Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

No ar: 'O Direito de Destruir' Manifestantes contrários à lei de abuso de autoridade que hostilizaram Luiz Zveiter não tem ideia de que tal lei visa proteger a nação de juízes como ele.


EBC

Da redação Carta Maior

Às vésperas de ser eleito presidente do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ), o desembargador Luiz Zveiter foi hostilizado por manifestantes pró-Lava Jato, no último domingo (04.12.0216). Reunidos em frente a sua residência, em Niterói, além de “bandido”, os fãs do juiz Sérgio Moro entoavam: “Luiz Zveiter, pode esperar, a sua hora vai chegar” (confira o vídeo).

As manifestações de 4 de dezembro foram comandadas pelos grupos de direita, inflamadas pelas organizações Globo, em defesa do decálogo do MPF e contra a Lei de Abuso de Autoridade. Isso posto, resta a pergunta:

O que ˜Fora Renan˜, ˜Fora Maia˜, ˜Viva Moro”, “Contra Lei de Abuso de Autoridade” e outras manifestações a favor das Dez Medidas tem a ver com Zveiter?

Zveiter coleciona polêmicas. Em julho de 2009, em meio a recesso parlamentar, ele aprovou a Lei dos Fatos Funcionais, garantindo uma série de benefícios aos magistrados, inclusive, responsáveis pelo recorde do Tribunal em salários acima do teto constitucional (R$ 33.763,00).

No último dia 17, seu nome voltou aos jornais com a afirmação de Rosinha Garotinho que, antes de ser preso, Antony Garotinho entregou à Procuradoria Geral da República (PGR) provas contra o desembargador e outras autoridades. Afirmação que lhe rendeu uma interpelação judicial.

Ela sugeriu, também, que Zveiter aparece na delação premiada de Fernando Cavendish, dono da Delta Engenharia, como aponta, Marcelo Auler em seu blog. Ele também destaca a proximidade entre Zveiter e Sérgio Cabral (preso na Lava Jato) e sua defesa da participação da Delta Engenharia nas obras do Estado. “Pelo que se sabe, Cavendish teria descrito as suas relações com o Tribunal de Justiça do Rio, na época em que Zveiter foi seu presidente”, relata o repórter, lembrando asirregularidades nas obras de ampliação do TJ-RJ, envolvendo a construtora.

Da entrevista de Rosinha, o nome de Zveiter foi protegido pela cobertura da Globo. A explicação é simples: a proximidade de Zveiter com as Organizações Globo é pública e notória. Ele, inclusive, ganhou notoriedade ao defender os interesses de Roberto Marinho durante o divórcio litigioso do patriarca e Ruth Albuquerque, em 1989.

Apesar das suspeitas de um possível envolvimento de Zveiter com irregularidades da Delta, ele foi eleito, pela segunda vez, presidente do TJ-RJ, na segunda-feira (05.12.2016). Filho do desembargador Waldemar Zveiter, Ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) entre 1989 a 2001; e irmão de deputado Sérgio Zveiter (PDT-RJ), não é a primeira vez que ele ocupa o cargo.

Zveiter presidiu o TJ-RJ entre 2009 a 2011. Três anos depois, quis voltar à presidência, mas precisou dar uma solução estranha para driblar a interdição do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que só admitia a candidatura de um ex-presidente da Casa, após um intervalo de dois mandatos, pelo menos.

A solução foi encontrada pelo Ministro Luiz Fux (STF), colega de Zveiter no TJ-RJ. Com apenas uma liminar, Fux derrubou a interdição do CNJ, permitindo que o desembargador concorresse à presidência. A manobra repercutiu mal na Folha de S.Paulo que deu ênfase aos sentimentos paternos de Fux, afinal, sua filha precisava estar na lista de indicação do Tribunal de Justiça para ser nomeada desembargadora. Apesar do apoio, Zveiter amargou derrota em 2014.

Aos 61 anos, ele está de volta à Presidência do Tribunal, apesar de ter angariado sete acusações no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), incluindo denúncias de favorecimento de familiares e amigos, irregularidades em obras públicas, participação em campanha política e até suspeita de negar proteção à juíza Patrícia Accioli, alvejada por 21 disparos, em agosto de 2011.

Zveiter nega todas as acusações. Elas, inclusive, são a base de uma excelente reportagem de Manuela Andreoni, publicada há poucas semanas, no site Pública, intitulada Acima de qualquer suspeita.Manuela destaca que a única punição sofrida pelo magistrado até agora, aconteceu em 2005, quando ele foi obrigado a largar a presidência do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), onde atuava desde 1990, acumulando mais de uma função na magistratura.

Um dos episódios da presença do desembargador no STJD foi a viagem custeada pela CBF de Ricardo Teixeira, hoje preso, de cerca de 60 pessoas, dentre elas magistrados como Zveider, para assistir à Copa de 1998, na França. O episódio ficou conhecido como o ˜Vôo da Alegria˜.

A reportagem da Pública destaca, também, que até maio, “seis procedimentos originados entre 2010 e 2015 seguiam sem desfecho”. E mais: o único caso que seguiu adiante, “foi arquivado no último dia 8 de novembro por unanimidade pelo plenário do CNJ, depois de permanecer 5 anos em tramitação”. (Leia a reportagem).

O fato é Zveiter voltou para onde queria: a presidência do TJ-RJ. Suas idas e vindas, porém, permitem que tenhamos um bom retrato de como se estruturam as redes de influência dentro do Judiciário. Vejamos alguns casos envolvendo o nome do desembargador.

Obras públicas

O contrato com a Delta Engenharia, para a construção de um prédio do TJ-RJ, conhecido como Lâmina Central, foi celebrado em 1° de julho de 2010. O valor inicial da obra de R$ 144,4 milhões, visando a entrega em 390 dias, passou para R$ 174,8 milhões, com prazo até 515 dias. Em outubro de 2012, O Estadão estampava: “CNJ questiona superfaturamento de obra da Delta no Rio”, citando uma série de irregularidades, como a suspensão de uma licitação anterior, da mesma obra, vencida pela Paulitec Construções. O conteúdo da sindicância permaneceu em sigilo e ela foi arquivada em julho de 2015.

Outro enrosco com obras públicas foi a tentativa de construção de uma nova sede do TJ-RJ. Em dezembro de 2013, a Carta Capital divulgava a reportagem “Contra o abuso das togas”, sobre a obra que, dadas as irregularidades, acabou suspensa. Um grande buraco no terreno foi devolvido à prefeitura, apesar de ter consumido R$ 12 milhões. Entre as irregularidades detectadas pelo TCU estavam sobrepreço de 9¨% obrigando o refazimento do edital; ausência de projeto executivo, gerando riscos ao prédio vizinho e o embargo da obra pelo IPHAN. As denúncias contra Zveiter foram feitas pelo então presidente do TJ-RJ, Bernardo Garcez que suspendeu as obras da nova sede do tribunal. Em 2015, um acórdão do Tribunal de Contas da União (TCU) incluiu Zveiter entre os responsáveis pelos indícios de irregularidades encontradas.

A reportagem da Pública também menciona a cifra de R$ 30,9 milhões recebidos pelo escritório da advocacia da família Zveiter, entre 2006 e 2010, em contratos de serviços prestados para Companhia Estadual de Águas e Esgoto do Rio (Cedae), durante o governo Cabral.

Favorecimento de clientes

Dois episódios relacionados com favorecimento de empresas de amigos ou clientes do escritório da família, geraram investigação sobre a conduta do desembargador. Primeiro, um suposto favorecimento do Grupo Cyrela (cliente de seu filho) que disputava com a empresa Elmaway a concessão de registro em um terreno na Barra da Tijuca, em 2009. O episódio gerou um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) recentemente arquivado (Leia o comentário de Luiz Nassif sobre ocaso).

Outra investigação também arquivada foi sobre uma decisão judicial de Zveiter que suspendeu o impedimento de uma juíza de primeira instância à construção de prédios residenciais, em um bairro nobre de Niterói. A juíza determinava um estudo sobre impactos ambientais e na vizinhança da obra. Entre as empresas favorecidas pela decisão, constavam a Patrimóvel, de um amigo de Zveiter; e duas clientes do escritório da família: a CHL e, mais uma vez, o Grupo Cyrela. Também foi apontada a doação de diretores da empresa imobiliária à campanha eleitoral de Sérgio Zveiter, em 2010.

Favorecimento de amigos e familiares

A Lei Orgânica da Magistratura proíbe juízes de exercer “atividade político-partidária”. Em 2010, um vídeo com a imagem de Zveiter apoiando a candidatura do irmão Sérgio Zveiter (PDT) foi tirado do ar. Ele respondeu pelo vídeo em 2011, quando foi isentado de punição. Além do vídeo, porém, havia outra suspeita. Em abril de 2010, o TJ-RJ promoveu uma ação social junto às vítimas do deslizamento de terras no Morro Bumba. A tragédia foi usada na campanha de Sérgio Zveiter que chegou a visitar o local junto ao irmão e o governador Sérgio Cabral. O caso foi arquivado.

Outro caso de favorecimento aconteceu em 2008. Em abril de 2010, o CNJ tentava anular um concurso público para cartórios do Rio de Janeiro, realizado em 2008, após notar que duas candidatas haviam sido favorecidas pela Comissão Examinadora, presidida por Zveiter, à época, corregedor-geral de Justiça. Curiosamente, uma das candidatas era ex-namorada de Zveiter e a outra uma amiga sua. As investigações foram arquivadas.

Patrícia Acioli

Zveiter teve de responder ao CNJ sobre as medidas tomadas na proteção da juíza Patrícia Acioli, responsável pela prisão de vários policiais e milicianos e, por isso, assassinada com 21 tiros, em agosto de 2011. No dia do assassinato da juíza, o desembargador Rogério de Oliveira Souza afirmou que a juíza havia pedido proteção a Zveiter, em 2009. Reportagem de O Globo na época, concedeu um bom espaço a Zveiter que negou que Patrícia havia pedido proteção e escolta policial a ele. A família de Patrícia chegou a recorrer ao CNJ pedindo abertura de um processo. Ele foi aberto, mas até hoje não entrou na pauta do Tribunal.

Candidatura 2014

Apesar da liminar concedida pelo ministro Fux (STF), a candidatura de Zveiter, em 2014, foi questionada na Justiça. Segundo reportagem da Pública, existe uma arguição de constitucionalidade, parada no STF, apontando que Resolução do TJ passou por cima de dois pontos a Lei Orgânica da Magistratura (Loman): permissão de reeleição no mesmo cargo e participação de cargos da administração por mais de quatro anos.

Super salários

Zveiter também é conhecido como responsável pela Lei dos Fatos Funcionais, aprovada por ele e sancionada por Cabral em 2009, em meio a um recesso parlamentar. A lei aprovada acabou, na prática, validando os super salários, a partir de uma série de benefícios, inclusive, adicional por acúmulo de funções. Em 2012, houve um julgamento no STF contra essa lei, mas ela não vingou porque o ministro Luiz Fux acabou pedindo vistas do processo. Aliás, em abril deste ano, a filha do ministro foi nomeada desembargadora do TJ-RJ.

Considerando as variáveis acima, reforçamos a pergunta:

O que ˜Fora Renan˜, ˜Fora Maia˜, ˜Viva Moro”, “Contra Lei de Abuso de Autoridade” e outras manifestações a favor das Dez Medidas tem a ver com Zveiter?

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

ESPOSA DE MORO É ASSESSORA DO VICE DE BETO RICHA

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

SATIAGRAHA: FUX TEM DANTAS E GILMAR NAS MÃOS Interessados devem acompanhar a tramitação do processo de iminente legitimação da Satiagraha.

Como se sabe, o inolvidável Ministro do STJ Adilson Macabu pretendeu trancar a Satiagraha.

O filho de Macabu, brilhante advogado, trabalhou no escritório do brilhantíssimo Sergio Bermudes, que empregou a mulher de Gilmar Dantas (*), D. Guiomar, empresta o apartamento na Quinta Avenida (facing the park) ao ilustre casal, e – claro !- advogou para o banqueiro da “Operação Banqueiro”

Macabu pensou que ia detonar a Satiagraha.

O Ministério Público – depois de inexplicável vacilo no STJ -  recorreu e o presidente Felix Fischer do STJ encaminhou a questão ao Supremo Tribunal Federal.

O relator será Luiz Fux.

Será que o Supremo vai soltar Dantas pela terceira vez ?

Acompanhe aí, passo a passo, a movimentação de Dantas (ou seja, de Gilmar também) e de Fux no egrégio Supremo Tribunal Federal. 

BASTA ACESSAR RE 680967, COM 14 VOLUMES


Clique aqui para ler “Dantas – Gilmar: relação que a República precisa saber”. 

Aqui para ler “Os dois petistas da ‘Operação Banqueiro’.” 

Aqui para ler “Dantas ameaça editor de ‘Operação Banqueiro’.” 

E clique aquiaqui e aqui para ver na TV Afiada a série sobre as férias de Gilmar e Daniel.


(*) Clique aqui para ver como notável colonista da Globo Overseas Investment BV se referiu a Ele. E aqui para vercomo outra notável colonista da GloboNews e da CBN se referia a Ele. O Ataulfo Merval de Paiva preferiu inovar. Cansado do antigo apelido, o imortal colonista decidiu chamá-lo de Gilmar Mentes. Esse Ataulfo é um jenio. O Luiz Fucks que o diga.

INQUÉRITO 2474: LEWANDOWSKI DESNUDA BARBOSA

Decisão de Lewandowski expõe o Golpe do Mensalão do PT: MPF + Ministro relator (JB).
A pedido do réu Henrique Pizzolatto e com base na Súmula Vinculante #14 -  que dá aos réus acesso aos autos, para que se defendam – o Ministro Ricardo Lewandowski, no exercício da Presidência do Supremo, manteve nesta quinta-feira 23 o caráter de “segredo de Justiça”, mas deu acesso a oito réus ao Inquérito 2474, desdobramento do Inquérito 2245, que se tornou a Ação 470, o mensalão (o do PT).

Os réus beneficiados são:

- Pizzolato

- Daniel Dantas (herói também de “Operação Banqueiro”, que entrou com um agravo no processo para transferir a ação bermudianamente para o Rio de Janeiro)

- Marcio Alaor

- Bruno de Mianda Ribeiro

- Luiz Carlos Garcia

- Daniel Bonifácio

- Romero Niquini

- e José do Carmo Porto Fernandes

Essa decisão de Lewandowski é histórica.
Ele vai desmontar a tese central do mensalão (o do PT).
Tudo começou lá em Minas Gerais, onde agia o Marcos Valeriodantas: fala, Valério, fala !
Aí, os Procuradores Antonio Fernandes (que depois se tornou advogado de Dantas), Roberto Gurgel (imortalizado pelo Senador Fernando Collor como prevaricador) e o relator Joaquim Barbosa realizaram uma proeza.
Para ferrar o PT e suas lideranças.
Meteram o facão no 2245, criaram o 2247 e daí nasceu a AP-470, a que ferrou o Dirceu, o Genoino e o Delúbio.
Para que ?
Para engavetar o original e criar uma nova ação, a 470.
Para que ?
Para dissimular o fato de o dinheiro que pagou as dívidas de campanha do PT não foi da Visanet.
Mas, de Daniel Dantas.
E por que essa pirueta ?
Porque um relatório da Polícia – que vazou para o Cafezinho – desmonstra de forma cabal que o dinheiro da Visanet foi usado, também, para pagar despesas com a empresa TomBrasil, onde trabalhava um filho de Joaquim Barbosa.
Talvez por isso, desde 2009 – 2009 ! -, Barbosa não dava aos réus acesso aos autos !!!
A decisão de Lewandowski vai transformar “o maior julgamento da História” na “maior Farsa da História !”
Já era tempo !
Por falar em farsa: acompanhe aqui, passo a passo o que o Ministro Fux vai fazer com a legitimação da Satiagraha.
esculhambação começa a esvaziar-se.
Bendita viagem a Paris …




Paulo Henrique Amorim

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Espanha e Portugal fazem greve conjunta inédita



Uma falsa unanimidade a menos


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Se existisse uma réstia, um único miserável e isolado átomo de honestidade nessa imprensa mistificadora que temos no Brasil, todos os jornais, telejornais, rádios, blogs e sites corporativos que espalharam versões sobre “repúdio popular” ao ministro do Supremo Tribunal Federal Ricardo Lewandowski, a esta altura deveriam estar noticiando o contraponto disso, uma massa de quase quatro mil pessoas neste blog e mais de seis mil no Facebook que endossaram um manifesto de desagravo a ele pelas agressões e calúnias de que tem sido vítima, as quais, incessantemente, flertam com o crime contra a honra.
Por muito menos do que fizeram com esse homem de vida inatacável e notório e reconhecido saber jurídico, seu par naquela Suprema Corte, o ministro Gilmar Mendes, saiu processando meio mundo –  inclusive quem, ainda que acidamente, não mais do que meramente opinou em blogs.
Pois bem: aqui mesmo, neste blog, durante os últimos dias em que o manifesto de desagravo a Lewandoswki foi levado a cabo, algumas dezenas de pessoas, sob nomes e sobrenomes provavelmente falsos, fizeram graves ataques à honra do desagravado – todos deletados sem dó nem piedade. Ataques de um teor absurdo, injustos, irresponsáveis, os quais, espantosamente, sempre acabam repercutidos nos grandes meios de comunicação, como no dia do segundo turno das últimas eleições, quando a mídia, em bloco, relatou “manifestações de repúdio” ao ministro, como a de uma cidadã que teria dito sentir nojo dele, ou do mesário de sessão eleitoral que se recusou a lhe estender a mão ao ser cumprimentado.
Dessas manifestações isoladas de incivilidade, nasceram hordas de matérias na mídia tentando forjar uma impopularidade virtual que o ministro Lewandowski teria auferido ao se negar a condenar o “núcleo político” da ação penal 470, vulgo mensalão.
Até o último domingo, temia-se que Lewandowski fosse linchado na rua devido a tanta impopularidade de que estaria sendo alvo. Contudo, a partir de matéria publicada pela Folha de São Paulo naquele dia, matéria contendo entrevista do jurista alemão Claus Roxin, formulador da teoria jurídica do Domínio do Fato, como que pairou um sentimento de revolta entre os de boa fé, pois o mesmo Lewandowski, quando da votação das condenações daquele “núcleo político”, chegou a dizer, textualmente, que nem o próprio Roxin acolheria o uso que fizeram de sua teoria.
Era preciso, pois, uma reação decidida. Adotá-la, uma obrigação de qualquer cidadão. Razão pela qual este que escreve viu, ali, oportunidade de, mais uma vez, exercer a própria cidadania oferecendo a tantos indignados com a injustiça contra Lewandowski a chance de, por alguma maneira, saírem da impotência.
Aqui se propôs um manifesto de desagravo ao magistrado, do que decorreu apoio decidido de nomes da blogosfera como Luis Nassif, com uma belíssima crônica, ou como Paulo Henrique Amorim, com seu bom humor, ou mesmo como na crônica cáustica do Brasil 247. Eis que a blogosfera, ladeada por um exército de internautas, desconstruiu mais uma falsa unanimidade da direita midiática que pretendia vender Lewandowski como um homem desmoralizado que já vinha sendo apontado quase que como mais um réu do mensalão, em vez de julgador.
As milhares de pessoas que acorreram a este blog, entre as quais se destacam juristas, jornalistas, advogados, muitos estudantes de direito, vários alunos de Lewandowski, policiais militares, filósofos, médicos, pedreiros, comerciantes, donas de casa, além de amigos e familiares do ministro. E isso só para citar de cabeça alguns dos quais aqui estiveram para deixar a direita midiática com uma falsa unanimidade a menos em suas incontáveis estantes de fraudes do gênero.
Não foi, entretanto, sem custo que se fez o que se fez aqui nesta página. O afluxo impressionante de pessoas para apoiar esse magistrado revoltantemente injustiçado por ter simplesmente feito justiça como melhor sabe fazer, ou seja, em defesa do Estado de Direito e com o rigor em cada milímetro exigível, quando necessário, isso gerou acesso de milhares de pessoas simultaneamente ao Blog para postarem mensagens de apoio ao magistrado injustiçado, o que elevou a exigência da memória virtual que mantém a página no ar de 8 gigabites para quase o triplo, 22 gigabites.
Enquanto isso, eu fora do país a trabalho e o taxímetro do servidor de hospedagem do blog girando a todo vapor – quem entende de informática sabe quanto os servidores cobram para manter uma página no ar. Assim, apesar das dificuldades que se tem para manter no ar uma página sem receita como esta, não havia que considerar custo outro que o de violar a democracia em um processo fascista que condena primeiro e pergunta depois.
O maior custo, porém, não foi financeiro. A página saindo do ar gerou-me uma angústia que só foi sanada ao custo de não pensar em custos meramente monetários, mas nos custos para a democracia. As horas que a página não pôde funcionar, portanto, não desagradaram só aos que se queixaram, mas angustiaram duramente a este cujo único objetivo, desde que criou este blog, sempre foi o de estimular cada brasileiro a exercer a própria cidadania não se omitindo diante da injustiça, pois quem se omite diante dela se torna, ele mesmo, seu cúmplice.
O custo do gigabite anda caro na praça? O custo da injustiça é muito maior. Foi assim que, no Blog da Cidadania, mais uma vez foi possível provar que cada cidadão é uma usina de recursos para combater o que está errado, contanto que não se omita. Deste que escreve, portanto, todos podem ter certeza de que esse comportamento nunca partirá, pois já estamos muito perto de tornar o Brasil um país decente. Se os de esquerda não desistimos nem durante a ditadura, quando nos açoitavam a carne e o espírito, não seria agora que lhes entregaríamos tal vitória.
Fizemos justiça a um justo, neste blog. E ainda puxamos o tapete de mais uma falsa unanimidade destro-midiática. Não há dinheiro, nesta galáxia, que pague por isso.
***
PS: o manifesto do Blog da Cidadania em desagravo ao doutor Ricardo Lewandowski será entregue a ele proximamente. E a entrega será comentada aqui.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

O QUE MAIS AS TOGAS PODEM FAZER POR SERRA?


*O horror:  Serra critica Haddad por defender concurso público e supervisão pública na estrutura de saúde municipal, incluindo unidades terceirizadas** Dirceu faz um alerta aos democratas do país.(Leia nesta pág.)

  O tucano José Serra esgotou seu repertório antes de terminar a campanha.  Seu maior problema nestes poucos dias que restam da disputa em SP  é responder à pergunta: o que mais dizer ao eleitor  que não o ouviu até agora?  A percepção mais grave  é de que sua narrativa perdeu significado no próprio PSDB.  Pior: a imensa rejeição que atrai tornou-o um estorvo ambulante para o futuro do partido. FHC e Sergio Guerra vazam desapontamento com a condução das coisas em SP. Serra depende exclusivamente do que mais os integrantes do STF possam fazer por ele. Poderão ir além do inexcedível espetáculo político-eleitoral  propiciado na sessão desta 2ª feira? (leia o relato de Najla Passos e Vinicius Mansur, nesta pág).O tucano está distribuindo milhões de adesivos com o slogan ' Diga não ao mensalão', em parceria com o desfecho desfrutável do julgamento esta semana. Por sua própria escolha e pela solidão no PSDB, seu futuro político está entregue às togas, mais do que o dos petistas que  demoniza. Não é inusitado na história que o algoz tenha o destino concebido às suas vítimas. (LEIA MAIS AQUI)



 

Despojos da Batalha do Mensalão

Pensaram que era uma guerra, mas, ao buscarem despojos entre os escombros, descobriram que a luta sangrenta, que de fato venceram, não passou de uma batalha. Guerras, como se sabe, dão tudo aos exércitos vencedores. Batalhas não. Só servem para tomar posições ao inimigo, mas não premiam com o objetivo final da guerra.
Sim, venceram uma grande batalha. Invadiram a fortaleza inimiga, fincaram bandeira e aprisionaram generais – literalmente. Agora, arrastam-nos pelas ruas do espectro eletromagnético. Maltrapilhos, feridos, acorrentados, José Dirceu, José Genoino, Delúbio Soares e João Paulo Cunha são exibidos como troféus pelas hordas midiáticas.
Mervais, Noblats, Azevedos, Cantanhêdes, Malafaias, Serras e que tais conduzem, meditabundos, o cortejo de flagelação que exibe para a cidadela capturada os líderes subjugados. Mas, de dentro da gaiola em que os prisioneiros são mantidos, um gesto: Dirceu, mais uma vez, levanta e exibe os grilhões. E sua voz, desafiadora, ainda se faz ouvir.
Sim, eles ainda controlam super soldados do STF capazes de produzir estrondos com o menear de um dedo. Todavia, agora se dão conta de que o inimigo ainda controla os macro movimentos do oceano eleitoral, que, em breve, derramará um vagalhão democrático que a tudo engolfará.
Os despojos dessa Batalha sanguinolenta, pois, não passaram de Dirceu e Genoino, em última análise. Só que eles já haviam sido capturados antes. E em condições muito mais adversas.
Aquela guerra que foi tirar o Brasil da ditadura que os mesmos de hoje implantaram ontem, no entanto, eles perderam. O regime ditatorial que dizem ter sido “mal necessário” – como se algum mal pudesse sê-lo –, caiu.  E aqueles verdugos operosos, altivos e arrogantes são hoje apenas uma sombra do que foram outrora.
Hoje, não passam de velhotes – ou velhacos – tímidos, frágeis, que já vão sendo encurralados pela (Comissão da) Verdade, pelo eco de seus crimes.
Após uma década, sonharam que era chegada a hora de dividirem, aos tabefes, os despojos almejados. Não aconteceu. Venceram, sim, a Batalha do Mensalão e, covardes, tripudiam sobre os capturados. Mas estes permanecem de cabeças e grilhões erguidos para lembrá-los de que vencer uma batalha não é vencer a guerra, que continua.
*
Abaixo, a nota de José Dirceu sobre a própria condenação
“NUNCA FIZ PARTE NEM CHEFIEI QUADRILHA
Mais uma vez, a decisão da maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal em me condenar, agora por formação de quadrilha, mostra total desconsideração às provas contidas nos autos e que atestam minha inocência. Nunca fiz parte nem chefiei quadrilha.
Assim como ocorreu há duas semanas, repete-se a condenação com base em indícios, uma vez que apenas o corréu Roberto Jefferson sustenta a acusação contra mim em juízo. Todas as suspeitas lançadas à época da CPI dos Correios foram rebatidas de maneira robusta pela defesa, que fez registrar no processo centenas de depoimentos que desmentem as ilações de Jefferson.
Como mostra minha defesa, as reuniões na Casa Civil com representantes de bancos e empresários são compatíveis com a função de ministro e em momento algum, como atestam os testemunhos, foram o fórum para discutir empréstimos. Todos os depoimentos confirmam a legalidade dos encontros e também são uníssonos em comprovar que, até fevereiro de 2004, eu acumulava a função de ministro da articulação política. Portanto, por dever do ofício, me reunia com as lideranças parlamentares e partidárias para discutir exclusivamente temas de importância do governo tanto na Câmara quanto no Senado, além da relação com os estados e municípios.
Sem provas, o que o Ministério Público fez e a maioria do Supremo acatou foi recorrer às atribuições do cargo para me acusar e me condenar como mentor do esquema financeiro. Fui condenado por ser ministro.
Fica provado ainda que nunca tive qualquer relação com o senhor Marcos Valério. As quebras de meus sigilos fiscal, bancário e telefônico apontam que não há qualquer relação com o publicitário. 
Teorias e decisões que se curvam à sede por condenações, sem garantir a presunção da inocência ou a análise mais rigorosa das provas produzidas pela defesa, violam o Estado Democrático de Direito.
O que está em jogo são as liberdades e garantias individuais. Temo que as premissas usadas neste julgamento, criando uma nova jurisprudência na Suprema Corte brasileira, sirvam de norte para a condenação de outros réus inocentes país afora. A minha geração, que lutou pela democracia e foi vítima dos tribunais de exceção, especialmente após o Ato Institucional número 5, sabe o valor da luta travada para se erguer os pilares da nossa atual democracia. Condenar sem provas não cabe em uma democracia soberana.
Vou continuar minha luta para provar minha inocência, mas sobretudo para assegurar que garantias tão valiosas ao Estado Democrático de Direito não se percam em nosso país. Os autos falam por si mesmo. Qualquer consulta às suas milhares de páginas, hoje ou amanhã, irá comprovar a inocência que me foi negada neste julgamento.
José Dirceu
22 de outubro de 2012″