Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

MARINA PEDE NOVOS PROTESTOS DE RUA EM 2014

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Brasil aceita redução compulsória de emissões. Chora, Bláblárina, chora !


Saiu no G1:

Brasil diz que aceita entrar em acordo global para reduzir emissões


Ministra do Meio Ambiente discursou na Conferência do Clima da ONU. Negociação sobre gases-estufa pode começar ‘o mais cedo possível’, disse.


Dennis Barbosa Do Globo Natureza, em Durban


A ministra do Meio Ambiente Izabella Teixeira discursou nesta quinta-feira (8) na Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, em Durban, na África do Sul, e afirmou que o Brasil está disposto a negociar um novo acordo de redução de emissões de gases causadores de efeito estufa que inclua todos os países e que tenha caráter de cumprimento obrigatório (legalmente vinculante).


“Se todos, repito todos, trabalharmos juntos poderemos negociar o mais cedo possível um novo instrumento legalmente vinculante sobre a convenção [do Clima da ONU], baseado nas recomendações da ciência, que inclua todos os países para o período imediatamente após 2020”, discursou no plenário da conferência, que reúne mais de 190 países.


Até então, o Brasil não havia sinalizado claramente que aceitaria negociar um tratado em que também assumisse metas de redução de emissões de cumprimento obrigatório mediante a comunidade internacional.


O discurso de Izabella Teixeira está em linha com o plano da União Europeia de negociar esse acordo global a entrar em vigor apartir de 2020, junto com a renovação do Protocolo de Kyoto, único acordo de cumprimento obrigatório atualmente em funcionamento.


A China, maior emissora de gases-estufa, também sinalizou que está disposta a estabelecer esse “caminho negociatório” até 2020 e se comprometer a reduções, ainda que com uma série de condições.


Desta forma, os EUA têm ficado isolados e têm sido acusados de serem o maior entrave a avanços na COP 17. Num tom que soava até acuado diante das repetidas insinuações, o negociador-chefe americano nesta quinta-feira veio a público para negá-las.


Em contraposição à proposta de um plano global para vigorar a partir de 2020, os EUA vinham dizendo que a negociação precisava ter em vista uma data posterior, pois o problema não se resolveria até lá. “É completamente sem base sugerir que os EUA propuseram atrasar as ações até 2020″, defendeu-se Stern.


Mas, perguntado mais uma vez nesta quinta-feira qual seria o plano dos EUA para combater as mudanças climáticas, Stern voltou a ser pouco específico. Uma dificuldade que o governo americano enfrenta é que para assumir um compromisso vinculante, precisa de aprovação do Congresso, o que não deve acontecer. Portanto, os representates americanos em Durban não têm, na prática, a oferecer o que a comunidade internacional espera.




O governo precisa estar muito atento.
Suspeita-se que a Bláblárina pretenda afogar-se no lago de Belo Monte.
Depois o Greenpeace vai botar a culpa na Dilma.
Agora, amigo navegante: por que os Estados Unidos não se comprometem a essa redução compulsória?
Interessante …


Paulo Henrique Amorim

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Três perguntas sobre Belo Monte

Esse debate sobre a usina de Belo Monte é alvo de uma tática de quem é contra a obra de complicar a discussão para não ter que se explicar. Recebi links de matérias com opiniões de “especialistas” que comprovariam que a obra não deve ser feita, mas só o que encontrei foram afirmações sem provas de que FHC, Lula e Dilma querem que a nova usina seja construída porque se mancomunaram com José Sarney, com as empreiteiras e até com a China para dilapidarem o patrimônio nacional e torturarem alguns índios.
Opiniões políticas e ilações sobre o caráter e as intenções supostamente obscuras dos dois últimos ex-presidentes da República, da atual governante do país e – como não poderia deixar de ser – de José Sarney e de todo aquele abecedário de políticos que não há um dia em que não estejam sendo malhados pela mídia foram tudo o que me deram. Nada além de ataques a políticos e meras opiniões em lugar das respostas a questões objetivas que se fazem os cidadãos que querem o melhor para o país, e que são as seguintes:
1 – Pode faltar energia elétrica ao Brasil nos próximos anos se a oferta dessa energia não for ampliada?
2 – Se houver necessidade urgente de mais energia, há alternativa mais barata, limpa e viável do que a energia hidrelétrica?
3 – Se houver necessidade urgente de mais energia e se não houver alternativa à energia hidrelétrica, há como construir a usina em outro lugar sem causar danos ambientais e sociais?
Há cerca de uma década, o Brasil teve que racionar energia elétrica por quase um ano e ainda teve que pagar muito mais caro por ela. Os danos que aquele racionamento causou ao país não foram apenas desligar ar-condicionado ou tomar banhos curtos. Conheci indústria com cem funcionários que quebrou porque mudou de sede para crescer e não conseguiu energia nem para fazer funcionar as máquinas que já tinha. Resultado: desemprego.
Não estou inventando nada. Já aconteceu. Seria um desastre para 190 milhões de brasileiros, portanto, se tivéssemos que passar DE NOVO pelo que já passamos. Ainda mais em um momento de ouro para a economia brasileira, em um momento em que legiões de jovens cidadãos chegam ao mercado de trabalho, em um momento que é o passaporte desta nação para o futuro. Há quem ache que esse momento é uma invenção, mas essas pessoas perderam a eleição do ano passado, por mais que não queiram se conformar com isso.
Alguns dizem que é tudo ilusão, que colocaram em nossas cabeças essa coisa de falta de energia iminente. Bem, se foi ilusão o que vi acontecer há uma década no meu segmento de atividade, em minha vida privada e na de todos os que conheço por conta do apagão do fim do governo FHC, aquela foi uma ilusão para lá de real. Creio, portanto, que as respostas que o governo Lula e o governo Dilma JÁ DERAM às três questões objetivas que elenquei acima, esgotam a discussão.
Essas questões foram feitas em audiências públicas e depois foram terçadas na Justiça. O país, que tem instituições, decidiu sobre o assunto de forma democrática. Porque não estamos falando do parque de diversões ecológico de um bando de celebridades do Jet set internacional ou dos interesses que se escondem por trás do financiamento que governos estrangeiros, segundo a Abin, têm dado a ONGs para combaterem, aqui no Brasil, a construção de Belo Monte; trata-se do interesse maior de toda uma nação.
Apesar de entre os antagonistas da usina proliferarem os especialistas de ocasião que, sem credenciais para fazerem tais decretos, tratam questão dessa complexidade como se seus argumentos fossem incontestáveis, não é bem assim. O governo sustentou suas respostas às três questões acima em incontáveis audiências públicas e o que tem sido oposto a elas são nada mais do que meras suposições sobre intenções “perversas” desse governo quanto aos índios e ao meio ambiente.
Justiça, Congresso e Poder Executivo já responderam às queixas dos descontentes, mas há quem diga que as respostas não são satisfatórias. Contudo, quem diz o faz através de ilações. Repito, pois: dizer que Dilma (só para ficar no atual governo) quer vender a Amazônia a empreiteiras, à China, ao bigode do Sarney e, de quebra, quer judiar de alguns índios, é pouco – ou nada. E não é só para mim. A obra vai sair porque tem licenças, tem anuência dos poderes constituídos, tem estudos, tem respostas.
Não é porque ONGs e governos estrangeiros (que têm interesses não confessos na Amazônia) contestam que o Estado brasileiro tem que se curvar. Este país elegeu Dilma e o processo legal para construir a usina foi empreendido. Todos podem contestá-lo, até, mas indo ao Judiciário e/ou ao Legislativo. Podem acampar no meio da obra, mas terão que sair porque é assim que funciona na democracia. Dei um mandato a Dilma e só aceito que ela não possa executar o programa de governo aprovado nas urnas se a derrotarem legalmente.
Agora, sempre se pode construir o conhecimento. Quem tiver respostas objetivas a essas questões, que as apresente. Nada de links, nada de enrolar. São três perguntas que podem ser respondidas em poucas linhas. Se alguém tiver essas tais respostas tão óbvias, pode postar que tratarei de levá-las a quem pode respondê-las e me comprometo a colocar o resultado aqui. E garanto que, se surgirem respostas convincentes, apesar de isso não mudar nada importante, poderá mudar minha opinião. Basta me convencer.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

O gigantesco e suspeito aparato publicitário contra Belo Monte

A Amazonia Legal envolve nove estados brasileiros que têm problemas econômicos e sociais idênticos.  Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e parte do Maranhão somam 5.217.423 km², ou 61% do território brasileiro. Conhecer a região em que será (?) construída a usina hidrelétrica de Belo Monte é vital para deslindar a gigantesca e multimilionária campanha internacional para que a obra não seja construída.
A população da Amazônia Legal corresponde a pouco mais de 10% dos cerca de 190 milhões de habitantes do Brasil, reunindo cerca de 20 milhões de pessoas, o que dá menos do que a população da grande São Paulo. Nos nove estados da Amazônia legal residem 55,9% da população indígena brasileira, ou seja, cerca de 250 mil pessoas, segundo o Sistema de Informação da Atenção à Saúde Indígena (SIASI), da Fundação Nacional de Saúde (FUNASA).
Entre os problemas sociais do Pará, sobressaem dois: o primeiro é a propriedade de terras, pois o estado é dominado pelo latifúndio, sendo que 1% das propriedades rurais ocupa mais da metade da extensão territorial do Estado, e o segundo é o alto registro de trabalho escravo.
Na saúde, a malária ainda preocupa por sua alta incidência e a taxa de mortalidade infantil é de 23 para cada mil nascidos vivos – bem acima da taxa nacional, de 19,4. Na Educação, analfabetismo, por exemplo, bate nos 11%, contra média nacional de 9%, sendo que, nos estados do Sul, a taxa cai para pouco mais de 4%.
Melhor nem falar de Saneamento Básico, Transporte, Segurança Pública etc.
A Amazônia Legal, portanto, é a região mais atrasada do Brasil, com índices de qualidade de vida entre os piores.  Nesse contexto, o Pará é a região mais sem lei da Amazônia Legal por ser a mais pisoteada pelo latifúndio e pelo trabalho escravo. Por certo todos se lembram da missionária Dorothy Stang, assassinada no Pará a mando de latifundiários que combatem a todo custo a chegada do progresso à região.
Não foi por outra razão que, em abril do ano passado, o ex-presidente Lula defendeu enfaticamente, em audiência pública, a construção de Belo Monte. Segundo disse naquela oportunidade, “Ficamos praticamente 20 anos proibidos totalmente de fazer estudos para a viabilidade da construção da hidrelétrica de Belo Monte. Não era fazer a hidrelétrica, não. Era a proibição de estudo”, disse.
Segundo Lula, o projeto foi alterado para que o governo pudesse dar todas as garantias ambientais: “Obviamente que o projeto que foi feito foi modificado. O lago [da hidrelétrica] é um terço daquilo que estava previsto anteriormente exatamente para que a gente possa dar todas as garantias ambientais e dizer a qualquer habitante do planeta Terra que ninguém tem mais preocupação de cuidar da Amazônia e de nossos índios do que nós”, declarou.
Lula, naquela oportunidade, também criticou a atuação de ONGs internacionais e seus protestos contra a construção da usina: “Vi nos jornais hoje que tem muitas ONGs vindo de vários cantos do mundo e alugando barco pra ir pra Belém pra poder tentar evitar que façamos a hidrelétrica“, afirmou.
Só para registro, Lula deu tais declarações durante discurso de abertura do 21º Congresso do Aço, em São Paulo. Abaixo, o vídeo com tais declarações.
As ONGs, ambientalistas e integrantes do Ministério Público e do Judiciário também já foram alvo de duras críticas do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso por imporem “obstáculos excessivos” à realização de obras necessárias ao país como a construção de Belo Monte. Palavras textuais do ex-presidente: “Que nos obriguem a cumprir à risca a legislação ambiental, mas não paralisem o país. O país tem fome de energia e fome de crescimento“.
Após os primeiros posts que publiquei sobre o assunto Belo Monte, decidi pesquisar mais. Entre outras coisas que me chamaram a atenção, dois ex-presidentes de distintas posições político-ideológicas e partidárias dizendo coisas tão semelhantes me fizeram ficar ainda mais desconfiado desse gigantesco e multimilionário aparato contra uma obra que certamente levaria civilização a uma parte do país que vive no século XIX, se tanto.
São peças publicitárias bem elaboradas, com deslocamentos de equipes de filmagens financiadas por milhares de ONGs estrangeiras, com o apoio de personalidades internacionais como Leonardo Di Caprio, Sigourney Weaver, James Cameron e Arnold Schwarzenegger, entre muitos outros, além, agora, de atores e atrizes da Globo que embarcaram na onda dos famosos internacionais e fizeram a versão tupiniquim do movimento “ambientalista”.
A campanha contra Belo Monte é cara e esmagadora. Vários comentaristas, aqui no blog e em redes sociais, disseram que meus posts recentes sobre o assunto tinham sido as primeiras posições diferentes que haviam visto até então. Contudo, estão enganados. Não faz muito tempo, o jornalista Paulo Henrique Amorim publicou em seu blog relatório que a Agencia Brasileira de Inteligência, a Abin, fez sobre esses movimentos  contra a construção da usina.
Quem quiser pode ler o relatório da Abin, publicado por PHA, clicando aqui. Contudo, se o leitor quiser poupar tempo, basta saber que além de elencar as ONGs estrangeiras que atuam na região o que o tal relatório revela – e que desperta desconfiança – é a informação de que governos estrangeiros estão financiando essas ONGs e as campanhas multimilionárias que vêm empreendendo contra uma obra que, a despeito dos danos ambientais, certamente levaria civilização a um Estado que mais lembra o Velho Oeste americano.
O relatório da Abin não levanta nenhuma ilegalidade, por enquanto, mas vídeo recente gravado em resposta ao do Movimento Gota D’Água, com os atores e atrizes da Globo, revela o tamanho dessa onda internacional contra Belo Monte ao citar o número espantoso de mais de 100 mil ONGs envolvidas na campanha, além das incessantes incursões de estrangeiros na região. Abaixo, o vídeo “Quem Manda no Brasil?”.
São mais do que conhecidas as ambições internacionais sobre a Amazônia e as personalidades e governos estrangeiros que relativizam a soberania brasileira sobre o território. Há até um site especializado que oferece informações sobre a cobiça estrangeira e que mostra que a preocupação ambiental de países que destruíram suas reservas naturais nem sempre é o objetivo de campanhas que, repito, podem manter 61% do território brasileiro no século XIX, se tanto.
Não se pode negar, claro, que existe muita gente de boa fé militando contra a construção de Belo Monte. Tampouco se nega que a construção dessa obra tem que ser feita sob intensa fiscalização para impedir abusos e violações ambientais e sociais. Contudo, de uma coisa o leitor pode ter certeza: a única forma de garantir a soberania brasileira sobre a Amazônia é levar o desenvolvimento sustentável à região.
O Brasil tem que tomar posse da Amazônia antes que algum aventureiro o faça “em nome da humanidade” enquanto gasta fortunas em peças publicitárias e expedições salvacionistas. Fortunas, aliás, que poderiam resolver os problemas sociais que castigam os exíguos contingentes populacionais daquela região sofrida e esquecida. O desenvolvimento, se vier, acabará com a farra de escravagistas, latinfundiários e seus pistoleiros no Pará.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Os Belos e Belo Monte



Marcelo Carneiro da Cunha
Terra Magazine

Pois estimados leitores cá estamos, dependendo de onde estamos. Se estivermos em São Paulo, por exemplo, podemos aproveitar das maravilhas da Balada Literária, a criação do Marcelino Freire para mostrar que evento de literatura pode, sim, pode, ser muito legal, ter altíssima qualidade, e, ora vejam, ser grátis. Basta querer que todo mundo que queira entrar entre, não é mesmo?

E entre um momento e outro da Balada cá estava eu, ciscando no Tuiti e pronto, fui atingido por um vídeo gravado por muitos atores globais baixando o cacete na hidrelétrica de Belo Monte, garantindo que ela é o mal sobre a Terra, o exu, o capeta, o diabo em sua versão mais úmida, e eu me pergunto, como eles sabem de tudo isso? E mais, por que o vídeo deles é igual a um americano, dirigido pelo Spielberg para fazer os americanos tirarem a bunda do sofazão e irem votar?

Por que atores globais fizeram um vídeo contra? Eu não tenho nada contra atores globais, fora o sotaque e a mania de fazerem teatro comercial, mas não tenho nada a favor. Pra mim, são tão ignorantes em assuntos de represas no Pará como quase todo mundo com quem eu falei antes de escrever essa coluna, se bem que, admitamos, muito mais fotogênicos. Mas, mesmo sendo pra lá de mais bonitos e reconhecíveis do que eu ou o senhor aqui ao lado, eles falam tanta besteira quanto qualquer um, e isso me irrita. Energia eólica é mais limpa? Alguém já viu um parque eólico, que por demandar vento costuma ficar no litoral, onde também ficam as praias? Importante, necessário, talvez melhor, mas, limpo? Defina limpeza aí, seu global, porque eu talvez ache uma represa cheia de água no meio de uma floresta cheia de água algo mais natural do que cataventos altíssimos transformando por completo uma paisagem que antes era perfeita. Solar? Estimado espécime global, sua senhoria faz idéia da área necessária para produzir 100 megawatts de energia solar? Eu sei, e é um monte de área, que não vai servir para mais nada, montes de recursos, dinheiro pra caramba, e ainda temos os enormes custos de manutenção. Belo Monte são 11 mil megawatts, senhor ou senhora global. Faça as contas antes de vir ler texto dado por sei lá quem, e talvez eu realmente leve a sério o que dizem, o que o senhor ou senhora talvez mereçam, desde que trabalhem para isso.

Os bonitinhos dizem que Belo Monte vai criar um baita lago e afogar a floresta. Eu, feinho, fui estudar. O lago da represa vai ocupar uma área de 516 km2, me informa o Google. O mesmo Google me diz que o estado do Pará possui uma área de 1.247.689,515 km2. O que deve querer dizer que o lago a ser formado vai ocupar uma área equivalente a 1/2400 da área do estado do Pará, que por sua vez é um estado com 7 milhões de habitantes, com dois milhões deles morando em Belém e todos participando do Círio de Nazaré, pelo que vejo. Ou seja, uma represa vai alagar uma área de 1/2400, ou nada por cento, de um estado basicamente vazio e isso se torna um problema por que mesmo? Não dêem texto, provem. Do jeito que vocês falam, encenando, eu não tomo como sério o que é dito. A moça vem e diz "24 bilhões" e soa como o Dr. Evil falando "One billion dollars" com o dedinho na boca. Dona, diga aí qual é o PIB brasileiro em 2010, e quantos por cento do nosso PIB, a nossa riqueza nacional, a hidrelétrica vai custar, diluída por 50 anos? Vosmecê sabe? Ó aqui a minha boquinha enquanto ela diz, assim: D-U-V-I-D-O.

Leitores, me irrita, e muito, essa tentativa de fazer a minha cabeça por processos tão rudimentares. Se querem, mandem coisa melhor e terão toda a minha atenção. Isso aí é manipulação tola, boba, mesmo que muito bem intencionada. Isso tem cara de ONG que consegue apoio de um publicitário bonzinho e muita gente bacana e vamos lá, salvar as baleias do Xingu. Pois me irrita pra caramba, pelo desrespeito para comigo, que vivo no mundo real, não dos comerciais sejam eles do governo ou de ONGs. Eu não sou uma baleia, acho.

Eu vivo em uma sociedade industrial, que pode abrir mão de muitas coisas e do bom senso quase o tempo inteiro, mas não resiste a umas poucas horas sem energia. Vira gelo, sem gelo pro uísque. Vira fogo sem ar condicionado para resolver a vida na fornalha. Vira uma luta pelo pedaço de pão mais próximo, vira a impossibilidade de chegar até a nossa casa. Podemos ficar sem quase tudo, e eu poderia ficar muito bem sem axé, o Malafaia e a lasanha congelada, mas não podemos ficar sem energia. Podemos e devemos economizar energia. Podemos e devemos desenvolver energias renováveis, e o faremos. Podemos e devemos esquecer a maluquice de construir Angras 3, 4 o escambau, mas não o faremos. Angra 3 ou 4 são muito, muito piores do que qualquer Belo Monte e certamente piores do que Fukushima, especialmente se ficarem no Rio, que, digamos, não é o Japão.

Mas para chegarmos até as novas energias, precisamos de energia da que se produz agora e o resto é, infelizmente, poesia. Não a qualquer custo, mas a custos que valha a pena pagar. E essa avaliação tem que ser muito, mas muito racional e justa do que eu vejo nos youtubes que vêm e vão.

Se vamos escapar do fogo ou do gelo, é pela inteligência, como sempre foi e será. E desse debate, por tudo que eu vi, ela está longe, muito longe, muito mais longe do que o Pará, e muito menos inteligente do que precisa ser para ser.
Marcelo Carneiro da Cunha é escritor e jornalista. Escreveu o argumento do curta-metragem "O Branco", premiado em Berlim e outros importantes festivais. Entre outros, publicou o livro de contos "Simples" e o romance "O Nosso Juiz", pela editora Record. Acaba de escrever o romance "Depois do Sexo", que foi publicado em junho pela Record. Dois longas-metragens estão sendo produzidos a partir de seus romances "Insônia" e "Antes que o Mundo Acabe", publicados pela editora Projeto.

Leia mais em: O Esquerdopata

Belo Monte e o pensamento binário

Na matemática, sistema binário é um sistema de numeração posicional em que todas as quantidades se representam com base em dois números, zero e um (0 e 1). Os computadores, por exemplo, trabalham internamente com dois níveis de tensão, pelo que o seu sistema de numeração natural é o binário (ligado e desligado).
A metáfora é perfeita para ilustrar o que está acontecendo nessa discussão sobre a Usina de Belo Monte: ou se é contra ou a favor. Não há meio termo. Só preto ou branco, nenhum tom cinzento.
Mas esse pensamento binário só se aplica aos que militam contra ou a favor da obra, porque o conjunto da sociedade está perdido nessa enxurrada de dados e argumentos técnicos e, assim, pelo que percebi na primeira postagem que fiz sobre o caso essa maioria esmagadora ainda não conseguiu formar opinião, o que obriga muitas pessoas a se posicionarem contra ou a favor da obra com base em suas posições políticas pró ou contra o governo.
O primeiro post que este blog publicou sobre o assunto, na última quinta-feira, recebeu uma enxurrada de contribuições de alta relevância, com links diversos para estudos eminentemente científicos pró ou contra a obra, dados levantados pelos leitores e transcritos na própria caixa de comentários. Li cada um dos mais de 300 comentários, além de outros nas redes sociais Twitter e Facebook, e posso garantir que ao menos a caixa de comentários daquele post tem tudo o que se pode precisar para entender a questão.
O que mais falta nesse assunto, portanto, não são dados, mas tradução para uma linguagem simples que estabeleça os pontos de divergência e o que está em jogo.
Antes, porém, uma explicação. Como usei uma linguagem forte para me referir a vídeo em que atores e atrizes da Globo simplificam exageradamente o assunto, além de fazerem distorções e até de mentirem, militantes contrários à construção da usina trataram de distorcer o que escrevi, ao que oponho, agora, esclarecimento que antecede o relato do que apurei sobre o assunto com base nesse belo monte de dados que recebi dos leitores.
Eis a base das acusações:
Acusaram-me de usar argumento “ad hominem”, ou seja, quando se responde a uma crítica atacando quem a fez e não ao seu argumento. É uma bobagem porque argumentei, entre outras coisas, que houve má fé das celebridades do vídeo ao venderem energia eólica ou solar como alternativa à energia hidrelétrica.
Acusaram-me de qualificar como mal-intencionados todos os que são contrários à construção de Belo Monte, o que é outra bobagem porque critiquei exclusivamente os artistas da Globo que mentiram descaradamente, o que não significa que não existam aqueles que têm boas intenções e que usam argumentos aceitáveis contra a obra.
As críticas a Belo Monte se fundamentam exclusivamente em dois pontos: dano ambiental e dano às populações da região em que a usina será construída. Há também críticas absurdas, como a do vídeo das celebridades globais que diz que a obra sairá “do seu bolso” (do contribuinte) e que esgrime com o custo de bilhões para chocar as pessoas pela quantidade de dinheiro, mas esse não é um argumento sério. Parece até que o governo pegará esses bilhões e não colocará nada no lugar, sendo que construirá uma gigantesca usina hidrelétrica.
Então vamos aos argumentos sérios:
1 – Para o governo, Belo Monte é fundamental para assegurar o fornecimento de energia nos próximos anos, em um quadro em que a imprensa já noticiou fartamente como estamos no limite da capacidade de geração e distribuição de energia elétrica, o que pode gerar escassez no futuro próximo.
2 – Governantes das cidades no entorno da hidrelétrica creem em desenvolvimento e progresso, pois receberão investimentos dos empreendedores da obra e da União em uma região paupérrima e esquecida em que certas populações vivem ainda no século XIX.
3 – Liderança dos empresários locais afirma que obra pode trazer desenvolvimento e geração de emprego; novos negócios podem se formar na região.
4 – Engenheiros, biólogos e sociólogos ouvidos destacam que obra deve provocar seca na Volta Grande do rio Xingu e, com isso, prejudicar população local.
5 – Movimento de mulheres e entidades ambientais avaliam que o impacto da obra na região terá custo alto para a população local, já que alguns serão retirados de suas casas e índios e ribeirinhos podem perder navegabilidade.
6 – Agricultores de área que será alagada queixam-se de falta de informação. Alguns temem não receber indenização porque não têm documentos das suas terras.
7 – Moradores de casas de palafitas, na periferia de Altamira, acreditam que obra possa gerar empregos. Ficam preocupados, porém, sobre como serão as indenizações e a retirada daqueles que estão em áreas a serem alagadas.
8 – Comunidades indígenas como a Arara, na Volta Grande do Xingu, temem seca naquele trecho do rio. Afirmaram que vão resistir à obra e podem acampar no local da barragem.
9 – Comunidades de ribeirinhos, grupos que moram à margem do rio, também temem seca e perder a possibilidade de pesca, meio de sobrevivência de muitas famílias.
Além de Altamira, a hidrelétrica ocupará parte da área de outros quatro municípios: Anapu, Brasil Novo, Senador José Porfírio e Vitória do Xingu. Altamira é a mais desenvolvida e tem a maior população dentre essas cidades, com 98 mil habitantes, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os demais municípios têm entre 10 mil e 20 mil habitantes.
A região discute há mais de 30 anos a instalação da hidrelétrica no Rio Xingu.  Belo Monte será a segunda maior usina do Brasil, atrás apenas da binacional Itaipu, e custará pelo menos R$ 19 bilhões, segundo o governo federal. Esse debate, portanto, não é novo e a obra foi planejada pelo governo Lula, na década passada, tendo todas essas questões presentes.
O vídeo abaixo trata das demandas contrárias a Belo Monte e exprime bem o sentimento contra a obra. Deve ser visto para que se entenda a base de apoio sólida que gera esse sentimento.

Aqui entra em cena o pensamento binário, essa verdadeira praga nas relações sociais e institucionais que dificulta, retarda e às vezes até impede que se chegue a soluções aceitáveis por todas as partes.
Por que você tem que ser meramente contrário ou favorável à obra, in limine (preliminarmente)? Por que não se pode ser favorável a uma obra necessária, mas desde que determinadas condições sejam cumpridas?
Não aceito discutir a inevitabilidade da matriz energética hidrelétrica. É uma falácia dizerem que é possível substituí-la por energia eólica ou solar. Essa não é uma discussão séria. O país está crescendo e precisa de energia, muita energia, e não encontrei nenhum estudo sério sobre ser possível substituir a atual e preponderante matriz energética brasileira a curto prazo. O governo dispõe de dados incontestáveis.
Não dá para discutir que o governo Dilma ou até mesmo o seu antecessor sejam malvados que querem maltratar as populações e o meio ambiente por divertimento ou que são corruptos que estão vendendo a região de Belo Monte para se locupletarem ou para apenas cederem ao grande capital.
Há uma questão clara em pauta: vai faltar energia no Brasil e não vai demorar, a menos que se construam hidrelétricas a tempo.
Há um país real que quer crescer e se desenvolver. A construção de Belo Monte imporá sacrifícios e causará danos ambientais, sim, mas é um preço que este país terá que pagar para se desenvolver e desenvolver, sobretudo, regiões subdesenvolvidas em que a pobreza e a ignorância imperam. É uma questão de custo versus benefício.
Não se pode, porém, construir essa obra sem garantir que as populações atingidas sejam colocadas no topo das prioridades e que compensações ambientais sejam formuladas. Mas a obra tem que ser feita. Não dá para levar a sério quem acha que pode impedir que o progresso chegue àquelas regiões, até porque um dos problemas deste país é a desigualdade de desenvolvimento regional.
O grande erro de ambos os lados, portanto, é não tentarem negociar esses pontos, pois não é possível que as idiossincrasias e até as razões sólidas de um pequeno grupo social se sobreponham ao interesse maior do país.
Por fim, quero esclarecer que votei em Dilma Roussef e não em Marina Silva. Esta última deixou o governo Lula e disputou a Presidência com Dilma porque discorda, por exemplo, de projetos como o de Belo Monte. Dilma ganhou a eleição, é quem governa e o projeto aprovado pela esmagadora maioria dos brasileiros contempla Belo Monte. Ponto.
Tenho confiança em que o governo saberá avaliar e promover as compensações sociais e ambientais, mas é prerrogativa de quem vence a eleição e ganha o governo implantar o projeto vencedor daquele pleito.
Este país tem Poder Judiciário e Poder Legislativo. Tudo que estiver em desacordo com o direito das populações atingidas e com a compensação ambiental possível pode ser contestado. Agora, não se pode estabelecer uma ditadura da minoria.
Fazer vídeos acusando o governo de estar jogando bilhões no lixo porque quer, pois haveria outras formas de gerar energia – será que as energias eólica ou solar sairiam de graça? –, e acusá-lo de estar querendo produzir uma catástrofe ambiental, é má fé, é desonestidade, é mentira e tem que ser denunciado.
Às vezes, portanto, a gente tem que usar recursos de retórica para chamar atenção e racionalidade. Sem qualificar esse debate, não chegaremos a lugar algum. Esse clima de fla-flu em nada contribui.
Quem é contra Belo Monte tem que entender que há um país que clama por desenvolvimento, ainda que alguns já contemplados pelas facilidades da vida moderna achem que já temos todo o desenvolvimento de que precisamos. Todavia, quem é a favor tem que ficar de olho para ver se os direitos que serão atingidos serão, também, respeitados.
O vídeo dos artistas da Globo, porém, induz a uma reflexão rasa. Por isso foi duramente criticado, aqui. Isso não significa que não existam pessoas sérias e razões concretas contra Belo Monte, mas que devem se submeter ao preceito democrático de que o interesse de todos prevalece sobre o de poucos, desde que resguardados os direitos destes.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Belo monte de inúteis

A contragosto – porque o assunto é chato e inútil – e a pedido de um amigo virtual assisti a uma peça publicitária que circula na internet. No vídeo, um bando de playboys e socialites militontos –  autoproclamados “artistas”, mas que não passam de arroz-de-festa – destilam baboseiras sobre a futura usina hidrelétrica de Belo Monte.
Por falta do que fazer, abraçaram causa pseudo “ecológica” e doaram um tiquinho do tempo que passam torrando dinheiro em shoppings para gravar um vídeo em que o bando de branquinhos, loirinhos de classe média alta se atira à defesa de “índios” em uma peça que, se tirarem som e legendas, facilmente pensarão que foi produzida na Noruega.
Gente que provavelmente, em boa parte, nunca viu um índio de perto defendendo “índios”. Gente que só conhece por fotos a região da futura usina dando ao governo a receita “brilhante” de que, em vez de construir hidrelétricas, aumente o parque energético do país com energia “eólica” ou “solar”. Um país que tem, “apenas”, 8.514.876 km²…
O bando de “atores” e “atrizes” da Globo, porém, não teve nenhum surto de consciência social. Está apenas “trabalhando”, porque a mesma grande mídia golpista, racista e de ultradireita que vive tentando inventar um “apagão” como o que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso deixou acontecer, é contra Belo Monte.
O vídeo é uma empulhação do começo ao fim porque deixa a sensação de que a usina hidrelétrica destruirá uma região que deve ser preservada, sim, mas que tem que dar ao país ao menos essa tão necessária fração das riquezas naturais que encerra. Fizeram o mesmo com as obras no Rio São Francisco, pois são obras que colocarão o Brasil no século XXI.
Apesar de Lula ter investido pesadamente em geração de energia elétrica de forma a reverter o desastre energético que herdou de FHC, este país está no limite de sua capacidade de geração de energia. Em uma década, se tanto, sem uma matriz energética ampliada este país para. Não haverá energia eólica, solar ou nuclear que baste, sem novas hidrelétricas.
Onde vamos construí-las? Na Barra da Tijuca ou nos Jardins, onde habitam as socialites e playboys da tal peça publicitária que me consumiu preciosos minutos da vida mortal?
Com a pujança econômica que este país vem exibindo em um mundo embasbacado com ela por estar atravessando a pior crise econômica desde o início do século passado, não construir hidrelétricas capazes de sustentar esse crescimento, sobretudo em um país tão carente de redução da pobreza, seria um crime de lesa-pátria igual ao que cometeu FHC.
Que fique claro: para um país deste tamanho, energia hidrelétrica é a única alternativa de curto prazo, sendo as energias nuclear, eólica ou solar um legítimo delírio, porque jamais haveria como suprir dessa forma uma demanda energética que cresce em escala geométrica e que deve crescer ainda mais rapidamente nos próximos anos.
Não precisam acreditar em mim. Busquem informação com qualquer especialista e perguntem se há como suprir com energia nuclear, vento ou luz do sol a demanda descomunal por energia que tem hoje o país. É uma farsa, pois, acenarem com moinhos de vento ou com caríssimos painéis solares equipando casas, fábricas, comércio, hospitais etc.
O que revolta mesmo, porém, é usarem “os índios”. Será que um país deste tamanho não tem condições de oferecer outro local para as populações daquela região? Claro que se fosse verdadeira essa empulhação dos empregados da Globo de que o governo pretende jogar “os índios” no meio da rua, eu estaria entre os primeiros a cobrar consciência social. Mas é mentira.
Toda essa farsa se explica porque, ao lado do fracasso da Copa de 2014 ou de uma recessão causada pela crise internacional, um “apagão” energético neste governo, de preferência igual ou pior do que o produzido pela inépcia de FHC, está entre os objetos de desejo dessa direita insana que tenta recuperar o poder ao custo da literal sabotagem do país.
Se alguém quiser perder algum tempo de sua vida, eis, abaixo, essa peça patética que me fizeram assistir.