Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Petrobras parou de perfurar em Libra. Parou por que? Porque deu certo!

testelibra

Petrobras paralisa perfuração em Libra e cai 3%“.

O título do site de economia Infomoney dá bem ideia da Petrobras que se mostra à opinião pública.
Uma empresa falida, quebrada, fracassada.
E por que a Petrobras “paralisou” a perfuração em Libra?
Simples, porque terminou a perfuração de um poço de testes.
E concluiu com sucesso total.

“Os resultados da perfuração confirmaram a existência de uma coluna de petróleo de aproximadamente 290 metros e reservatórios de alta qualidade. Os dois testes de produção – realizados em duas zonas distintas – confirmaram a excelente produtividade e qualidade do petróleo (27ºAPI*) desses reservatórios”

É o que diz o comunicado da empresa em nota do seu site de relações com investidores.

E deppis dos testes, reunidas todas as informações sobre rochas, camadas, pressões e tudo o mais, para-se para fazer os planos de exploração ou definir onde se fará novas perfurações de delimitação do campo.
E que campo!

Imagine uma imensa “esponja” de petróleo com esta altura e área de  1,5 mil quilômetros quadrados, o mesmo tamanho de todo o município de São Paulo, como é Libra, e terá noção de quanto isso representa de petróleo.

E pense no que representa perder, em nome do “enxugamento” da empresa, esta e outras áreas tão ricas?
Não pense que há ingenuidade fora dos círculos de bobões que ficam dizendo que a empresa é um antro de roubalheiras.

A roubalheira que se planeja é muito maior que a de Paulo Roberto Costa.
Bilhões de vezes maior.

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

“Consultores” da Folha criam o inédito: maior campo do mundo é “problema” para a Petrobras

Hoje, a Folha de S. Paulo “descobriu” o que este Tijolaço vem afirmandohá um mês.
Que “o campo de Franco sozinho teria reservas maiores do que Libra, leiloado em outubro, que teria entre 8 bilhões e 12 bilhões de barris”.
Mas, ao contrário do que aconteceria em qualquer jornal do mundo, diante do maior campo de petróleo da face da Terra, hoje, essa informação vem lá no meio da matéria.
E pior, como um “problema” para a empresa que detém 100% dos direitos exploratórios sobre ele, ainda que limitados contratualmente à pouco menos da metade de um volume que deve superar os 10 bilhões de barris.
Isso, apesar de o próprio contrato já prever opções de reavaliação de valores e volumes, prevista para o ano que vem.
Claro está que a Folha, antes disso, trata da questão vital para o desenvolvimento do país, que é, ao que parece, sabermos se sai um reajuste de sete ou oito centavos no litro de gasolina, menos do que varia conforme o posto que você abasteça.
Mas, regressemos à questão. A Folha vai ouvir dois consultores, ambos adversários da Petrobras.
O primeiro é o inefável Adriano Pires, homem da ANP no Governo Fernando Henrique, durante o qual, aliás, a Agência pediu R$250 mil reais apenas para entregar uma área que hoje é parte do campo gigante de Libra.
Pires, um gênio, diz que “para ficar com o excedente, a empresa (Petrobras) teria que pagar à União algo em torno de R$ 44 bilhões”.
Bem, se o excedente for de cinco bilhões de barris- e isso é um cálculo modestíssimo, ainda mais se consideradas as outras áreas nas mesmas condições, onde já se descobriu  muito petróleo – o custo seria de menos de R$ 9 por barril. O que, convenhamos, é muito pouco, se sabemos que o preço no mercado petroleiro passa de  100 dólares por barril.
Mesmo com o cálculo aloprado de extração que Adriano passou a sua pupila Miriam Leitão outro dia – US$ 45 por barril –  ainda seria um baita negócio.
Ainda mais porque isso seria pago, como prevê o contrato de cessão onerosa, à medida em que a extração fosse sendo processada.
E, mais vantajoso ainda: porque metade ou pouco menos do investimento para explorá-lo já está em plena execução.
O segundo é um consultor da Câmara dos Deputados, Paulo César Ribeiro Lima, que é de outa linha: aquela que usa o ótimo como inimigo do bom e, por isso, acaba resultando no ruim.
Lima diz que tudo é muito vantajoso para a Petrobras e ruim para o Estado.
Os R$ 44 bilhões de Pires, para ele, serão só R$ 4 bilhões. “Há margem para manobras que podem fazer a Petrobras pagar pouco na revisão, em torno de R$ 4 bilhões”, diz ele à Folha.
Ele acerta ao dizer que a Petrobras vai precisar de uma nova capitalização, porque é impossível uma empresa triplicar seu tamanho sem capitalizar-se.
Mas erra grosseiramente, ao dizer que a capitalização de 2010 “já foi pelo ralo”. A menos que ele chame 28 navios sonda, um dúzia de superplataformas navais, dezenas de poços, gasodutos, linhas de produção, bilhões de investimento e centenas de milhares de empregos diretos e no parque de fornecedores for lixo. E, sobretudo, seja lixo termos recuperado para o Estado 8% do capital da Petrobras, um quarto do que Fernando Henrique dissipou na Bolsa de Nova York.
Pires e Lima, como dois homens que dão a volta ao mundo em sentidos opostos, acabam por se encontrar no mesmo ponto de lesão ao interesse brasileiro: bloquear, com razões diversas, o papel decisivo que o petróleo do pré-sal e a Petrobras começam a jogar na transformação deste país.
Eles, como a imprensa, se servem do intervalo de alguns anos em que esse desafio exige para ser vencido, para afirmar que tudo é um desastre. O “investidor” que Pires defende é aquele que compra e vende ações da Petrobras ao sabor das manchetes. Já Lima “defende” o Estado dizendo que tudo poderia ser bem melhor do que a Petrobras faria.
E quem faria?
As empresas estrangeiras, que querem nossas jazidas, não estão absolutamente interessadas em comprar equipamentos no Brasil, em empregar brasileiros, em acelerar nossa atividade econômica e, muito menos, em arcar com pesadíssimos e lentos investimentos em refino, para ter de vender a preços baixos, como faz a Petrobras, embora o furor fiscal dos Estados e as margens de lucro na distribuição camuflem esta verdade aos olhos de muitos.
Então, estamos diante de um problema inédito no mundo: temos muito petróleo. E a Petrobras, diante de outra novidade “problemática”: detém jazidas gigantescas de óleo.
Infelizmente, não é “non-sense” que o fato de que o nosso país tenha, agora, os dois maiores campos de petróleo do mundo seja tratado com tom lamurioso.
São interesses.
A exploração de jazidas de petróleo que vão nos colocar na quinta ou sexta colocação mundial não é como organizar uma festinha de aniversário, onde a gente pode decidir se é melhor comprar os docinhos ou fazê-los em casa. As decisões terão uma repercussão imensa na vida da sociedade brasileira, que não se resume à (importantíssima)  destinação dos royalties à educação e à saúde. Vão determinar se teremos emprego, investimento, fábricas, tecnologia, progresso sustentável.
Ou, então, se vamos faturar um dinheirinho para pagar aos rentistas sedentos, como fizeram por anos, sem que isso nos tirasse do endividamento e do atraso.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

ECONOMIST E FT DESDENHAM LIBRA: "MEDÍOCRE", "BARATO"

PRÉ-SAL: GETÚLIO ENTENDEU O QUE A UDN QUERIA Dias mostra que a UDN também dizia que a Petrobras não ia ter dinheiro para explorar o petróleo.


 O Conversa Afiada reproduz impecável analise de Mauricio Dias, na Carta Capital:

Pré-sal, o discurso que Aécio não fez e engoliu

Aécio foi cobrado a ser mais duro e assertivo do que o usual e centrar fogo na crítica à política econômica e ao leilão de Libra.


Aécio Neves ocupou a tribuna do Senado na terça (22) para fazer um duro discurso contra o leilão do pré-sal. Na quinta-feira da semana anterior (17), ele havia se encontrado com seu mentor intelectual, o ex-presidente FHC, e seu mentor de bate-pau, Tasso Jereissati, para discutir a campanha, chorar as mágoas contra José Serra e definir estratégias.

Aécio foi cobrado a ser mais duro e assertivo do que o usual e centrar fogo na crítica à política econômica. Um dos pontos altos desta semana deveria ser a crítica ao leilão de Libra. O triunvirato tucano ali reunido definiu a linha: bater no leilão, sem dó nem piedade, e criticar seu resultado.

O problema é que, com base nas informações que tinha em mãos, a conclusão foi a de que a crítica certeira seria ao chavismo do governo do PT e do quanto isso estava se encaminhando para contaminar a economia do país. Explique-se: até antes do leilão, a aposta que se fazia era a de que Libra seria arrematada por consórcio formado exclusivamente pela Petrobrás em aliança com os chineses. Ou seja, seria uma exploração 100% estatal.

O carimbo da crítica ao chavismo havia sido recém ressuscitado por Marina Silva e daria boas manchetes para a semana, além de fornecer uma imagem que assusta o empresariado. É o discurso que desce redondo em financiadores de campanha, que são também os grandes financiadores da mídia.

Só tinha um problema: a estratégia brilhante estava baseada em um palpite infeliz. O consórcio vencedor do leilão acabou sendo formado pela Petrobrás (em 40%), duas estatais chinesas, a CNPC e a CNOOC (10% cada), a anglo-holandesa Shell (20%) e a francesa Total (20%).

Aécio teve que engolir o discurso preparado, que deve agora estar no lixo, a caminho de uma usina de material reciclável. Às pressas, uma nova peça retórica teve que ser escrita para o dia seguinte.  Daí saiu o arremedo de nacionalismo para que se "reestatize a Petrobras".

A linha destoou da que o alto tucanato gostaria de atacar, enfatizando a rejeição ao modelo de partilha e ao fato de o leilão ter tido apenas um concorrente.

Pesou aí a relação estreitada recentemente entre Aécio e Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força Sindical, a quem o mineiro deve favores pela criação do partido Solidariedade. Paulinho convenceu Aécio de que era hora de se aproveitar do ruído sindical provocado entre os petistas e dentro da CUT com o leilão. Esse Paulinho é o mesmo citado no livro de Palmério Dória ("O Príncipe da Privataria") pedindo financiamento de campanha a Benjamin Steinbruch em troca do "favor" que fez ao grupo que arrematou a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN):"eu lhe dei a CSN" - teria dito ele a Steinbruch, conforme o relato de Dória.

Aécio prometeu que, em um governo do PSDB, a Petrobras seria regida pela meritocracia, ou seja, por técnicos, e não por indicações políticas. Não comentou nada sobre o que faria com a Agência Nacional de Petróleo (ANP), que FHC fez questão de confiar a seu próprio genro, à época, David Zylbersztajn, num claro exemplo de como funciona a meritocracia em governos tucanos. Também não disse se a gestão do metrô de São Paulo é um bom exemplo desse tipo de meritocracia.

O carimbo do chavismo fica para uma outra oportunidade; ou, quem sabe, para um discurso de Marina Silva.

O resultado do Ibope e o Brasil teimoso


O resultado do Ibope vai intensificar o alarido conservador que já ganhava contornos de uma operação de vida ou morte nos últimos meses.


por: Saul Leblon 

O resultado do Ibope desta 5ª feira vai intensificar o alarido conservador que já ganhava contornos de uma operação de vida ou morte nos últimos meses.
A um ano do pleito, é cedo para quem pode comemorar a perspectiva de vitória incondicional no 1º turno, como mostram as pesquisas.

Mas o cedo para a cautela é a tarde para o desespero de quem uiva e ruge mas não avança.

Patina.

E vê a perspectiva da reeleição crescer  com consistência, sem dispor sequer de um nome definido para afrontá-la. Quanto mais de um projeto crível.

A operação ‘vale tudo’, velha conhecida de outros pleitos, está de volta.

Desta vez, com requintes de decibéis.

Sintomático, em primeiro lugar, é que nenhum espaço seja poupado na arregimentação de um poder de fogo que parece não ter mais nada a perder.

Tome-se o jornal Valor Econômico, uma sociedade entre os Frias e Marinhos.

O diário nunca ocultou  a natureza de um veículo feito para o  mercado.

Pautado por eficiente carpintaria informativa, indisponível nos demais noticiosos da mesma cepa, tornar-se-ia uma ilha de credibilidade no oceano ardiloso da chamada grande imprensa.

Não é mais assim. Infelizmente.

Desde que ficou clara a exaustão do linchamento petista na embutida operação AP 470, o jornalismo do Valor foi convocado a desembainhar armas.

A frequência com que o verbo ‘surpreendeu’  passou a frequentar suas manchetes é inversamente proporcional ao acerto da recorrente extrema unção ministrada  à economia brasileira em suas páginas.

Se não for hoje, de amanhã não escapa.

É o que resmungam os textos às seguidas contrariedades de indicadores cujo resultado ‘surpreendeu os mercados’, dizem as manchetes desenxabidas.

O jornalismo  novo-cristão do Valor foi o endereço do recado duro desfechado pela Presidenta Dilma Rousseff  contra a manipulação informativa  sobre o modelo de partilha, adotado na exploração do pré-sal brasileiro.

A segunda-feira (21/10) seria decisiva para o teste desse protocolo. Um fiasco no leilão de Libra poderia colocar tudo a perder .

Ademais de oferecer a retroescavadeira ansiada pela oposição e pelas petroleiras internacionais para enterrar o futuro da regulação do pré-sal, poderia sepultar junti o projeto de reeleição do governo Dilma.

Manchete garrafal na edição do Valor endereçada aos investidores horas antes do certame:

‘Modelo de Libra deve ser revisto’

Ora, se eu cogito investir bilhões num negócio com prazo de validade inferior ao de um pote de iogurte, melhor recuar. Melhor esperar as condições mais favoráveis aos ‘mercados’, veiculadas pelo Valor a partir de abalizadas inconfidências  de ‘fontes do Planalto’.

 ‘Não atribuam a nós uma dúvida que não existe no governo (assumam). Quem são essas fontes, por que não se mostram’, fuzilou a Presidenta depois do sucesso do leilão, que consolidaria um núcleo estatal, com 60% do consórcio (Petrobras, mais as chinesas), mas incluiria também as imprevistas (inclusive por Carta Maior) adesões da Shell e da Total, com os restantes 40%.

O episódio magnifica uma rotina que será intensificada em espirais ascendentes até a urna de 2014.

O conservadorismo pressente que a alavanca política na qual já apostou a eleição de 2006 – o dito ‘mensalão’— não lhe dará, de novo, o passaporte da volta ao poder.

As baterias  se voltam, assim,  para a trincheira econômica, de onde se vislumbra um flanco histórico para ressuscitar a velha e boa receita do lacto purga ortodoxo contra os males do país.

Existe algum chão firme nesse propósito.

O Brasil vive, de fato, uma transição de ciclo econômico. Como a viveu em 30, em 50, em 60 e em 2002.

Decisões estruturais são cobradas para pavimentar o passo seguinte do seu desenvolvimento.

Não há receita pronta; tampouco as  pedras do jogo podem ser alinhada em uma palheta bicolor.

Quem reduz a luta pelo desenvolvimento às escolhas binárias acredita no fabulário clássico que trata a economia política como ciência exata.
   
O Brasil é o desmentido eloquente desse charlatanismo.

Nos últimos doze anos, o país não fez tudo o que poderia ter feito.

Mas ampliou o investimento social do Estado; recuperou o poder de compra popular; gerou um novo ator político composto de 60 milhões de pessoas que ascenderam ao mercado de massa; retomou o papel indutor do setor público na economia; reservou entre 70% a 80% da renda da maior descoberta de petróleo do século 21 a uma redistribuição social capaz de redimir a escola pública e a saúde; afrontou a lógica da Nafta em busca de uma nova ordem internacional; fortaleceu a agenda progressista latino-americana.

Avançou.

Mas o país ainda flutua no leito de uma travessia inconclusa. 

Carece, agora, de um salto de investimentos  que lhe forneça os trilhos, a coerência e a base sustentável à nova engrenagem em construção.

O Brasil tem no pré-sal  um poderoso vetor desse processo, capaz, ademais, de renovar sua planta  fabril estiolada em décadas de crise externa e desequilíbrio cambial.

Os encadeamentos intrínsecos  ao modelo de partilha destinam ao mercado doméstico brasileiro ao menos 50% dos R$ 200 bilhões em encomendas de equipamentos e serviços requisitados apenas no caso de Libra.

Os oligopólios mundiais cobiçam o apetite brasileiro.

Num planeta cujo principal problema é justamente a falta de demanda para sair da crise, há uma Nação que adicionou 60 milhões de consumidores à fila do caixa; tem plano de aceleração do crescimento que inclui 17 mil kms de estradas e ferrovias, ademais da construção simultânea de portos, aeroportos e hidrelétricas e, por fim, dispõe de 100 bilhões de barris de petróleo no fundo do mar. E sabe extraí-lo de lá.

Não é pouco.

A chance de abocanhar mais do que interessa ao país ceder, pressupõe ganhar uma guerra: a guerra das expectativas.

O pulo do gato consiste em fazer o Brasil desacreditar da capacidade de comandar o seu próprio destino.

A isso se dedica com redobrada contundência o noticioso econômico nos dias que correm.

O episódio protagonizado pelo Valor é apenas a ilustração sôfrega do que vem pela frente.

Os exemplo  se avolumam.

O desemprego em setembro oscilou de 5,3% para 5,4%, em relação a agosto.
Uma diferença de 0,1%.

Foi o melhor setembro do mercado de trabalho desde 2002, diz o IBGE.

A renda real do trabalhador  cresceu 0,9% no mês e a  indústria liderou a criação de vagas: 68 mil novos empregos.

Manchete garrafal no site de O Globo na manhã desta 5ª feira: ‘Taxa de desemprego sobe para 5,4% ‘.

Não é um ponto fora da curva.

A Folha’ esquenta as turbinas para 2014 oferecendo sua manchete principal no mesmo dia  a ressuscitar as missões do FMI.

Aquelas que faziam furor em suas visitas imperais a um Brasil endividado e genuflexo.

O diário dos  Frias recorre à desacreditada gororoba  do diagnóstico fiscal do Fundo na tentativa de ofuscar a vitória do governo no leilão de Libra.

O Fundo aleijou a Europa com a mesma receita endossada aqui pela manchete da Folha.

A ponto de a Espanha hoje ter um déficit fiscal que é quase o dobro daquele anterior à crise.

A austeridade ministrada decepou a receita do governo.

A recessão autossustentável fez o resto.

Há seis milhões de desempregados no país (26% da força de trabalho).

O principal jornal espanhol, El Pais, criou  um espaço fixo para contar histórias da grande diáspora da juventude da Espanha, em busca daquilo que a austeridade lhe subtraiu: emprego, esperança e razão de viver.

O conservadorismo sabe as consequências do que busca.

Elas são funcionais ao jogo de quem considera que para um país ir adiante, é preciso fazer o seu povo andar para trás.

É  um velho divisor da política nacional.

Convém estar atento aos campos que  ele delimita, para além das aparências e divergências pontuais.

Nos anos 50, um pedaço das forças progressistas só foi perceber o seu lado quando o povo já estava nas ruas apedrejando os carros do jornal O Globo.

Getúlio, isolado pela esquerda e esmagado pela direita, dera um cavalo de pau na história com um único tiro.

Que até hoje alerta para o conflito de interesses intrínseco à luta pelo desenvolvimento brasileiro.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

POR QUE A DILMA DEFENDE AS CHINESAS A Big House descobriu que o Brasil mudou de companhia, trocou de botequim.



Saiu no Globo Overseas:

DILMA DIZ QUE REAÇÃO NEGATIVA À PRESENÇA DE ESTRANGEIROS EM LIBRA É XENOFOBIA


- As duas chinesas são grandes empresas internacionais de petróleo e é bom que se diga no Brasil, para acabar com a absurda xenofobia, são grandes parceiras internacionais e as duas empresas privadas são grandes produtoras de petróleo – disse Dilma, durante discurso em solenidade de lançamento de recursos para saneamento e habitação.

- Quem vem extrair petróleo do campo de Libra tem competência tecnológica e financeira – completou.

A uma plateia formada por dezenas de prefeitos, Dilma assegurou que a maioria das receitas a serem obtidas como campo de Libra será para o Brasil e os brasileiros. Lembrou que a maior parte dos recursos vai para educação e reafirmou que o sistema de exploração de produção será de partilha, não havendo qualquer possibilidade de mudança para outro tipo de regime, como o de concessão.

As empresas são as estatais chinesas CNPC e CNOOC, a francesa Total e a anglo-holandesa Shell.
Foi numa solenidade – http://blog.planalto.gov.br/ao-vivo-anuncio-de-investimentos-do-pac/ – para anunciar projetos de saneamento, dentro do PAC2.


A presidenta é gentil.
Não se trata exatamente de xenofobia.
Porque contra americanos, ingleses, holandeses, alemães e franceses o pessoal da Big House e seus especialistas – os que nada sabem de tudo – não têm nada contra.
O problema deles é com chineses, russos, argentinos, indianos, africanos do Sul, o pessoal aqui da vizinhança – geográfica ou política.
Os dos BRICs.
Ou com bolivianos, haitianos …
É uma xenofobia interessada.
O problema dessa turma é que eles começam a perceber a nova inclinação estratégica do Brasil.
Inevitável, aliás – clique aqui para ler “e quem vai defender o pré-sal ?
O Brasil saiu da órbita americana, se aproxima de outros centros de poder e cada vez mais o imperativo da Soberania exigirá novas parcerias.
Com chineses, russos, sul-americanos e africanos.
O Brasil é bi-oceânico.
Do lado Leste tem petróleo.
Do lado Oeste tem comida – clique aqui para ler sobre a viagem do ansioso blogueiro a Mato Grosso, a melhor agricultura do mundo .
Faltam-lhe caças, submarinos, satélites, foguetes, mísseis.
Uma nova Defesa, que defenda o interesse nacional brasileiro com um poder dissuasório arrasador.
Não vem que não tem !
Essa é uma nova etapa inevitável, que o leilão de Libra – e a oposição a ele – ressalta.
E a turma da Big House começa a intuir, a desconfiar.
Que não adianta mais saber a diferença a Rive Gauche e a Avenue Foche.
Entre a Quinta e a Sexta Avenida …
Por isso são xenófobos – desde que, diante dos americanos, possam, obsequiosamente, tirar os sapatos.
Eles já perceberam que a Dilma não tira.
Daí, a fúria.

Paulo Henrique Amorim

terça-feira, 22 de outubro de 2013

O besteirol de esquerda e direita contra o leilão de Libra


A grande maioria dos brasileiros que se informaram – ou que tentaram se informar – sobre o recente leilão do campo petrolífero de Libra terminou mais desinformada do que estava antes de empreender  tentativa de obter subsídio para formar a própria opinião. Essa maioria ficou perdida entre tantas alegações peremptórias e complexas de parte a parte.
Que tal, então, simplificar?
Antes, lembremo-nos de um fator positivo que protege esse debate contra má-fé: a maioria tenta, de fato, entender se foi bom ou ruim para o país leiloar – e a forma como leiloou – um dos maiores e mais promissores campos de petróleo que a humanidade já detectou no subsolo deste planeta.
A disposição das pessoas em buscar a verdade independentemente de ideologias, interesses pessoais e de meras idiossincrasias, pois, garantirá que as considerações e informações adiante sejam bem compreendidas.
Em primeiro lugar, quero explicar por que tenho dispensado as opiniões de “especialistas” fartamente titulados e que vêm, às pencas, referendando posições que condenam o leilão de Libra em uníssono, porém sob visões absolutamente excludentes entre si, ou mesmo as opiniões de “especialistas” que vêm defendendo o processo.
Esse tipo de debate sobre o leilão de Libra costuma ser improdutivo porque, apesar de tratar de um assunto que interessa a todos, é comumente tratado como privilégio de “iluminados” que deteriam o grande saber que pairaria acima do suposto “não-saber” dos “leigos”.
Desse modo, há “especialistas” para todos os gostos, de todos os tamanhos, formas, sotaques, idiomas, ideologias, preferências políticas, classes sociais e profissionais etc., etc., etc.
Essas opiniões “´técnicas”, porém, acabam sendo usadas em detrimento das opiniões pouco ou nada abalizadas (oficialmente) daqueles que, ao fim e ao cabo, são os que acabam suportando consequências como a de o Brasil explorar ou não – ou de como irá explorar – toda essa riqueza descoberta pela Petrobrás em 2007.
Proponho, portanto, que nós, mortais comuns, desafiemos nossa dita “falta de qualificação para debater” e discorramos sobre o caso, pois o que arde, ao fim disso tudo, é o nosso…
Vejamos, pois, um exemplo sobre opiniões de especialistas. Os jornalistas Paulo Henrique Amorim e Luiz Carlos Azenha publicaram em seus blogs ótimas entrevistas que cada um fez com nomes de peso em termos de credenciais para opinar sobre o leilão de Libra. Entrevistaram, respectivamente, Haroldo Lima, diretor da Agência Nacional de Petróleo durante o governo Lula, e Ildo Sauer, Diretor Executivo da Petrobrás entre 2003 e 2007.
Resumo da ópera: um especialista é favorável ao leilão de Libra da forma como ocorreu, e o outro, é visceralmente contra. Para o cidadão comum, é um dilema. Esses especialistas têm currículos fartos e um diz o oposto do que disse o outro. Em qual deles acreditar?
A fórmula que este blog sempre propõe para o mortal comum entender questões técnicas como essa do leilão de Libra, portanto, costuma ser ouvir menos sabichões e usar mais a lógica, ao menos quando ela se faz visível e, mais do que isso, quando não permite ser ignorada. Como agora.
No caso do leilão de Libra, é assim. Há uma lógica a apoiá-lo tal como transcorreu.
Ao contrário do que dizem os críticos do leilão pela esquerda – um grupo ligado ao PSOL, ao PSTU, ao PCO, a sindicatos ligados a esses partidos e ao senador peemedebista do Paraná, Roberto Requião –, a mídia não ficou a favor do formato do governo Dilma para o pré-sal coisa nenhuma
Os principais jornais do “day after” do leilão comprovam isso já nas suas nada simpáticas primeiras páginas – qualquer dúvida, confira a imagem que encima este post.
Para poupar o leitor de muitos detalhes, a mídia, claro, apoia que os leilões do pré-sal sejam feitos – seguidora que é do American Way, que não joga petróleo pela janela nem o deixa debaixo do chão dos outros –, mas queria que fossem feitos sob o regime da era Fernando Henrique Cardoso, sob o regime de concessão. E atribui a falta de ágio ao “estatismo” do governo Dilma…
Matéria do Jornal Nacional de segunda-feira sobre o leilão explica a diferença dos regimes de participação privada ou de governos estrangeiros usados pelos governos do PSDB e do PT. Com isso, essa matéria desmonta a tentativa do PSDB de qualificar como “privatização” o consórcio formado com empresas privadas anglo-holandesa e francesa e com empresas estatais chinesas.
Abaixo, trecho da matéria.
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Edição de 21 de outubro de 2013
“(…) Até hoje, o petróleo brasileiro era explorado por meio de concessões. Agora, passa a existir também o regime de partilha, que vale para o campo de Libra e para as outras áreas do pré-sal que ainda serão licitadas.
Nos contratos de concessão, o governo recebe por meio de impostos. Na partilha, o vencedor do leilão paga ao governo diretamente com petróleo. Na concessão, todas as empresas podem operar as plataformas. No novo regime, a operação tem de ser feita exclusivamente pela Petrobrás. Em contratos de concessão, as empresas têm liberdade para tomar todas as decisões. Na partilha, uma nova estatal, a PPSA, tem poder de veto sobre todas as decisões.
As mudanças receberam críticas. “Isso pode ter inibido talvez a participação de algumas empresas em função dessas incertezas e também da capacidade de você ser só o investidor e não tem garantia do que se pode influenciar até os seus investimentos, para onde eles podem ser direcionados”, diz João Carlos de Luca, presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo (…)”.
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Ora, bolas, mas isso é exatamente o oposto do que diz a oposição demo-tucana, do que dizem o PSOL, o PSTU, o PCO e o senador Requião. Eles dizem que Dilma “privatizou” Libra e que favoreceu os interesses privados. A mídia, porém, diz que o modelo é “estatizante”.
A mesma mídia também criticou a falta de ágio e registrou o “baixo interesse” das grandes do setor de petróleo pelo campo de Libra devido ao “intervencionismo”, ao passo que os críticos pela esquerda reclamam justamente do contrário, de falta de intervencionismo e de grande favorecimento dos interesses estrangeiros, que, repito, a mídia diz que se desinteressaram pelo investimento (!?).
Na Folha, por exemplo, cheguei a ler a colunista Eliane Cantanhêde dizendo que a Petrobrás “decaiu” na era Lula em termos comerciais, financeiros e de imagem. Sim, a mesma Petrobrás que, fugindo da era FHC – quando a plataforma P36 afundou juntamente com a imagem da empresa –, descobriu a que talvez seja a maior reserva de petróleo do mundo e que, em alguns anos, fará o Brasil pular de 13º para 4º maior produtor de petróleo do mundo, ingressando, assim, no seleto grupo de países exportadores de petróleo…
Quanto “decresceu” a Petrobrás durante a era Lula, não?
A mesma mídia e a oposição ao leilão de Libra pela direita (PSDB à frente) contradizem a oposição pela esquerda (PSOL, PSTU, PCO e Requião) quando tratam do endividamento da Petrobrás, que tornaria, inclusive, pesado – e, talvez, insuportável – para a empresa investir cerca de 40% de tudo o que será investido em Libra. Isso porque estaria “muito endividada”.
A gritaria esquerdista, quando não pede para simplesmente deixarmos o petróleo embaixo da camada de sal do Atlântico, afirma que a Petrobrás tem, sim, condições de deter 100% da exploração de Libra.
Nem uma coisa, nem outra. Sim, a Petrobrás está endividada e, por isso, não tem condições de explorar sozinha o campo de Libra, até porque, se o fizesse, faltariam recursos para explorar outras áreas do pré-sal. Isso porque a empresa investiu pesadamente para localizar o tesouro que paga toda a sua dívida e ainda deixa um lucro dez vezes maior do que o investimento.
A verdade sobre Libra, portanto, é uma só: o que afastou boa parte dos grandes tubarões internacionais foi justamente o forte peso do Estado – ou seja, do interesse público – no negócio, reduzindo assim a concorrência àqueles tubarões menores para os quais vale a pena aceitar lucros menos abusivos.
Note-se que, se o governo do Brasil estivesse hoje nas mãos do PSDB, Libra teria sido leiloado sob o regime de concessão, como declarou o pré-candidato a presidente tucano Aécio Neves em nota oficial divulgada na segunda-feira. Abaixo, o texto.
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O resultado do leilão do pré-sal realizado nesta tarde traz boas e más notícias. A boa é o reconhecimento, ainda que tardio e envergonhado por parte do governo, da importância do investimento privado para o desenvolvimento do país. A má é que o atraso na realização do leilão e as contradições do governo vêm minando a confiança de muitos investidores e, no caso da Petrobras, geraram uma perda imperdoável e irrecuperável para um patrimônio construído por gerações de brasileiros. Nos últimos seis anos, assistimos o valor da empresa despencar, a produção estagnar e o país gastar somas crescentes importando combustíveis, tudo por conta da resistência petista ao vitorioso modelo de concessões. Perdemos tempo, deixamos de gerar riqueza e bem-estar para os brasileiros e desperdiçamos oportunidades.

Senador Aécio Neves (MG)
Presidente nacional do PSDB
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O “vitorioso modelo de concessões” a que se refere Aécio Neves é o fracassado modelo de Fernando Henrique Cardoso e que o Jornal Nacional explicou muito bem. No modelo de partilha, além dos R$ 15 bilhões que o país lucrou logo de cara, ainda receberá mais de 40% do lucro líquido, 15% de royalties e toda a carga de impostos, beirando os 80% de participação no lucro do negócio. Pelo modelo “vitorioso” tucano, o Brasil lucraria só com impostos que as empresas privadas pagariam para explorar nossa riqueza.
É mole?
Enfim, esse besteirol politiqueiro – tanto pela esquerda quanto pela direita – esconde que o Brasil, com toda essa dinheirama que começará a jorrar ao fim do mandato do próximo presidente da República – ressaltando que, até lá, os que receberam a “doação” de Libra terão que investir sem parar e sem ganhar nada –, dará um salto impensável há alguns poucos anos.
A quantidade de dinheiro que teremos para investir no social, na Educação e na Saúde deve tornar o país muito menos desigual e muito mais próspero. Querer comparar o leilão de Libra, onde vamos lucrar tanto, com as privatizações financiadas pelo BNDES e pagas com moedas podres da era FHC, acima de tudo é doloroso. O Brasil não merece isso.