Dinheiro, poder, sabotagem. Corrupção, espionagem, escândalos sexuais.A presença ostensiva desses ingredientes de filme B no noticiário do Vaticano ganhou notável regularidade nos últimos tempos.A frequência e a intensidade anunciavam algo nem sempre inteligível ao mundo exterior: o acirramento da disputa sucessória de Bento XVI nos bastidores da Santa Sé. Desta vez, literalmente, a fumaça que anunciará o 'habemus papam' deve refletir o desfecho de uma fritura política de vida ou morte entre grupos radicais de direita na alta burocracia católica. Mais que razões de saúde, existiriam razões de Estado que teriam levado Bento XVI a anunciar a renúncia nesta 2ª feira: na prática, desistiu de um poder do qual já não dispunha -- e para o qual sua dimensão intelectual já não tinha mais utilidade. Ratzinger recebeu o Anel do Pescador em 2005, no apogeu do ciclo conservador de que foi uma estrela militante (leia nesta pág. o artigo de José Luis Fiori e o perfil de um dos fundadores da Teologia da Libertação).Termina seu percurso deixando um catolicismo apequenado; um imenso poder autodestrutivo embutido no canibalismo das falanges adversárias dentro da direita católica. E uma legião de almas penadas a migrar de um catolicismo etéreo para outras profissões de fé não menos conservadoras Mas legitimadas em seu pragmatismo pela eutanásia da espiritualidade social que ele ajudou a consumar.
Análises sobre o próximo papa
Pega de surpresa, a imprensa europeia tenta entender por que Bento XVI adiantou seu adeus. Uma das possibilidades aventadas é o levante de movimentos católicos conservadores e rentáveis como Legionários, Opus Dei e Comunhão e Liberação, que agiram contra um papa que ameaçava ‘limpar a igreja’, ainda que moderadamente, daqueles que cometeram delitos financeiros ou eram advogados de pedófilos. O artigo é de Martín Granovsky, do Página 12
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