Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

CERVERÓ DESDIZ O QUE DISSE SOBRE LULA. E AGORA?

quinta-feira, 5 de março de 2015

Jornal Valor desmente que Dilma esteja na lista de Janot como Aécio

Aécio 3

Nesta quinta-feira 5, jornais como Folha e Estadão igualaram Dilma Rousseff e Aécio Neves afirmando que ambos figurariam na lista de 54 nomes remetida ao Supremo Tribunal Federal pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, mas ressaltando que o PGR teria recomendado ao STF que não processe nenhum dos dois.

Confira, abaixo, reportagem da Folha de 5 de março de 2015, divulgada na internet por volta das 3 horas da manhã, e, depois de um comentário do Blog, matéria do jornal Valor Econômico da mesma data, porém divulgado no site do veículo às 11 horas e 15 minutos.

Folha 1



O que importa nessa matéria da Folha é, basicamente, o primeiro parágrafo. O jornal diz que “O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, recomendou ao Supremo Tribunal Federal que não abra investigações sobre a presidente Dilma Rousseff e seu adversário nas eleições de 2014, o senador Aécio Neves (…)” (sic). Guarde bem essa informação, leitor.

Leia, agora, matéria do jornal Valor Econômico, que, também no primeiro parágrafo, diz o contrário da Folha.

Folha 2

É muito grave. Jornais como Folha e Estadão dizem que os nomes de Dilma e Aécio figuram na lista de 54 nomes que Janot encaminhou ao STF, mas que o PGR pediu arquivamento do caso de ambos. O jornal Valor diz o contrário, que o nome de Dilma não figura nessa lista e, portanto, o PGR não pediu arquivamento de processo contra ela como fez para Aécio.

Segundo o Valor, o PGR pediu arquivamento de processo contra sete pessoas. Segundo informações fartamente veiculadas pela imprensa, uma das pessoas para as quais Janot pediu arquivamento é Aécio. Porém, segundo o mesmo Valor, Dilma não é uma das sete pessoas porque não figura na lista.

Segundo o conjunto da imprensa está informando, nesta sexta-feira 6 o STF irá divulgar os 54 nomes que figuram na lista do procurador-geral da República. Aí o público saberá quem tem razão, se o Valor ou os outros jornais. Caso Dilma não figure na lista, haverá desmentido em destaque igual à informação veiculada incorretamente?
Este Blog vai esperar sentado.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

ATAQUE DO VALOR A LULA PROVA: 2018 JÁ COMEÇOU

 É preciso rememorar o que foi feito da Caixa Econômica Federal no governo do PSDB para se ter a dimensão dos riscos embutidos no atual projeto de abrir seu capital:o país perderá um banco público estratégico, de tamanho só inferior ao do BB e Itaú.


 Alexis Tsipras, candidato do Syriza, que lidera com 29% as pesquisas de intenção de voto nas eleições presidenciais gregas, defende um corte de 50% da dívida externa do país e propõe conferencia europeia sobre o tema; em 1953 um evento similar aliviou o débito da Alemanha, hoje algoz da Grécia.


 Dilma reitera o padrão de reajuste do salário mínimo e confirma a promessa solene na posse: 'Nenhum direito a menos, nenhum passo atrás'


 O Rubicão das nossas esperanças: no quarto mandato sucessivo do PT no país, Presidenta Dilma comandará aquele que será talvez o mais difícil Rubicão das forças progressistas brasileiras, sob pressões e desafios equivalentes aos enfrentados por Vargas e Jango


 Aquilo que nos devora: R$ 288 bilhões foram gastos com juros da dívida pública em 12 meses até novembro; valor equivale a 97% do déficit fiscal total do período.





quarta-feira, 15 de outubro de 2014

O vazamento de uma pesquisa que nem tinha sido foi feita

DATAFOLHA3

Até tu, Valor Econômico?

Do viomundo.

por Roberto Vasques* e Felippe Ramos**

Às 14h desse 14 de outubro, os fatos pareciam não deixar dúvida: o jornal Valor Econômico havia aderido à campanha de Aécio. Ou não? Vamos aos fatos.

Com direito a manchete em sua página de internet e retuitada ao instante, a matéria “Rumores eleitorais tornam a rondar mercados; Bovespa e dólar sobem”, do jornal Valor Econômico (cujos donos, cabe lembrar, são Grupo Folha e Organizações Globo, com cotas iguais de 50%) anunciava um “rumor” que teria impactado no ânimo dos “mercados” e justificaria a subida repentina do dólar e da Bovespa no final da manhã desta quarta-feira: Aécio apareceria 8 pontos na frente de Dilma na pesquisa do Datafolha (cujo único dona é o Grupo Folha) com resultado previsto para ser anunciado na quinta-feira, 15 de outubro.

Qual seria o espanto? O fato da pesquisa ter sido contratada em parceria justamente pela Folha da Manhã e a Rede Globo?

Não, a endogamia total entre Folha e Globo não é o problema em questão. Muito menos o fato de Globo e Folha, contra todas as evidências (ai está o manchetômetro da UERJ), não assumirem suas predileções políticas – embora nesse caso nos pareceria mais honesto e republicano se seguissem o modelo de grande parte dos órgãos de imprensa internacional e assumissem em editorial sua posição política, uma vez que ela existe e é mais ou menos clara.

O leitor já cansado desta prosa nos perguntaria ansioso? Afinal, qual o incômodo?

Ora, uma rápida busca no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) esclarece a questão: segundo o Tribunal, a referida pesquisa do Datafolha (protocolo no TSE número BR-01098/2014), encomendada por Folha e Globo, tem prevista a realização das entrevistas e tratamento dos dados para os dias 14 e 15 de outubro, com a publicação dos resultados, como de costume, no Jornal Nacional, na noite do próprio dia 15.

Fonte: http://pesqele.tse.jus.br/pesqele/publico/pesquisa/Pesquisa/visualizacaoPublica.action?id=28424

Ora, como foi possível “vazar” para os “mercados”, na hora do almoço do dia 14, uma pesquisa ainda a ser realizada ao longo dos dias 14 e 15?

É difícil imaginar que tivesse havido tempo hábil para o Datafolha realizar as previstas 9260 entrevistas (ao menos parte relevante delas) ao longo de uma manhã, processar os dados, chegar a algum resultado parcial e que os mesmos supostamente tivessem sido “soprados” aos mercadeiros de plantão.

Ou será que estamos tão por fora da dinâmica do trabalho de pesquisa que o Datafolha já no final da manhã do primeiro dia (em cerca de 4h) tem boa parte de sua amostra realizada e tratada e passível de ser alvo de um vazamento?

Ainda que o diretor do Datafolha afirmasse que tecnicamente é possível chegar a essas conclusões em uma manhã, seria o caso de ganhar tanto destaque (manchete e twitter) justamente em um órgão de imprensa, o  

Valor Econômico, pertencente a Globo e Folha?

Não estaria mal se o Datafolha e Valor Econômico se pronunciassem a respeito. A matéria do Valor foi assinada por 4 jornalistas. Eles queriam compartilhar a fama do “furo”? Ou a intenção foi proteger-se, em coletivo, ao anunciar algo tão escandaloso?

Com a palavra, o Valor Econômico.

Fonte: http://www.valor.com.br/financas/3734826/rumores-eleitorais-tornam-rondar-mercados-bovespa-e-dolar-sobem

* Doutorando em Ciência Política; ** Sociólogo

Leia também:

A lista dos parentes de Aécio que estavam no governo de Minas em 2006

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Vazou tudo! Sonegação da Globo está na web!


GloboSonega12 (1)

A trágica morte de Eduardo Campos fez passar despercebido o vazamento da íntegra do processo de sonegação da Rede Globo.

Os documentos chegaram simultaneamente a diversos blogs e sites no mundo inteiro, e estão disponíveis nos seguintes links:

doc01.pdf
https://mega.co.nz/#!CspFiLKR!OdIs6BNyfcAm5xvmj0O6L57UkKB9e1OUvxUAlZSZRaY


doc02.pdf
https://mega.co.nz/#!D95FlTzY!5GpFvfEYff2tg7M0WqjvtKD9AbhsrbkbeL40orhvHhQ

São 1.200 a 1.500 páginas, que agora devem ser analisadas pela inteligência coletiva das redes sociais.
Há páginas com transferências ilegais de valores da Globo e suas laranjas para o exterior, o que pode se configurar crime financeiro, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.

É uma mina de ouro!

E agora não tem nada a ver com o Cafezinho. O vazamento veio do exterior, por fonte não-identificada, e só não explodiu por causa da comoção nacional causada pela morte de um candidato a presidente da república.

Neste momento, em que a Globo se arrepia toda com a possibilidade de realizar uma grande manipulação emocional da população, com a morte de Eduardo Campos, seria interessante mostrar ao povo brasileiro que a emissora não tem condição moral de ser “árbitro” de nenhuma disputa eleitoral.

É preciso aproveitar o momento para se iniciar uma grande campanha contra a sonegação de impostos.

A democracia brasileira precisa, sim, de um choque moral. Isso implica em rever alguns valores. Para nossa elite, não há interesse em patrocinar campanhas contra a sonegação, porque ela é a que mais sonega no mundo inteiro.

Para se ter uma ideia, em novembro do ano passado, o Valor deu uma notícia que nenhum grande jornal
 mais popular repercutiu.

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A Rússia só está em primeiro lugar em percentual do PIB, e mesmo assim, em “empate técnico” com o Brasil. A sonegação russa corresponde a 14,2% do PIB; a nossa, a 13,4%.

Mas a sonegação brasileira, em valores, é bem maior: US$ 280 bilhões. Em reais, portanto, a sonegação brasileira, em 2011, foi de R$ 636 bilhões! Em 2011, imagina em 2014!

A sonegação russa, em valores, está estimada em US$ 211 bilhões/ ano.

O único país cuja sonegação supera o Brasil em valores são os EUA. A sonegação nos EUA totaliza US$ 337 bilhões, mas isso correspondeu a um percentual de apenas 2,3% de seu PIB.

Agregando percentual de PIB e valor, portanto, pode-se afirmar que a sonegação brasileira é a maior do mundo!

Uma empresa que ganha dinheiro como concessão pública de TV deveria ser um exemplo, um modelo! E fazer campanha contra a sonegação!

É claro que o Brasil precisa passar por uma reforma tributária!

Os auditores fiscais estimam que, se a sonegação fosse reduzida, a carga tributária poderia ser brutalmente reduzida no país.

A campanha contra a sonegação deveria ser incorporada a todas as campanhas contra a corrupção, até porque envolve valores muito maiores, e as duas, sonegação e corrupção, estão ligadas organicamente. O dinheiro sonegado é o mesmo usado para corromper

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

O resultado do Ibope e o Brasil teimoso


O resultado do Ibope vai intensificar o alarido conservador que já ganhava contornos de uma operação de vida ou morte nos últimos meses.


por: Saul Leblon 

O resultado do Ibope desta 5ª feira vai intensificar o alarido conservador que já ganhava contornos de uma operação de vida ou morte nos últimos meses.
A um ano do pleito, é cedo para quem pode comemorar a perspectiva de vitória incondicional no 1º turno, como mostram as pesquisas.

Mas o cedo para a cautela é a tarde para o desespero de quem uiva e ruge mas não avança.

Patina.

E vê a perspectiva da reeleição crescer  com consistência, sem dispor sequer de um nome definido para afrontá-la. Quanto mais de um projeto crível.

A operação ‘vale tudo’, velha conhecida de outros pleitos, está de volta.

Desta vez, com requintes de decibéis.

Sintomático, em primeiro lugar, é que nenhum espaço seja poupado na arregimentação de um poder de fogo que parece não ter mais nada a perder.

Tome-se o jornal Valor Econômico, uma sociedade entre os Frias e Marinhos.

O diário nunca ocultou  a natureza de um veículo feito para o  mercado.

Pautado por eficiente carpintaria informativa, indisponível nos demais noticiosos da mesma cepa, tornar-se-ia uma ilha de credibilidade no oceano ardiloso da chamada grande imprensa.

Não é mais assim. Infelizmente.

Desde que ficou clara a exaustão do linchamento petista na embutida operação AP 470, o jornalismo do Valor foi convocado a desembainhar armas.

A frequência com que o verbo ‘surpreendeu’  passou a frequentar suas manchetes é inversamente proporcional ao acerto da recorrente extrema unção ministrada  à economia brasileira em suas páginas.

Se não for hoje, de amanhã não escapa.

É o que resmungam os textos às seguidas contrariedades de indicadores cujo resultado ‘surpreendeu os mercados’, dizem as manchetes desenxabidas.

O jornalismo  novo-cristão do Valor foi o endereço do recado duro desfechado pela Presidenta Dilma Rousseff  contra a manipulação informativa  sobre o modelo de partilha, adotado na exploração do pré-sal brasileiro.

A segunda-feira (21/10) seria decisiva para o teste desse protocolo. Um fiasco no leilão de Libra poderia colocar tudo a perder .

Ademais de oferecer a retroescavadeira ansiada pela oposição e pelas petroleiras internacionais para enterrar o futuro da regulação do pré-sal, poderia sepultar junti o projeto de reeleição do governo Dilma.

Manchete garrafal na edição do Valor endereçada aos investidores horas antes do certame:

‘Modelo de Libra deve ser revisto’

Ora, se eu cogito investir bilhões num negócio com prazo de validade inferior ao de um pote de iogurte, melhor recuar. Melhor esperar as condições mais favoráveis aos ‘mercados’, veiculadas pelo Valor a partir de abalizadas inconfidências  de ‘fontes do Planalto’.

 ‘Não atribuam a nós uma dúvida que não existe no governo (assumam). Quem são essas fontes, por que não se mostram’, fuzilou a Presidenta depois do sucesso do leilão, que consolidaria um núcleo estatal, com 60% do consórcio (Petrobras, mais as chinesas), mas incluiria também as imprevistas (inclusive por Carta Maior) adesões da Shell e da Total, com os restantes 40%.

O episódio magnifica uma rotina que será intensificada em espirais ascendentes até a urna de 2014.

O conservadorismo pressente que a alavanca política na qual já apostou a eleição de 2006 – o dito ‘mensalão’— não lhe dará, de novo, o passaporte da volta ao poder.

As baterias  se voltam, assim,  para a trincheira econômica, de onde se vislumbra um flanco histórico para ressuscitar a velha e boa receita do lacto purga ortodoxo contra os males do país.

Existe algum chão firme nesse propósito.

O Brasil vive, de fato, uma transição de ciclo econômico. Como a viveu em 30, em 50, em 60 e em 2002.

Decisões estruturais são cobradas para pavimentar o passo seguinte do seu desenvolvimento.

Não há receita pronta; tampouco as  pedras do jogo podem ser alinhada em uma palheta bicolor.

Quem reduz a luta pelo desenvolvimento às escolhas binárias acredita no fabulário clássico que trata a economia política como ciência exata.
   
O Brasil é o desmentido eloquente desse charlatanismo.

Nos últimos doze anos, o país não fez tudo o que poderia ter feito.

Mas ampliou o investimento social do Estado; recuperou o poder de compra popular; gerou um novo ator político composto de 60 milhões de pessoas que ascenderam ao mercado de massa; retomou o papel indutor do setor público na economia; reservou entre 70% a 80% da renda da maior descoberta de petróleo do século 21 a uma redistribuição social capaz de redimir a escola pública e a saúde; afrontou a lógica da Nafta em busca de uma nova ordem internacional; fortaleceu a agenda progressista latino-americana.

Avançou.

Mas o país ainda flutua no leito de uma travessia inconclusa. 

Carece, agora, de um salto de investimentos  que lhe forneça os trilhos, a coerência e a base sustentável à nova engrenagem em construção.

O Brasil tem no pré-sal  um poderoso vetor desse processo, capaz, ademais, de renovar sua planta  fabril estiolada em décadas de crise externa e desequilíbrio cambial.

Os encadeamentos intrínsecos  ao modelo de partilha destinam ao mercado doméstico brasileiro ao menos 50% dos R$ 200 bilhões em encomendas de equipamentos e serviços requisitados apenas no caso de Libra.

Os oligopólios mundiais cobiçam o apetite brasileiro.

Num planeta cujo principal problema é justamente a falta de demanda para sair da crise, há uma Nação que adicionou 60 milhões de consumidores à fila do caixa; tem plano de aceleração do crescimento que inclui 17 mil kms de estradas e ferrovias, ademais da construção simultânea de portos, aeroportos e hidrelétricas e, por fim, dispõe de 100 bilhões de barris de petróleo no fundo do mar. E sabe extraí-lo de lá.

Não é pouco.

A chance de abocanhar mais do que interessa ao país ceder, pressupõe ganhar uma guerra: a guerra das expectativas.

O pulo do gato consiste em fazer o Brasil desacreditar da capacidade de comandar o seu próprio destino.

A isso se dedica com redobrada contundência o noticioso econômico nos dias que correm.

O episódio protagonizado pelo Valor é apenas a ilustração sôfrega do que vem pela frente.

Os exemplo  se avolumam.

O desemprego em setembro oscilou de 5,3% para 5,4%, em relação a agosto.
Uma diferença de 0,1%.

Foi o melhor setembro do mercado de trabalho desde 2002, diz o IBGE.

A renda real do trabalhador  cresceu 0,9% no mês e a  indústria liderou a criação de vagas: 68 mil novos empregos.

Manchete garrafal no site de O Globo na manhã desta 5ª feira: ‘Taxa de desemprego sobe para 5,4% ‘.

Não é um ponto fora da curva.

A Folha’ esquenta as turbinas para 2014 oferecendo sua manchete principal no mesmo dia  a ressuscitar as missões do FMI.

Aquelas que faziam furor em suas visitas imperais a um Brasil endividado e genuflexo.

O diário dos  Frias recorre à desacreditada gororoba  do diagnóstico fiscal do Fundo na tentativa de ofuscar a vitória do governo no leilão de Libra.

O Fundo aleijou a Europa com a mesma receita endossada aqui pela manchete da Folha.

A ponto de a Espanha hoje ter um déficit fiscal que é quase o dobro daquele anterior à crise.

A austeridade ministrada decepou a receita do governo.

A recessão autossustentável fez o resto.

Há seis milhões de desempregados no país (26% da força de trabalho).

O principal jornal espanhol, El Pais, criou  um espaço fixo para contar histórias da grande diáspora da juventude da Espanha, em busca daquilo que a austeridade lhe subtraiu: emprego, esperança e razão de viver.

O conservadorismo sabe as consequências do que busca.

Elas são funcionais ao jogo de quem considera que para um país ir adiante, é preciso fazer o seu povo andar para trás.

É  um velho divisor da política nacional.

Convém estar atento aos campos que  ele delimita, para além das aparências e divergências pontuais.

Nos anos 50, um pedaço das forças progressistas só foi perceber o seu lado quando o povo já estava nas ruas apedrejando os carros do jornal O Globo.

Getúlio, isolado pela esquerda e esmagado pela direita, dera um cavalo de pau na história com um único tiro.

Que até hoje alerta para o conflito de interesses intrínseco à luta pelo desenvolvimento brasileiro.

domingo, 21 de julho de 2013

O PIB cresce 4% ao ano

PIB
PIB


O título deste texto não é uma piada, nem uma projeção, nem mesmo a expressão de um desejo. É apenas a constatação de um fato: os últimos números publicados para o Índice de Atividade do Banco Central, o IBC-BR, que pode ser considerado uma aproximação em base mensal para o PIB trimestral do IBGE, indicam claramente que no segundo trimestre de 2013 a economia brasileira estava crescendo ao ritmo de 4% ao ano. 

Por Francisco Lopes 


Mas espere um momento! Não foram esses números que repercutiram de forma tão negativa na imprensa, sugerindo até que estamos novamente a caminho da recessão? Basta olhar os títulos de algumas das matérias publicadas: Indicador do BC mostra país na rota da recessão; Economia tem maior retração desde 2008; Cada vez mais difícil decolar; Bancos oficiais já prevêem crescimento abaixo de 2%; IBC-BR reforça sinais da lenta perda de gás da economia em 2013; Pibinho de inverno.
 
Na realidade, a única coisa que fica clara aqui é que a mídia especializada e a grande maioria dos analistas da economia parecem sofrer atualmente de um pessimismo obsessivo. De fato a leitura que foi feita dos números do BC configura um caso clássico do que a psicologia cognitiva denomina de viés de confirmação (confirmation bias), que ocorre quando as pessoas só são sensibilizadas por informações que pareçam confirmar suas crenças ou hipóteses, ignorando qualquer evidência em sentido contrário. 

Todo esse pessimismo foi produzido apenas pela observação de que a variação percentual de maio sobre abril do IBC-BR com ajuste sazonal foi de menos 1,4%. Acontece, porém, que essa série de variação mensal tem muito ruído. É no mínimo temerário extrair qualquer sinal de direção de movimento com base na observação de um único mês. Além disso, quando usamos dados mensais a introdução do ajustamento sazonal não aumenta muito o poder informativo de uma observação isolada. No dado mensal o padrão de sazonalidade pode variar muito ao longo do tempo em resposta a uma serie de fatores, como feriados, greves, paralisações ou mudanças institucionais. Sabemos que não existe técnica perfeita de ajuste sazonal, mas com dados mensais as dificuldades ficam ainda maiores. 

Se quisermos ter uma ideia precisa do que está acontecendo com uma economia, o caminho mais seguro é trabalhar com variações em doze meses. Mesmo assim uma observação mensal isolada tem que ser vista com cautela. Por exemplo, a variação em doze meses do IBC-BR até maio de 2013 (portanto sobre maio de 2012) foi de 2,28%, mostrando sem dúvida uma desaceleração importante em relação à variação em doze meses de 7,3% até abril. Note-se, porém, que esse excepcional resultado de abril foi simplesmente ignorado tanto pela imprensa como pela maioria dos analistas de economia. Por outro lado, a variação em doze meses de maio significou aceleração em relação às variações de 1,16% até março e de 0,44% até fevereiro. Que direção de movimento estaria sendo sinalizada aqui? 

Existe amplo consenso de que a forma mais segura para se analisar o movimento do PIB é usar dados trimestrais. Não é por outra razão que contas nacionais em toda parte são sempre elaboradas em base trimestral, como acontece também com o nosso IBGE. O que então pode ser concluído quando os dados do IBC-BR são transformados por média para uma base trimestral? Se compararmos o trimestre composto pelos meses de março a maio de 2013 com o mesmo período de 2012 obtemos uma variação de 3,74%. Podemos notar também que ao longo do ano essa variação em doze meses calculada para grupos sucessivos de três meses só aumentou: 1,55% até janeiro. 1,71% até fevereiro, 2,86% até março, 3,5% até abril e 3,74% até maio. 

Para calcular a variação em doze meses do segundo trimestre de 2013 precisaremos ter também uma estimativa para o IBC-BR de junho. Para ser bem conservador, vamos admitir que o número de junho fique 2,5% abaixo do número de maio, repetindo um comportamento observado em 2012. Isto significa um número de junho 5,6% abaixo do de abril. Nesse caso a variação em doze meses para o PIB do segundo trimestre será de 3,95%. Ou seja, parece grande a probabilidade de que a taxa de crescimento em quatro trimestres do PIB do segundo trimestre fique muito próxima de 4%. 

Se isso for também confirmado pelo IBGE (e é difícil imaginar porque não seria), poderemos estar falando de uma variação trimestral na serie com ajuste sazonal do PIB superior a 1%, talvez até próxima de 1,5%. Vai ser bem mais difícil sustentar o pessimismo quando esses números forem publicados em agosto. Ainda assim, é importante insistir de imediato numa leitura mais precisa dos dados da economia. Afinal ninguém pode razoavelmente desejar que o pessimismo de hoje venha a afetar negativamente decisões empresariais de produzir e investir, comprometendo nosso crescimento futuro. 

(*) Francisco Lafaiete Lopes - PhD por Harvard, sócio da consultoria Macrométrica e ex-presidente do Banco Central (BC).

Fonte: Valor Econômico

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Pré-sal: vem aí a “batalha do bônus”

No meio da grita do “mercado” pressionando o Governo a apresentar um sólido superávit primário – ou seja, receitas bem maiores do que as despesas – há um grande prêmio para as multis e o risco de um grande prejuízo para o Brasil.
E, o que é pior, prejuízo disfarçado de lucro.
Hoje, o Valor anuncia que, até o final do mês, sai o pré-edital do leilão da área de Libra, a mais promissora já descoberta no pré-sal.
Sozinha, com estimativas de oito a 15 bilhões de barris recuperáveis (a parte do óleo que pode ser extraída), Libra quase representa tudo o que o Brasil tinha de reservas petrolíferas até há pouco.
É a jóia da coroa do pré-sal.
Mas o Governo já não garantiu o controle nacional sobre esse mar de petróleo quando mudou o regime de exploração do modelo de concessão implantado por Fernando Henrique, para o de partilha.
Sim. Mas a partilha, sozinha, não garante que esse patrimônio vá ser usufruído como deve ser pelo povo brasileiro.
E onde está o “pulo do gato” com que os interesses sobre o nosso petróleo ainda esperam dar?
O nome é “bônus de assinatura”.
Os jornais falam, todos os dias, em um bônus entre  R$10 bilhões e R$ 20 bilhões. Os olhinhos de muita gente chegam a brilhar com tanta grana entrando de uma só tacada.
O Governo, por sua vez, no decreto que estabeleceu o contingenciamento orçamentário, no final do mês passado, fixou uma previsão de R$ 8,3 bilhões em receitas provenientes de concessões. Isso inclui o bônus de assinatura de Libra, mas não apenas ele.
E o que vai definir se o bônus a ser obtido será maior ou menor?
Simples: é o percentual mínimo de partilha, a partir do qual as empresas oferecerão lances para dar maior ou menor parte do petróleo extraído para o Governo brasileiro.
É como se você vendesse sociedade em uma loja dizendo aos possíveis compradores: qual é a parte da féria que você concorda em me entregar (a partilha) e quanto vai me pagar de luvas (o bônus).
É evidente que, se o comprador sabe que a loja é bem situada, tem muito movimento e dá dinheiro certo e alto, ele pode ganhar muito  ficando com uma parcela menor. Mas quanto menor a parcela, menos ele tenderá a pagar de luvas, ou seja, de bônus.
Os campos do pré-sal são como a tal loja: dinheiro garantido, e muito. Sem risco de quem comprar estar pondo dinheiro fora.
É por isso que a partilha é mais adequada que a concessão, por não haver risco exploratório. Claro que há investimento, mas se pode dizer que, com ele, fica assim: furou, conectou o tubo, é só ir contando o que entra de óleo.
Há, porém, uma diferença em relação ao negócio da loja.
O vendedor, neste caso, tem uma empresa capaz de explorar e administrar – e muito bem – a loja: a Petrobras.
E, embora ela tenha, por lei, 30% do contrato, não apenas terá de pagar por ele a parte das luvas – o bônus – correspondente a sua participação, como terá de dar ainda mais se ficar com uma parcela maior – e é ótimo para o país que fique – do negócio.
Quanto mais perto de 100% for a participação da Petrobras, mais fica aqui  a renda do pré-sal.
Embora tenha muitos recursos – e esteja se preparando para ter caixa, no momento do leilão de Libra – quanto mais a Petrobras tiver de desembolsar de imediato no pagamento do bônus, menos ela poderá aplicar na compra dos direitos a uma parcela maior do negócio.
E, lógico, vai ter de deixar essa parcela para as multis, porque só as grandes empresas, com acesso a capitais, podem dispor de uma caixa assim.
Além do mais, se a Petrobras mobiliza todos os seus recursos de investimento no pagamento de bônus, como ela assumirá os compromissos de ter recursos para os investimentos altos que a fase inicial de exploração exige?
Se, por isso, ela não tiver como “dar conta” de explorar na velocidade adequada o campo de petróleo, não apenas está sujeita a sanções como, sobretudo, a ter de vender essa parcela a maior ou, até, a se ver politicamente fragilizada e facilitar uma mudança nas regras.
Ou você não se lembra da promessa de José Serra a Patricia Pradal, executiva da Chevron, revelada nos documentos do Wikileaks?
“Deixa esses caras  fazerem o que eles quiserem. As rodadas de licitações não vão acontecer, e aí nós vamos mostrar a todos que o modelo antigo funcionava… E nós mudaremos de volta”
Mas, se impedir isso fixando um bônus menor, o Governo não terá prejuízo, ou menos ganhos?
Não, porque os ganhos do Governo vão ocorrer também ao longo do contrato de exploração, na transformação em dinheiro da parcela do petróleo que lhe couber. Quanto mais alta a parcela, maior participação no lucro do petróleo.
A participação do estado, nos contratos de partilha, varia internacionalmente entre 50 e 90% do óleo obtido, descontados os custos de extração.
Quanto maior o poço, maior a parcela estatal, essa é a regra.
E o que pode ser maior do que Libra, a maior jazida de petróleo descoberta nos últimos anos em todo o mundo?
Duas coisas: a gula das multis sobre essa riqueza imensa e a estultice de gente que quer um bilhão  já em lugar de dez ou vinte ao longo  do contrato.
E há estúpidos para isso, como o homem da fábula da galinha dos ovos de ouro.
E, nesse caso, para se fazerem de “bons meninos” diante do capital financeiro mundial, para mostrar que “fazem o dever de casa” e entregam as contas nacionais “bonitinhas e arrumadinhas”, a qualquer preço.
Não importa que haja cabeças minúsculas não conseguem pensar um projeto de país e querem administrar as finanças públicas como as contas de um botequim, onde se frua o prazer de ver que a féria, naquele dia, foi boa, porque vendeu as mesas, as cadeiras e até a geladeira.
Não há, ao contrário de mesas, cadeiras e geladeiras, reservas de petróleo deste tamanho para serem compradas.
Não serão burros os que fizerem isso, porque sabem o que estão fazendo ou deveriam sabe-lo.
Serão, sim, criminosos de lesa-pátria, que entregam o patrimônio do povo brasileiro na bacia das almas alegando que precisam “fazer caixa”.
Mas também serão, no médio prazo, suicidas. Porque seguir os rumos de FHC, mesmo usando um caminho mais tortuoso, só levará ao destino de rejeição e asco que tem dele o povo brasileiro.
Por: Fernando Brito