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sábado, 7 de julho de 2012

Escândalo da taxa libor pode ser um "golpe devastador"

O escândalo envolve cerca de 20 grandes bancos internacionais e um mercado de cerca de 500 trilhões de dólares, quatro vezes o PIB dos Estados Unidos. Em entrevista à Carta Maior, o professor de Economia do Centro de Investigação de Mudança Sócio-Cultural (CRESC), da Universidade de Manchester, Michael Moran, assinalou que este escândalo pode ser um golpe devastador na frágil credibilidade do sistema financeiro internacional. A reportagem é de Marcelo Justo, direto de Londres.

Londres - A atual crise econômica mundial é filha do estouro financeiro de 2008. O resgate das principais instituições financeiras, os pacotes de estímulo fiscal e a recessão mundial conduziram à crise da dívida soberana com epicentro na eurozona. Os resgates de Grécia, Portugal e Irlanda serviram para evitar uma crise dos bancos e entidades credoras desses países. Na Irlanda, o Estado assumiu toda a dívida construída por seus principais bancos: o balanço fiscal passou do superávit de 2007 para um prejuízo equivalente a 32% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2010.

O escândalo da manipulação da taxa interbancária Libor que estourou na semana passada é uma nova etapa desta longa crise do sistema financeiro. O escândalo envolve cerca de 20 grandes bancos internacionais e um mercado de cerca de 500 trilhões de dólares, quatro vezes o PIB dos Estados Unidos. Em entrevista à Carta Maior, o professor de Economia do Centro de Investigação de Mudança Sócio-Cultural (CRESC), da Universidade de Manchester, Michael Moran, assinalou que este escândalo pode ser um golpe devastador na frágil credibilidade do sistema financeiro internacional.

Há nove entidades reguladoras investigando a manipulação das taxas Libor. É um escândalo global, mas tem o mesmo potencial sistêmico que teve a quebra do Lehman Brothers em 2008?

A taxa Libor tem um impacto mundial. Ela determina a taxa pela qual se empresta aos bancos e isso, por sua vez, se transmite às taxas de juros pagas pelos consumidores e pelo mundo produtivo em seus empréstimos. Como Londres é o centro financeiro mais importante do mundo, juntamente com Nova York e Tóquio, uma manipulação dessa taxa afeta o sistema bancário no Brasil ou na Tailândia. Além disso, o escândalo expõe o nível de desregulação e descontrole com que operam os mercados financeiros. O que ocorreu não foi uma conduta ilícita de 14 traders como disse quarta-feira o diretor do Barclays, Bob Diamond, ante o parlamento britânico.

O atual escândalo é um novo golpe na confiança de que necessita um sistema financeiro para existir. Acaba de começar, mas tem meses e mesmo anos pela frente. Nos Estados Unidos podemos ter uma catarata de demandas judiciais. No Reino Unido, reabriu em toda sua dimensão o debate sobre a regulação do sistema financeiro no momento em que ainda está se discutindo a nova lei, que até agora parecia uma versão muito aguada da proposta original. Acreditamos que agora vai aumentar muito a exigência para que as bancas comercial e especulativa fiquem claramente separadas.

Como se manipula uma taxa interbancária?

A taxa Libor não reflete o que os bancos estão fazendo no mercado. Ela reflete o que os bancos dizem. Os 16 bancos mais importantes de Londres dizem diariamente que taxa de juro pensam que terão que pagar por pedir dinheiro emprestado. A Associação bancária que coordena a valoração da taxa descarta as estimativas mais altas e as duas mais baixas, tirando uma média com o restante das estimativas dos bancos. Essa taxa média é o Libor que funciona como ponto de referência para a determinação da taxa pela qual os bancos vão emprestar dinheiro. A estimativa feita por cada banco não é arbitrária: ela tem que cair dentro de uma zona de credibilidade. Mas com o volume de operações em jogo, uma variação de 0,5% significa bilhões.

Além dos bancos, quem são os ganhadores e os perdedores com essas manobras?

A manipulação ocorreu tanto para baixo como para cima, com o que havia grupos que podiam perder em um momento e ganhar em outro: os bancos ficavam sempre em melhor situação. Ou seja, se a taxa libor baixa isso tem um impacto na taxa que os consumidores pagam por seus empréstimos: os consumidores se beneficiam. Mas, ao mesmo tempo, os investidores, os fundos de pensão, recebem menos juro por seus empréstimos. Um dos dramas é que atores muito importantes do mercado financeiro acreditava que a taxa Libor era parte de um cálculo honesto e transparente da taxa de juros.

Lembremos também que o escândalo está centrado, no momento, no Barclays porque ele foi o primeiro a ser multado pelas autoridades regulatórias dos Estados Unidos e do Reino Unido, mas há quase 20 outros bancos envolvidos. É óbvio que o escândalo crescerá. Nas próximas semanas começaremos a entender a verdadeira dimensão desse escândalo. Em última instância, o que está em jogo é a estrutura do sistema bancário e do sistema regulador.

Tudo isso está ocorrendo paralelamente à crise da eurozona, na qual a vulnerabilidade do sistema bancário é muito clara. Pode haver um contágio deste escândalo que piore a situação dos bancos europeus? Pode haver uma repetição de 2008?

A crise europeia implicou uma contínua injeção de recursos para alavancar os bancos. Isso teve um forte impacto político nos países resgatados. Ao mesmo tempo, as intervenções do Banco Central Europeu (BCE) para alavancar os bancos resultaram na absorção de dívidas incobráveis dessas entidades. Em algum momento, o próprio BCE terá que dar conta dessas dívidas. O sistema é muito frágil. Seria uma estupidez descartar uma repetição do que ocorreu em 2008. Isso pode ocorrer de várias maneiras. A mais óbvia é a derrocada da eurozona. Um grande mistério é qual a situação real dos bancos britânicos face à essa situação. Sabemos que estão bastante expostos a Espanha, por exemplo. Não sabemos, porém, que impacto todo esse escândalo da taxa libor terá sobre o sistema financeiro britânico.

Tradução: Marco Aurélio Weissheimer

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

A EXTREMA DIREITA OCUPA O VÁCUO

Dilma confirma presença no Forum Social Mundial, em Porto Alegre, entre 24 e 29 de janeiro.





BC decide juro com 'inflações' conflitantes e PIB se recuperando.

Termômetro mensal do Banco Central sobre atividade econômica revela que novembro viu a primeira alta depois de três meses. Na indústria, setor que mais sente a crise econômica global, produção voltou a subir e emprego praticamente parou de cair. Índices prévios da inflação em janeiro apontam sinais diferentes. 'Mercado' aposta que, quarta-feira (18), BC cortará juro de novo em meio ponto, colocando-o no governo Dilma pela primeira vez abaixo de Lula.

BRASÍLIA – O Banco Central (BC) decide na próxima quarta-feira (18), pela primeira em 2012, se mantém ou altera o juro básico brasileiro, tendo à mão índices recentes contraditórios sobre o rumo dos preços e dados que sinalizam uma atividade econômica em recuperação. Ao mesmo tempo, defronta-se com um “mercado” que, se prevê que o BC cortará a taxa, continua dizendo que a inflação do ano ficará acima da meta do governo, o que pressiona próprio banco.

Nesta segunda-feira (16), o BC divulgou seu termômetro mensal sobre o crescimento econômico, o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), sobre novembro, e se oberva uma alta de 1,15% em relação a outubro, o primeiro resultado positivo depois de três meses de queda. O IBC-Br se propõe a ser uma espécie de prévia sobre o produto interno bruto (PIB), a soma das riquezas do país.

Em novembro do ano passado, dois dados divulgados semana passada pelo Instituto Brasileiro de Grografia e Estatística (IBGE) revelaram, no setor mais prejudicado pela crise econômica global, a indústria, a situação tinha ficado um pouco melhor no emprego – caiu 0,1%, depois de declinar duas vezes seguidas 0,4% - e na produção (alta de 0,3%, depois de duas quedas consecutivas de 0,6%).

O emprego em geral no país, segundo dado divulgado há algumas semanas pelo mesmo IBGE, tinha recuado em novembro para 5,2%, a menor taxa da história, depois de ter passado de julho a setembro estacionado em 6% e tido um pequeno recuo para 5,8% em outubro.

No caso da inflação, o resultado final de 2011, também já divulgado dias atrás pelo IBGE, revelou um índice em cima do limite máximo autoimposto pelo governo (6,5%), e em queda na passagem de novembro (0,52%) para dezembro (0,5%). O patamar mensal de 0,5%, porém, é superior ao necessário para que o governo cumpra a meta de 4,5% (teria de ficar entre 0,35% e 0,4%).

Prévias recentes sobre o comportamento da inflação em janeiro mostraram sinais opostos. O índice que melhor capta o impacto da variação do dólar, o IGP-M da Fundação Getúlio Vargas, tinha desacelerado de 0,04% em dezembro para praticamente zero em janeiro (0,01%). Já o IPC da Fipe avançou de 0,61%, em dezembro, para 0,75%, e um outro IPC, este da mesma FGV aponta alta de 0,95%.

Para o “mercado” que o BC consulta toda semana sobre uma série de indicadores, a inflação de 2012 ainda estaria rodando em níveis imcompatíveis com o cumprimento da meta de 4,5%, daí que o setor aposta, segundo a pesquisa divulgada nesta segunda-feira (16), em 5,3%. Apesar disso, o mesmo “mercado” acredita que o banco diminuirá a taxa em meio ponto percentual, colocando-se no governo Dilma pela primeira vez abaixo do que recebera do governo Lula.

No ano passado, em suas oito reuniões, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC subiu a chamada taxa Selic cinco vezes seguida, mas em agosto, outubro e novembro, reduziu-a três vezes na magnitude que agora o “mercado” aposta que se repetirá (meio ponto percentual). A taxa hoje está em 11%.

'O mundialismo não é apenas um sistema econômico selvagem (...) é também uma ideologia que vai além da simples globalização e que visa uniformizar as culturas, encorajar o nomadismos na circulação permanente de pessoas entre um continente e outro, tornando-as intercambiáveis, até transformá-las em anônimas; nesse sistema o indivíduo não conta mais; reduz-se a nada mais que uma unidade de produção ou de consumo num mundo sem fronteiras onde os territórios se equivalem" (Marine Le Pen, virtual candidata da extrema direita francesa nas eleições presidenciais de abril deste ano, em pronunciamento dia 15-01; seu partido, a Frente Nacional, xenófoba, anti-comunista e racista, já teria o apoio de 30% do eleitorado, segundo algumas pesquisas. A bandeira de Le Pen contra a desintegração de uma Europa corroída pela crise capitalista e a desastrosa hegemonia rentista-ortodoxa, é resgatar a única comunidade que conta ao extremismo conservador, 'a comunidade nacional'. Como na França, a extrema-direita avança a passos largos também na Hungria, onde magnetiza a classe média e os pobres com a proposta de abandonar o euro para salvar o país do ajuste ortodoxo que o esmaga. Na Espanha, a direita e a extrema direita estão de volta ao governo após o fiasco de uma social-democracia indistinguível do conservadorismo ortodoxo; o mesmo ocorre em Portugal, sempre com o beneplácito da esquerda dividida e colonizada pelo credo dos mercados autorreeguláveis.Tudo isso já aconteceu antes na história de modo muito semelhante. E não deu em boa coisa. A liçao serve também a governos progressistas de nações em desenvolvimento: a crise requer lideranças assertivas, dotadas de projetos claros e de respostas  encorajadoras, que alimentem a confiança e a esperança da sociedade no futuro da democracia, da igualdade e do crescimento. Ou ela buscará abrigo em outros valores. Mais que nunca, vale o ditado: em política não existe vácuo, nem cadeira cativa.
 

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Standard & Poor's reduz nota da França para "AA+"

Brasil Econômico  


A S&P havia advertido em meados de dezembro que poderia rebaixar rapidamente a nota de vários países europeus, incluindo França
A S&P havia advertido em meados de dezembro que poderia rebaixar rapidamente a nota de vários países europeus, incluindo França

A agência de classificação financeira Standard & Poors (S&P's) reduziu a nota da França, a segunda economia da Zona do Euro, em um grau, de "AAA" para "AA+", informou uma fonte governamental.
Alemanha, Holanda, Bélgica e Luxemburgo, no entanto, mantiveram sua classificação.
"A França perdeu seu triplo A", disse a fonte, que pediu anonimato.
A S&P havia advertido em meados de dezembro que poderia rebaixar rapidamente a nota de vários países europeus, incluindo França, que teria sua nota reduzida em dois escalões, a partir de seu atual "AAA", a máxima nota de solvência.
"Outros países (que também possuem essa classificação) podem ter a mesma sorte", disse, sem detalhar quais.
Segundo a fonte, o governo francês já foi informado pela agência. Após o anúncio, a Bolsa de Paris perdia 1,05%.
A agência classificadora se negou a comentar sobre a nota francesa e dos demais países europeus.
Segundo especialistas, a mudança da nota francesa pode ter um efeito dominó na Zona do Euro e afetar inclusive seu mecanismo de resgate, o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF), cujo "AAA" é sustentado pela nota de seis países da União Monetária.
O euro acelerou sua queda ante o dólar, chegando ao seu valor mínimo em 16 meses. Nesta tarde, o euro recuou para US$ 1,2624, sua mínima desde agosto de 2010.
Em meados de dezembro, a agência Moody's reduziu em dois níveis a nota da dívida da Bélgica, para "Aa3", sendo que este país manteve sua classificação "AA" da Standard and Poor's e de "AA+" da Fitch.