Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Nem a família de Campos esperou ele ser enterrado




Por volta das 12 horas de quarta-feira, 13 de agosto, o site Brasil 247 noticiou em primeira mão: “Campos pode ter sofrido desastre aéreo em Santos”. Cerca de meia hora depois, a mídia em peso referendava o “furo” daquele site.
A referência à primeira notícia a dar conta da morte do ex-governador de Pernambuco serve para situar temporalmente o leitor sobre quanto demorou para surgirem especulações políticas sobre a tragédia.
Às 14 horas em ponto, este Blog publicou post em que apontou o óbvio sobre como ficaria a candidatura do PSB à Presidência e também lamentou a morte de Campos. O texto apontou a inevitabilidade de Marina Silva substituir o cabeça-de-chapa, ora falecido.
Apesar do tom respeitoso do post, que não descuidou de lamentar e até de elogiar a candidatura do falecido pelo que tinha de positivo para o regime democrático por estimular o debate sobre o país, alguns leitores, aqui nesta página, no Facebook e no Twitter, afetados pela intensidade da tragédia, ponderaram que a publicação da análise, naquele momento, seria inapropriada.
Vale dizer que alguns desses leitores também são amigos pessoais. Uma amiga, inclusive, ficou tão contrariada com o post que chegou a insultar o signatário desta página.
Cerca de uma hora depois, este que escreve difundiu, nas redes sociais, notícia que mostrou que não havia como impedir ou postergar aquela análise política sobre Marina Silva substituir Campos simplesmente porque sua própria família, possivelmente antes deste Blog, já pregava que a candidata a vice na chapa do falecido assumisse o lugar dele.
Às 15 horas e 16 minutos – cerca de duas horas após a confirmação oficial da morte de Campos –, o portal do jornal O Globo publicava a matéria “Irmão de Eduardo Campos quer que Marina seja substituta em chapa do PSB”.
Entre a apuração da notícia e a sua publicação na Web, pode-se calcular que o irmão do falecido tratou de política com a imprensa logo após saber da fatalidade.
Uma amiga que condenou a análise feita pelo Blog sobre a pressão que haveria para Marina substituir Campos chegou a pôr em dúvida a notícia de O Globo, que mostrava que o irmão do falecido tratara do assunto da substituição do candidato do PSB antes de qualquer outro.
À noite, no Jornal Nacional, aparece Antonio Campos, membro do PSB e irmão do falecido. De forma lamentável, misturou política com a fatalidade e praticamente pediu votos para o substituto do irmão ao pedir que as pessoas “reflitam”, como se a fatalidade revelasse que Campos era o melhor candidato.
Menos de dois dias após a morte do candidato do PSB, na primeira página da Folha de São Paulo sai uma notícia chocante, como manchete principal: “Família de Eduardo Campos quer candidatura de Marina”.
Detalhe: o falecido ainda nem foi enterrado, até o momento em que este post foi publicado.
Como se vê, especulações sobre quem substituiria o candidato que acabara de morrer chocaram muita gente. Amigos e leitores que ponderaram que seria “fora de lugar” este Blog fazer uma análise política – ainda que profundamente respeitosa – tão cedo, apoiam Dilma Rousseff. E mesmo assim ficaram contrariados.
Para que se possa mensurar como está sendo considerado inconveniente tratar tão cedo da substituição da candidatura do PSB a presidente, vale visitar notícia publicada nesta sexta-feira (15/8) na coluna “Painel” da Folha de São Paulo.

Por mais que seja ingenuidade achar que um abalo no quadro político dessa magnitude poderia esperar para ser discutido, já há indícios de que, assim como a derrota do Brasil na Copa de 2014 não influiu na política, a morte de Campos tampouco irá operar grandes alterações na disputa eleitoral.
Espertos, Marina e o próprio PSB se recusam a tratar do assunto. O açodamento da mídia e até da família do candidato morto não está pegando nada bem. O que mais se vê por aí são críticas a que não esperem nem o falecido ser enterrado para tratarem do assunto.
Particularmente, este Blog julga que os blogueiros e os grandes meios de comunicação que já começaram a tratar da substituição da candidatura de Campos logo após o anúncio de sua morte, não cometeram impropriedade.
O que está em jogo, neste momento, é o destino de 200 milhões de brasileiros; o Brasil está discutindo seu futuro. O que soa “fora de lugar” é a família de Campos se entregar ao assunto antes mesmo de ele ser enterrado.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

A carta da mulher do Lupi. Ou o PiG é um nojo !


Faz tempo que querem pegar o Lupi


O Conversa Afiada recebeu esse e-mail do Max, assesor de imprensa do Ministro Lupi e filho do Oswaldo Maneschi, que foi assessor de imprensa do Brizola e é dileto amigo deste ansioso blogueiro:

Prezado Paulo Henrique

Em primeiro lugar gostaria de agradecer o espaço no CAfiada para o meu texto. Como se não bastasse o Lupi já ter os inimigos que tem, arrumei mais alguns, principalmente na Veja, por conta do texto. Mas a nossa avaliação é que guerra é guerra, e como tal, precisamos todos utilizar as ferramentas (e porque não armas) que temos. E como você vem acompanhando, não está fácil. Por isso não lhe falei antes. Muito obrigado.

Segundo, lhe encaminho um outro texto, desta vez da também jornalista Angela Rocha, ou para os mais próximos, Dona Angela. Esposa do Lupi. Há 30 anos. Fique à vontade com o texto.

Um texto emocionante e completamente desnudo de tudo. Acho que ele mostra muito bem o outro lado da guerra política, e os verdadeiros atingidos nessa porcariada toda que o PIG faz hoje. Acordos políticos e funções nomeadas, recuperam-se. Mas a vida e a família, como diria o velho Maneschão, combativo companheiro, o buraco é mais embaixo.

Abraços Paulo Henrique. Continue contribuindo de sua trincheira para um debate amplo sobre nossa sociedade. Durante os últimos cinco anos aqui em Brasília com Lupi senti muitas vezes vergonha de ter escolhido a carreira de Jornalista. Mas quando me arrependo, dou uma navegada no seu Blog ou bato um papo com o velho e lembro que vale a pena, porque os picaretas, apesar de falarem mais alto, são minoria.

Max Monjardim


Caso Lupi: a outra versão da história


Você tem direito de ter a sua verdade. Para isso você precisa conhecer todas as versões de uma história para escolher a sua. A deles é fácil, é só continuar lendo a Veja, O Globo, assistindo ao Jornal Nacional. A nossa vai precisar circular por essa nova e democrática ferramenta que é a internet.


Meu nome é Angela, sou esposa do Ministro do Trabalho e Emprego Carlos Lupi. Sou jornalista e especialista em políticas públicas. Somos casados há 30 anos, temos 3 filhos e um neto. Resolvi voltar ao texto depois de tantos anos porque a causa é justa e o motivo é nobre. Mostrar a milhares, dezenas ou a uma pessoa que seja como se monta um escândalo no Brasil.


Vamos aos fatos: No dia 3 de novembro a revista Veja envia a assessoria de imprensa do Ministério do Trabalho algumas perguntas genéricas sobre convênio, ONGS, repasses etc. Guarda essa informação.


Na administração pública existe uma coisa chamada pendência administrativa. O que é isso? São processos que se avolumam em mesas a espera de soluções que dependem de documentos, de comprovações de despesas, prestação de contas etc. Todo órgão público, seja na esfera municipal, estadual ou federal, tem dezenas ou centenas desses.


Como é montado o circo? A revista pega duas pendências administrativas dessas, junta com as respostas da assessoria de imprensa do ministério dando a impressão de que são muito democráticos e que ouviram a outra parte, o que não é verdade, e paralelamente a isso pegam o depoimento de alguém que não tem nome ou sobrenome, mas diz que pagou propina a alguém da assessoria do ministro.


No dia seguinte toda a mídia nacional espalha e repercute a matéria em todos os noticiários, revistas e jornais. Nada fica provado. O acusador não tem que provar que pagou, mas você tem que provar que não recebeu. Curioso isso, não? O próprio texto da matéria isentava Lupi de qualquer responsabilidade. Ele sequer é citado pelo acusador. Mas a gente não lê os textos, só os títulos e a interpretação, que vêm do estereótipo “político é tudo safado mesmo”.


Dizem que quando as coisas estão ruins podem piorar. E é verdade. Na terça-feira Lupi se reúne na sede do PDT, seu partido político em Brasília para uma coletiva com a imprensa. E é literalmente metralhado não por perguntas, o que seria natural, mas por acusações. Nossa imprensa julga, condena e manda para o pelotão de fuzilamento.


E aí entra em cena a mais imprevisível das criaturas: o ser humano. Enquanto alguns acuados recuam, paralisam, Lupi faz parte de uma minoria que contra ataca. Explode, desafia. É indelicado com a Presidenta e com a população em geral. E solta a frase bomba, manchete do dia seguinte: “Só saio a bala”. O que as pessoas interpretaram como apego ao cargo era a defesa do seu nome. Era um recado com endereço certo e cujos destinatários voltaram com força total.


Era a declaração de uma guerra que ainda não deixou mortos, mas já contabiliza muitos feridos. Em casa, passado o momento de tensão, Lupi percebe o erro, os exageros e na quinta-feira na Comissão de Justiça do Congresso Nacional presta todos os esclarecimentos, apresenta os documentos que provam que o Ministério do Trabalho já havia tomado providências em relação às ONGs que estavam sendo denunciadas e aproveita a oportunidade para admitir que passou do tom e pede desculpas públicas a Presidenta e a população em geral.


A essa altura, a acusação de corrupto já não tinha mais sustentação. Era preciso montar outro escândalo e aí entra a gravação de uma resposta e uma fotografia. A resposta é aquela que é repetida em todos os telejornais. Onde o Lupi diz “não tenho nenhum tipo de relacionamento com o Sr Adair. Fui apresentado a ele em alguns eventos públicos. Nunca andei em aeronave do Sr Adair”.


Pegam a frase e juntam a ela uma foto do Lupi descendo de uma aeronave com o seu Adair por perto. Pronto. Um novo escândalo está montado. Lupi agora não é mais corrupto, é mentiroso.


Em algum momento, em algum desses telejornais você ouviu a pergunta que foi feita ao Lupi e que originou aquela resposta? Com certeza não. Se alguém pergunta se você conhece o Seu José, porteiro do seu prédio? Você provavelmente responde: claro, conheço. Agora, se alguém pergunta: que tipo de relacionamento você tem com o Seu José? O que você responde? Nenhum, simplesmente conheço de vista.


Foi essa a pergunta que não é mostrada: que tipo de relacionamento o Sr tem com o Sr Adair? Uma pergunta bem capciosa. Enquanto isso, o próprio Sr Adair garante que a aeronave não era dele, que ele não pagou pela aeronave e que ele simplesmente indicou.


Quando comecei na profissão como estagiária na Tribuna da Imprensa, ouvi de um chefe de reportagem uma frase que nunca esqueci: “Enquanto você não ouvir todos os envolvidos e tiver todas as versões do fato, a matéria não sai. O leitor tem o direito de ler todas as versões de uma história e escolher a dele. Imprensa não julga, informa. Quem julga é o leitor”.


Quero deixar claro que isso não é um discurso para colocar o Lupi como vítima.  O Lupi não é vítima de nada. É um adulto plenamente consciente do seu papel nessa história. Ele sabe que é simplesmente o alvo menor que precisa ser abatido para que seja atingido um alvo maior. É briga de cachorro grande.


Tentaram atingir o seu nome como corrupto, mas não conseguiram. Agora é mentiroso, mas também não estão conseguindo, e tenho até medo de imaginar o que vem na sequência.


Para terminar queria deixar alguns recados:


Para os amigos que nos acompanham ou simplesmente conhecidos que observam de longe a maneira como vivemos e educamos os nossos filhos eu queria dizer que podem continuar nos procurando para prestar solidariedade e que serão bem recebidos. Aos que preferem esperar a poeira baixar ou não tocar no assunto, também agradeço. E não fiquem constrangidos se em algum momento acompanhando o noticiário tenham duvidado do Lupi. A coisa é tão bem montada que até a gente começa a duvidar de nós mesmos. Quem passou por tortura psicológica sabe o que é isso. É preciso ser muito forte e coerente com as suas convicções para continuar nessa luta.


Para os companheiros de partido, Senadores, Deputados, Vereadores, lideranças, militantes que nos últimos 30 anos testemunharam o trabalho incansável de um “maluco” que viajava o Brasil inteiro em fins de semana e feriados, filiando gente nova, fazendo reuniões intermináveis, celebrando e cumprindo acordos, respeitado até pelos adversários como um homem de palavra, que manteve o PDT vivo e dentro do cenário nacional como um dos mais importantes partidos políticos da atualidade. Eu peço só uma coisa: justiça.


Aos colegas jornalistas que estão fazendo o seu trabalho, aos que estão aborrecidos com esse cara que parece arrogante e fica desafiando todo mundo, aos que só seguem orientação da editoria sem questionamento, aos que observam e questionam, não importa. A todos vocês eu queria deixar um pensamento: reflexão. Qual é o nosso papel na sociedade?


E a você Lupi, companheiro de uma vida, quero te dizer, como representante desse pequeno nucleozinho que é a nossa família, que nós estamos cansados, indignados e tristes, mas unidos como sempre estivemos. Pode continuar lutando enquanto precisar, não para manter cargo, pois isso é pequeno, mas para manter limpo o seu nome construído em 30 anos de vida pública.


E quando estiver muito cansado dessa guerra vai repousar no seu refúgio que não é uma mansão em Angra dos Reis, nem uma fazenda em Goiás, sequer uma casa em Búzios, e sim um pequeno sítio em Magé. Que corrupto é esse? Que País é esse?