Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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quinta-feira, 27 de outubro de 2016

O fim do Brasil e o suicídio do Estado O que vamos fazer quando precisarmos, por meio de endividamento - como fazem os EUA - armar as nossas forças contra eventuais inimigos externos?

reprodução

Mauro Santayana


Dizem que um chefe mafioso, famoso por sua frieza e crueldade no trato com os inimigos, resolveu dar ao filho uma Lupara, uma típica cartucheira siciliana, quando este completou 15 anos de idade.

Na festa de aniversário, apareceu o filho do prefeito, que havia ganho do alcaide da pequena cidade em que viviam, ainda nos anos 1930, um belo relógio de ouro.

Passou o tempo e um dia, como nunca o visse com ela, Don Tomazzo perguntou a Peppino pela arma.

Como resposta, o rapaz enfiou, sorrindo, os dedos no bolso do colete e tirando para fora um reluzente pataca "cebola", respondeu-lhe que a havia trocado com o filho do Prefeito pelo Omega dourado.

- Ah, si?

Gritou-lhe o pai, furioso, lascando-lhe sonora bofetada.

- E che va fare se, al andare per la strada, passa alcuno e lo chiama di cornutto? Que sono le dua e mezza, cáspita?

Esse velho "causo" italiano nos vem à memória, em função da lastimável notícia de que a Câmara dos Deputados acaba de aprovar e enviar ao Senado a PEC 241, que limitará à inflação os gastos do Estado brasileiro nos próximos 20 anos.

Nem mesmo nos Estados Unidos, um dos países mais endividados do  mundo, com quase o dobro da dívida pública brasileira, existe um limite automático para o teto de endividamento nacional, bastando que este seja renovado ou aumentado pelo Congresso.

Como afirmamos em outro texto sobre o mesmo tema, publicado em julho deste ano, com o título de DÍVIDA PÚBLICA E ESTRATÉGIA NACIONAL - O BRASIL NA CAMISA DE FORÇA, não existem nações fortes sem estado forte, e isso nos lembra, novamente, os EUA, que tem 5 milhões de funcionários públicos apenas no Departamento de Defesa.

Se formos considerar o "ocidente" não existem nações desenvolvidas sem alto endividamento, como é o caso dos países do G-7, todos com dívidas públicas brutas ou líquidas maiores que a brasileira, a começar pelo Japão, com 290% do PIB e, mais uma vez, pelos EUA, de quem somos - apesar de estarmos "quebrados" como afirma a toda a hora o governo e a mídia - o quarto maior credor individual externo.

É compreensível que os inimigos da Política, enquanto atividade institucionalizada, defendam, estupidamente, a diminuição do papel do Estado no contexto da sociedade brasileira, e, por meio dele, a diminuição do poder relativo do povo, com relação a outros setores e segmentos, como os banqueiros e os mais ricos, por exemplo.

O que não se pode entender é que os próprios deputados e senadores sabotem, de forma suicida, o seu poder real e o de barganha, enxugando os recursos de que dispõem o Congresso e o governo, e, em última instância, o Estado, para atender seus eleitores, cumprir o seu papel e determinar os rumos do país e o futuro da sociedade brasileira.

O problema não é apenas a questão social, à qual se apega a oposição, quando cita a ameaça que paira, com essa PEC, sobre a educação e a saúde.

Muito mais grave é, como dissemos, o enfraquecimento relativo da soberania popular exercida por meio do voto pela população mais pobre.

E, estrategicamente, o engessamento suicida do Estado brasileiro, em um mundo em que, como provam os países mais desenvolvidos, não existe cresimento econômico sem a presença do governo no apoio a empresas nacionais fortes - vide o caso da Europa, dos EUA, da China, dos Tigres Asiáticos - em áreas como a infraestrutura, a tecnologia, a ciência, e, principalmente, a defesa.

Temos que entender que não somos uma republiqueta qualquer.

Que nos cabe a responsabilidade de ocupar - sem jogar pela janela - o posto de quinto maior país do mundo em território e população, que nos foi legado, à custa de suor e de sangue, pelos nossos antepassados.

Se formos atacados por nações estrangeiras - que não estarão à mercê de semelhantes e estúpidas amarras - se formos insultados e ameaçados em nossa soberania, o que vamos fazer quando precisarmos, por meio de endividamento - como fazem os Estados Unidos a todo momento - aumentar a produção de material bélico e armar as nossas forças contra eventuais inimigos externos?

Esperar 20 anos, para que se extinga a validade dessa lei absurda que estamos votando agora?

Ou gritar, para os soldados estrangeiros, quando estiverem desembarcando em nossas praias, o índice de inflação do ano anterior, e, como o filho do mafioso siciliano, informar que horas são quando eles estiverem nos chamando de imbecis, agredindo nossos filhos e estuprando nossas mulheres?

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Recuperação dos EUA não são “favas contadas”. Tesouro ameaça “calote” para o fim do mês

debtgdp
Embora nossa imprensa fale todo o tempo na recuperação americana e no inevitável refluxo de capitais para os títulos do Tesouro Americano, com a redução ou o fim do “quantitative easing” pela melhora da economia dos EUA, a coisa não é bem assim.
Enquanto se fala horrores de nossa situação fiscal, lá a coisa estava e vai ficando ainda mais feia.
Desde 2011, os EUA vivem de crise em crise pela ameaça de “default” – que vem a ser um “calote” chique – de suas dívidas e, da última vez, teve de fechar repartições e suspender serviços públicos.
A dívida pública, hoje  está  estimada em US$ 16,7 trilhões, ou 101% do PIB americano, e você pode ver como este salto coincide com a crise de 2008 e as maciças injeções de moeda feitas na economia: na americana e na mundial.
Lew afirmou que os EUA podem lançar mão de  mecanismos contábeis para evitar ultrapassar o limite até o final de fevereiro. Mas logo depois,  ”os EUA só serão capazes de pagar sua dívida e outras obrigações com dinheiro cash“.
Hoje, os dados de queda da atividade industrial de quase 10% de dezembro para janeiro atiraram a bolsa de Nova York para baixo. A perda, em um mês, chega a 6,2%.
E isso, claro, arrasta as bolsas do mundo inteiro, porque sinaliza que o tão falado aquecimento da economia mundial é mais uma esperança que uma realidade.
A verdade é que os nossos “professores” não andam conseguindo mesmo fazer o seu “dever de casa”.
Mas continuam a nos querer dar aulas.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Chile: a AL não tolera mais a desigualdade

Piñera emergiu na AL chamada de chavista, em 2010, como o anfíbio ansiosamente aguardado: pensava a economia como Pinochet, sem ter vestido o capuz negro.

por: Saul Leblon 
Arquivo




 







A volta de Bachelet ao comando do Chile, após levar 62% dos votos no 2º turno, domingo, envia uma mensagem às elites da região.

A sociedade latino-americana não tolera mais a desigualdade.

Enquanto o conservadorismo se aferra à ideia de dar eficiência às estruturas carcomidas que instalaram aqui uma das piores assimetrias de renda do planeta, as urnas  --e as ruas--  sistematicamente invertem a equação.

Em recados de crescente contundência à direita e à esquerda , avisam:  a meta deve ser a equidade, a economia  não pode funcionar mais contra as urgências da população.

O Chile rico e educado é a confirmação  enfática da fraude arquitetada por aqueles que propõem  chilenizar o Brasil primeiro (‘as reformas’), para depois distribuir.

Tudo funciona nesse modelo, mas tudo  só funciona a quem paga.

A maioria não pode pagar, por  exemplo, uma educação universitária de qualidade.
Nem a classe média remediada.
Essa, a origem da revolta dos pinguins que premiou o Chile com uma  renovação de liderança política inédita na região, pela esquerda.

Jovens comunistas  se projetam à frente da sociedade chilena dando , inclusive, uma sobrevida representativa ao Partido Comunista local, só encontrável em nações estilhaçadas pelo bisturi implacável do ajuste neoliberal. Caso da Grécia, por exemplo.

Um minúsculo enclave de 5%  da população chilena fatura por ano  quase 260 vezes mais que o seu extremo oposto na pirâmide de renda.

A principal riqueza do país, o cobre, preserva uma estatização de fachada na qual os maiores beneficiários sãos as castas fardadas que se reservaram durante a ditadura Pinochet uma fatia cativa dos rendimentos da maior reserva do metal no planeta.

Pior que o Brasil, pior que os EUA ou a Alemanha, a plutocracia chilena aferrou-se de tal maneira a seus privilégios que hoje 1% da população detém 31% de toda a riqueza nacional (21% nos EUA ; 13% no Brasil; 12,5% na Alemanha).

O conjunto faz do Chile um paradigma odioso de segregação econômica escolar.

Segundo a OCDE, dentre todos os seus membros, o Chile é o país com maior índice de financiamento privado da educação primária e secundária.

O resultado das urnas deste domingo esfarela e devolve às goelas conservadoras o júbilo manifestado em janeiro de 2010, quando um  Chile cansado das hesitações de seu centrismo, elegeu  o bilionário Sebástian Piñera  ao final do primeiro mandato de Bachelet.

Piñera reacendeu a esperança conservadora na América Latina.
Sua vitória reluzia como a revanche diante de um colar de governos progressistas que asfixiavam o horizonte da direita regional.  Enfim, um presidente para chamar de seu.

Um porta-voz moderno do dinheiro grosso.

Alguém talhado para fazer a ponte entre a inconclusa redemocratização chilena e o necessário arejamento das agendas apuradas no calabouço escuro da ditadura Pinochet.

Recorde-se que o Chile é o que é hoje  porque, antes mesmo de Thatcher,  foi militarmente capturado para ser a cozinha experimental do neoliberalismo no mundo.

Talvez fosse mais apropriada a metáfora 'açougue'.

Ali se sangrou, retalhou, picou e moeu uma nação até reduzi-la a uma massa disforme e vegetativa.

Dessa matéria-prima, nasceu a primeira receita mundial bem sucedida do cardápio que decretaria o fim do capitalismo regulado, a partir dos anos 70.

O quitute indigesto foi enfiado goela abaixo de uma das sociedades mais democráticas do continente latino-americano. Por isso mesmo, exemplarmente esgoelada na sua tentativa de construir o socialismo pela via eleitoral.

O recado foi escrito com sangue na pele da esquerda latino-americana: 'a democracia promete mais do que os mercados estão dispostos a conceder'.

Mestres-cucas da direita regional e global aderiram em massa ao mutirão corretivo.

Piñera não serviu diretamente à ditadura mais sanguinária da AL.  Justamente por isso, sua vitória em 2010 acendeu o entusiasmo conservador.

Eis o anfíbio tão aguardado.

Porque pensava a economia como Pinochet, sem ter vestido diretamente o capuz negro, era a ponte palatável entre dois mundos, no caminho de volta a uma democracia bem comportada.

"É provável que se fortaleça na América do Sul uma "frente antichavista", integrada por Álvaro Uribe (Colômbia), Alan García (Peru) e o próprio Piñera".

O augúrio do editorial da "Folha", de 22 de janeiro de 2010, externava essa aposta ansiosa.

O dote de mandatário-ponte servia ademais para espicaçar a viabilidade da jejuna e também recém-eleita presidenta brasileira, Dilma Rousseff.

Transcorridos quatro anos, Piñera devolve o lugar a Bachelet.

Os jornalismo que apostou na ressurgência neoliberal, porém, não desiste. No Brasil flerta com anfíbios tropicalizados. 

Ou não será a mesma receita da chilenização do país que emitem as goelas de veludo dos Campos & Aécios?

Quiçá de alas petistas obsequiosas aos lamentos dos mercados?

O Chile fez tudo como eles querem fazer aqui.

É a economia "mais aberta" da América Latina.

O Estado é mínimo: a dívida do setor público é de apenas 11,5% do PIB (37% no Brasil, no conceito líquido; 60% no bruto).

A previdência foi privatizada. A proteção trabalhista é pífia.

A linha da desigualdade parece o eletrocardiograma de um morto: o índice de GINI chileno oscilou de 0,55 para 0,52 entre 1990 e 2009 (o do Brasil melhorou de 0,61 para 0,54).

Segundo a CEPAL, entre 1990 e 2009, o investimento público na área social oscilou mediocremente no país: de 15,2% para 15,6% do PIB.

Até o México deu um passo maior no mesmo período: passou de 5,5% para 11,3% do PIB.

Na direitista Colômbia, o salto foi de 6,1% para 11,5%.

No Brasil, a ' gastança' avançou de 17,6% para 27,1% do PIB; na Argentina, de 18,6% para 27,8%.

O jornalismo conservador atribui à falta de 'traquejo' político do empresário-presidente o paradoxo entre uma economia 'saudável' e a rejeição política esmagadora.

O raciocínio condescendente desdenha de uma lacuna-chave.

Piñera não foi programado para transformar a maçaroca econômica em uma Nação.

Mas para transformar uma nação em mercado.

Por que teria apoio dos seus órfãos?

O Chile tornou-se um país simplificado por uma ditadura que decidiu exterminar fisicamente o estorvo ideológico e social no seu caminho: a classe trabalhadora organizada.

Uma parte foi sangrada nas baionetas de Pinochet.

A outra, exterminada estruturalmente pelos sacerdotes do laissez-faire.

Os Chicago's boys reduziram a economia às suas estritas 'vantagens comparativas'.

Um pomar de pêssego. Vinícolas. Uma mina de cobre.

Um acervo como esse não precisa de projeto nacional.

Um fluxo de mercadorias não requer formulação intelectual própria. Logo, não precisa de universidade pública autônoma.

Um aglomerado de consumo não reclama cidadania.

Piñera tentou ser o cadeado moderno entre isso e uma redemocratização intrinsecamente tensa e limitada. Os estudantes rechaçaram esse entendimento do que seja um 'Chile moderno' .

E carregaram para as ruas o inconformismo de décadas que se consagrou nas ruas deste domingo. Mas que explica, também, o monstruoso incide de abstinência de 59%.

O desinteresse pelo voto é um aviso a Bachelet: um pedaço do país, quase suficiente para eleger um outro presidente, não aguenta mais simulacros de justiça social e maquiagens estruturais.

O fracasso de Piñera não deve ser desfrutado com precipitações simplistas.

O jogo não acabou na AL. Nunca acaba.

Os embates tendem a se acirrar.  Não por acaso Aécio e Campos acercam-se de profissionais do ramo e de modelos estratégicos que caberiam perfeitamente num ministério de Piñera.

O Chile, pequeno, mas historicamente imenso, tem muito a dizer à experiência política latinoamericana.

Não foi qualquer apego a efemérides que motivou Carta Maior a reunir, este ano,  uma dezena e meia de analistas, personagens, cineastas e filmes para registrar os 40 anos do golpe militar de 11 de setembro no Chile.

O Especial ‘Chile de Allende, 40 anos do golpe’ não mira o passado.

A atualidade da arguição inclui nuances. Algumas delas falam diretamente ao Brasil dos dias que correm. Exemplos.

O que acontece em um país quando o conservadorismo forma a percepção de que as possibilidades democráticas e eleitorais de seu retorno ao poder se estreitaram?
Que contrapesos poderiam, ou melhor, deveriam ser acionados quando a judicialização da política e o golpismo midiático compõem um corredor polonês asfixiante em torno de um governo democrático e progressista?

Em que medida é realista apostar em um alicerce defensivo ancorado exclusivamente nas instituições existentes, quando o propósito é superar o que elas guarnecem? É um primeiro indicativo.

Há outros a sinalizar que não estamos falando de ontem. Mas das evocações que 1973 inspira em 2013. E em 2014.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

POR QUE A EUROPA FOI PARA O SACO. CULPA DA URUBÓLOGA ! “Austeridade”, “juros altos” … isso é papo de credor.



Neste fim de semana, o ansioso blogueiro teve o raro prazer de ler de Paul Krugman no ensaio “como a defesa da austeridade econômica foi para o saco (tradução não literal)”, na última edição da The New York Review of Books.

As setas inflamadas de Krugman apontaram para o peito de Kenneth Rogoff, que foi do FMI e do Banco Central americano, e se tornou o máximo-guru da teoria neolibelês (*).

Os Estados Unidos e o PiG (**) brasileiro levam o Rogoff muito a sério.

E a Europa também, a ponto de seu último trabalho, “Crescimento em tempo de dívida”, ser citado pelos fundamentalistas dos juros nos bancos centrais e instituições monetárias, depois que a Grécia quebrou.

Krugman mostra que, depois da crise de 2008, os Estado Unidos e a Europa até que tentaram algum keynesianismo, alguma intervenção: fazer o Estado gastar para criar demanda.

Krugman explica de forma trivial a necessidade de uma intervenção estatal em tempo de crise, com o princípio da interdependência: o seu gasto é a minha renda; o meu gasto é a sua renda.

Se nós dois tentarmos pagar a dívida com a redução dos gastos, a renda dos dois vai cair.

E essa redução da renda pode aumentar a nossa dívida, além de produzir desemprego em massa.

Contra essa obviedade desconcertante, Rogoff e Carmen Reinhardt demonstraram de forma categórica que a Histórica não perdoou a economia que tivesse uma dívida correspondente a 90% do PIB.

Passou dos 90% – como tinha sido o caso da Grécia -, a economia ia pro brejo !

(A do Brasil está perto de 50% do PIB.)

Essa “descoberta” assustadora ajudou a reverter as políticas econômicas suavemente expansionistas nos Estados Unidos e da Europa.

Dívidas, jamais !

E passaram todos a cortar os gastos de forma radical: Grécia, Espanha, Portugal … uma carnificina atrás da outra.

E o desemprego se tornou em massa: 25 milhões na Europa !

60% dos jovens espanhóis !

Até que Thomas Herndon, estudante de graduação  da Universidade de  Massachusetts, Amherst refez os cálculos do Rogoff e descobriu um erro primário: o jenial neolibelês (*) errou a “planilha Excel”.

Um pecado ginasiano !

A teoria dos 90% desabou sob o peso da arrogância.

Krugman demonstra que não há relação entre mais dívida e menos crescimento.

É papo neolibelês sem fundamento histórico.

Aí, vem a tese de Krugman para explicar por que a tese furada do Rogoff foi aceita tão rápido quanto radicalmente.

Porque há uma lógica que os brasileiros conhecem de cor e salteado.

Cortar investimentos e privatizar.

Assim, os Governos fazem caixa e pagam os bancos.

De quebra, juros altos.

Para engordar os bancos.

É uma política para os credores.

E os devedores que se lixem.

Na fila do desemprego.

Enquanto não acabam com o seguro-desemprego.

Em tempo: no Brasil, os fundamentalistas dos juros têm à frente a Urubóloga, que, como se sabe, foi o melhor pensador neolibelês que o Brasil conseguiu produzir. Não chega a ser um Rogoff, mas tenta.

Em tempo 2: como lembra o Bessinha, o Pinochet e o Videla foram pioneiros do neolibelismo (*) – e outros crimes – na América Latrina.


Paulo Henrique Amorim


(*) “Neolibelê” é uma singela homenagem deste ansioso blogueiro aos neoliberais brasileiros. Ao mesmo tempo, um reconhecimento sincero ao papel que a “Libelu” trotskista desempenhou na formação de quadros conservadores (e golpistas) de inigualável tenacidade. A Urubóloga Miriam Leitão é o maior expoente brasileiro da Teologia Neolibelê.

(**) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

A MATEMÁTICA ESPERTA DA 'FOLHA'



Manchete deste domingo da Folha adverte: "Programa social consome a metade dos gastos federais'.A 'grave denúncia' apoia-se num truque contábil escondido  em uma única e miserável linha. Assim: 'Foram excluídos da conta os encargos da dívida pública'. A partir daí até camelo passa em buraco de agulha. A pequena confissão subtrai do conjunto das comparações algo como R$ 200 bilhões. Quase 5% do PIB, custo médio dos juros da dívida pública nos últimos anos.O segundo desvão da calculadora dos Frias engole aspectos cruciais da previdência social urbana. No texto, ela é a ante-sala do inferno fiscal: equivale  a 60% dos tais 'gastos sociais' do Estado brasileiro. Um buraco de R$ 245 bi. Fatos: a previdência urbana é superavitária desde 2007, graças à criação de 16 milhões de empregos com registro em carteira nos últimos dez anos. Em 2012, teve o melhor resultado de sua história: um superávit de R$ 25 bi. O saldo cobre quase 35% do déficit da previdência rural, que estendeu o salário mínimo aos idosos do campo, com os seguintes desdobramentos: a) a renda rural nos últimos seis anos cresceu  36% a mais do que o próprio PIB agrícola;b) a década do governo Lula foi a primeira, em 60 anos, em que o êxodo rural brasileiro se estabilizou. É um corte histórico. Mas ele não cabe na matemática esperta da Folha. 

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

TUCANOLICES E COISA SÉRIA

*Agora vai: a gestão Kassab/Serra, 48% de ruim e péssimo, promete liberar ciclovias da avenida Paulista ao centro de SP --todos os domingos. Puxa! Os petizes da Folha dão a isso uma foto que ocupa 5 colunas da 1ª pág. na edição desta 2ª feira** Folha: o tanquinho de areia do PSDB. 

 

O maior feito monetário do conservadorismo brasileiro foi jogar a taxa de juro do país no patamar meliante de 44%. O colosso se deu em 1999. Paradoxalmente, na gestão do principal analista financeiro da atualidade, Fernando Henrique Cardoso, que se dedica  à generosa tarefa de explicar à Presidenta Dilma,como se sabe uma jejuna em economia perto dos seus cabedais, que o problema central da Nação hoje é o legado do ciclo Lula. Para ficar apenas no alicerce fiscal/monetário: em dezembro de 2002 -- último mês do PSDB  na Presidência da República-- a relação dívida/PIB atingia estratosféricos 63,2%, praticamente o dobro dos 30,2% existentes no início do ciclo tucano, em 1994.  (LEIA MAIS AQUI)

quarta-feira, 18 de julho de 2012

O declínio do sonho americano

Só 4% da última geração nascida depois dos anos 1970 subiram um degrau na escala social; assim, nos Estados Unidos, esfumou-se a esperança de uma vida melhor

Vittorio Zucconi
(tradução de Moisés Sbardelotto)
do IHU
O grande rio do "sonho americano", aquela corrente forte e tumultuosa que transportou gerações de pessoas rumo à esperança de uma vida melhor, está se tornando um pântano de água estagnada. A sociedade norte-americana perdeu sua própria mobilidade formidável e começa a se assemelhar cada vez mais às cansadas sociedades do Velho Mundo, onde já é muito mais fácil deslizar para baixo, do que subir rumo ao topo.
Apenas 4% dos norte-americanos da última geração pós-anos 1970, que hoje se tornou adulta, conseguiu subir alguns degraus na escala de renda e melhorar a sua própria situação em termos absolutos, de receita e de segurança, e em termos relativos, em comparação com as outras classes do censo. O instituto de pesquisas sociais Pew, que é o mais sério e equilibrado em matéria de demografia e de sociologia, concluiu com evidente amargura que o "sonho americano está vivo e goza de ótima saúde, mas apenas em Hollywood".

Na realidade cotidiana, já é um sucesso se as famílias e os indivíduos conseguem se manter na renda média nacional, que é hoje de 49.900 dólares anuais brutos, ou 40 mil euros. Um número que poderia parecer invejável a um assalariado italiano, mas que se torna muito mais pálido se depurado, além dos impostos, dos custo do seguro de saúde privado, dos impostos locais e imobiliários calculados sobre o valor de mercado das casas, dos transportes privados, indispensáveis na transumância cotidiana dos trabalhadores pendulares sem meios públicos.

sexta-feira, 2 de março de 2012

O PAÍS QUE O BRASIL PODERIA SER

VOTOS OU BOMBAS: eleições parlamentares no Irã terminam hoje às 12 hs (horário de Brasília)** elevada abstenção , dizem analistas,sancionaria planos de ataque americano-israelense contra o país** RECEITA PARA O DESASTRE: reunida em Bruxelas, na 5ª feira, cúpula do euro reafirma receita para o desastre na UE: mais arrocho sobre a sociedade e maior liquidez para a banca (leia reportagem do correspondente Eduardo Febbro sobre a resistência social na UE, onde o desemprego atinge niveis recordes; nesta pág)*DILÚVIO ESPECULATIVO: governo anuncia taxação de 6% sobre captações externas com prazo inferior a 3 anos (leia reportagem de Najla Passos, nesta pág)** medida é insuficiente: boa parte do dinheiro especulativo entra como investimento produtivo direto, isento de taxação**passivo externo líquido total do Brasil, sujeito a fugas repentinas de capital, já é superior a US$ 750 bi, o dobro das reservas*ciclo de liquidez mundial põem em xeque a livre conversibilidade de capitais (LEIA MAIS AQUI) 

O BNDES aprovou na 4ª feira um empréstimo de R$ 1,5 bilhão ao Senai. Somados a outros R$ 400 milhões da própria instituição, os recursos  vão financiar um programa destinado a praticamente dobrar o número de vagas em cursos profissionais, chegando a 4 milhões por ano, em 2014. Além de duplicar vagas, o dinheiro é suficiente também para ampliar o total de escolas da rede, com a construção de 53 novos Centros de Formação Profissional, seis institutos de Tecnologia, sete institutos de Inovação e 79 unidades móveis. Apertem os cintos: tudo isso está sendo feito com o equivalente a menos de 10% do superávit fiscal recorde obtido em janeiro ; foram R$ 20,8 bilhões integralmente destinados ao pagamento de juros aos rentistas da dívida pública brasileira.  A economia feita pelo governo  com essa finalidade cresceu mais de 46%, comparado a janeiro de 2011. Numa aproximação grosseira, pode-se inferir que  se 50% desse valor fosse canalizado em benefício da educação profissionalizante seria possível abrir quase 10 milhões de vagas em bons centros de ensino (e não há motivo para que não contemplassem também uma formação humanista),  beneficiando maciçamente a juventude pobre do país. Hoje, de cada três crianças que ingressam na escola pública, apenas uma chega ao final do ensino médio.Outras duas ficam pelo caminho, incorporando-se ao mercado de trabalho sem qualquer amparo ou formação. Insista-se, são cálculos rudimentares. Mas eles ilustram  o país que o Brasil poderia ser  e, sobretudo, um pedaço dos obstáculos que o  condenam à inércia incremental, insuficiente para construir a sociedade justa que seu povo exige e merece.

Dilma critica “tsunami monetário” promovido por países desenvolvidos

Para a presidenta, a injeção irresponsável de dinheiro na economia mundial prejudica países emergentes, como o Brasil, tornando suas indústrias menos competitivas. Dilma Rousseff prometeu a criação de novos mecanismos para impedir o que classificou como “canibalização dos mercados emergentes”. Segundo Dilma, só os países da comunidade européia despejaram no mercado internacional, até hoje, US$ 4,7 trilhões de dólares, o que considerou uma política monetária “absolutamente inconseqüente”

Brasília - A presidenta Dilma Rousseff criticou, nesta quinta (1), a política cambial adotada pelos países desenvolvidos que, para tentar driblar a crise em que estão metidos, injetam dinheiro na economia mundial de forma irresponsável.

Para a presidenta, a alta emissão de moeda, nos moldes que vem sendo praticada por países da Europa e pelo Japão, provoca o que ela chamou de “tsunami monetário” nos mercados emergentes, como é o caso do Brasil, prejudicando a competitividade das indústrias nacionais.

“Nós vamos continuar desenvolvendo este país, defendendo a sua indústria e impedindo que os métodos de saída da crise dos países desenvolvidos impliquem na canibalização dos mercados emergentes”, afirmou.

Segundo Dilma, só os países da comunidade européia despejaram no mercado internacional, até hoje, US$ 4,7 trilhões de dólares, o que ela disse considerar uma política monetária “absolutamente inconseqüente” do ponto de vista do que ela produz sobre os mercados internacionais.

E, ao discursar para os empresários e sindicalistas que participavam de uma cerimônia no Palácio do Planalto, prometeu providências, que poderão resultar em novos ajustes na política cambial brasileira. “Nós teremos que criar outros mecanismos de combate aos processos que vão ser desencadeados por esses US$ 4,7 trilhões”, afirmou.

A presidenta, entretanto, descartou a possibilidade de adotar uma política que provoque a desvalorização do real. Ela garantiu que o Brasil irá continuar apostando no crescimento econômico associado à redução da pobreza e ao combate à desigualdade.

“Hoje as condições de concorrência são adversas, não porque a indústria brasileira não seja produtiva, não porque o trabalhador brasileiro não seja produtivo, mas porque tem uma guerra cambial, baseada numa política monetária expansionista, que cria condições desiguais de competição”, justificou.

Ela disse também ter consciência de que, para que o Brasil continue a crescer com bases sociais, será preciso acelerar a economia. “Nós estamos trabalhando para que a taxa de investimentos no Brasil cresça e ultrapasse, pela primeira vez na década, os 20% do PIB”.

Para a presidenta, se o país quisesse apenas criar mais empregos, era só conseguir que a taxa do Produto Interno Bruto (PIB) fosse maior do que a taxa de crescimento da população. “Mas não é isso que nem os trabalhadores, nem os empresários e, muito menos, o governo quer. Nós queremos também que a distribuição de riquezas no Brasil se dê de forma constante. E aí, sim, nós seremos uma sociedade desenvolvida”.

As críticas da presidenta aos países desenvolvidos foram muito bem recebidas pelos sindicalistas que, momentos antes, cobraram, reiteradamente, a redução imediata dos juros e a taxação do capital especulativo.

“Nós precisamos discutir a crise da desindustrialização, que é grave, é rápida e nós precisamos dar respostas. As indústrias estão passando dificuldades e os trabalhadores estão perdendo seus empregos. Por que não taxar os especuladores internacionais que vêm aqui só ganhar dinheiro?”, questionou o presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP).

O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Artur Henrique, também defendeu a taxação do capital especulativo e cobrou, ainda, a redução dos juros. “Nós precisamos cuidar do câmbio para garantir que os recursos venham para o país, mas para a geração de empregos e crescimento, e não para a especulação financeira”.

Segundo ele, as máquinas dos bancos centrais dos países europeus estão rodando dinheiro sem parar. “Com as altas taxas de juros praticadas no Brasil, é aqui que eles vão querer despejar esse dinheiro todo, desestabilizando nossa economia”.


 

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Standard & Poor's reduz nota da França para "AA+"

Brasil Econômico  


A S&P havia advertido em meados de dezembro que poderia rebaixar rapidamente a nota de vários países europeus, incluindo França
A S&P havia advertido em meados de dezembro que poderia rebaixar rapidamente a nota de vários países europeus, incluindo França

A agência de classificação financeira Standard & Poors (S&P's) reduziu a nota da França, a segunda economia da Zona do Euro, em um grau, de "AAA" para "AA+", informou uma fonte governamental.
Alemanha, Holanda, Bélgica e Luxemburgo, no entanto, mantiveram sua classificação.
"A França perdeu seu triplo A", disse a fonte, que pediu anonimato.
A S&P havia advertido em meados de dezembro que poderia rebaixar rapidamente a nota de vários países europeus, incluindo França, que teria sua nota reduzida em dois escalões, a partir de seu atual "AAA", a máxima nota de solvência.
"Outros países (que também possuem essa classificação) podem ter a mesma sorte", disse, sem detalhar quais.
Segundo a fonte, o governo francês já foi informado pela agência. Após o anúncio, a Bolsa de Paris perdia 1,05%.
A agência classificadora se negou a comentar sobre a nota francesa e dos demais países europeus.
Segundo especialistas, a mudança da nota francesa pode ter um efeito dominó na Zona do Euro e afetar inclusive seu mecanismo de resgate, o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF), cujo "AAA" é sustentado pela nota de seis países da União Monetária.
O euro acelerou sua queda ante o dólar, chegando ao seu valor mínimo em 16 meses. Nesta tarde, o euro recuou para US$ 1,2624, sua mínima desde agosto de 2010.
Em meados de dezembro, a agência Moody's reduziu em dois níveis a nota da dívida da Bélgica, para "Aa3", sendo que este país manteve sua classificação "AA" da Standard and Poor's e de "AA+" da Fitch.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

EURO: DANÇANDO, COMO SE NÃO HOUVESSE AMANHÃ

*greve geral paralisa a Grécia contra o arrocho nesta 5ª feira** a de ontem, na Inglaterra, foi a maior greve do setor público em 30 anos** a de 5ª feira passada, em Portugal, idem.
Pela 2ª vez em menos de uma semana, a Europa é sacudida por tremores que abrem fendas e trincas cada vez mais fundas no edifício financeiro do euro. Os estalos desta 4ª feira exigiram uma ação coordenada dos maiores bancos centrais do mundo que implantaram uma ponte de safena global para injetar liquidez direto na veia do sistema bancário europeu. Arqueados sob bilionárias carteiras de títulos públicos insolventes, os bancos tornaram-se enormes entrepostos de contágio falimentar nos quais ninguém quer deixar o dinheiro. Enfrentam assim um acelerado processo de desidratação de ativos,    sobretudo dólares, com a fuga em massa de fundos norte-americanos. Emergências bancárias desse tipo desdobram-se em rápida retração do crédito, o que do ponto de vista do capitalismo equivale a uma trombose, a partir da qual todo o sistema entra em coma, por falta de irrigação financeira. As bolsas, como se não houvesse amanhã, não economizaram rojões na chegada da extrema-unção ao leito morimbundo do euro. Não deixa de ser pedagógico. Um dos radares mais festejados  da dita 'eficiência dos mercados', a a festa das ações revela a mais absoluta ignorância em relação ao colapso sistêmico que esfarela o seu chão. A ponto de confundir uma operação de socorro explosiva e datada com as trombetas da redenção. Um dado ilustra a gravidade dos dias que correm: investidores em massa buscam títulos alemães -- ainda sinônimo de segurança-- em troca de rentabilidade negativa. Ou seja, ao final da aplicação, receberão de volta uma quantia inferior à investida. O ganho é a redução da incerteza: terão perdas conhecidas numa catarse volátil. A intervenção dos BCs, embora encorajadora no curto prazo, está longe de resolver os alicerces do impasse. Todas as opções ortodoxas para salvar o euro  fracassaram,inclusive o festejado fundo de estabilização. A crise exige recursos e decisões que a ortodoxia que tomou de assalto o projeto da UE não previu e rejeita: sobretudo, soberania estatal à moeda única, com um BCE que domine a manada especulativa, colocando dívidas públicas sob sua fiança.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Crise é imprevisível, avaliam economistas em seminário no RJ


“O neoliberalismo não está morto, está com o olho muito aberto, mas entra em crise agora na Europa. O que eles estão fazendo em termos de ajustes recessivos é um completo disparate, no qual a Alemanha tem muita culpa. A Alemanha ainda vai pagar caro essa brincadeira. Se o euro estourar, será na cara deles também”, advertiu Maria da Conceição Tavares em seminário que reuniu nomes do pensamento econômico progressista brasileiro para analisar a crise do capitalismo mundial.

Rio de Janeiro – Alguns dos principais nomes do pensamento econômico progressista brasileiro se encontraram na segunda-feira (28) no Rio de Janeiro para analisar a crise do capitalismo mundial e seus reflexos nos países ricos, além das prováveis conseqüências do atual contexto econômico global sobre o Brasil. O debate ocorreu no mesmo dia em que a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) anunciou a redução de suas projeções para a economia global e confirmou a formação de um aparentemente inevitável quadro de recessão para os Estados Unidos e a Europa.

O seminário “A Crise do Capitalismo e o Desenvolvimento do Brasil” foi organizado conjuntamente pelos quatro maiores partidos de esquerda do país, por intermédio das fundações Perseu Abramo (PT), João Mangabeira (PSB), Maurício Grabois (PCdoB) e Leonel Brizola/Alberto Pasqualini (PDT). Os debates reuniram, além de economistas, diversos parlamentares, empresários, sindicalistas e dirigentes partidários de todo o país.

A primeira mesa de debates reuniu nomes do peso de Maria da Conceição Tavares, Carlos Lessa, Luiz Carlos Bresser Pereira e Theotônio dos Santos na análise da crise financeira que atinge o centro da economia global e hoje se manifesta mais fortemente na União Européia, onde a adoção do euro como moeda comum já é posta em xeque.

“O neoliberalismo não está morto, está com o olho muito aberto, mas entra em crise agora na Europa. O neoliberalismo na década de 90 e começo desse século era favorável ao crescimento do G7, mas agora é dramaticamente regressivo, em particular na União Européia. O que eles estão fazendo em termos de ajustes recessivos é um completo disparate, no qual a Alemanha tem muita culpa. A Alemanha ainda vai pagar caro essa brincadeira. Se o euro estourar, será na cara deles também”, disse Maria da Conceição Tavares.

Conceição não vê solução para a insegurança econômica global nos próximos anos: “A crise européia deve prolongar a instabilidade financeira, com uma ameaça de estagnação com deflação. Os preços industriais estão caindo e talvez caiam também os preços das commodities, o que não será legal para o Brasil”.

Segundo a economista, hoje na Europa a grande discussão é manter ou não o euro: “A esquerda quer manter, mas a direita nacionalista não quer, pois prefere voltar às moedas nacionais para permitir a desvalorização da dívida em moeda nacional. Se acontecer, o que isso irá gerar de desvalorização competitiva restabelecerá na Europa o clima da década de 20, quando foi rompido o padrão ouro. É uma coisa muito problemática”, avaliou.

Dupla natureza
Segundo Bresser Pereira, a crise do euro tem dupla natureza: “De um lado, é uma crise fiscal de Estados que estavam razoavelmente equilibrados do ponto de vista fiscal até 2008. Um exemplo é a dívida pública da Irlanda, que era de 25% do PIB em 2007. Aí, veio a quebra dos bancos irlandeses, o governo socorreu e a dívida pública da Irlanda, no fim de 2010, era de 99% do PIB. A dívida pública surgiu da quebra dos bancos, fundamentalmente. Os Estados do Sul da Europa se endividaram para socorrer seus bancos e aí os mercados financeiros perderam a confiança nesses países e na sua capacidade de pagamento. Então, a taxa de juros está aumentando. Isso já aconteceu com a Irlanda, depois com a Grécia, e agora está acontecendo com Itália”.

A outra natureza da crise européia, segundo Bresser, é cambial: “Os países em crise aguda tiveram déficits públicos pequenos, mas grandes déficits em conta corrente, o que se explica em parte também pelo consumo irresponsável feito internamente. A taxa de câmbio implícita desses países, definida pela relação salário-produtividade, se apreciou, e eles, então, entraram em um déficit de conta corrente muito grande em relação à Alemanha. Isso implica em endividamento para empresas, famílias e bancos, e torna a situação insustentável para esses países”.

Segundo o economista, o que ocorre na União Européia é uma crise de soberania monetária: “Ou você tem autonomia e decide sobre sua vida ou fica na mão dos outros. Não há soberania possível se você não tem uma moeda nacional. Os países da zona do euro, quando fizeram o acordo, aceitaram trocar suas moedas nacionais por uma moeda estrangeira, o euro. A moeda nacional tem duas características muito importantes, que só se percebe em tempos de crise: você pode emitir e pode desvalorizar. A Grécia não pôde fazer isso, a Espanha e a Itália não poderão fazer isso...”.

Para Bresser, a solução para o problema da dívida pública começaria com uma medida: “O banco central europeu deveria funcionar como o banco nacional desses países. Ou seja, emitir dinheiro para comprar os títulos que estão a juros altíssimos, e com isso baixar a taxa de juros e reequilibrar o sistema”. Em relação ao déficit em conta corrente, a solução racional, segundo o economista, seria cada país poder desvalorizar sua moeda: “Com isso, você baixa o salário, mas de uma forma menos dolorosa, não baixa via desemprego. A decisão de países como Espanha ou Itália de continuar no euro é complicada. Não sou capaz de dizer o que vai acontecer”.

A dificuldade em se fazer previsões sobre os desdobramentos da crise também foi citada por Carlos Lessa: “Essa crise apresenta uma grande opacidade em relação ao seu desdobramento. Esperamos _ vamos bater na madeira _ que a solução não se dê em termos de conflito mundial. Ninguém poderá dizer com razoável precisão como será o mundo daqui a dez anos. Porém, é possível dizer que será muito diferente do atual”.

G2
Essa diferença, segundo Lessa, será fundamentalmente geopolítica e terá EUA e China como atores principais, no que ele chama ironicamente de G2: “Quero crer que o império continua império. O orçamento militar norte-americano supera o somatório dos nove orçamentos militares que lhe sucedem e este ano foi aprovado nos EUA o maior orçamento militar de todos os tempos. Culturalmente, as pautas americanas já são absolutamente universalizadas. Acho que não tem G7 nem G 20. O que tem é G2, que é o matrimônio de um país chamado EUA, que é o império, e uma periferia chamada China”, disse Lessa, comparando o papel atual da China às “maquilas” mexicanas, que serviam de montadoras para produtos que depois retornavam aos EUA.

Theotônio dos Santos disse entender a natureza da atual crise européia como sendo secular: “Há um caráter cíclico na economia mundial, a crise não é novidade absoluta”, afirmou, antes de apresentar alguns números: “Entre 1900 e 1913, o PIB per capta cresceu cerca de 1,5%. Depois, de 14 a 38, período em que ocorreu a crise de 1929, o PIB cresceu apenas 0,8%. Entre 38 a 73, no chamado período de ouro do capitalismo, o PIB voltou a crescer cerca de 2,3%. Depois, de 74 a 93, o crescimento foi de 1,2%, em um período tipicamente de descenso de longo prazo. De 1994 para cá, o crescimento tem sido em torno de 2,3% apesar de duas crises fortes em 2000 e 2008. Há uma tendência a oscilar a taxa de crescimento da economia mundial”.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

QUEM FALA PELA ARGENTINA: A MÍDIA OU AS URNAS?

*crise bancária do euro: George Soros e mais 1.300 empresários e políticos lançam carta aberta pedindo solução imediata para a crise bancária e fiscal da Europa** 'Ocupe o Copom': dia 18, lançamento do manifesto liderado por sindicatos metalúrgicos,  pelo corte dos juros. Pesquisas indicam que Cristina Kirchner pode ter a maior votação da história da Argentina desde o retorno do país à democracia, em 1983.As enquetes divulgadas esta semana apontam sua vitória no 1º turno do pleito de domingo,dia  23,quatro dias antes do primeiro aniversário da morte de seu marido, Nestor Kirchner, que a antecedeu na Presidência, de 2003 a 2007 (leia reportagem do correspondente em Buenos Aires nesta pag). Superior ao desempenho previsto para Cristina (53% a 57%) só há 3 registros na história argentina:Perón , em 52 e 73 e, antes dele, Hipólito Yrigoyen, em 28. Para quem é informado exclusivamente pelos veículos da grande imprensa brasileira, o panorama na reta final desconcerta pelo fosso entre o que se noticia aqui e as evidencias  em sentido contrário vindas de lá. Se o  governo Cristina é  descrito como uma espécie de Olaria Futebol  Clube, como então essa goleada no que nos é vendido como sendo o Barcelona da pampa? Como um governante de um ciclo carimbado como um dos mais ineptos e corruptos; que declarou moratória de US$ 145 bi, impondo aos credores o maior desconto da história mundial (70%); julgou e prendeu militares e torturadores; taxou e confiscou receita do agronegócio,;estatizou o papel de imprensa e bateu de frente com a mídia conservadora chegou a esse desempenho, após oito anos desastrosos? Iniciado em 2003, o ciclo Kirchner  herdou uma taxa de pobreza produzida pelo extremismo neoliberal que afetava 60% dos  37 milhões de argentinos.Hoje a economia cresce a 8% ao ano. Sim, beneficiada pelo ciclo de alta das commodites; se a China desacelerar, os flancos do modelo primário-exportador emergirão  -- lá,cá e nos demais 70% do planeta atados à demanda chinesa. Em contrapartida, desdenha-se que a  pobreza agora, segundo o Inde (oficial), abrange menos de 10% da população (2,5 milhões de pessoas). Com um porém, retrucam os oposicionistas. Sendo o dobro do índice oficial, a inflação efetiva distorce todas as referencias de renda real. Pode ser uma parte da verdade.Não toda ela. Dia 23 as urnas  anunciarão o saldo político dessa tabulação histórica que a mídia sempre sonegou.
(Carta Maior; 4ª feira, 12/10/ 2011)

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Pagamento de juros da dívida pública atingirá a marca de R$ 1 trilhão


Brasil já gastou com juros da dívida pública R$ 947 bilhões desde que o chamado superávit primário começou a ser praticado, em dezembro de 1998. Em 150 meses, Estado brasileiro usou R$ 200 milhões por dia do que arrecadou com tributos para transferir aos credores da dívida. Para cumprir meta de superávit este ano, setor público ainda precisa de um arrocho fiscal de mais R$ 53 bilhões. Congresso prepara-se para votar lei que vai impedir o uso de R$ 140 bilhões em políticas públicas no ano que vem para que mais juros sejam pagos.

BRASÍLIA – O Congresso prepara-se para votar a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) 2012, uma espécie de rascunho do orçamento do ano que vem contendo alguns parâmetros econômicos. Um deles é a quantia que o governo federal deseja que o Estado brasileiro recolha da população em tributos e depois use para pagar juros da dívida pública. Pela LDO, em 2012, os credores da dívida devem lucrar R$ 140 bilhões com o chamado superávit primário, mecanismo adotado em 1998 que, até o fim de 2011, terá sonegado, em sua história, R$ 1 trilhão à saúde e à educação, por exemplo.

O desvio de recursos fiscais de políticas públicas para o pagamento de juros da dívida começou em dezembro de 1998, num acordo do então presidente Fernando Henrique Cardoso com o Fundo Monetário Internacional (FMI) em troca de empréstimos que ajudariam o Brasil a evitar a falência. Desde então, o Estado usa o superávit para tentar controlar o aumento da dívida.

Ao longo de 150 meses até maio de 2011, governo federal, estados, prefeituras e empresas estatais destinaram R$ 947 bilhões ao pagamento de juros da dívida, segundo estatísticas do Banco Central (BC).

Só em 2011, o superávit primário já custou R$ 64 bilhões ao cofres públicos. Pela LDO em vigor, o valor precisa fechar o ano em pelo menos R$ 117 bilhões - embora seja possível fazer alguns descontos, o governo federal, que lidera o esforço de todo o setor público, diz trabalhar com aquele alvo. Faltam, portanto, R$ 53 bilhões para o objetivo ser alcançado. Exatamente o valor que fará o Brasil atingir a marca trilionária na história do superávit primário.

Ao longo de 150 meses, o total de juros da dívida pública somou R$ 1,8 trilhão, também segundo o BC. Ou seja, com recursos de tributos, o Brasil liquidou só a metade dos juros que topou pagar ao “mercado”.

Para pagar a outra metade, precisou pedir dinheiro emprestado ao mesmo “mercado”, vendendo títulos que, um dia, vão virar dívida. E pegou empréstimo aceitando pagar em troca os maiores juros do planeta, o que dificulta a redução da dívida e, portanto, do superávit primário.

O pagamento de R$ 947 bilhões em juros da dívida durante 150 meses significa R$ 200 milhões por dia, em média, patamar que deve se manter quando a marca de R$ 1 trilhão for alcançada em dezembro.

Comparações: o programa federal para tirar 16 milhões de brasileiros da miséria custará cerca de um quarto do juro da dívida (R$ 54 milhões por dia). Com a quantia já empatada no superávit primário, seria possível pagar 366 mil aposentadorias de um salário mínimo todos os dias.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

A GRÉCIA NÃO É AQUI, MAS A LÓGICA

Nos últimos 12 meses,  o juro da dívida  pública custou  R$ 213,9 bi ao Brasil. Para honrar seus credores, o  Estado fez um arrocho de gastos e conseguiu reservar  R$ 119,6 bi do total da receita de impostos, compondo assim o superávit primário, todavia insuficiente para suprir a pantagruélica bocarra rentista . O rombo não pago,  R$ 94,3 bi, ou 2,5% do PIB, foi acrescido ao saldo da dívida que desse modo não cessa de aumentar, mesmo quando o governo gasta menos do que arrecada.  Sempre é bom cotejar  valores etéreos das finanças com unidades de medida mais terrenas. Uma delas é o custo do  Bolsa  Família, o maior programa social de transferência de renda do mundo. Um ano de Bolsa Família custa R$ 17 bi aos cofres públicos. Beneficia 53 milhões de brasileiros. Vamos sentar  para não cair de susto: o juro da dívida pública pago nesses 12 meses permitiria multiplicar por doze vezes e meia o benefício médio do Bolsa Família, o que propiciaria a cada lar inscrito no programa uma renda de R$ 1.400 reais por mês, contra média de R$ 155,00 atuais. Não é uma proposta.Mas uma ilustração do  que se sacrifica desviando tal volume de recursos para um universo proporcionalmente insignificante de privilegiados. Infelizmente, a tendência é que esses paradoxos e discrepâncias se acentuem. Não porque o governo seja perdulário, como dardeja a ortodoxia militante dentro e fora da mídia. Mas, entre outras coisas, porque o nível de juro com que o país ingressou na crise mundial já era absurdo. Qualquer variação para cima, agora, realimenta uma dinâmica autodestrutiva,  mantidas as ferramentas convencionais de política econômica. Harmonizar o controle da inflação, por exemplo (que, segundo a ortodoxia,  requer um juro real de 8% até dezembro, contra 7% atuais) e, ao mesmo tempo, conter o tsunami de capitais especulativos que desembarcam no país, virou um jogo de perde-perde . Perde-se com a alta dos juros, de um lado e também com a valorização da moeda brasileira pela indigestão de dólares atraídos pelos juros siderais. Deixa-se de gerar empregos e riquezas para conter a inflação. Ao mesmo tempo, exporta-se empregos e produção deslocando-se demanda para produtos importados, barateados pela distorção cambial. Este ano, o superávit primário foi de R$ 45,452 bi de janeiro a maio. O valor  é 87,6% superior ao registrado um ano antes. A Grécia não é aqui. Mas há várias tragédias embutidas nesses números  -talvez o fato de nos habituarmos a eles seja a maior delas.
(Carta Maior; 6º feira, 301/07/ 2011)

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Dilma rejeita receita recessiva da direita e do FMI para economia

A candidata da coligação Para o Brasil Seguir Mudando, Dilma Rousseff, voltou a rejeitar nesta quinta-feira (7) a ideia apregoada pela direita neoliberal e agora também pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) de que a economia nacional precisa de um ajuste fiscal, apresentado como condição para reduzir a taxa básica de juros e evitar a queda do dólar frente ao real.

Como economista, Dilma conhece o significado da expressão ajuste fiscal, que à primeira vista pode parecer inofensiva ou quem sabe até providencial. Conforme a candidata explicou na campanha do primeiro turno, o tal ajuste se concretiza através de cortes das despesas públicas e aumento de impostos. Em outras palavras, significa diminuição das verbas para saúde, educação, transportes, infra-estrutura, demissão de trabalhadores no setor público, redução de salários e de direitos. As privatizações tucanas são o tempero da receita.

Retrocesso


O resultado macroeconômico do remédio sugerido pelo FMI e a direita neoliberal seria a paralisação do Programa de Crescimento Econômico (PAC), a diminuição da taxa de investimentos e a desaceleração das atividades produtivas, estagnação ou mesmo recessão econômica. Como complemento, veríamos a reversão do ciclo positivo do mercado de trabalho, com a elevação dos níveis de desemprego, da precariedade e da pobreza. Um retrocesso à era neoliberal liderada por FHC.

A Grécia oferece, hoje, um bom exemplo dos efeitos danosos da receita do FMI para a economia. Submetido a um ajuste fiscal ditado pelos economistas do Fundo e pela cúpula da União Europeia, o país deve encerrar 2010 completando três anos de recessão e com um nível recorde de desemprego, em torno de 12%. Nesta quinta-feira (7) o país foi paralisado por uma nova greve geral dos trabalhadores do setor público, que tiveram seus salários reduzidos e direitos suprimidos.

Lição amarga

O Brasil também fez as “lições de casa” ditadas pelo FMI no passado, após a crise da dívida externa, no início dos anos 1980, e durante o governo FHC, que quebrou o país com sua política neoliberal e entregou o país à administração dos tecnocratas do Fundo em 1988. Fernando Henrique Cardoso chegou a assinar um protocolo de intenções com o órgão prometendo a privatização da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil, intenção que felizmente não saiu do papel. O Brasil viveu pelo menos duas décadas perdidas em termos de desenvolvimento (com a renda per capita estagnada) por seguir os palpites do FMI. Foi uma lição amarga, que não devemos repetir.

Não há razão objetiva para o ajuste sugerido pelos neoliberais, conforme observa a candidata a presidente. As contas públicas estão equilibradas, observa-se a redução da relação dívida/PIB e o saldo entre gastos e receitas governamentais (não financeiras, isto é, excluindo juros) é positivo, ou seja, o Estado continua promovendo o polêmico superávit primário.

Ideias e interesses

Os conselhos do FMI, como denunciou o Prêmio Nobel de Economia Josefh Stiglitz, não obedecem aos postulados da ciência econômica, onde é notória a divergência entre conservadores (ortodoxos) e progressistas (heterodoxos) quando o tema é gasto público. O órgão, controlado pelos Estados Unidos e União Europeia, defende os interesses cínicos das potências capitalistas (que dizem uma coisa e fazem outra, extrapolando os limites da sensatez em termos de déficit e dívidas) e conspira contra o desenvolvimento do Brasil e outros países emergentes.

É preciso considerar, ainda, que o “ajuste” proposto, embora seja um veneno para a economia nacional, favorece os interesses dos credores da dívida pública, pois entre seus objetivos destaca-se o de ampliar o superávit primário reservado ao pagamento dos extorsivos juros que remuneram os detentores de títulos públicos.

O debate sobre o tema, mediado pelos grandes meios de comunicação, passa ao largo desses interesses, que (bem mais que a ciência econômica) orienta as ideias neoliberais. Outra empulhação é apresentar o ajuste fiscal como o “remédio técnico” para o problema do câmbio (a excessiva valorização do real), suposição falsa que também foi criticada e desmascarada pela candidata da coligação Para o Brasil Seguir Mudando.

Desequilíbrios americanos


Dilma Rousseff afirmou que um eventual ajuste fiscal não vai conter a desvalorização do câmbio, pois esta resulta de um problema mundial, proveniente dos EUA. Com efeito, a queda do dólar, que ocorre em todo o planeta (não é um problema só brasileiro), decorre dos formidáveis desequilíbrios da economia estadunidense, que ainda não superou a crise. “O ajuste fiscal não tem uma relação direta com o câmbio. A questão do câmbio diz respeito, no caso dos Estados Unidos e dos países desenvolvidos, ao fato de eles estarem numa crise profunda", esclareceu a candidata.

Na opinião de Dilma, o Brasil precisa aumentar a competitividade da indústria para reverter os efeitos de um câmbio supostamente apreciado. Ela também defende a reforma tributaria e lembra que, diferentemente do que aconteceu na era FHC, o governo Lula reduziu o endividamento público e equilibrou as contas públicas.

"Quando chegamos ao governo, 60% do Produto Interno Bruto (PIB) era dívida pública. Hoje, chegamos a 40%", disse. "Isso vai permitir que a gente reduza os juros e, com isso, a relação com o câmbio vai melhorar", completou. A receita recessiva do FMI e da direita neoliberal, a serviço do capital financeiro, está na contramão dos interesses da nação e do povo brasileira.

Da redação, Umberto Martins, com agências