Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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segunda-feira, 2 de julho de 2012

O simbolismo do câncer de Civita

Em situação normal, não haveria por que escrever sobre a notícia veiculada pelo blog de Luis Nassif de que o dono da revista Veja, Roberto Civita, está sofrendo de um mal que, nos últimos anos, tem feito a alegria de certos grupos políticos. Ser acometido por câncer não difere de ser atropelado, por exemplo. Pode acontecer a qualquer um.
Quem adoece tão gravemente, por certo experimenta um sofrimento adicional se a própria saúde se tornar objeto de especulações. Esse, porém, é preço que pagam pessoas públicas como Lula ou como o dono de império de comunicação que mais embates políticos tem travado com o ex-presidente.
Lula não foi a única pessoa pública a quem o câncer gerou onda de ataques rasteiros e virtualmente inumanos. Coincidentemente, uma sucessão de políticos de esquerda sul-americanos passou a sofrer de câncer e o mal que os acometeu se tornou objeto de regozijo de seus inimigos políticos, que chegaram a enxergar a doença como uma espécie de castigo divino.
O câncer de Civita é de direita ou de esquerda? Essa é a pergunta que vem à mente quando se lembra das centenas de milhares de comentários em redes sociais, em blogs, em portais e até no dia a dia, os quais clamavam para a doença levar logo aqueles políticos. E que pregavam que adoecer não lhes gerasse qualquer condescendência.
Condescendência deveria haver, até certo ponto. A mídia, por exemplo, deveria ser condescendente. Em se tratando de pessoas públicas, porém, isso não significa que devesse isentá-las de questionamentos de ordem legal sobre suas condutas.
Por exemplo: se houvesse um processo de investigação contra Lula ou Civita, é óbvio que não poderia ser interrompido por adoecerem. Se um dos dois fosse suspeito de algum crime, estar doente não poderia livrá-lo de um indiciamento, assim como não acontece com tantos que estão presos e são acometidos por doenças terminais.
Todavia, os comentários feitos contra Lula, Dilma Rousseff, Hugo Chávez, Fernando Lugo e Cristina Kirchner nos anos recentes atribuíam seu adoecimento a uma espécie de justiça divina que, obviamente, essas pessoas não enxergam agora no fato de o maior algoz desses políticos, no que tange à exploração de seus estados de saúde, ser vitimado pelo mal que usou como arma política ao permitir que seus funcionários estimulassem a vilania do público.
O principal motor da onda de burrice e de mau-caratismo que se levantou desde que o primeiro desses líderes políticos adoeceu foi o colunista da Veja Reinaldo Azevedo. Durante muito tempo, estimulou a insensibilidade de seus leitores para com a doença que se abateu sobre os desafetos políticos do patrão. E Civita não o conteve.
Mas e sobre o simbolismo do câncer de Civita? Ser vitimado pela doença que serviu aos seus propósitos políticos não significa nada?
Em termos. Definitivamente, não é um castigo por ter estimulado a hipótese de que o mal que ora o acomete fora um “castigo divino” aos seus desafetos políticos quando sobre eles se abateu. A teoria de que fatalidades constituem “castigo”, porém, é muito popular entre os pobres de espírito.
Entretanto, o adoecimento do homem que fez do câncer uma arma contra seus inimigos encerra, sim, um simbolismo que jamais existiu para os alvos de sua falta de limites. Mostra o risco de comemorar a desgraça alheia. Mostra que tripudiar sobre um adversário fragilizado pela condição humana é tripudiar contra si mesmo, pois todos somos humanos.
Escrever sobre o câncer de Civita, então, não é tripudiar? Não é não. Pelo contrário: não se está comemorando um fato triste; está sendo feita uma exortação aos que comemoraram quando Lula ou Dilma adoeceram a que se lembrem de que, sendo humanos, não devemos comemorar as fragilidades de uma espécie a que todos pertencemos.
De resto, o estado de saúde de Civita deve ser levado em conta pela Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga as relações do bicheiro Carlinhos Cachoeira com o setor público e o privado.
Em primeiro lugar, uma eventual convocação do dono da Veja só deveria ocorrer em última instância, se for absolutamente imprescindível. Em segundo lugar, os ataques públicos de membros da CPI e de parlamentares ao empresário deveriam ser repensados, pois não acrescentam nada e desrespeitam alguém que vive um drama terrível.
O que se propõe não é condescendência legal, mas política. A crítica fácil faz parte da política, mas não dos processos legais de investigação e de eventual punição. Quem se horrorizou com a falta de respeito aos dramas dos políticos de esquerda agora deve dar exemplo respeitando o drama de Civita. Ninguém sabe como será o dia de amanhã.

*Desemprego na Europa atinge mais de 17,5 milhões de pessoas (11% da população)** candidato conservador do PRI, Peña Nieto, vence López Obrador por uma diferença des 4 pontos (37% a 33%); governará o México pelos próximos seis anos**na capital,porém, a vitória da esquerda foi arrasadora: a vantagem do PRD , de Obrador, na Cidade do México, chega a 40 pontos **em Chiapas a direita vence com um candidato 'verde', do PRI.
 
MÉXICO REBELDE: OS HERDEIROS DE ZAPATAMilhares de jovens mexicanos tomaram cidade do México na noite de sábado,véspera da eleição. Em vigília silenciosa, acenderam uma vela pela democracia dirigindo-se ao prédio da Televisa,   (http://www.guardian.co.uk/media/2012/jun/26/escandalo-medios-televisa-candidato-pri), protegido por tropas policiais. A simbologia do ato reflete a principal novidade da eleição que decide a sucessão de Felipe Calderón. Independente do resultado das urnas, a rebelião da juventude mexicana contra a manipulação midiática   sugere a emergência de uma cidadania que não aceita mais ser tutelada em seu discernimento nem fraudada no seu voto. Direto do México, Eduardo Febbro, ouviu  integrantes desse sopro de ar fresco no viciado sistema político local. O movimento criou um canal próprio de TV para cobrir o pleito e discutir temas da campanha com os candidatos e com os eleitores, o canal 131. "Nosso movimento partiu de um vídeo feito por 131 alunos da Universidade Iberoamericana. Só quisemos dizer: "quero usar meu direito de resposta, não preciso (mais) enviar uma carta aos editores. A democratização dos meios de comunicação vai muito além desta conjuntura eleitoral. O problema central no México não está no fato de que os meios de comunicação e o poder político sejam cúmplices, mas sim que são a mesma coisa. Por isso, não temos uma democracia real. " (leia a reportagem nesta pág)

Uso propagandístico de pesquisas marcou campanha no México
 
 

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