Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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terça-feira, 18 de junho de 2013

Mais uma da Petrobras “em crise”


Saiu agora de manhã do porto de Rio Grande (RS), a plataforma P-63 da Petrobras, que – depois de uma escala na Ilha de Santana, em Macaé, para receber os últimos ajustes nos equipamentos, cumprindo exigências do Ibama,  e rumar para o campo de Papa Terra, na Bacia de Campos, um dos maiores do pós-sal, localizado bem diante de Cabo Frio (RJ), a 110 km da costa e com profundidade de 1.200 m.
A P-63, cuja operação deverá começar em agosto, vai, progressivamente, acrescentar 140 mil barris diários à produção brasileira de petróleo ultrapesado e um milhão de metros cúbicos por dia de gás.
A neblina da manhã que você vê na foto encobre menos os enormes 334 metros de comprimento – três campos de futebol – da P-63 do que uma mídia que só está interessada em desqualificar a Petrobras e “dar uma mãozinha” aos tubarões do nosso petróleo.
Por: Fernando Brito

quinta-feira, 12 de abril de 2012

O comportamento sórdido da Chevron


A Chevron é uma grande empresa de petróleo e ninguém duvida que ela tem o know-how e profissionais plenamente capazes de operar poços de petróleo.
O que falta a esta empresa é uma camada dirigente capaz de proceder com ética e responsabilidade no comando de sua equipe técnica.
O comportamento da Chevron é – não há outra palavra -  moralmente desonesto. E, daí, para tornar-se criminoso, é um pulo.
Quando ocorreu o pico de pressão (o kick) que iniciou o processo de vazamento do poço da empresa no campo de Frade, a Chevron disse que  eram “exsudações naturais”, embora soubesse que poucas horas antes tinha ocorrido, ali, juntinho à aparição do óleo, o incidente em seu poço.
Exsudação natural era, para qualquer um que saiba o mínimo de atividade petroleira, pura mentira e este blog afirmou isso na mesma hora.
Agora surgiram novas bolhas de petróleo, a apenas 500 metros do campo de Frade, algums metros além dos limites do campo de Roncador, vizinho, operado pela Petrobras.
A Chevron, que recebeu até equipamento emprestado pela Petrobras na hora do acidente, apressou-se em mandar um e-mail à agênciade notícias Reuters para dizer que esse “novo” óleo não era seu.
Vazamento em campo operado por Petrobras foi achado pela Chevron.
Que maravilha! Os irresponsáveis procurando dar lições de responsabilidade à Petrobras, que tem milhares e milhares de vezes mais instalações petroleiras e não registra nenhum acidente de perfuração desta natureza.
A Petrobras, com todo o profissionalismo, recusou-se a fazer ilações ou afirmações sem base técnica sólida.
Aguentou as pancadas de uma mídia que jamais foi capaz de dizer que era óbvio quie o óleo que vazou 500 metros dentro dos limites do campo de Roncador, da petrobras, vinha do de Frade, da Chevron.
Agora, a Petrobras divulgou a análise do óleo recolhido.
É óleo parafinado, usado na perfuração para lubrificar a perfuratriz, formando a parte da coluna que se contrapõe à pressão ascendente do reservatório de petróleo e que, com o kick, foi pressionado contra as fraturas da rocha do poço não revestido, como deveria ser, pela Chevron.
O vazamento é, portanto, originado da perfuração que se realizou naquele trecho do solo marinho. É, portanto, do poço acidentado da Chevron.
Mais um atitude vergonha, irresponsável, desonesta, de uma empresa que só da boca para fora pediu desculpas ao povo brasileiro pelo acidente e continua fazendo da chicana,  dos subterfúgios e da mentira os métodos de tratar algo sério como um vazamento de óleo no mar.
É um comportamento inidôneo e a quem é inidôneo o país não pode conferir o direito de explorar petróleo, sobretudo no mar, pelos riscos e responsabilidades que nisso está implícito.
É sórdido e a sordidez mina qualquer confiança possível na empresa.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Exclusivo: Chevron “economizou” sapata e não cumpriu projeto de perfuração de poço que vazou

O gráfico da Chevron mostra uma única sapata, no revestimento de 13 3/8"
O vazamento de óleo para o mar do poço da Chevron aconteceu porque a empresa descumpriu o projeto de perfuração apresentado às autoridades brasileiras e não colocou, provavelmente por economia, uma sapata de cimento, que faria a vedação do poço a mais de dois mil metros de profundidade, o que evitaria que o petróleo sob pressão do reservatório atingido pela broca penetrasse nas camadas superiores da rocha e subisse para o oceano.
...tal como está previsto na página 40 do Estudo Ambiental...
O Estudo de Impacto Ambiental apresentado ao IBAMA, elaborado com base nas informações técnicas formuladas para o plano de exploração de Frade, entregue pela Chevron à Agência Nacional de Petróleo, prevê expressamente a instalação de duas sapatas e selagens  para evitar a subida do óleo para o trecho superior da rocha.
A primeira sapata foi construída a cerca de 1800 metros de profundidade (e 567 metros abaixo do solo marinho), como previa o plano. Ela é a que foi mostrada pela  própria Chevron, nos diagramas exibidos semana passada na Câmara dos Deputados. Foi logo abaixo dela, segundo a empresa, que o óleo penetrou pelas fissuras do solo marinho.
...sapata que, depois de testada, permitiria o furo de 12 e 1/4 polegadas
O que a Chevron não disse à imprensa, aos deputados e à sociedade é que deveria existir uma segunda sapata situada algumas centenas de metros abaixo daquela, capaz de sustentar a coluna de tubos de 9 5/8  polegadas e vedar o espaço entre estes tubos e a perfuração de 12 1/4  polegadas, impedindo a ascenção do petróleo por fora da tubulação.
Esta sapata – que seria também submetida, segundo o plano, a “testes de selo”, para verificar sua capacidade de vedação – simplesmente não foi construída.
...mas "desapareceu" a sapata, a vedação e o teste ao final desta fase
Veja no quadro do projeto apresentado pela Chevron que ela estaria situada entre 2050 a 2600 metros  (a sigla TVDSS significa True Vertical Depth Sub Sea, profundidade real submarina) e deveria ser capaz de resistir a pressões súbitas (explosões) de mais de seis mil PSI, ou algo como 420 quilogramas-força por centímetro quadrado.
Esta sapata e a vedação jamais existiram, apesar
mesmo a Chevron tendo previsto que ela estaria entre 2050 e 2600 m...
de o poço já ter atingido 3.329 metros de profundidade. Evidentemente, também não o teste de selo.
Só a partir daí, segundo o plano apresentado pela Chevron, é que a perfuração seria feita com a broca de 8 ½ polegadas, que é o diâmetro convencional da chamada “fase final” de um poço de petróleo, aquela que toca o reservatório subterrâneo de óleo. Esta fase não possui revestimento, o que é chamado de “poço aberto” no jargão técnico. No seu depoimento á Comissão de Meio Ambiente, o presidente da Chevron-Brasil (?), o Sr. Charles Buck, admitiu que a broca usada no momento do acidente era a de 8 ½ polegadas.
Na perfuração executada pela Chevron, a situação era de “poço aberto” a partir de 567 metros abaixo do solo marinho. Embora o ponto provável de ruptura tenha sido abaixo da sapata situada neste nível, pode ter ocorrido em outro, em razão da grande extensão – comprimento vertical + horizontal, conhecido tecnicamente como TD(MD) –  aumentada pelo fato de o poço fazer duas longas curvas (dog legs, na linguagem técnica) e ter um trecho horizontal. Se os diagramas apresentados pela Chevron tiverem proporção correta, é possível estimar esta extensão em mais de três quilômetros sem  revestimento ou vedação.
E isso numa formação geológica cheia de fraturas e fissuras, o que é admitido no estudo e provocou até a mudança de direção de três poços perfurados em Frade.
Mas o que poderia ter feito a Chevron não implantar a sapata de sustentação e vedação?
Não é possível dizer, mas é natural que se avalie a vantagem de não o fazer: economia.
Uma sapata com esta resistência  custa algo como R$ 1 milhão, o que somado ao tempo de parada na perfuração, em razão dos custos fixos, pode quadruplicar, pelo menos, de valor. Só o aluguel da sonda  – mesmo a “baratinha” que utilizaram – é equivalente a cerca de R$ 500 mil por dia e ela não pode perfurar enquanto não se completa a cimentação, espera-se o tempo de “pega”  do cimento e se realizam os testes de selagem.
O campo de Frade é conhecido desde 1986 e nele não se espera o encontro de reservatórios em altíssima pressão, o que pode ter levado, sim, a Chevron a subestimar a possibilidade de que o poço fosse submetido a elevados esforços e, portanto, corresse o risco de não criar um segundo nível de vedação.
Um dos engenheiros especializados em perfuração a quem este blog apresentou os dados da Chevron afirma:
“A Chevron sabia da existência de várias fraturas e falhas em todo o Campo de Frade (está no seu plano de desenvolvimento para a ANP). A profundidade que temos que analisar é a da cota vertical de 2279 m. Para perfurar nesta profundidade a Chevron teve que usar pressão acima da pressão de abertura das falhas ou fraturas existente no Campo.
A ocorrência do kick (perda de fluido para formação) é a prova que atingiu a pressão de fratura. Não necessariamente, como a Chevron disse, fratura na sapata. Pode ter ocorrido em qualquer ponto entre 3329 m da profundidade  do poço (ou 2279 m medida na vertical) e 567 m,  a partir de onde o poço estava revestido e a lama de perfuração não tinha mais contato com as camadas superiores (da rocha). Isto não teria ocorrido caso a Chevron tivesse posto outra sapata e revestido o poço antes de atingir o reservatório. Neste caso,  todo poço estaria isolado das fraturas e falhas, ou seja, não poderiam ser atingidas pelo fluido de perfuração.
O kick relatado pela Chevron não é uma ocorrência anormal na perfuração. Ao contrário, é bastante comum. Para preveni-lo, instalam-se equipamentos que se destinam a minimizar seus efeitos: o blowout preventer, um conjunto de válvulas que impede que ele suba pela tubulação e “estoure” a cabeça submarina do poço.
Mas há outros, como as linhas de choke, que aumentam, através do manejo de válvulas, a pressão da coluna de lama que se contrapõe à pressão do petróleo ascendente durante um kick.
Além das linhas de choke, estava prevista a existência de uma linha de kill , que é uma espécie de redundância da linha de choke, mas com a capacidade de “matar” – ou seja, vedar completamente- o poço.
Nem a Chevron, nem a a ANP deram, ainda, quaisquer explicações sobre  existirem estes sistemas  previstos e a eventual falha em sua operação.
Daqui a pouco, na Comissão de Minas e Energia, a Chevron e a ANP serão duramente questionadas a partir destas informações.
Elas estão documentadas na cópia do relatório que será ali apresentada.
Agora há um dado concreto: a Chevron não  fez o que  prometeu ao IBAMA e à ANP  no plano de perfuração, que foi avaliado  por estes órgãos.
Não há plano de contingência ou fiscalização possível  em poços no oceano, distantes centenas de quilômetros do litoral, se a empresa que os perfura não segue os  procedimentos de segurança que ela própria apresentou às autoridades.
Não seria possível esperar que um fiscal da Prefeitura estivesse ali, todo o tempo ao lado da betoneira, durante a construção do Palace 2, vendo se a areia que a empresa de Sérgio Naya estava usando no concreto não era areia do mar.
Estamos fornecendo os elementos para a investigação de um comportamento fraudulento de uma concessionária da exploração de um bem público. Que, com o acidente, passou dos limites de simples fraude para o de um crime ambiental que, pela sorte e pelas correntes marinhas, ficou na escala do imenso e não do gigantesco.
Ele precisa ser apurado e cremos ter feito a nossa parte.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Folha: blogosfera deu “olé” na grande mídia


Em seu “Memórias do Cárcere”, Graciliano Ramos, falando sobre a censura no Estado Novo, diz que o sumiço da literatura não se devia apenas à censura.
“Liberdade completa, ninguém desfruta: começamos oprimidos pela sintaxe e acabamos às voltas com a Delegacia de Ordem Política e Social, mas, nos estreitos limites a que nos coagem a gramática e a lei, ainda nos podemos mexer”
E conclui: “Não caluniemos o nosso pequenino facismo tupinambá: se o fizermos, perderemos qualquer vestígio de autoridade e, quando formos verazes, ninguém nos dará crédito. De fato ele não nos impediu escrever. Apenas nos suprimiu o desejo de entregar-nos a esse exercício”
Penso que o comportamento da mídia, neste caso da Chevron, lembra muito esta situação. A postura servil e idólatra da imprensa, que atribui perfeição divina às grandes empresas internacionais e crê que as estatais brasileiras são apenas um amontoado de arranjos políticos não está apenas entre seus donos, mas espalhou-se por muitos de seus profissionais, sobretudo entre os ditos “investigativos” que, neste caso da Chevron, ficaram inertes e passivos diante do acidente.
Aliás, diga-se, continuam passivos, pois não se vê sequer uma tentativa de aprofundar a apuração do que aconteceu e uma aceitação preguiçosa dos “desvios” que se tenta fazer sobre a possíveis – e, certamente, existentes -  falhas nos sistemas de  reação aos acidentes na exploração marítima, em lugar de verificar porque o poço vazou.
Esse é assunto para o próximo post. Mas fica que descobrir e reconhecer o erro, em qualquer atividade, é uma atitude essencial de honestidade a que profissional algum pode se furtar.
Da mesma forma, não pode, independente das divergências políticas, deixar de reconhecer a autocrítica quando ela é feita sem subterfúgios ou falsas razões.
Por isso, depois deste enfadonho preâmbulo a que submeti  você, leitor/leitora, transcrevo o artigo da ombusman da Folha, Suzana Singer, de onde retirei o título do post. Como ele está restrito aos assinantes do jornal, optei por reproduzi-lo aqui, mesmo correndo o risco de cair na máxima do D. Quixote, que, com propriedade, de diz que louvor em boca própria é vitupério.
Quando se reconhece o erro – e quando, sobretudo, corrige-se a atitude incorreta – isso deve ser registrado. Nós, que criticamos o comportamento da grande mídia, não devemos, como é frequente que ela o faça, caluniá-la. Se o fizermos, como escreveu Graciliano,  perderemos qualquer vestígio de autoridade e, quando formos verazes, ninguém nos dará crédito.

Ombudsman

A grande imprensa foi passiva e demorou a

perceber a gravidade do vazamento da Chevron

Suzana Singer
O óleo subiu… e a gente não viu
Na cobertura do acidente ecológico na bacia de Campos (RJ), a mídia tradicional tomou um olé da blogosfera. A chamada “grande imprensa” demorou a entender a gravidade do que estava acontecendo, reproduziu passivamente a versão oficial e não fez apuração própria.
O vazamento ocorreu na segunda-feira, dia 7 de novembro, quando a pressão do óleo provocou uma ruptura do revestimento do poço. O líquido começou a subir pela coluna de perfuração e vazou também pelas fissuras do solo marinho.
A mancha de óleo foi vista no dia seguinte por petroleiros. Acionada, a norte-americana Chevron informou as autoridades, na quarta-feira, de que o vazamento acontecia em uma de suas plataformas.
No dia seguinte, agências de notícias divulgavam o incidente, com a porta-voz da Chevron falando em “fenômeno natural” e calculando um escape pequeno de óleo.
Só “O Globo” deu destaque ao assunto, mas em um texto tão editorializado que perdia o foco do acidente. O que acontecia no campo do Frade era só mais uma prova da “necessidade de Estados produtores de petróleo terem uma fatia maior dos royalties”. A Folha limitou-se a dar uma pequena nota.
Veio o fim de semana, quando a inércia toma conta das Redações. “Mercado” publicou no sábado, dia 12, uma capa sobre a queda do lucro da Petrobras e, no domingo, um imenso infográfico mostrando como funcionam as sondas de perfuração, sem fazer ligação com a Chevron. Sobre o acidente, só uma nota registrava que o vazamento aumentara.
Enquanto isso, uma luz amarela tinha acendido na blogosfera. O assunto circulava nas redes sociais. No dia 10, o geólogo norte-americano John Amos, 48, da SkyTruth, uma ONG ambientalista que trabalha com fotos aéreas, divulgou em seu site, no Twitter e no Facebook, as primeiras imagens da mancha.
O jornalista Fernando Brito, do blog “Tijolaço.com”, já dizia que a “história estava mal contadíssima”, porque “não é provável que falhas geológicas capazes de provocar um derramamento no mar deixem de ser percebidas nos estudos sísmicos que precedem a perfuração”.
No dia 15, a SkyTruth volta à ação e publica mais duas fotos mostrando que a mancha tinha crescido. “É dez vezes maior do que a estimativa da Chevron”, aposta Amos.
Instigados pelos blogs, leitores começam a cobrar: “A senhora acredita que a cobertura está correta?”, “E se fosse a Petrobras?”.
Só com a entrada da Polícia Federal no caso, a Folha e seus concorrentes começaram a se mexer de fato. O conselho jornalístico “follow the money” virou no Brasil, por preguiça, “follow the police”.
No dia 17, com o inquérito policial aberto, o assunto finalmente foi capa de “Mercado” e ganhou um tom cético -pela primeira vez se aponta possível negligência da empresa. De lá para cá, toda a imprensa subiu o tom e, numa tentativa de compensar o cochilo inicial, vem cobrando duramente a Chevron, que admitiu “erros de cálculo”.
Não é mesmo fácil saber o que acontece em alto-mar, mas, um ano e meio depois da grande tragédia ambiental do golfo do México, é indesculpável engolir releases divulgados por petrolíferas.
Além de recorrer a ONGs e especialistas, os repórteres poderiam ter procurado os petroleiros. O sindicato tinha divulgado uma nota no dia 10. “Os jornais brasileiros foram decepcionantes”, diz C.W., funcionário da Petrobras que sentiu o cheiro do vapor de óleo cru, mesmo estando a cerca de 15 km do local.
Para evitar que seu nome aparecesse, ele pediu à namorada que avisasse a mídia. Ela escreveu para a Folha e para o “Estado” no dia 11:
“Boa noite, Ainda está vazando óleo na bacia de Campos, o vazamento já percorreu quilômetros. É necessário averiguar, pois noticiaram o ocorrido, mas não deram a devida atenção.”
O caso Chevron mostra que faltam jornalistas especializados em cobrir petróleo, o que é grave num país que tem uma estatal do tamanho da Petrobras e que pretende ser uma potência da área com a exploração do pré-sal.
John Amos, da SkyTruth em West Virginia, deixa um alerta: “Se todos esquecerem rapidamente o acidente, porque o vazamento não foi tão grande quanto o do México, aí sim será uma tragédia. Essa é uma oportunidade de questionar a gestão da exploração em águas profundas, em territórios arriscados. Porque haverá um novo acidente. E vocês devem estar preparados para isso”.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

O reino da quinta-essência

Brasil é um país surrealista.
Hoje, O Globo anuncia que “somente 16 dias após o início do vazamento de óleo no litoral do Rio, a Agência Nacional do Petróleo decidiu suspender as atividades de perfuração da empresa americana Chevron no Brasil”.
A crítica poderia ser adequada, se o jornal não tivesse levado “apenas” dez dias para noticiar, com destaque, o vazamento de petróleo. Como, aliás, quase toda a imprensa.
A notícia segue, dizendo que o Tribunal de Contas da União determinou uma auditoria na Petrobras, para “verificar se há previsão contratual de ressarcimento das despesas que a estatal teve com equipamentos e mão de obra próprios nas ações de contingência.”
Ou seja, se a Petrobras, diante da emergência de óleo vazando no mar, tinha um contratinho para “cobrir” o empréstimo de equipamentos e pessoal especializado para agir na contenção imediata do vazamento de óleo.
Meu Deus, será possível numa hora daquelas, parar para que alguns advogados e procuradores fizessem um documento dessa ordem? “Os senhores deixem aí o óleo vazando até o parecer da assessoria jurídica, está bem?”.
Francamente, isso lembra a história fantástica de Rabelais e o seu reino da Quinta-Essência, onde as pessoas se dedicavam a questões de alta indagação, mas de absoluta inutilidade.
Se o Tribunal de Contas quer averiguar as relações contratuais entre a Chevron e a Petrobras, deve recuar até 1999, no Governo Fernando Henrique, onde o controle do campo de Frade, descoberto em 1986 pela Petrobras, foi transferido para a petroleira americana.
Foi uma operação conhecida no mercado como farm-in/farm-out, quando é comprada e vendida uma concessão pública adquirida por uma empresa.
Isso, sim, é uma boa providência, que vai às entranhas do criminoso processo de privatização brasileiro, quando negócios bilionários foram fechados nas barbas do Tribunal e ninguém determinou uma “auditoria de emergência”.
Agora, ver se tinha um contrato de locação para os dois robôs submarinos da Petrobras usados para descobrir o vazamento da Chevron é realmente, como faziam os súditos daquele reino rabelaisiano, se dedicar a desenhar na água e a medir o salto das pulgas.
Por: Fernando Brito

CADÊ OS ARTISTAS DA GLOBO GOTA D'ÁGUA? PARA GRINGO NÃO VALE? OU PENSAM QUE ESTÃO LIDANDO COM VIRA-LATAS COMO ELES? TÔ CANSADINHA.....Confissão do presidente da Chevron escancara o "arrego" da Rede Globo

Alguns dias depois de a Globo viajar no avião da Chevron para fazer reportagem sobre o vazamento na Bacia de Campos a empresa texana foi obrigada a admitir que editou as imagens sobre a tragédia ambiental com o intuito de “ajudar” as autoridades brasileiras.
O maior órgão de imprensa do Brasil defende a demissão do Ministro do Trabalho por voar em avião de um prestador de serviços do ministério, considerando esta conduta inaceitável.
Muito bem!
No entanto, a Globo, após utilizar o avião da Chevron para gravar uma reportagem sobre o vazamento, passou os dias seguintes “tranqüilizando” a população brasileira quanto as dimensões do desastre.
Mas em audiência pública na Câmara dos Deputados, o presidente da texana Chevron, George Buck (não é Bush), foi obrigado a admitir que “editou” as imagens do vazamento. Ou seja, mandou ver um “fotoshop” para maquiar a real dimensão da tragédia.
Hoje (23 de novembro), a Agência Nacional do Petróleo suspendeu as atividades da Chevron no Brasil.
Inconformada, a Globo noticiou a investigação do TCU nos contratos da Petrobrás com a Chevron.
Quem abre o portal G1 nesta noite de quarta-feira , ao se deparar com a notícia da suspensão das atividades da empresa texana no Brasil, lê as seguintes noticias imediatamente abaixo da manchete principal:
Ø Vazamento está reduzido a um barril, segundo Chevron (positiva)
Ø Óleo em praia é improvável, diz IBAMA (positiva)
Ø TCU investigará contrato com a Petrobrás. (negativa - mas para a empresa brasileira)
Para defender a privataria e a entrega do subsolo brasileiro para as empresas estrangeiras a Globo perde o pudor e escancara o próprio arrego.
Os atores da Globo que se mostram tão atentos às causas ambientais, em especial à construção da usina de Belo Monte, podeiram se pronunciar também a respeito do vazamento da Chevron.
Ops! Mas esta não parece ser uma causa incorporada por nenhuma ONG financiada por recursos estrangeiros.

Caso Chevron obriga Brasil a pensar como potência

Apesar de o Brasil ter razões óbvias para estar aborrecido com a petroleira americana Chevron, o vazamento que a cada vez mais evidente imperícia da empresa causou motiva reflexão sobre quanto o país progrediu, pois o episódio insinua superioridade técnica e financeira da Petrobrás e revela postura soberana das instituições brasileiras em relação a uma poderosa transnacional que há uma década talvez nem fosse incomodada.
De acordo com o diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Haroldo Lima, a Chevron está sendo punida devido à falta de equipamento adequado para estancar o vazamento, tendo sido obrigada a pedi-lo emprestado à Petrobrás, e por esconder informações, o que, mais do que desrespeito pelas leis brasileiras, pode ter relação com problemas econômicos que afetam o país-sede da empresa, sem falar em sua incapacidade técnica e falta de transparência.
Mas não é só isso. Vai ficando cada vez mais claro que chegou o momento de o Brasil começar a agir como potência não só do ponto de vista econômico, mas, também, do ponto de vista estratégico, pois lhe faltam os meios de patrulhar as suas cobiçadas águas territoriais e isso tira do país as condições de fazer valer a sua soberania por meios não-diplomáticos, o que toda grande nação precisa ter como fazer, se for o caso.
Recentemente, a imprensa noticiou o progressivo sucateamento do poderio bélico do país, se é que se pode chamá-lo assim. A defesa do território nacional seco também está ameaçada pela incapacidade da Força Aérea Brasileira de patrulhar e até de chegar rapidamente a eventuais zonas de conflito fronteiriças devido à obsolescência de suas aeronaves de caça. Enquanto isso, a compra das novas aeronaves empaca sem que se tenha notícia de quando será efetuada.
Nesse aspecto, a politização do assunto compra de novos caças pela imprensa, ano passado, terminou por fazer o governo congelar as tratativas. Devido à mesma imprensa querer determinar de que nacionalidade seriam as armas – que, obviamente, queria que fossem as fabricadas pelos Estados Unidos – o governo retrocedeu e a situação de fragilidade estratégico-militar foi se agravando.
O país tem recursos para se armar. É, atualmente, um dos mais desarmados da América Latina apesar de seus recursos financeiros serem muito maiores do que os de seus vizinhos. E é a política que o mantém inferiorizado belicamente, o que lhe retira também as condições estratégico-militares de seguir pleiteando o tão ambicionado assento definitivo no Conselho de Segurança da ONU.
Está faltando coragem ao governo de pôr o tema em pauta.
O episódio Chevron mostrou a importância e o peso do Brasil hoje no mundo. A poderosa transnacional foi devidamente enquadrada, teve suas atividades suspensas e, preocupada, manifestou-se no sentido de se submeter plenamente às determinações e demandas nacionais. O mundo leva o Brasil cada vez mais a sério, entende cada vez mais a sua importância. É preciso que o país também se leve a sério.

Posted by eduguim

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

ANP suspende perfurações da Chevron

erguntas à Chevron

O senhor pode fornecer o nome ANP do poço acidentado?
Pode informar a situação atual dos dois outros poços registrados pela Chevron na ANP, em perfuração por essa mesma sonda SEDCO 706, segundo o registro de 3 de novembro?
O senhor pode fornecer as coordenadas exatas do posicionamento da plataforma? Pode dizer a distância e a direção, em relação a ela, do ponto onde houve o vazamento de petróleo cujos as imagens os senhores cederam à ANP? E também a distância em metros entre plataforma e o limite entre os campos de Frade e de Roncador?
Nessa foto da Agência France Presse, o senhor aparece ao lado de uma projeção da trajetória do poço acidentado. O senhor poderia indicar, nessa imagem, a profundidade aproximada das sapatas e das cimentações correspondentes, feitas ao longo do poço?
A imprensa divulgou que o senhor tinha dito que o último revestimento do poço seria a 567 m de profundidade. Pelo diagrama mostrado na fotografia, é possível ver que a extensão do poço seria, mais ou menos, de 4 quilômetros . Desde esse revestimento 567 m de profundidade, vocês trabalharam por 3,5 quilômetros com o que os técnicos chamam de poço aberto? Qual era ou eram os diâmetros da perfuração?
É uma prática comum na Chevron perfurar essa extensão de poço sem a colocação de revestimento, sapatas de sustentação e a cimentação de selagem? Quais foram as bases desta decisão. O senhor poderia entregar à custodia da ANP os diários de perfuração, os registros e testemunhos de perfilagem e os logs de cimentação?
O desvio da perfuração realizado, pelo diagrama, ao nível de 500 metros abaixo do solo marinho estava planejado? A grande curva também? Qual a razão desse desvio? Erro de posicionamento da sonda em relação ao alvo? Mudança de alvo? Foram formações rochosas inesperadas em um nível tão superficial? Isso não colocaria em dúvida a qualidade das sísmicas?
O senhor pode informar também a distância e
a direção, em relação à plataforma, da vertical do ponto onde ocorreu o “kick “ que provocou o acidente?
O senhor declarou que o “kick” inesperado no fundo do poço aconteceu no dia 7. No dia 8 foram avistadas as manchas de petróleo pelo pessoal da Petrobrás… Eu pergunto, não era evidente que os dois episódios estavam provavelmente relacionados? Por que só no dia 13 foi apresentado a ANP um plano de cimentação e abandono do poço?
Estou encaminhando às suas mãos a reprodução da matéria publicada em 2008 pelo Wall Street Journal onde o jornalista Russell Gold diz que seu superior, Ali Moshiri, trancou os projetos de exploração feitos pelas equipes de geólogos e engenheiros da própria empresa e mandou substituir por outro, com a perfuração de poços mais rápidos e mais baratos. O senhor pode explicar como é que se faz poços mais rápidos e mais baratos sem abrir da segurança?

A ANP acaba de suspender todas as atividades de perfuração da Chevron no Brasil. Depois da reunião convocada anteontem pela Presidenta Dilma Rousseff, a agência que estava suave e doce com a petroleira, passou a fazer o que devia.

Juliana e Maitê contra Belo Monte !A Globo vai perder outra !

Juliana, imagina a Globo sem a energia elétrica ...

O Conversa Afiada reproduz artigo de Davis Sena Filho sobre o vídeo-show do Spielberg e da Globo contra Belo Monte.

Antes, leia o que diz Miriam Belchior – nenhum índio sairá de sua terra por causa de  Belo Monte.

Clique aqui para ver o vídeo do Spielberg que a Globo copiou.

Agora, aqui entre nós: o Cerra duas vezes e o Alckimin, uma, sabem que não adianta a Globo tentar eleger o Presidente da República.

Belo Monte será construída, com a ajuda providencial do elenco da Globo.

Belo Monte, a oposição de ONGs, de artistas da Globo, da imprensa e a mídia cúmplice da Chevron


Nunca vi tanta comédia e tanto comediante em um vídeo só…


Por Davis Sena Filho –

Blog Palavra Livre/JB


“Ministro Paulo Bernardo: cadê a banda larga e o marco regulatório para as mídias? Cadê a Confecom 2? Por onde anda o projeto do Franklin Martins? Vossa Excelência o engavetou? Com a palavra, o ministro das Comunicações, aquele que tem medo da TV Globo”. (Davis Sena Filho)


Acabo de ver a propaganda, um vídeo de atores da TV Globo contra a hidrelétrica de Belo Monte, no Pará. Percebo, porém, a total falta de senso crítico dessas pessoas urbanas e que pensam que o mundo se resume em Rio de Janeiro, São Paulo, Nova Iorque, Paris, Miami e Londres. Os argumentos contrários e negativos contra Belo Monte chegam a ser ridículos, se não fosse a manipulação e a desinformação, que deixam claro que por trás … existem ONGs estrangeiras a serviço dos interesses de seus países e a Globo, porta-voz contumaz e tradicional dos grandes capitalistas, sendo que ela própria é um deles.


Não posso pensar de outra forma, bem como não me eximirei de dizer que a peça publicitária desinforma a população, principalmente a parte dela mais exposta a factóides, que é a classe média de perfil conservador e que acredita em Papai Noel, porque pobres e ricos realmente não creem no homem que se veste de vermelho e usa barba branca a anunciar os presentes para aqueles que se comportaram direito o ano todo. Acontece que quem está a se comportar mal são os atores da Globo e seus patrões, que se associaram a movimentos ambientalistas do exterior que querem interferir no processo de desenvolvimento brasileiro, sem, no entanto, se preocupar com o combate às desigualdades sociais e regionais. O Brasil luta contra a miséria e quer, por intermédio dos governos trabalhistas de Lula e de Dilma retirar milhões de cidadãos da linha de pobreza.


Enganam-se aqueles desavisados que insistem em afirmar que a luta contra a pobreza é de caráter assistencialista, porque não é. Existe, sim, um programa de governo colocado em prática há quase dez anos e que é, reiteradamente, desqualificado pela imprensa privada, que insiste tomar o lugar da oposição político-partidária do grupo formado por PSDB-DEM-PPS, que não tem projeto para o Brasil e nem programa de governo e por isso perdeu as últimas três eleições e poderá perder a quarta, em 2014.


Contudo, tiveram, no primeiro turno e também no segundo turno o apoio velado da Marina Silva para o público, porém firmado e concretizado nos bastidores. Foi dessa maneira que a Marina agiu … após ser demitida por incompetência do Ministério, além de se aliar a ONGs financiadas por organismos financeiros que teimavam em boicotar e se opor aos interesses do Brasil no que concerne ao seu desenvolvimento econômico e social, bem como no que tange ao seu programa ambientalista, apresentado de forma surpreendente para o mundo na 15ª Conferência de Copenhagen, capital da Dinamarca, em dezembro de 2009. O atual secretário do Meio Ambiente do Rio de Janeiro, Carlos Minc, realizou em menos de dois anos à frente do Ministério do Meio Ambiente o que Marina Silva não conseguiu fazer em quase sete anos no poder.


O Brasil, então, apresentou propostas e metas concretas para combater o desmatamento, a poluição e a degradação dos ecossistemas, o que está a ser realizado com seriedade. Quem duvida que acesse o portal da transparência do Governo Federal (ferramenta que o governo tucano de São Paulo não oferece aos paulistas) e observe as ações e os números, no que vai se surpreender quando os compararmos com os números do governo entreguista e privatista do neoliberal FHC, um retumbante fracasso social e econômico, porque nesse tempo o Brasil foi três vezes ao FMI de joelhos e com o pires na mão.


A humilhação total somente comparável quando o ministro de Estado das Relações Exteriores desse governante tucano que vendeu o patrimônio brasileiro que ele não construiu tirou os sapatos no aeroporto de Nova Iorque a mando de um agente subalterno daquele país yankee. O nome do ex-chanceler é Celso Lafer. Nunca vi tanta subserviência e pusilanimidade. Complexo de vira-lata na veia.


Por intermédio desse lamentável e vergonhoso episódio tive a certeza, inquestionável, que quem tem complexo de vira-lata são nossas elites e não o grande povo trabalhador brasileiro. O ministro de meias no aeroporto foi o símbolo maior daquele governo capacho, do Brasil, infelizmente, de joelhos, sem norte e, conseqüentemente, sem rumo. Um absurdo que eu não quero ver nunca mais até a minha morte.


Apesar de a Conferência ter sido multilateral, o Brasil apresentou, independente de acordos, propostas reais e factíveis. O encontro no país europeu escandinavo teve também por objetivo estabelecer o tratado que substituirá o Protocolo de Quioto, que os EUA se recusaram a assinar no tempo do Governo Bush. O problema é que os países considerados ricos ou ex-ricos, a crise internacional de 2008 perdura até hoje, querem impor regras para os pobres e emergentes quanto à questão ambiental, mas se recusam a fazer seus deveres de casa, porque não querem parar de consumir e com isso fomentar seus mercados e exportar.


Outro fato que está a chamar a atenção é a questão da irresponsabilidade da Chevron-Texaco, com a cumplicidade lamentável da imprensa burguesa nativa, que não satisfeita em poluir o Golfo do México e prejudicar até mesmo os EUA (a multinacional petroleira é de lá), agora polui na Bacia de Campos porque desrespeitou as normas de segurança, além de não ter equipamentos e ferramentas adequados para perfurar poços de petróleo em solo tão profundo.


A imprensa de negócios e privada durante cerca de dez dias tergiversou, dissimulou sobre o crime ambiental e ficou a publicar releases elaborados na Assessoria de Imprensa da Chevron-Texaco, … da TV Globo no que diz respeito a ser um dos principais anunciantes da empresa televisiva que no passado apoiou a ditadura militar. A imprensa tupiniquim fez, vergonhosamente, papel de cúmplice da Chevron-Texaco, amenizou inicialmente a barberagem gananciosa e depois teve de mostrar o derramamento de petróleo porque as redes sociais, os blogs progressistas e o governo abriram a boca e furaram o bloqueio da velha imprensa.


Se fosse a Petrobras, não duvidem, as manchetes jornalísticas seriam garrafais e a “grita” seria enorme. A Globo News iria tirar seus especialistas de prateleiras e ficaria durantes horas e dias a “malhar” a Petrobras, a maldizer a empresa estatal e a agredir o governo trabalhista sem parar. Questionariam, sem sombra de dúvida, a capacidade da Petrobras em administrar o Pré-Sal, apesar de saber que a estatal brasileira é a petroleira que tem mais condições e capacidade técnica e logística no mundo para tirar petróleo em águas profundas.


Quero salientar e lembrar que essa mesma imprensa de negócios privados combateu, inadvertidamente e irresponsavelmente, a fundação da Petrobras no dia 3 de outubro de 1953 pelo governo do trabalhista e estadista Getúlio Vargas. O político trabalhista ainda criou a Vale do Rio Doce, que foi vendida pelo entreguista e neoliberal FHC, professor que não criou uma única escola técnica durante oito anos de seu governo de índices sociais baixos e até negativos.


Agora, eu pergunto: cadê a ex-petista e ex-verde Marina Silva? O gato comeu a língua dela? Não. Ela se calou porque não vai cooperar com o governo trabalhista no que é relativo à Chevron-Texaco. Ela traiu o governo e o seu partido, o PT, como o fez também o senador Cristóvão Buarque, que no episódio da ministro do Trabalho, Carlos Lupi, que é do seu partido, o PDT, calou-se, e quando abriu a boca foi para apagar a fogueira com gasolina. Até o momento, nada foi comprovado contra o ministro. Como a imprensa comercial e privada não conseguiu chegar a ele para derrubá-lo e com isso tentar engessar o governo de Dilma Rousseff, a solução foi publicar uma foto em que ele pega carona em um avião. Este foi o crime para a imprensa e parte da sociedade brasileira de perfil conservador.


Acontece que, dias e dias depois, repórteres da TV Globo sobrevoam a Bacia de Campos para filmar e relatar a situação que eles estão a ver no que é referente ao desastre e ao crime ambiental que tem a assinatura e as impressões digitais da Chevron-Texaco. Até aí tudo bem, se não fosse a petroleira yankee cliente das Organizações(?) Globo, no que diz respeito a negócios e à publicidade. Os repórteres da Globo podem pegar carona, não é isso? É ético, não é? Então, tá! Lembrei desse fato só para constar. Mas, para bom entendedor, meia palavra basta.


Voltemos ao Cristóvão. Demitido no primeiro governo Lula, bandeou-se para oposição de forma dissimulada e passou a fazer o jogo da velha imprensa golpista, juntamente com o senador Álvaro Dias, tucano e replicador, nas segundas-feiras, de notícias sobre “crises” e factóides publicados no fim de semana pela imprensa corporativa e golpista, verdadeira fábrica de crises. Cristóvão prejudicou a reeleição de Lula em 2006. E Marina dificultou, e muito, a eleição de Dilma Rousseff em 2010. Tanto é verdade que José Serra, candidato da direita partidária e empresarial e da ala da Igreja Católica conservadora, conseguiu ir para o segundo turno.


Todavia, retornemos à hidrelétrica de Belo Monte. Grupos privados midiáticos notadamente a TV Globo, a Folha de S. Paulo e a Veja, associaram-se a ONGs estrangeiras para sabotar o plano estratégico e de desenvolvimento do Brasil ora em curso pelo governo trabalhista da presidenta Dilma Rousseff. É um plano de reestruturação do País que não é mostrado, de forma alguma, pela imprensa e pelas televisões comerciais, como, por exemplo, a mega obra da transposição do Rio São Francisco, que é uma pá de cal no domínio dos coronéis nordestinos como o cearense e cadidato derrotado a senador Tasso Jereissati.


A TV Globo, que é a caixa de ressonância da plutocracia nacional e internacional, tem o papel de manipular os fatos e fazer com que os interesses políticos e financeiros dos verdes em âmbito mundial sejam considerados justificáveis pela opinião pública brasileira, especialmente a classe média, compradora contumaz do pensamento do sistema midiático de direita, que assumiu de fato a oposição política ao Governo Federal porque percebeu que a oposição partidária não tem programa e muito menos condições, no momento, de derrotar a presidenta Dilma em uma eleição, além de saber que o Governo tem maioria tanto na Câmara quanto no Senado.


A minoria no Congresso é o tendão de Aquiles dos jornalistas que abraçaram os interesses de seus patrões e das famílias proprietárias da imprensa hegemônica, comercial e privada brasileira. E eles, podem acreditar, odeiam a realidade que se apresenta, cujo responsável maior pela existência dela é o presidente Lula, que derrotou nas últimas eleições dezenas de caciques estaduais ao pedir diretamente para o povo de cada estado que não votasse neles.


Por isso também o ódio a Lula, que eles não o esquecem jamais, porque temem que o estadista resolva concorrer as próximas eleições. Eles aturam, com muito rancor e desprezo, a presidenta Dilma, mas o Lula novamente na Presidência para essa elite preconceituosa e que detesta o Brasil e o seu povo seria por de mais intragável. A imprensa burguesa agiu assim também com o estadista Getúlio Vargas, político responsável pela criação do Brasil moderno, quando ele deixou o poder em 1945 e retornou por meio do voto em 1950.


Nesses cinco anos de interregno, mesmo Getúlio praticamente “exilado” em seu campo, a imprensa lacerdista (até hoje o é) nunca deixou de atacá-lo porque não conseguia esquecê-lo jamais. A mesma coisa acontece com o Lula, político que sabe que a imprensa difama, calunia e injuria, como o faz no momento com o ministro Carlos Lupi e fizeram com o ministro do Esporte, Orlando Silva, sem, no entanto, nada ainda ter sido comprovado, a não ser que o acusador é, comprovadamente, bandido e testemunha da revista Veja, a revista porcaria, que faz um jornalismo de esgoto.


Contudo, os homens e as mulheres da imprensa não tem voto e também, para o desgosto deles, não tem mais a primazia do controle total da informação como tinham em outros tempos. Por isso, eles combatem a disseminação da banda larga pelas mãos do Governo Federal. Então, viva a internet e as redes sociais! Ministro Paulo Bernardo: cadê a banda larga e o marco regulatório para as mídias? Cadê a Confecom 2? Por onde anda o projeto do Franklin Martins? Vossa Excelência o engavetou? Com a palavra, o ministro das Comunicações, aquele que tem medo da TV Globo.


É assim que funciona o sistema midiático associado aos interesses do capital internacional. E parte da classe média que passou 40 anos a ver a Globo e a ler publicações como a Veja compartilha dessas “ideias”. Mas o que me chama a atenção mesmo é a hipocrisia dos atores da Globo. Eles dizem que Belo Monte é o diabo encarnado em um vídeo que lembra o teatro comercial que eles há anos fazem e ainda o chamam de arte. Não é possível que por questões ideológicas, políticas ou apenas implicância que a TV Globo e alguns de seus atores participem de um vídeo que tem por objetivo travar e boicotar o desenvolvimento do povo brasileiro, principalmente o que mora na região norte.


A luta e até mesmo a guerra entre os países tem como fundo de pano o controle das diferentes energias. Vide Iraque, Líbia e Afeganistão. O Brasil que é um País abençoado com milhares de rios, riachos e igarapés tem acesso e facilidade para se beneficiar com a energia proveniente das águas, que é considerada limpa e segura, contanto que sejam respeitados os relatórios e os cálculos dos engenheiros, geólogos, geógrafos, ambientalistas e outros profissionais que participam do esforço da construção de Belo Monte, um projeto de quase 40 anos que enfim está a sair do papel.


O Governo que há anos tem enfrentado batalhas jurídicas e as vencido, agora tem de, finalmente, começar a importantíssima obra do PAC, que vai gerar 80 mil empregos e vai ofertar luz e energia para os brasileiros do norte, que poderão ter mais uma oportunidade para desenvolver suas cidades e seus estados. Enquanto nossos artistas “globais” manipulam a informação para confundir a sociedade brasileira, os moradores nortistas querem a obra, porque sabem que através do acesso à energia poder-se-á ter indústrias, modernização da lavoura, surgimento de comércio, como padarias, supermercados, frigoríficos, construção civil, hospitais, escolas e todo tipo de segmento econômico e social. Sem energia não há desenvolvimento. Esta é a verdade.


Obviamente que eu também prezo pelo controle e fiscalização para que os impactos ambientais não sejam maiores dos que os previstos. E é o que está a ser feito. O resto é conversa dissimulada de gente que não conhece esse assunto e vai participar de vídeo que beira ao ridículo. O que esses atores pensam que o cidadão brasileiro é? Um idiota? Que não sabem como a banda toca em suas vidas, suas realidades e dificuldades? Será que eles pensam que os brasileiros nortistas não querem o que os do Sudeste tem, que é o desenvolvimento, apesar das contradições e paradoxos sociais?


Quem eles pensam que são para combater uma obra que vai conduzir o Brasil para sua independência no que concerne à geração de energia? O sonho de todo país e qualquer povo ou nação. Itaipu, Tucuruí, Chesf e outras hidrelétricas são exemplos disso. Imaginem o Brasil sem a hidrelétrica de Itaipu? Imaginaram? O que eles querem? Em nome de quem eles falam? Quem está por trás dessa novela de péssimo acabamento, que é o vídeo? Será que eles pensam que estão a fazer uma novela e repetem frases de seus scripts  … ? Qual é a intenção? Eles tem de dizer pelo menos que o vídeo, para variar, é uma imitação de outro vídeo dirigido pelo diretor de cinema Spielberg para que os estadunidenses saíssem de suas casas para votar. Pelo menos informar isso. Dizer que nem para fazer o vídeo houve originalidade.


É o fim da picada! Os mauricinhos e as patricinhas noveleiros falar de um assunto que não tem conhecimento técnico. E por quê? E para quem? E por quais motivos e intenções? Já não basta o Brasil ter de enfrentar países poderosos para conquistar sua autonomia ainda tem que se deparar com gente completamente despolitizada e que pensa, soberbamente, que é formadora de opinião, coisa que nem mais os jornalistas o são, como ficou comprovado com a derrota de José Serra em 2010, candidato à Presidência evidentemente apoiado pela imprensa burguesa e privada. Esse pessoal não se enxerga.


Então, Belo Monte vai acabar com o Pará e quiçá com o País, que serão inundados e ficarão sob a destruição de uma hecatombe ambiental. Vamos lá, pois: o Brasil tem quase 200 milhões de habitantes, um PIB de R$ 3,25 trilhões, um mercado interno poderoso que impediu o País de sofrer problemas econômicos graves advindos da crise internacional de 2008, além de ser a sexta economia do mundo, a superar países como a Inglaterra, a Itália e a Espanha, bem como exerce liderança reconhecida em fóruns como os Brics, o G-20 e o Mercosul, sem esquecer de citar que o poderoso País sulamericano de língua portuguesa, basta dar tempo ao tempo e ter paciência, vai ainda assumir uma cadeira no Conselho de Segurança da ONU.


Para finalizar, quero informar que os artistas … sugeriram que o Brasil opte pela energia eólica e solar. Os parques eólicos demandam vento e geralmente são instalados em litorais e ocupam enormes espaços. Como, por exemplo, fazer isso em nosso litoral, que é fortemente turístico, setor da economia que gera muita renda e emprego, ainda mais que o brasileiro está a viajar com muito mais freqüência do que antes, por causa do quase pleno emprego e do aumento salarial, além do aumento visível de turistas estrangeiros que aportam neste País tropical.


E a energia solar. Outra sugestão dos nossos artistas especialistas completamente urbanos que não tem a mínima ideia da área que é necessária para produzir 100 megawatts dessa modalidade de energia. A hidrelétrica de Belo Monte vai produzir inicialmente 11 mil megawatts. É energia suficiente para dar um impulso de desenvolvimento à região Norte e a um estado, o do Pará, que é demograficamente quase vazio. As terras que vão ser alagadas pelo lago comportam uma área de 516 quilômetros quadrados. O Estado do Pará possui uma área de 1.247.689,515 quilômetros quadrados. Ou seja, o lago a ser formado vai ocupar área equivalente a 1/2400 da área do estado marajoara, que tem apenas sete milhões de habitantes, sendo que dois milhões moram na capital Belém.


E aí o Brasil e o cidadão brasileiro tem de agüentar alardes infundados, oposição baseada em má-fé e especialistas que não entendem patavinas de energia via hidrelétrica, como a de Belo Monte, que vai ser a terceira maior do mundo e que vai dar fôlego, sobremaneira, ao desenvolvimento da região Norte que precisa, sim, ser ocupada pelo nosso povo e não por estrangeiros e suas ONGs. Então, para lembrar. Belo Monte vai alagar 1/2400, ou seja, quase nada por cento das terras do Pará e esses artistas, a mando de não sei quem (mas sei) consideram Belo Monte um atentado à natureza, sem sequer ter conhecimento do planejamento e do plano da obra.


Tem uma mocinha no vídeo que fala, quase escandalizada: “Vai custar R$ 24 bilhões! É muito dinheiro!”. Como se investir no Brasil e no seu povo fosse questão meramente contábil, de passivo, como se fosse débito ou prejuízo. É ter a cabeça muito pequena. É pensar pouco porque se recusa a usar o cérebro. Agora, a outra pergunta que não quer calar: “Mocinha, você sabe qual é o PIB brasileiro?” Eu já o citei neste mesmo artigo. O nosso PIB é de R$ 3,25 trilhões e a obra, segundo o Governo, custará R$ 24 bilhões. Você sabe o que é isso? Então, pare para pensar e vai estudar teatro, que por sinal requer talento, disciplina e conhecimento sobre a condição humana para representar com qualidade e excelência.


Entretanto, apesar de existir pessoas que não acreditam no Brasil e que querem, mediocremente, que este País se comporte como pequeno, não vai dar para atendê-las. Infelizmente, para elas. Portanto, faço mais uma pergunta que não quer calar: como o Brasil, que tem um mercado interno poderoso e importante vai atender suas demandas sem energia, porque a TV Globo e a imprensa comercial privada, ONGs financiadas por banqueiros e parcela conservadora da sociedade brasileira querem porque querem que a hidrelétrica não seja construída. Pense bem. Imagina um coisa insensata dessa? Afirmo e repito: a imprensa privada não tem compromisso com o Brasil, porque ela é alienígena e faz parte da estrutura do sistema de poder dos mercados nacionais e internacionais. Belo Monte tem de ser construída e depois inaugurada. É uma questão de estratégia e de sobrevivência e independência do Brasil. É isso aí.



Em tempo: o Conversa Afiada fez alguns cortes no texto original. Estavam onde aparecem as reticências. PHA

terça-feira, 22 de novembro de 2011

COM A PALAVRA A RIDÍCULA "Cantanhêde é advogada da Chevron? "

Por Altamiro Borges

Eliane Cantanhêde, sempre ela, voltou a se despir na sua coluna da Folha. Depois do seu entusiástico apoio à “massa cheirosa do PSDB” e da sua militância aguerrida contra os governos Lula e Dilma, agora ela até parece uma advogada de defesa da multinacional Chevron, responsável pelo grave vazamento de petróleo na Bacia de Campos. Veja o que ela escreveu hoje (22):

As “patriotadas” do “fora, Yankees”

“Não é hora de disseminar patriotadas e resgatar o velho ‘fora, Yankees!’. Acidentes acontecem e o vazamento de petróleo no litoral do Rio é bem menor, por exemplo, do que o da British Petroleum no golfo do México, em 2010”. No artigo, a colunista da Folha até critica os erros da poderosa empresa – nem dava para ser de outra maneira –, mas se esforça para evitar radicalismos.

Cantanhêde também defende que a multinacional seja punida. “Aqui não é a casa da mãe Joana”, apesar dos “nossos escândalos e bizarrices”. Mas deixa implícito que o castigo deve ser brando. “A punição é um alerta para a Chevron e para grandes empresas que são bem-vindas para parcerias no Brasil, mas com direitos e deveres, não só para sugar petróleo e lucros”. Belas palavras!

Multa de R$ 260 mi é irrisória

A Chevron realmente vai precisar de bons advogados – e de “colunistas” da mídia – para se defender do criminoso vazamento no Campo do Frade. A multinacional poderá ser punida em mais de R$ 260 milhões – valor que inclui as multas do Ibama por crimes ambientais, as autuações da Agência Nacional do Petróleo (ANP) e as reparações cobradas pelo governo do Rio de Janeiro.

Além disso, a ANP avalia a possibilidade de proibir a Chevron, a quarta maior petroleira do mundo, de participar da exploração do petróleo do pré-sal. “O que vamos examinar é o projeto dela de chegar ao pré-sal legalmente... Eu pessoalmente acho que ela incorreu num erro sério que pode prejudicar esse intento”, argumenta Haroldo Lima, diretor-geral da ANP.

BP foi multada em US$ 20 bilhões

Apesar dos temores da colunista da Folha, as punições previstas até agora não representam grandes danos para a multinacional, não expressam qualquer “patriotada”. O faturamento diário da empresa equivale a US$ 542 milhões – cerca de R$ 960 milhões. Na verdade, as multas são irrisórias, ridículas. Os R$ 50 milhões de multa do Ibama representam 5,2% do seu faturamento diário - uma merreca!

Tiete dos EUA, a “advogada” Cantanhêde deve saber que os “yankees” são bem mais rígidos nas punições, nas suas “patriotadas”. Em abril de 2010, quando do vazamento de 4,9 milhões de barris de petróleo da British Petroleum, no golfo do México, a empresa foi multada em US$ 20 bilhões! A Chevron não tem do que reclamar! O Brasil ainda é um paraíso das multinacionais.

A preocupação dos entreguistas

Se a soberania nacional fosse realmente valorizada, a multinacional ianque deveria ser mais duramente penalizada. Além do vazamento criminoso, ela ainda omitiu informações e demonstrou total incompetência na solução do acidente. Há ainda denúncias de que a Chevron utiliza trabalhadores ilegais nas suas plataformas. E o pior: há suspeitas de que ela tentou explorar, ilegalmente, o pré-sal.

Não é para menos que o “New York Times” destacou no sábado passado que os executivos da Chevron temem “multas e prisões”. Já o “Wall Street Journal” afirmou que o vazamento “pode complicar a prospecção” da empresa no Brasil. O caso é grave e deve preocupar vários entreguistas nativos com prestígio na mídia e na política. É o caso de José Serra, velho amigo de Cantanhêde!

Serra, amigo da Chevron

Segundo documentos do WikiLeaks, na campanha do ano passado o candidato tucano prometeu a Patrícia Pradal, diretora da Chevron, que mudaria os contratos do pré-sal para beneficiar a empresa: “Deixa esses caras [do PT] fazerem o que quiserem. Nós vamos mostrar a todos que o modelo antigo funcionava. E nós mudaremos de volta”. O vazamento no Rio abalou vários privatistas e entreguistas nativos!

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Antes tarde do que nunca

Era assim o plano dos executivos da Chevron para recolher o petróleo?
O diretor geral da ANP, Haroldo Lima, aparece   hoje dizendo que a Chevron-Texaco, além de multada, pode ser impedida de continuar a operar no Brasil, pelo erro grosseiro (e de ganaciosa imprudência) e pela criminosa omissão de informações que prolongou a duração do que já era desastroso.
Muito bom que o responsável pelo órgão fiscalizador tenha, finalmente, adotado uma postura pública firme e severa sobre o assunto. E que a ANP, que está toda hora nos jornais criticando a Petrobras, tenha descoberto que a Chevron não tinha condições nem equipamento para autar em situações de emergência e dependeu de empréstimo de submarinos da estatal brasileira.
Depois de dez dias em que a ANP não deu informações públicas e só muito discreta e vagamente se pronunciou sobre o caso, é muito bom que tenha assumido outra postura.
Diz o sr. Haroldo Lima que “eles mitigaram (isto é, no popular, mentiram) informações importantes sobre o vazamento e esconderam fotos que mostravam a real proporção do acidente”.
Bom, o sr. Lima tem razão. Mas a ANP não as exigiu publicamente. Não requisitou – ou se requisitou não o anunciou e nem reclamou não ter recebido – o diário de perfuração e os relatórios de cimentação do poço.
Nem mesmo a profundidade em que o poço se encontrava veio a público pela ANP, e só ficou sendo conhecida quando Charles Buck, o presidente da Chevron, na noite do dia 18, reconheceu que houve uma elevação súbita de pressão no poço – um “kick” – e que o petróleo subiu pelo vão anular, entre a parede do tudo e a da rocha perfurada abrindo fendas na camada rochosa superficial, por onde o petróleo “brotou”.
A informação do “kick”, na véspera da aparição da mancha de óleo, que tem necessariamente de estar registrada no diário de perfuração e o fato de só haver vedação por cimentação na fase superior do poço são informações que, somadas, já indicariam a origem do vazamento e a necessidade de tamponar a sua parte inferior.
Que diferença de comportamento se comparado ao do delegado Fábio Scliar, da Polícia Federal, que botou a boca no trombone e fez toda a imprensa se mexer e publicar informações sobre o caso!
Aliás, só depois que ele falou a imprensa e até os ambientalistas resolveram atuar.
Porém, antes tarde do que nunca, não é?

sábado, 19 de novembro de 2011

Chevron assume culpa. Ela escondeu o vazamento.Que lição! Petrobras socorreu a incapaz Chevron…

 

Este senhor, Charles Buck, sabe há dez dias porque o petróleo vazou
A nossa grande imprensa “papou mosca”, de novo. E de novo em um assunto de imensa gravidade.
O presidente da Chevron no Brasil, Charles Buck, disse ontem à noite que a empresa foi culpada pelo vazamento, por não aplicar técnicas adequadas de cimentação do revestimento da coluna de perfuração .
A perfuração foi feita com uma cimentação insuficiente para proteger a rocha em torno dos tubos de revestimento do poço e o petróleo subiu por este espaço, infiltrando-se na rocha e subindo à superfície do solo oceânico.
A revelação está no portal Energia Hoje:
“O presidente da Chevron no Brasil, George Buck, afirmou nesta sexta-feira (18/11) que a petroleira foi responsável pelo acidente que provocou o vazamento de óleo na última semana no campo de Frade, na Bacia de Campos. Segundo o executivo, a companhia subestimou a pressão do reservatório, provocando o acidente.
    “É nossa culpa. Nós subestimamos a pressão do reservatório”, afirmou Buck. “O problema é que a pressão na formação foi maior do que a lama de perfuração poderia suportar. A modelagem do reservatório nos deu a informação incorreta sobre a pressão.”
    O poço horizontal de avaliação foi perfurado em lâmina d´água de 1.211 m. O reservatório foi encontrado no dia 7, a 2.279 m de profundidade. Quando a broca perfurou a formação, houve um kick, levando o óleo para dentro do poço em alta pressão.
    O poço estava revestido até os 567 m de profundidade. No caminho restante até o reservatório, a rocha tinha fendas, que levaram o óleo até à superfície.
    Um dia depois, a Petrobras informou à Chevron que havia identificado uma mancha, confirmada na noite seguinte pela companhia norte-americana. A petroleira levou três dias para identificar o vazamento abaixo do revestimento e, no dia 13, fechar o poço com lama de perfuração de alta densidade. No dia 14, começou a cimentação.
    De acordo com Buck, a fonte do vazamento foi fechada no último dia 17, com a cimentação de 350 m de poço. O executivo afirma que o óleo que ainda está chegando à superfície foi liberado antes dessa data.”
    Ou seja, a Chevron cometeu erros técnicos básicos, conduzindo a perfuração por uma extensão grande demais antes de noca cimentação. E esse erro tem uma básica razão: redução de prazos e custos da operação.
    Mas a Chevron cometeu outro erro, mais grave, imperdoável.
    A narrativa do presidente da empresa mostra claramente que a Chevron sabia, desde o dia em que foram avistadas as manchas de óleo, a razão do vazamento.
    Se é que não sabia antes, porque as manchas foram avistadas pelo pessoal da Petrobras e, aí, não dava mais para ter segredo.
    Como não houve vazamento direto pela cabeça de poço, o que é evitado pelo equipamento chamado Blowout Preventer, pode – pode, insisto – ter havido a tentação de imaginar que o fluxo de óleo externo ao tudo fosse ficar retido pelas paredes de rocha e ou não alcançasse a superfície ou vazasse muito lentamente, sem grandes evidências.
    Há um erro técnico que deve ser avaliado pelos peritos. Mas há um crime indiscutível de omissão de informações – com a  indulgência da nossa mídia – , crime que é imperdoável, porque evidencia má-fé.

    Que lição! Petrobras socorreu a incapaz Chevron…

    A fonte não poderia ser mais insuspeita: é O Globo quem diz que foi a Petrobras, que opera o campo de Roncador, vizinho ao de Frade, que encontrou óleo no mar, avisou a Chevron e ainda emprestou os dois robôs  submarinos necessários para identificar a origem e começar a combater o vazamento de petróleo.
    Emprestou porque o equipamento da Chevron, diz o jornal, “tinha capacidade limitada de operação e não conseguia fazer uma leitura precisa das coordenadas do local de onde vinha o petróleo”. E os robôs submarinos da Petrobras tinham e conseguiam.
    A Chevron não é uma empresa inexperiente e sem equipamentos ou tecnologia. So que não se acanha de trabalhar aqui com equipamento limitado ou obsoleto, porque se sabe poderosa. Ao ponto de passar uma semana distribuindo press-releases e fotos mentirosas do vazamento e não ser questionada pela imprensa, como ocorreu.
    Agora, os jornais falam em falta de transparência e os ambientalistas protestam. Muito bem, é o correto. Como foi incorreto seu silêncio.
    Que episódio tristemente exemplar do comportamento colonizado de nossa elite “pensante”. Aceitou passivamente o “la garantía soy yo” da petroleira americana. Não foi atrás de um dado, de informações, de elementos. Era a Chevron, uma das “sete irmãs” do petróleo quem dizia, para quê?
    Quis o destino que devamos também a um americano – um simples geógrafo, John Amos, do site Skytruth - a chance que tivemos de furar este bloqueio de servilismo. Foi ele, com a interpretação de fotos – públicas, por sinal – de satélites,  conseguiu demarcar o tamanho imenso da mancha de óleo. E a blogosfera – aliás, aos “blogueiros sujos” como nos chamam os “limpinhos”  da grande mídia – difundiu a verdade com que não contavam.
    Na cabeça servil dos colonizados não entra o entendimento de que, para o Brasil, a Petrobras não é apenas uma empresa para furar poços e tirar petróleo como as demais. Não conseguem entender que é ela, e mais ninguém, quem tem a tecnologia, os equipamentos e o conhecimento para que essa perigossíssima atividade – e mais ainda no mar – possa ser feita em segurança e tenha uma fiscalização correta.
    O resto, sobretudo a ANP, não tem tamanho, capacidade e, sobretudo, tamanho e conhecimento para se relacionar, de forma altiva e corajosa, com essas gigantes que estão por aqui. E que não podem ficar, se os seus métodos de trabalho forem os que estão sendo revelados na Chevron.

    sexta-feira, 18 de novembro de 2011

    Chevron do Cerra: foi um erro operacional ?

     
    O Cerra ia entregar o Brasil a um hotel flutuante ?


    Amigo navegante engenheiro de petróleo  levanta  hipóteses para explicar o vazamento da Chevron  do Cerra e que o PiG (*) levou onze dias para noticiar.

    Clique aqui para ver a batalha do Fernando Brito do Tijolaço para esclarecer o vazamento

    Teria sido um erro operacional, diz o amigo navegante.

    Houve uma elevação da pressão na perfuração, o que teria indicado a perda de controle sobre o poço.

    O risco de um blow out, uma explosão, nesses casos, é muito alto.

    Para evitar a explosão, teria sido injetada uma quantidade de lama (um procedimento usual) acima do normal.

    O que teria provocado o rompimento do reservatório.

    O amigo navegante também suspeita que a plataforma da Chevron seja obsoleta.

    Suspeita-se que a Chevron a tenha alugado pela ninharia de US$ 330 mil/ dia, enquanto uma plataforma zero bala se alugue por US$ 600 mil / dia.

    Uma plataforma como essa da Chevron, no Mar do Norte, deixaria de perfurar (diante dos riscos)  para se tornar um flotel – um hotel flutuante para atender as diversas plataformas na área.

    Pois essa seria a Chevron que, segundo o WikiLeaks, receberia do Padim Pade Cerra o pré-sal de presente.

    Paulo Henrique Amorim

    (*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

    quinta-feira, 17 de novembro de 2011

    A mancha da vergonha


    Ontem, com a entrada da Polícia Federal no assunto, o escândalo do vazamento de petróleo começa, ainda que timidamente, a aparecer.
    E, com ele, as dimensões da mancha de vergonha que cobre a grande imprensa brasileira.
    Na Folha, já se fala até que a PF apura até a presença de autoridades americanas na plataforma sem comunicação oficial ao Brasil.
    Seria isso o que a grande imprensa, segunda-feira, publicava como “” para enfrentar o problema, repetindo os releases da companhia?
    Se o distinto leitor procurar na internet, até este momento, não verá nenhum nome de pessoa ligada à Chevron dando qualquer explicação, apenas transcrições dos releases da empresa.
    Aliás, para não ser injusto, verá apenas a assessora de imprensa, na quinta-feira passada, dizendo que o desastre era “natural” e, no mesmo dia, uma vaga menção à Sra. Patrícia Pradal, diretora de relações do governos da empresa, a mesma que foi apontada pelo Wikileaks como interlocutora de José Serra.
    Não é possível que um simples blog como este, durante cinco dias, tenha podido ter mais informações que toda a grande imprensa, inclusive as imagens da mancha de óleo que só hoje foram publicadas pela Folha.
    E, assim mesmo, registrando que a Chevron disse à ANP que a mancha tinha 24 km de extensão, quando na própria reprodução do jornal fica evidente que ela tem mmais de 100 km de comprimento e largura variável. Detalhe: a foto é do dia 13, quando as condições atmosféricas ainda permitiam que o mar fosse visto sem nuvens o cobrindo.
    Ou seja, a simples imagem desmente a versão da petroleira e ninguém é chamado às falas para explicar.
    Ainda assim, muito bom que a Folha a tenha publicado.
    Em nome do interesse público é vital que tenham começado a aparecer as verdadeiras dimensões do desastre.
    Mas, com ela, também vai se revelando a imensa mancha de vergonha que cobre o comportamento da mídia brasileira neste processo.

    quarta-feira, 16 de novembro de 2011

    POR FAVOR , AJUEM A DIVULGAÇÃO DESTA NOTÍCIA. A MAFIOMÍDIA NACIONAL ESTÁ ESCONDENDO. Especialista: derrame de óleo pode ser 10 vezes maior


    O  site de observação de imagens de satélite Skytruth acaba de publicar uma imagem e uma avaliação sobre a mancha causada pelo vazamento de petróleo do poço da Chevron no Campo de Frade, ao largo do Rio de Janeiro.
    E a conclusão do geógrafo John Amos, um ativista ambiental que mantém o site há dez anos é de que:
    “A  imagem de satélite  MODIS / Aqua da NASA, acima, foi tirada há três dias. Ela mostra uma mancha de óleo aparente originária do local de perfuração e que se estende por 2.379 quilômetros quadrados (o extremo sul da mancha fica aprisionado em um redemoinho no sentido horário interessante nas correntes oceânicas). De 1 micron de espessura, representa um volume de 628 mil galões (14.954 barris) de petróleo.
    Supondo que o vazamento começou ao meio-dia em 8 de novembro (24 horas antes de termos observá-lo em imagens de satélite), estimamos uma taxa de vazamento de pelo menos 157 mil galões (3.738 barris) por dia. Isso é mais de 10 vezes maior do que a estimativa da Chevron de 330 barris por dia.”
    Amos trabalhou com as coordenadas dos poços enviadas pelo deputado Brizola Neto, pelo twitter, constantes do relatório oficial da ANP sobre as perfurações em andamento e concluídas, que podem ser conferidas aqui.
    Hoje, finalmente a ANP divulgou um comunicado em seu site, dizendo que numa reunião de emergência realizada domingo (por que só veio a público hoje?) aprovou-se o plano de emergência apresentado pela Chevron para deter o vazamento e que a diretora da ANP  Magda Chambriard esteve na Sala de Emergência da Chevron acompanhando os trabalhos para conter o vazamento.
    Onde fica essa sala de emergência? Quem responde por ela? Em que a empresa baseia suas avaliações? A ANP recebeu fotos da mancha? Tem fotos de satélite dela? Divulgou-as? Ou isso é uma ação privada?
    Amanhã, o deputado Brizola Neto vai apresentar um requerimento pedindo a presença dos diretores da ANP e da Chevron para explicar o vazamentio e apresentar as informações que a imprensa não está publicando.
    A foto da Nasa é uma prova de que não são  “umas gotinhas” inofensivas, a mancha é imensa. Você pode ver o original aqui e a imagem tratada aqui.
    Mesmo contra todo o bloqueio da mídia, vamos defender a verdade. Não é mais possível tratar quase que secretamente um vazamento.
    A presidenta Dilma Rousseff exigiu uma investigação completa sobre o vazamento. O Tijolaço está fazendo sua parte.
    E esperando que as autoridades públicas façam a delas.

    segunda-feira, 14 de novembro de 2011

    e fosse a Petrobras…Mas é a Chevron

    Obrigado pelo vazamento, Chevron

    O título é apenas uma versão mais radical do comportamento da imprensa brasileira, até agora, em relação ao vazamento de petróleo junto à plataforma de perfuração da Chevron-Texaco no Campo de frade, ao largo de campos, no Rio de Janeiro. Mesmo com a determinação da presidenta Dilma Rousseff para que fosse investigado, na sexta-feira, o assunto, quando não é ignorado pela mídia, é abordado em matérias que se parecem press-releases de um empresa que, além de demorar mais de 24 horas para tornar público o problema, chegou a dizer que o fenômeno era “natural” e que, até agora, não deu infomações básicas sobre as circunstâncias do acidente.
    Não deu, reconheça-se, porque aparentemente nenhum jornal o pediu.
    Ao contrário, reproduzem assim os releases da companhia:
    “Chevron mobiliza equipe global para conter vazamento”.Este é o título da matéria do Estadão, reproduzida pela Exame (Abril), enquanto o G1, do grupo Globo, destaca: Frota de 17 navios tenta controlar mancha após vazamento no RJ.
    Para colaborar, este Tijolaço ajuda com uma lista de perguntas à empresa, que não foram feitas desde quarta feira passada.
    1- A que profundidade (na lâmina d´água e no solo marinho)estava sendo feita a perfuração próxima ao vazamento?
    2-Esta perfuração já tinha registrado depósitos  de óleo? A que profundidade?Em caso positivo, houve injeção de fluidos pressurizados para testes de vazão?
    3- Até que profundidade o poço seria perfurado?
    4- A perfuração era revestida e cimentada, como prevê o estudo de impacto ambiental apresentado pela companhia em seu plano de exploração?
    5- O mesmo estudo, elaborado pela consultoria Ecologus, refere-se à presença de muitas falhas geológicas no campo de Frade, inclusive ao fato de três poços perfurados pela Chevron-Texaco terem sofrido desvios por conta de existência de fraturas no subsolo. Havia falhas geológicas detectadas junto a este poço nos estudos sísmicos efetuados?
    4- Considerando que a empresa prevê a a perfuração em “batelada”,  onde os poços são perfurados até um determinado ponto, tampados e abandonados para perfuração de outro, próximo, para que todos estejam em etapas semelhantes e os custos sejam reduzidos, havia outras perfurações próxima, revestidas e tampadas, como prevê o estudo apresentado pela empresa ao Ibama?
    5- Em que condições a plataforma Sedco 706, construída em 1976 e que já foi chamada pelo Wall Street Journal de obsoleta e aproveitável apenas como “motel marinho” foi reaproveitada no campo de Frade? Qual a razão de seu aluguel ser de US$ 315 mil dólares dia, cerca de 50% menor que o cobrado pelo aluguel de sondas ultraprofundas no mercado internacional? Porque a contratação de uma sonda capaz de perfurar até 7.600 metros, quando as ocorrências de óleo no Campo estão todas à metade desta profundidade?
    6- Porque a empresa, que afirma ter detectado no fundo oceânico a “exsudação” de petróleo não libera as imagens do vazamento ou da mancha por ele provocada? Como foi estimada a quantidade de petróleo vazada?
    7- A frota alegadamente enviada para deter o vazamento é composta de que embarcações? Qual a sua finalidade, apenas espalhar bóias de retenção? Aspergir diluidores sobre a mancha? Alguma delas tem equipamento para selar a fenda de onde brotaria o óleo? Em caso negativo, como a empresa espera que o vazamento cesse? Se ele pode parar naturalmente, isso tem relação com a paralisação dos trabalhos de perfuração?
    Certamente estas e outras perguntas não foram feitas à Chevron por incompetência dos jornalistas, que as teriam feito – e muitas outras – se o poço fosse da Petrobras.
    Mas, como é da Chevron, só falta nossos jornais, além de louvarem o esforço da empresa em parar um “desastre natural”. como chegou a dizer a empresa, agradecerem pelo acidente que mostra como a petroleira americana ainda nos faz o favor de tampar, embora não possamos apressá-la, não é?

    A Sedco 706, plataforma de perfuração da mesma empresa do acidente do Golfo, nas proximidades da qual ocorreu o acidente da Chevron
    Ainda não se pode dizer quais são as causas do acidente que provocou o vazamento de, ao que parece, uma pequena quantidade de petróleo no campo de Frade, operado pela petroleira norteamericana Chevron, a 350 km do litoral fluminense.
    Mas algumas coisa já se pode dizer, sim.
    A primeira é que a empresa demorou pelo menos 24 horas  a admitir o problema e, quando o fez, foi por uma nota marota, dizendo que se tinha detectado o vazamento “entre o campo de Frade e o de Roncador – que é operado pela Petrobras -  quando, na verdade, ele se deu bem próximo de uma de suas plataformas de perfuração, a Sedco706, da  Transocean, a mesma proprietária da Deepwater Horizon, que provocou o acidente no Golfo do México, segundo informações do Valor Econômico.
    A segunda é que esta história de falha geológica é algo que precisa ser muito bem apurado, pois não é provável que falhas geológicas capazes de provocar um derramamento no mar – e que, portanto, não podem ser em grande profundidade na rocha do subsolo, porque haveria, neste caso, um provável tamponamento natural – possam deixar de ser percebidas nos detalhados estudos sísmicos que precedem a perfuração.
    A terceira, e mais importante, é que não houve um tratamento escandaloso do assunto pela mídia, como certamente haveria se o campo em questão fosse operado pela Petrobras.  A estaaltura, até os peixes do oceano estariam dando declarações contra e empresa. Aliás,  mesmo com o vazamento da Chevron, o destaque nos jornais é para a queda de 26% no lucro da Petrobras, mesmo sabendo que essa queda é essencialmente contábil , pela desvalorização cambial ocorrida desde agosto e que não se repetirá no último trimestre, dando à empresa um lucro recorde em sua história.
    Por isso, foi extremamente acertada a posição da presidenta Dilma Rousseff de determinar a investigação rigorosa do caso. O petróleo de nosso litoral pode ser explorado sem danos ao meio ambiente e deve se-lo, qualquer que seja a empresa a fazê-lo.
    E a imprensa, tão zelosa e meticulosa quando se trata da nossa Petrobras, certamente não está dando pouca importância ao caso por se tratar da Chevron, uma multi com boas reações de diálogo com o senhor José Serra, como revelou o Wikileaks.
    É importante que se apure, porque um acidente no leito oceânico é imensamente mais grave que um provocado por um desengate de mangueira ou rompimento de duto. Estes, assim que se fecham as válvulas, cessa, mesmo que tenha sido grande. Um vazamento no leito oceânico, no poço ou na estrutura geológica que o rodeia é mais sério, pois exige, como se viu no Golfo, complicadíssimos e demorados procedimentos de vedação para ser detido.
    Por sorte, parece ter sido de pouca monta. Mas a sorte é um elemento com que não se pode contar neste tipo de atividade.

    Acidente ao lado do “motel marinho” da Chevron

    A plataforma Sedco 706, alugada pela Chevron, sendo usada, segundo o Wall Street Journal. como "motel marinho" para outra plataforma no Mar do Norte, em 1999.
    O que está acontecendo no vazamento de óleo junto ao poço da Chevron, no Campo de Frade, ao largo do Rio de Janeiro tornou-se, como ontem determinou a presidenta Dilma Rousseff, um caso de investigação e de duras providências.
    Ontem, a gente já destacava que a história tem muitos pontos estranhos.
    O Campo de Frade, um dos mais produtivos do Brasil, foi descoberto pela Petrobras em 1986, ams só declarado comercial pela ANP em 1998, um ano antes de seu controle ser transferido, numa operação conhecida como “farm-in” , para a Chevron.
    Lá, o petróleo ocorre em profundidades de cerca de 3 mil metros e, mesmo estes, tiveram de ser desviados, durante suas perfurações, e o estudo de impacto ambiental previaque todos eles seriam revestidos durante a perfuração, para evitar a penetração do óleo nas falhas geológicas.
    Elas estão registradas aqu, no relatório apresentado pela Chevron ao Ibama: “o poço 3-TXCO (Texaco-Chevron)-3D foi perfurado contíguo com o 4-TXCO-2D. Devido às
    dificuldades técnicas e à proximidade da falha, foram perfurados 3 desvios(sidetracks) neste poço “.
    Porque a Crevon, com um horizonte de perfuração bem-sucedido a 3 mil metros contratou uma sonda com capacidade de perfurar até 7.600 metros de profundidade, alugando por  US$ 315 mil dólares dia. Muito abaixo do preço das modernas sondas.
    O Wall Street Journal descreve, em 2008,  a plataforma Sedco 706, que opera na área do acidente em Frade e tem hoje 35 anos de idade,  como um equipamento que “não era adequado para modernas perfurações em águas profundas. Não era mesmo a ser utilizado para perfurar mais. Ela estava atracado no Mar do Norte, ligada a outro equipamento por uma passarela. Foi um quarto de dormir flutuante para os trabalhadores do petróleo, uma espécie de  motel marinho”.
    Até agora não temos informações básicas, sobre a profundidade em que se fazia a perfuração e sobre o que está sendo feito para deter o vazamento.
    Ou a empresa estava fazendo uma prospecção na camada do pré-sal e aconteceu a infiltração no solo dos reservatórios superiores do pós-sal ali presentes?
    So o que se sabe é que a Chevrom depois de ter minimizado o episódio – e  dizer que ele seria um fenômeno natural -  a quantidade de admitida pela empresa agora chega a 100 mil litros de óleo -  ou 104 metros cúbicos – o que já não é nenhuma “gotinha”, sobretudo se considerarmos que, vindo o vazamento do solo ocêanico , a mais de um quilômetro de profundidade, o derramamento vai exigir dias para ser detido.
    A história está mal-contadíssima e não parece haver sinais de que teremos aqui empenho da imprensa em esclarecer.