobres de espírito.
Entretanto, o adoecimento do homem que fez do câncer uma arma contra seus inimigos encerra, sim, um simbolismo que jamais existiu para os alvos de sua falta de limites. Mostra o risco de comemorar a desgraça alheia. Mostra que tripudiar sobre um adversário fragilizado pela condição humana é tripudiar contra si mesmo, pois todos somos humanos.
Escrever sobre o câncer de Civita, então, não é tripudiar? Não é não. Pelo contrário: não se está comemorando um fato triste; está sendo feita uma exortação aos que comemoraram quando Lula ou Dilma adoeceram a que se lembrem de que, sendo humanos, não devemos comemorar as fragilidades de uma espécie a que todos pertencemos.
De resto, o estado de saúde de Civita deve ser levado em conta pela Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga as relações do bicheiro Carlinhos Cachoeira com o setor público e o privado.
Em primeiro lugar, uma eventual convocação do dono da Veja só deveria ocorrer em última instância, se for absolutamente imprescindível. Em segundo lugar, os ataques públicos de membros da CPI e de parlamentares ao empresário deveriam ser repensados, pois não acrescentam nada e desrespeitam alguém que vive um drama terrível.
O que se propõe não é condescendência legal, mas política. A crítica fácil faz parte da política, mas não dos processos legais de investigação e de eventual punição. Quem se horrorizou com a falta de respeito aos dramas dos políticos de esquerda agora deve dar exemplo respeitando o drama de Civita. Ninguém sabe como será o dia de amanhã.

*Desemprego na Europa atinge mais de 17,5 milhões de pessoas (11% da população)** candidato conservador do PRI, Peña Nieto, vence López Obrador por uma diferença des 4 pontos (37% a 33%); governará o México pelos próximos seis anos**na capital,porém, a vitória da esquerda foi arrasadora: a vantagem do PRD , de Obrador, na Cidade do México, chega a 40 pontos **em Chiapas a direita vence com um candidato 'verde', do PRI.
 
MÉXICO REBELDE: OS HERDEIROS DE ZAPATAMilhares de jovens mexicanos tomaram cidade do México na noite de sábado,véspera da eleição. Em vigília silenciosa, acenderam uma vela pela democracia dirigindo-se ao prédio da Televisa,   (http://www.guardian.co.uk/media/2012/jun/26/escandalo-medios-televisa-candidato-pri), protegido por tropas policiais. A simbologia do ato reflete a principal novidade da eleição que decide a sucessão de Felipe Calderón. Independente do resultado das urnas, a rebelião da juventude mexicana contra a manipulação midiática   sugere a emergência de uma cidadania que não aceita mais ser tutelada em seu discernimento nem fraudada no seu voto. Direto do México, Eduardo Febbro, ouviu  integrantes desse sopro de ar fresco no viciado sistema político local. O movimento criou um canal próprio de TV para cobrir o pleito e discutir temas da campanha com os candidatos e com os eleitores, o canal 131. "Nosso movimento partiu de um vídeo feito por 131 alunos da Universidade Iberoamericana. Só quisemos dizer: "quero usar meu direito de resposta, não preciso (mais) enviar uma carta aos editores. A democratização dos meios de comunicação vai muito além desta conjuntura eleitoral. O problema central no México não está no fato de que os meios de comunicação e o poder político sejam cúmplices, mas sim que são a mesma coisa. Por isso, não temos uma democracia real. " (leia a reportagem nesta pág)

Uso propagandístico de pesquisas marcou campanha no México
 
 

segunda-feira, 19 de março de 2012

Respeito que negam a Lula sobra entre o povo e ficará na história

Ah, injustiça, velha decrépita, cínica, de boca desdentada, língua afiada e olhar míope. Acredita-se exuberante, esguia, vigorosa, sábia e imortal, mas é disforme, obesa, frágil como um castelo de areia, incapaz de se entender e fugaz como a vida de seus profetas.
Coleciona certos inimigos poderosos, outros nem tanto, mas todos eternos e infatigáveis. O tempo e a espada da verdade estarão eternamente sobre a sua cabeça, assim como aqueles que não a toleram jamais lhe deixarão os calcanhares.
Jamais se move por moto próprio, tendo que ser empurrada, mesmo sendo por um preposto do autor. E quantos se acotovelam a querer a preposição do injusto…
Leio um entre essa chuva de textos que inundam a comunicação todos os dias para tentar, como por mágica, desfazer a realidade. Não há dia em que um escriba não trate com abissal desrespeito aquele que, por mérito intransferível, ganhou o coração do povo e o panteão da história.
Esses escribas tratam-no como a um criminoso. Não fazem nenhuma concessão à sua exitosa passagem pelo governo da República, não lhe admitem um só mérito, negam-lhe o mínimo respeito.
O pobre diabo que escreveu o texto revoltante por certo será esquecido dez minutos após o passamento, à exceção de amigos e parentes. Mas se refere àquele que se tornou a uma lenda como se não lhe chegasse aos pés. Talvez por acreditar que um homem seja menos do que outro.
Eis que a indignação arrefece. Lembrar aos profetas da injustiça que nada furtam além da própria oportunidade de terminar os dias ombreados à justiça e à verdade é um bálsamo para a alma. Escrevi estas linhas em causa própria. Refeito, agradeço a atenção.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Imprensa sul-americana sugere que Lula e Chávez são suicidas


No último fim de semana, as imprensas de Brasil e Venezuela – ambas de oposição aos governos desses países – empreenderam ataques idênticos aos dois maiores líderes políticos sul-americanos: Luiz Inácio Lula da Silva e Hugo Chávez Frías. As armas usadas foram os cânceres que acometem a ambos.
Matérias veiculadas pelos jornais Folha de São Paulo e El Universal na internet acusaram os dois políticos de estarem adotando comportamentos virtualmente suicidas para obterem lucro político.
No caso de Lula, a matéria sugere que estaria prejudicando a própria saúde ao “impor ritmo político ao seu tratamento contra o câncer”, o que seria uma conduta suicida. Impor ritmo significa submeter a freqüência das sessões de quimioterapia ou de radioterapia à agenda política, o que obviamente é um absurdo.
Já no caso de Chávez, a imprensa vai ainda mais longe. Matéria publicada no fim de semana pelo jornalista venezuelano Nelson Bocaranda afirma que devido ao presidente não ter interrompido suas atividades políticas sua doença se agravou e ele já teria até deixado o país para se tratar em Cuba durante os meses de vida que lhe restam.
Os ataques das imprensas brasileira e venezuelana, porém, diferem na motivação. A primeira está fazendo picuinha por sentir-se esbofeteada pela homenagem que a escola de samba Gaviões da Fiel fez ao ex-presidente; a segunda, tenta convencer o povo a não votar em um candidato moribundo na eleição presidencial deste ano.
O ódio realmente turva a visão e obriga os que por ele são movidos a cometerem erros brutalmente estúpidos. Ou será que o povo não é capaz de refletir que alguém que sacrifica a própria saúde por uma causa é, antes de tudo, um idealista?
Resta a similitude de métodos. O uso pela imprensa sul-americana da doença que acomete Lula e Chávez comprova a existência de uma articulação conservadora transnacional que deveria conduzir à reflexão sobre a localização de seu epicentro caso todos não estivessem carecas de saber onde fica.
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Leia, abaixo, o que disse o presidente da Assembléia Nacional Venezuelana, Diosdado Cabello, sobre matéria que saiu na imprensa do país no fim de semana dizendo que a saúde de Chávez se agravou e que ele estaria em Cuba entre a vida e a morte.

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Em vídeo, Chávez desmente notícias do fim de semana sobre ter sido operado às pressas em Cuba e dá detalhes de seu tratamento.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

2011/2012: AQUILO QUE NOS DEVORA


*"É muito, muito, muito estranho... É um pouco difícil de explicar isso, inclusive pelas leis de probabilidades" **Hugo Chávez, sobre os casos sucessivos de câncer que vitimaram, em dois anos, Fidel, Lugo, ele próprio, Lula, Dilma e, agora, Cristina.Chavez recomendou cuidado a Evo.
Em 12 meses até novembro,  R$ 137,6 bilhões em receitas fiscais foram desviados de projetos prementes na área social e de infraestrutura e canalizados ao pagamento de juros da dívida pública brasileira. O valor equivale a 3,34% do PIB previsto para 2011. Mas não é tudo; a despesa efetiva com os rentistas é bem maior. A economia feita pelas três esferas de governo até agora, mais as estatais, cobre apenas uma parte do serviço devido, da ordem de R$ 240 bilhões este ano, sendo a outra incorporada ao saldo principal, elevando-o. Em 2011, essa 'capitalização' (deles)  acrescentará outros R$ 110 bilhões à dívida, somando-se assim um total da ordem  5,6% do PIB em juros. Consolida-se  assim um caso clássico de Estado capturado pela lógica da servidão rentista na qual quanto mais se paga, mais se deve. Em dezembro de 2009 a dívida interna pública era de R$ 1,39 trilhão; em dezembro de 2010 havia saltado para R$ 1,6 trilhão; em 2011 deve passar de  R$ 1,8 trilhão (bateu em R$ 1,75 trilhão em novembro). De janeiro a novembro ela cresceu R$ 148,67 bilhões. Valor este R$ 53,5 bilhões superior ao total dos investimentos realizados no período pela União (R$ 32,2  bi)  e pelo conjunto das 73 estatais brasileiras (R$ 72,2 bi), que a propósito cortaram em R$ 16,5 bilhões seus projetos este ano em relação a 2010. É tristemente forçoso lembrar que enquanto a despesa com os rentistas esfarela 5,6% do PIB em juros, o orçamento federal em saúde é da ordem de 3,5% do PIB, com as consequências vistas e sabidas. E o valor aplicado numa área crucial como a educação gira em torno de 5% do PIB. Discute-se calorosamente elevar esse percentual para 7% ou 8%... em uma década. A distancia em relação ao naufrágio europeu permite enxergar melhor o absurdo que consiste em trilhar uma rota que coloca o Estado e a sociedade a serviço das finanças e não o contrário. Sem uma política corajosa de corte na ração rentista o Brasil  cruzará décadas apagando incêndios no combate à miséria e às deficiências de   infraestrutura. É melhor que a regressividade demotucana. Mas insuficiente para embalar a travessia histórica de um país injusto e subdesenvolvido para uma Nação rica,compartilhada com a sua gente

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

*impossível não estranhar: desde 2010, câncer atingiu Fidel, Lugo, Chávez, Dilma, Lula e, agora, Cristina Kirchner**

como se constrói uma recessão: direita inicia governo na Espanha congelando salário mínimo** desde 2002, custo de vida espanhol subiu 31% e o reajuste médio dos salários foi de 16%** BCE empresta 511 bi de euros, a 1% de juro, à banca privada européia, que deposita 411 bi de euros no próprio BCE para receber juros de 0,25% ** incerteza explica opção pelo prejuízo, a emprestar ao mercado ou adquirir títulos públicos mais rentáveis.   2011/2012:  O EMPREGO E O ERRO DOS 'ENGOMADINHOS' 
"... se você pegar a experiência do pós-guerra nos países desenvolvidos vai ver que a carga tributária subiu, o gasto público subiu, de modo a aumentar a participação da população desempregada, de modo a absorvê-la. Juntando seus efeitos diretos e indiretos, foi o Estado que criou emprego no pós-guerra,tanto na Europa como nos Estados Unidos. Isso é inequívoco,os estudos da OCDE e qualquer estudo benfeito mostram. O setor privado não vai criar emprego (...) Se o Estado não cuidar dessa questão, não é o setor privado que vai cuidar, esqueça. Então devemos ter uma política de emprego, e é por isso que eu falo do desenvolvimento cultural. O governo brasileiro terá que criar emprego não só cultural, mas nas áreas ditas sociais, educação e saúde. Essa é a cara que vai assumir, no futuro, o emprego no mundo. É na contramão do que os ingleses estão querendo fazer ao desestruturarem o National Health Service, ao reduzirem empregos. Esse David Cameron é um engomadinho louco, ele vai levar um contravapor na Inglaterra, já que está destruindo todas as relações sociais que foram construídas na base do Estado do bem-estar social inglês. O mesmo com o Sarkozy. Em Portugal, então, é inacreditável, na Grécia idem. Mas o povão está indo para a rua " (Luiz Gonzaga Belluzzo; entrevista ao Centro Celso Furtado')

PT aproxima-se de jornais regionais, que crescem com verba federal

Frente à oposição sistemática dos grandes jornais desde o governo Lula, petistas buscam esvaziar poder inimigo estimulando avanço de periódicos regionais. Beneficiados como nunca por verbas publicitárias oficiais, jornais do interior realizam primeiro congresso nacional e defendem democratização da mídia pregada pelo PT.

BRASÍLIA - Na luta para democratizar a comunicação no país, o que na prática significa tentar esvaziar o poder de fogo dos veículos tradicionais, tidos como adversários políticos, o PT tem ajudado a dar visibilidade e apoio aos jornais regionais, aqueles de porte e alcance menor.

No início de dezembro, a Associação dos Diários dos Interiores (ADI) realizou seu primeiro congresso nacional, no início de dezembro, e contou com a presença de diversos petistas a prestigiar o evento.

A presidente da ADI, Margareth Codraiz Freire, vê com bons olhos o plano petista de aproveitar as eleições municipais para estimular a consolidação de uma imprensa mais plural, fora do eixo Rio-São Paulo. “Desde o governo Lula, o PT já vem operando a democratização da mídia, ao deixar de concentrar os recursos publicitários naqueles poucos jornais que se consideram grandes”, afirma.

A regionalização da verba publicitária do governo federal explodiu na última década, especialmente a partir no segundo mandato do ex-presidente Lula. de 2000 a 2010, o número de veículos de comunicação atendidos com verba oficial subiu de de 500 para 8 mil.

A presidenta Dilma Rousseff manteve essa política e, em 2011, mais de 230 veículos novos passaram a fazer parte da lista de pagamentos publicitários dos órgãos oficiais. Apenas jornais, são 2,3 mil.

Segundo Margareth, há jornais regionais que, no lugar onde circulam, têm muito mais importância na condução da opinião pública do que os três grandes jornais nacionais. “A tiragem dos jornais regionais é maior e eles penetram em locais onde os grandes não chegam”, esclarece ela.

Hoje, no interior do Brasil, há 380 jornais diários que, juntos, mantêm uma tiragem de mais de 20 milhões de exemplares. “Não é algo que um governo possa desconsiderar. E a mesma lógica vale parar rádios, sites, blogs e revistas”, acrescenta ela.

Margareth lembra que, antes do governo Lula, os jornais do interior, assim como rádios e sites, jamais receberam verbas publicitárias do governo federal. Vivam, principalmente, de anúncios do mercado privado. Agora, na gestão Dilma, essa participação foi ampliada. “Ainda assim, é ínfima. A participação do governo federal chega, no máximo, a 1,5% do faturamento líquido de alguns jornais”, contabiliza.

Leia Mais:

Regionalização da publicidade avança com Dilma, mas desacelera
Regionalização da verba publicitária federal explode em uma década


Eleições 2012 serão palanque para PT pregar novo marco da mídia

Petistas querem aproveitar campanhas municipais para esprair e enraizar pelo país debate sobre democratização da comunicação. Segundo resolução do Diretório Nacional, candidatos devem levantem bandeira e colocá-la em suas plataformas. Ação aumentará pressão para governo fechar novo marco regulatório da radiodifusão.

BRASÍLIA - A necessidade de o Brasil democratizar seus meios de comunicação é um tema que estará no centro dos debates políticos nas eleições de 2012. No ano em que a imprensa derrubou um número recorde de ministros com acusações nem sempre comprovadas, e ao mesmo tempo silenciou sobre o livro-denúncia A Privataria Tucana, o PT decidiu usar as campanhas para prefeito em 2012 para colocar sua estrutura partidária a serviço da luta pela democratização da mídia.

Em resolução do Diretório Nacional aprovada no início de dezembro, durante encontro em Belo Horizonte (MG), o PT prega que seus candidatos e filiados aproveitem a eleição para defender um novo marco regulatório para emissoras de rádio e TV, em estudo no governo federal desde o fim da gestão Lula.

“Isso significa incluir a comunicação nas plataformas eleitorais, estimular candidaturas que levantem esta bandeira e se identifiquem com este movimento, articular a luta eleitoral com a luta social em torno deste movimento ao longo da campanha, assumir compromissos explícitos no âmbito municipal”, diz o documento.

Na resolução, a cúpula petista apresenta um roteiro para ser seguido pelos filiados neste assunto durante a campanha. Diretórios regionais e municipais devem mobilizar dirigentes, militantes, simpatizantes, parlamentares e gestores públicos (governadores, prefeitos, secretários, dentre outros). E recorrer a seus próprios instrumentos de comunicação, como sites, boletins, redes sociais e blogs.

O documento propõe, ainda, que o partido estimule a realização de seminários municipais e regionais para discutir o tema e apoie a criação de conselhos regionais de comunicação.

Ações parlamentares
Os petistas querem aproveitar as eleições para enraizar os debates sobre democratização da mídia, mas sem descuidar das ações parlamentares. A resolução determina que congressistas do PT cobrem da direção do Senado a volta do Conselho Comunicação Social.

Previsto na Constituição e criado por lei de 1991, o órgão deveria servir como espaço de debates sobre todo o capítulo constitucional que trata da Comunicação Social. Mas foi implementado pela primeira vez apenas em 2002 e só funcionou de fato por quatro anos. Há cinco, se encontra desativado.

Ainda no parlamento, a resolução determina o apoio às diferentes frentes pela democratização da comunicação, em especial, a Frente Parlamentar pela Liberdade de Expressão e o Direito à Comunicação com Participação Popular, liderada pelos deputados Luiza Erundina (PSB-SP) e Emiliano José (PT-BA). E a projetos de lei que versam sobre o assunto.

O documento recomenda apoio também as inúmeras frentes estaduais e municipais já instituídas, além do estímulo a criação nos locais em que ainda não existem.

Pressão no governo
A resolução não foi o único movimento petista no sentido de tentar criar um clima político favorável – ou no mínimo neutro – à discussão da democratização da mídia. Em setembro, o partido realizou o IV Congresso Nacional de seus 31 anos, e aprovou documento específico sobre a democratização da mídia.

Em novembro, o partido também promoveu um seminário nacional para discutir o assunto, nos moldes do que propõe que seus filiados façam em âmbito local, durante a campanha municipal de 2012.

O objeto da cobiça petista é uma proposta de novo marco regulatório para emissoras de rádio e TV. Apesar de o texto estar em elaboração em um ministério que tem um petista à frente, Paulo Bernardo, das Comunicações, passou 2011 inteiro sob análise. O governo deve colocar a proposta em consulta pública em 2012, antes de fechá-la.

O projeto vai alterar não apenas o Código Brasileiro de Telecomunicações, que em 2012 vai completar 50 anos, como também a Lei Geral das Telecomunicações, que vai para os 15 anos. Segundo os petistas, ambas estão defasadas depois da revolução proporcionada pela internet.

Leia Mais:

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terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Nirlando identifica o(a)s coveiro(a)s de Lula


Enquanto Lula enfrenta o câncer publicamente, cientistas políticos de fachada ruminam um mal disfarçado gozo doentio. Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula


Saiu no site da Carta Capital excelente artigo de Nirlando Beirão (clique aqui para ler “O que aconteceria ao Sirio se fosse francês “) :



Transparência e mau-olhado


A se tomar cultura no sentido amplo que lhe dão os antropólogos – o conjunto de representações simbólicas com as quais se identifica determinado grupo – o câncer do Lula é o acontecimento cultural do Brasil em 2011. Nunca antes neste País uma doença teve o condão de revelar tantos significados emblemáticos e tantas patologias sociais.


Subjacente ao drama pessoal do ex-torneiro mecânico tornado presidente da República reavivam-se crendices, mitos, a mesma intolerância, a mesma intransigência que vêm espreitando cada ato da longa trajetória política de Lula, fazendo borbulhar no caldeirão das mentalidades, elas, sim, -doentias, um vingativo contentamento – como se, da mesma forma como ocorre em certos crimes hediondos, a culpa pudesse ser da vítima.


Foi, aliás, nas vizinhanças do Dia das Bruxas que se divulgou a novidade – “uma bomba”, reagiu uma delas, ruminando mal disfarçado gozo, bruxa radiofônica a bordo de sua fachada de “cientista política”. Indiferente mais uma vez aos efeitos da mandinga e do mau-olhado, Lula decidiu agir com transparência: convenceu a equipe médica, naquele mesmo dia 29 de outubro, de que não havia porque sonegar a informação ao País e instruiu o Hospital Sírio-Libanês a divulgar um boletim relatando a verdadeira natureza de sua doença, um tumor maligno na laringe.


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A partir daí, vive o paciente à mercê de um penoso tratamento e de uma natural incerteza, enquanto divide-se a nação entre o susto, a perplexidade, a compaixão, mas também a raiva, o desprezo, o ressentimento, requentados agora pela reconfortante sensação de que, se o adversário é invulnerável na política, há de ser frágil na vida. Atribui-se ao escritor Otto Lara Resende a frase de que o mineiro só é solidário no câncer. No que diz respeito ao mais admirado líder político do País em todos os tempos, há patrícios seus que paradoxalmente nem nesse caso lhe são simpáticos.


Noticiada a doença, assistiu-se de cara a um denso “Momento Sigmund Freud” por parte daquelas tias de Brasília, muito poderosas, as quais sempre fizeram do ofício de informar o exercício impenitente do vodu contra o tosco metalúrgico arvorado em prócer político. Por um minuto, devem ter saboreado a exultante certeza de que suas novenas fervorosas não foram em vão. Uma delas chegou a aventar, feliz da vida, a ironia de Lula, o tribuno, o orador, o incurável falador, ser atacado exatamente no gogó. Se o ex-presidente é mestre por convencer pela palavra, que ele, então, em castigo dos céus, pague pela língua (a tia deixou nas entrelinhas o arfar de -donzela -injuriada).


Propagou-se a partir daí o tremendo festival de subpsicanálise de auditório, reiterando a crença de que o câncer do Lula, ainda que não seja um recado dos deuses, é uma punição terrena. “Não é surpresa”, balbuciou a comentarista Lúcia Hippolito, da CBN (leia-se das Organizações Globo). “Não é surpresa, tendo em vista o abuso da fala do presidente que jamais teve um exercício de fonoaudiologia, de nada disso, e ‘tava no palanque todo santo dia’, tabagismo, alcoolismo…” Agindo como bedel de colégio interno, a comentarista acrescenta uma interessante avaliação sobre a qualidade da voz de Lula (roufenha), deixando claro que, a depender dela, já teria compulsoriamente cassado aquele desagradável timbre antes mesmo do câncer.


Nem as mais rasteiras manifestações de pensamento mágico por parte dos pigmeus da Botsuana haveria de se comparar, em mediocridade, ao debate nacional sobre Lula e seu mal. Correu por aí, no bojo dos palpites palavrosos, o mito de que o câncer tem causa psicossomática. A ciência moderna repudia isso como uma rematada besteira. Câncer é uma transformação maligna na célula que nada tem a ver com o estado de espírito da vítima. Existe, sim, um fator socioambiental a interferir na dialética saúde-doença, mas daí a estabelecer uma correlação entre a pororoca vernacular do Lula e seu tumor maligno já é ir longe demais no atoleiro pseudocientífico.


Faz lembrar – desculpe a digressão – a teoria que o delirante Wilhelm Reich erigiu em torno de seu antigo mentor, Sigmund Freud, quando o mestre da psicanálise caiu vítima de um câncer na garganta. A tese de Reich era mais ou menos essa: para fazer da psicanálise uma disciplina socialmente aceita, para retirar dela toda aspereza revolucionária, de desafio ao status quo, depurando, por exemplo, o que ela trazia de mais inquietante no quesito sexualidade, Freud teve de negociar, de acochambrar, de engolir muito sapo. Consequência: câncer entalado na goela. Esqueceu-se Reich do detalhe banal de Freud ter fumado, a vida toda, 20 charutos mata-ratos por dia. Inclusive enquanto assistia seus pacientes no divã.


Repetindo: no caso de Lula, tratam-se de meros subterfúgios em torno da mesquinha desforra ao estilo “bem feito!”. Uma variação aggiornata de antiquíssimos rancores contra o operário quando ele se aprumava em terno e gravata e contra o mandatário que, na condução da sexta maior economia do mundo por oito anos, ousou comprar um jato à altura do seu cargo, de sua liderança e do seu País. Torciam, no íntimo, para Lula se esborrachar no solo com o avião decrépito. Ao se evidenciar a má fé, passaram a sugerir que o Boeing seria mero capricho pessoal, como se, ao deixar a Presidência, Lula fosse taxiar o “Aero Lula” na garagem de seu prédio em São Bernardo.


Os eleitos do privilégio jamais se conformaram ao ver o nordestino sans lettres et sans coulotte invadir o cenáculo dos bien nés. Pior: magoou a eles o sucesso internacional da criatura. Coube-lhes, sempre, a reação do deboche. Acionam, agora, de novo, insensíveis a qualquer arroubo de humanidade, a artilharia do escárnio. Pois o impenitente ídolo da senzala cometeu o desatino de buscar, na Casa Grande, os recursos clínicos e tecnológicos para a cura. Internou-se num hospital de excelência: o Sírio-Libanês, de São Paulo. Paga as contas com seu dinheiro – e seu seguro de saúde. Como teria direito qualquer ser humano. Mas tem gente que sequer concede ao Lula o direito de se sentir um ser humano.


O esgoto foi destampado nas redes sociais. Entre os anônimos que festejaram abertamente a enfermidade e outros que chegaram a sugerir que se tratava de uma farsa para induzir à comiseração alheia, trafegou a incessante pergunta: por que é que Lula não optou por se tratar na vala comum do Serviço Único de Saúde, o SUS? Por que é que o otimista porta-voz das recentes conquistas sociais da nação, recorre, quando necessitado de assistência médica, a um serviço privado de saúde?


O rastilho da cobrança se alastrou: por que Lula não entrou na fila, como o zé-povinho? Espalhou-se a reclamação, reiteradamente, do pundit Elio Gaspari à tuiteira Luana Piovani. Os ranzizas light aliviaram: não que Lula não mereça os melhores cuidados, absolutamente não, mas ele deveria dar o exemplo. “Não que ele esteja moralmente obrigado a tanto”, escreveu um fanático do antilulismo. Mas já que ele fala tanto em povo e elite, “não se lhe está desejando mal nenhum, mas se cobrando coerência”.


O webfenômeno Lula-no-SUS comporta preconceito – duplo, triplo, múltiplo – e ignorância. Saúde de qualidade, só para os privilegiados, defendem os falsos arquitetos da simetria social. O Sapo Barbudo que pague o preço de ter se candidatado a mudar a situação e de fazer sonhar os pobres. Não é difícil calcular que 99% das pessoas que queiram remeter Lula para o sistema público de saúde não tenham a menor noção de como ele funciona, não façam a menor questão de entendê-lo e, lá no fundo, estejam olimpicamente se lixando para os pobres diabos que recorrem a ele. Dane-se o SUS.


Vozes de bom senso trataram de fazer o necessário contraponto. O ex-presidente FHC viu nas reações anti-Lula o ranço de elitismo. Na mesma linha alertou, isento de qualquer suspeita de parcialidade, o deputado Marcus Pestana, do PSDB de Minas Gerais. “Sempre me incomodaram visões desinformadas e preconceituosas que faziam uma associação superficial e imediata entre SUS e caos”, escreveu Pestana para o jornal O Tempo. “Recente pesquisa do Ipea mostrou que a avaliação positiva dos que utilizam os serviços do SUS é três vezes superior a daqueles que possuem saúde complementar e, portanto, têm uma visão externa e municiada por narrativas que distorcem a realidade.”


Lula encara hoje a realidade de um mal agudo – se bem que curável. Submeteu-se, sorridente, sob os doces cuidados de dona Marisa, ao sacrifício da barba e dos cabelos. Dá para imaginar o que sentiu ao se desfazer do adereço facial que lhe constituiu a mística. Muito do vigor combativo do Lula do passado se exprimia simbolicamente nos fios revoltos de sua barba. Ao se aproximar do poder, Lula pacificou-os, numa arquitetura que reiterava o candidato à concórdia e à cordialidade, como se fosse um político da República Velha. O que era rebeldia passou a sinalizar sabedoria.


Ao se olhar hoje no espelho, Lula há de estranhar. É difícil reencontrar-se com uma criatura que, de repente é você e também não é. Mas a batalha de agora consola o sacrifício.