Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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terça-feira, 15 de outubro de 2013

Dona Odete é mais esperta que o pessoal do Wall Street Journal

odete


Semana passada, o Wall Street Journal publicou uma matéria sobre os riscos de uma “bolha de crédito” no Brasil.
Usou como exemplo da história de Dona Odete Meira da Silva, essa simpática mulher aí da foto.
Diz o jornal que ela é mãe solteira,  comprou um computador, uma TV de tela plana e começou a construir uma casa num bairro violento da periferia de São Paulo, que se parece com o Bronx novaiorquino, digo eu.
Mas a foto mostra que o sonho de Dona Odete está ainda pela metade, porque ela se viu com muitas dívidas e, prudente, “deu um tempo” até que as coisas melhorem.
O jornal diz que a obra da casa de Dona Odete, que espera a hora de fazer o acabamento do segundo andar, é um retrato “da própria escalada na economia brasileira: só (foi) até a metade”.
A Dona Odete, porém, é mais esperta. Para ela, a obra já foi até a metade e, assim que ela se desapertar, vai continuar:
“Ainda pretendo terminar a casa, mas isso vai ter que ser feito pouco a pouco, talvez em mais três anos”, diz ela.
Mas os jornalistas do Wall Street, talvez por não terem a experiência sobre como os pobres conseguem as coisas – aos poucos e com esforço – mostram que são menos espertos que Dona Odete.
Repetem um amontoado de frases ouvidas dos iluminados do mercado e não conseguem compreender – mesmo que o digam – que a prosperidade brasileira se confundiu e se alimentou da elevação do poder de compra da população pela via ao aumento da renda e do aumento do crédito.
Esquecem que nossas taxas de juros elevadas não decorrem da inflação, mas da alta taxa de ganho que os investidores internacionais – aqueles lá da Wall Street – exigem para fazer aportar aqui seu capital. E que são os problemas financeiros do mundo desenvolvido – e não os nossos – que estão gerando as turbulências por aqui.
Mas o mais chocante é a afirmação de dizer que o endividamento americano – muito maior que o brasileiro – é algo “economicamente mais saudável” por ser fundado em hipotecas, que somam 80% do PIB americano, enquanto todas as modalidades de crédito no Brasil, somadas, mal passam dos 50%!
Tenham paciência, chamar de saudável este sistema hipotecário que explodiu e lançou o mundo na pior crise pós-29, debaixo das barbas do jornal?
Eu me animei aqui, porque queria apenas apresentar o texto escrito pelo economista Jorge Mattoso, da Unicamp e ex-presidente da Caixa Econômica Federal no governo Lula.
Leia e confira como Dona Odete tem toda a razão: ela já tem uma escada para subir ao segundo andar, que ninguém mais vai demolir.
Há pouco mais de 10 anos, quando o Brasil praticava direitinho as regras dos “sabichões” da economia, Dona Odete não tinha nada.

Alarme Falso

Jorge Mattoso
O artigo do Wall Street Journal publicado no dia 9 de outubro no Valor Econômico (“Dívida dos brasileiros é alerta para outros países emergentes“) poderia ser considerado como uma piada, não fosse a importância de ambos os jornais e o impacto que podem ter sobre parcela da opinião pública.
A partir da postura correta de Dona Odete Meira da Silva, que depois de algum endividamento passou a evitar a sua ampliação, buscando assegurar os pagamentos dessa dívida para que pudesse depois terminar a construção de sua casa (ainda que isso tenha que “ser feito pouco a pouco”), o Wall Street Journal questiona o perfil da dívida brasileira, o futuro da economia e dá como exemplo saudável as hipotecas dos Estados Unidos.
Se fosse uma matéria humorística não precisaríamos lembrar ao casal de jornalistas que foi exatamente o pouco saudável sistema de hipotecas norte-americanas (subprime) que gerou em 2008 a maior crise mundial desde os anos 1930.
Mas – felizmente – o Brasil não o tinha como exemplo, o que permitiu que construíssemos um sistema financeiro mais sólido, com maior controle fiscal, criando um mercado interno em contínuo crescimento, que permitiu que pudéssemos enfrentar esta crise, iniciada nos EUA e expandida aos outros países, com políticas anticíclicas capazes de reduzir seus efeitos sobre a economia e a sociedade brasileiras.
Mas o mais importante é ignorado pelo artigo. Dona Odete está feliz, crê no futuro – vendo que “as coisas estão melhorando” – e, sobretudo, em nenhum momento se declara inadimplente. Ela e tantos outros brasileiros não confundem endividamento com inadimplência.
Enquanto uma simples compra a prazo pode caracterizar endividamento, a inadimplência só acontece se as parcelas não forem pagas. Ao longo dos últimos dez anos o nosso mercado interno cresceu, o que favoreceu a vida de Dona Odete e de muitas dezenas de milhões de brasileiros, que puderam finalmente encontrar emprego, ver seus salários melhorarem, construir suas casas e comprar produtos capazes de melhorar suas vidas.
O mercado interno cresceu favorecido por um conjunto de fatores: o crescimento acentuado do emprego (cerca de 20 milhões), a valorização do salário mínimo real (mais de 70%) e pela ampliação do crédito. Essa ampliação se deu inicialmente através do crédito consignado (cujo saldo total já superava o volume de 191 bilhões de reais ao final de 2012) e depois via conjunto do crédito para a pessoa física e as empresas.
O crédito, que se encontrava paralisado até 2002, dado o baixo crescimento da economia e a estagnação do mercado interno, passou a crescer desde então e auxiliar na expansão do mercado interno. Segundo a ANEFAC, o volume total do crédito para pessoas físicas saltou de cerca de 82 bilhões de reais em junho de 2003 para mais de 715 bilhões de reais em junho de 2013 (crescimento de 766%).
Embora ignorado pela matéria do Wall Street Journal, é importante considerar que esta expansão do crédito no país vem sendo acompanhada do crescimento da renda das famílias, dados o aumento expressivo de emprego e da melhoria dos salários.
Em outras palavras, o crédito tem crescido também porque a capacidade de pagamento das famílias permitiu isso. Neste mesmo período, as taxas de juros para as pessoas caíram de 81,4% para 34,9% (queda de mais de 46 p.p.) e os spreads baixaram de 58,5% ao ano para 24,5%.
Tais elementos e seu desempenho, apesar de ainda elevados considerando os padrões internacionais, mostram uma tendência que conjuntamente com a menor taxa de juros do crédito consignado (1,8% ao mês e 23,8% ao ano) favoreceram a queda da inadimplência.
Dona Odete e outros tantos milhões de brasileiros não estão inadimplentes. Pelo contrário, têm demonstrado sagacidade, planejamento financeiro e cautela, tanto que ainda têm apenas cerca de 21% de sua renda familiar comprometida, quando qualquer banco tem como limite para a oferta de crédito às pessoas cerca de 30% de sua renda familiar.
Ao contrário do que pensam os jornalistas do Wall Street Journal mas como já foi identificado pelo Banco Central, parte deste endividamento das famílias tem ocorrido devido à expansão do crédito imobiliário, que é algo muito positivo, pois as famílias de Dona Odete e de milhões de brasileiros puderam romper com uma vida de sofrimento e miséria, estão constituindo patrimônio e melhorando sua qualidade de vida.
Sobretudo, Dona Odete e dezenas de milhões de brasileiros têm sido bons pagadores. Tanto que no Brasil a inadimplência geral caiu de 8,8% em junho de 2003 para 5,2% em junho de 2013 Este processo de redução da inadimplência continua, graças inclusive à preservação do crescimento e do emprego, alcançando 4,8% em agosto de 2013.
Segundo os dados mais recentes da Serasa, o número de calotes (inadimplência) teve, em setembro, a quarta queda consecutiva. A dívida dos brasileiros – relativamente pequena, administrada e com baixa inadimplência – em vez de alerta parece indicar que ainda existe um bom caminho pela frente para a elevação do consumo das famílias, sobretudo se mantidos o crescimento do emprego e da renda e ampliados os investimentos. 
Para Dona Odete e os milhares de brasileiros que emergiram na última década ao consumo e à cidadania, o maior receio não é do descontrole fiscal e da inadimplência, mas sim o de assistir às sucessivas tentativas de restrição de seu acesso à uma vida melhor sob alegação de que o brasileiro gasta muito e mal.
Por: Fernando Brito

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Mauro Santayana: Pânico em Washington


por Mauro Santayana, no seu blog
Ao morrer anos antes, Guimarães Rosa perdeu outro tema que a realidade dos sertões mineiros poderia ter oferecido à sua ficção: a da enlouquecida matança de inocentes por alguém acossado pelo medo de inimigos imaginários.
Durante alguns anos, um rico fazendeiro de Curvelo – cidade próxima a Cordisburgo, terra do escritor – manteve pequeno e eficiente grupo de pistoleiros, aos quais encarregava de identificar e matar suspeitos de tramar a sua morte. Os pistoleiros, que recebiam por empreitada, agiam com esperteza. Quaisquer estranhos que surgissem no município eram logo denunciados ao patrão, que, depois de exame sumário da situação, ordenava o assassinato. Os crimes só foram descobertos muito tempo depois, quando, por acaso, descobriram uma cisterna abandonada no distrito de Andrequicé, onde o fazendeiro tinha terras. Nela, exumaram-se ossos de trinta e seis vítimas. Os fatos foram conhecidos em 1975.
As investigações revelaram o horror: nenhuma das vítimas conhecia, sequer, o fazendeiro amedrontado. Eram caixeiros viajantes; turistas escoteiros, atraídos pelas grutas da região e pela represa de Três Marias, homens nascidos nas redondezas que, vivendo longe, visitavam seus parentes.
Os Estados Unidos, ao que parece, estão sob o meridiano fantástico e assustador de Andrequicé. Eles, nesta quadra, se encontram em situação semelhante. Em seu editorial de ontem, o New York Times expõe as dúvidas sobre o suposto complô iraniano contra o embaixador da Arábia Saudita em Washington e outros alvos. As acusações são bizarras e inconsistentes, diz o texto. E adverte o jornal que, desacreditados com tudo o que ocorreu com relação ao Iraque – quando os ianques mentiram do princípio ao fim – os altos funcionários do governo norte-americano deveriam ter provas irrefutáveis contra Teerã, antes de denunciar o plano. Como as coisas foram conduzidas – reitera o editorial – o governo está vendendo o que não tem, com impudência ridícula. Desde a guerra de anexação contra o México, no século 19, os Estados Unidos têm mentido e criado incidentes falsos para justificar seus atos de agressão, como fizeram, mais recentemente, no caso do golpe de 1964, no Brasil; no Chile de Allende; na Argentina; na Nicarágua; na Guatemala; em El Salvador; na República Dominicana; no Vietnã – em todos os países do mundo que não têm armas nucleares, e onde têm interesses.
Outro fato que faz lembrar o mandante do sertão mineiro, foi a decisão de Obama de ordenar o assassinato de um cidadão dos Estados Unidos no Iêmen, sem qualquer processo legal. O congressista republicano Ron Paul declarou que há fundamento legal para um processo de impeachment contra o presidente. Do ponto de vista técnico, trata-se de um assassinato por encomenda. Quanto a seu antecessor, Bush, há um pedido da Anistia Internacional ao governo do Canadá, para que o prenda – quando de sua visita ao país no dia 20 – e o submeta a julgamento por crimes contra a humanidade, por ter ordenado a tortura dos prisioneiros em Guantánamo e em outros lugares.
Convenhamos que não é fácil aceitar o declínio e o administrar com competência. Nisso, os ingleses, experientes e astutos, foram também eficientes, com a invenção da Commonwealth of Nations, o que, pelo menos, deu um pouco mais de fôlego à sua influência política nos domínios mais próximos da cultura européia, como os da Austrália e do Canadá.
Nesse processo de desvario das elites norte-americanas, que já acometeu outros impérios, a lucidez só pode ser imposta pelos próprios nacionais, o que é difícil e demorado, quando está em jogo a supremacia de seu país, mas pode ser inexorável. Tudo vai depender da persistência dos manifestantes e da capacidade que tenham de organizar e ampliar o movimento de resistência política.
É conhecida a tese de alguns historiadores, sobretudo de Toynbee, sobre o fim dos impérios: eles sempre desabam quando há a aliança entre o proletariado interno, o da metrópole, com o proletariado externo, isto é, o das províncias subordinadas. Ao que parece, com as manifestações dos indignados, nos paises centrais e nas antigas colônias, o proletariado do mundo começa a fazer suas alianças, de forma bem diversa da que Marx e Engels pregavam em 1848 – mesmo porque os trabalhadores de nosso tempo são bem diferentes, com a veloz transformação do processo tecnológico de produção dos últimos 60 anos. A articulação desses movimentos poderá surpreender o mundo, se os donos do poder não conseguirem, como já o fizeram antes, apropriar-se da indignação, domá-la e submetê-la aos seus interesses.
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sábado, 8 de outubro de 2011

“Comam os ricos”, “Se o governo não pode deter Wall Street, nós o faremos”

Nasce um novo movimento social nos Estados Unidos

A presença de um amplo leque de sindicatos transformou o perfil do movimento iniciado por algumas centenas de jovens em Nova York, em sua maioria brancos, de universidades privadas, no dia 17 de setembro. Mudou não só em números, mas também em diversidade, gerando o que muitos líderes sindicais e comunitários estão chamando de um novo movimento social por justiça econômica. Algumas fontes policiais estimaram em mais de 10 mil os participantes da marcha e os organizadores calcularam o dobro. A reportagem é de David Brooks, do La Jornada.


Somos os 99%, gritaram juntos milhares de estudantes, sindicalistas, veteranos, imigrantes, professores e ativistas de todo tipo na primeira ação massiva contra o cobiça empresarial do 1% mais rico, a corrupção do sistema político e a desigualdade econômica que cresceu desde que o setor financeiro provocou a pior crise econômica desde a Grande Depressão.

A presença de um amplo leque de sindicatos transformou o perfil do movimento iniciado por algumas centenas de jovens, em sua maioria brancos, de universidades privadas, no dia 17 de setembro. Mudou não só em números, mas também em diversidade, gerando o que muitos líderes sindicais e comunitários estão chamando de um novo movimento social por justiça econômica. Algumas fontes policiais estimaram em mais de 10 mil os participantes da marcha e os organizadores calcularam o dobro. Na noite de quarta, ao terminar a manifestação, foram reportadas algumas detenções quando um grupo de manifestantes tentou ingressar em Wall Street.

Bob Masters, diretor político do distrito noroeste do sindicato de telefonistas CWA, declarou:
Ocupa Wall Street lançou um novo movimento e juntos ganharemos. Enquanto milhares continuavam chegando à Praça Foley, no meio dos tribunais de Nova York, onde ocorreu a marcha, Masters fez um chamado pela solidariedade ao movimento. “Todos juntos estamos dizendo: já basta!”.

Todo o dia, toda a semana, Ocupa Wall Street, gritavam enquanto caminhavam pela Broadway. Entre eles estavam as filiadas ao Sindicato Nacional de Enfermeiras (com cartazes que diziam ‘Vamos curar os Estados Unidos’), trabalhadores do metrô, motoristas de ônibus do TWU e trabalhadores de lojas de departamentos do sindicato UFCW. Com a brisa, tremulavam bandeiras do sindicato de professores (UFT), dos automotrizes (UAW), do setor público (AFSCME), do setor de serviços (SEIU), de professores e pesquisadores de universidades da cidade de Nova York, como Columbia.

Também participaram da manifestação uma ampla gama de organizações comunitárias, com latinos, hindus, chineses, porto-riquenhos, dominicanos, mexicanos e árabes, entre outros, que se somaram ao ato em solidariedade. “Filipino-estadunidenses” apoiam Ocupa Wall Street, lia-se numa faixa, e outra proclamava o mesmo de parte de indígenas norteamericanos. Estudantes abandonaram as aulas em vários cursos da Universidade Estatal de Nova York para somarem-se aos protestos.

Uma multiplicidade de expressões mostrava o mosaico de cartazes feitos a mão. “Comam os ricos”, “Se o governo não pode deter Wall Street, nós o faremos”, “Quando os ricos roubam dos pobres isso se chama negócio; quando os pobres se defendem se chama violência”, “Protejam as escolas, não aos milionários”.

Circula um par de camisetas de estadunidenses com a imagem de Zapata e um jovem que esteve na Praça Liberdade desde o dia 17 de setembro mostra orgulhoso um emblema do EZLN ao saber que o La Jornada estava cobrindo a marcha.

O mesmo que ocorreu no Egito está acontecendo aqui; já não podemos aguentar mais, afirmou Hank, integrante do Sindicato de Trabalhadores do Transporte Público (TWU), quando marchava. Um turista espanhol tirava fotos da marcha e comentava com seus companheiros: olha que bonita, igual a nós.

Ao passarem por ônibus de turismo, os manifestantes gritavam: deixem de tomar fotos e unam-se a nós. Outros alertavam ao exército de policiais: vocês também são parte do 99%, venham com nós. Trabalhadores da construção que trabalham em um edifício próximo liam exemplares do jornal Wall Street Journal Ocupado.

Tudo começou quando uma marcha desde a praça ocupada a um par de quadras de Wall Street se dirigiu à Praça Foley, a umas dez quadras de distância. Ao chegar ali, se escutou um ensurdecedor grito de júbilo no momento em que se encontravam com um ato organizado pelos principais sindicatos de Nova York com organizações comunitárias. Depois dos inevitáveis discursos, ocorreu a marcha de regresso à rebatizada Praça Liberdade, movimento que levou umas duas horas pelo seu tamanho. Assim se celebrou a solidariedade entre Ocupa Wall Street, sindicatos e organizações comunitárias.

AFL-CIO: o movimento capturou a paixão de milhões nos EUA
Desde Washington, o presidente da central operária nacional AFL-CIO, Richard Trumka, fez uma declaração pública: o movimento conhecido como Ocupa Wall Street capturou a paixão de milhões de estadunidenses, que perderam a esperança nos políticos desta nação e, agora, com esses atos, falam diretamente a eles. Apoiamos os manifestantes em sua determinação de responsabilizar a Wall Street por suas ações e demandar a criação de empregos. Estamos orgulhosos que hoje em Wall Street, motoristas, pintores, enfermeiras e trabalhadores de serviços básicos unam-se a estudantes, proprietários de casas, desempregados e aos que não têm emprego fixo para fazer um chamado por mudanças fundamentais que precisam ser feitas.

Um pouco antes, os integrantes do comitê executivo – presidentes de sindicatos nacionais – tinham aprovado de maneira unânime dar apoio a Ocupa Wall Street.

Também ocorreram ações semelhantes em outras partes do país. Em Boston, centenas de estudantes e enfermeiras sindicalizadas fizeram um ato de protesto contra os altos custos da educação, as reduções orçamentárias na saúde e o que definem como controle do governo pelas corporações. Em Seattle, foram reportadas algumas prisões quando “ocupantes” se recusaram a acatar ordens de abandonar um espaço público.

Em Los Angeles, relata a agência Associated Press, houve um tratamento diferente do governo, depois que conselheiros municipais aprovaram uma resolução de apoio ao Ocupa Los Angeles, e o gabinete do prefeito Antonio Villaraigosa distribuiu 100 capas de plástico para os manifestantes se protegerem da chuva. Também ocorreram ações em Boise, Idaho e outras cidades.

Hoje esse movimento deu um giro que não só ampliou suas bases, mas que, caso essa nascente aliança entre estudantes e trabalhadores se consolide, pode transformar o panorama político dos Estados Unidos.
Tradução: Katarina Peixoto

Divino Império

“Em um discurso polêmico, o pré-candidato republicano a presidência Mitt Romney afirmou nesta sexta-feira (07/10) que Deus criou os Estados Unidos para que o país comandasse o mundo.
“Deus não criou este país para que fosse uma nação de seguidores. Os EUA não estão destinados a ser um dos vários poderes globais em equilíbrio”, afirmou Rommey. O discurso foi feito em um colégio militar no estado da Carolina do Sul.
Segundo o pré-candidato, “os EUA devem conduzir o mundo ou outros o farão”. As afirmações ocorrem no dia que marca os 10 anos da invasão do Afeganistão pelos EUA. Na época, o país justificou a invasão afirmando que deveria capturar o saudita Osama Bin Laden, responsável por articular os ataques de 11 de setembro.
Para Romney, o mundo seria muito mais perigoso caso os EUA não tivessem um papel de liderança. “Deixem-me ser claro: como presidente dos Estados Unidos, eu me dedicarei a um século americano. Nunca, jamais, pedirei perdão em nome dos EUA”, concluiu.
Romney está em primeiro lugar nas intenções de voto entre os pré-candidatos republicanos, segundo informaram as últimas pesquisas. “Isso é muito simples: se você não quer que os EUA sejam a nação mais forte do planeta, eu não sou seu presidente”, concluiu o pré-candidato.”
Heil!
No Tijolaço

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

TRÊS DIAS QUE ABALARAM O MUNDO

** Presidente Dilma Rousseff e direção da CUT reunem-se no próximo dia 17 para discutir agendas de interesse mútuo diante da crise mundial** reservas brasileiras atingem US$ 350 bilhões** ministros da Fazenda dos países da Unasul reunem-se nesta sexta-feira em Buenos Aires para apressar medidas de integração que protejam a economia sulamericana da longa crise internacional.
Domingo, 6 de agosto, Tel Aviv: 350 mil israelenses protestam nas ruas do país por melhores condições de vida. Segunda- feira, 7 de agosto, Londres: distúrbios sociais iniciados nos subúrbios pobres transformam-se em explosão viral  que envolve milhares de jovens em diferentes pontos do país. Terça-feira, 8 de agosto, Santiago: 150 mil estudantes vão às ruas em defesa de uma reforma educacional  que universalize o ensino público, gratuito, de qualidade.  O que interliga esses levantes quase sincronizados em lugares tão díspares, antecedidos de rebeliões massivas que irromperam como que abruptamente das areias dos países árabes e da modorra social em outras partes do mundo? A mera coincidência do calendário?  Certamente não. A resposta  mais próxima talvez tenha que ser buscada na percepção difusa mas crescente, enraivecida em alguns casos, consciente em outros, da brutal desigualdade herdada  do ciclo de supremacia das finanças desreguladas -- o ciclo dos bancos, o dos endinheirados, das corporações invisíveis e ubíquas ao mesmo tempo.  Sejam quais forem as denominações sedimentadas no discernimento popular elas guardam aderência consistente com a abrangência intolerável de uma espiral do privilégio que consolidou duas humanidades socialmente  imiscíveis nas últimas décadas. Em quase todos os países, e na maioria das grandes cidades, de um lado, derrama-se a riqueza num grau de ostentação jamais registrado na história; de outro, o bem-estar social e sua contrapartida em subjetividade, dissolvem-se em sucessivas ondas de saque, desregulamentação e delinqüência institucional  contra o patrimônio público, os direitos e valores que  enlaçam a convivência compartilhada. No  crepúsculo turbulento do ciclo, a ganância em fuga  ameaça agora  esfarelar os últimos centímetros de chão firme de vidas  expostas às intempéries de toda sorte. E a tal ponto encurraladas por dentro e por fora em sua precariedade estrutural que só lhes resta uma fresta: as ruas. 
(Carta Maior; 6º feira, 12/08/ 2011)

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Há 30 anos, nos EUA: “O dia em que o homem comum foi assassinado”

Foi gesto violento. Ninguém antes jamais se atrevera a tanto... acabava ali o tempo da vida decente e confopessoas comuns. rtável para as




 
Michael Moore

5/8/2011, Michel Moore
(Dica do Eliseu, amigo do pessoal da Vila Vudu que nos acompanha da Itália)
Traduzido pelo Coletivo da Vila Vudu




Amigos,
Volta e meia, alguém, com menos de 30 anos, me pergunta: ”Quando começou tudo isso, os EUA despencando ladeira abaixo?”
Dizem que ouviram falar de um tempo em que os trabalhadores norte-americanos podiam sustentar a família e mandar os filhos à escola, só com o salário do pai (nos estados da Califórnia e de New York, por exemplo, o ensino era quase gratuito). Que quem quisesse salário decente, encontrava. Que as pessoas só trabalhavam cinco dias por semana, oito horas por dia, descansavam nos fins de semana e, no verão, tinham férias pagas. Que muitos empregos eram protegidos por sindicatos, de empacotadores nas lojas ao sujeito que pintava sua casa, o que significava que, por menos ‘elevado’ que fosse o seu trabalho, você tinha garantia de aposentadoria, aumentos de salário vez ou outra, seguro-saúde, e alguém que o defendia, se você fosse desrespeitado ou tratado de modo injusto.
Os mais jovens ouviram falar desse tempo mítico – mas não é mito: esse tempo existiu. E quando perguntam “Quando isso acabará?”, sempre respondo: “O que acabou, acabou há exatos 30 anos, dia 5/8/1981”.
Naquele dia, há 30 anos, a Grande Finança e a direita norte-americana decidiram “ir p’rás cabeças” de uma vez por todas e destruir os homens comuns, toda a classe média. E enriquecerem eles mesmos, só eles, a valer.
E conseguiram.
Dia 5/8/1981, o presidente Ronald Reagan demitiu todos os empregados sindicalizados do Sindicato dos Controladores de Tráfego Aéreo [orig. Air Traffic Controllers Union, PATCO] que desobedeceram sua ordem para que voltassem ao trabalho e declarou ilegal o sindicato deles. Estavam em greve há apenas dois dias.
Foi gesto violento. Ninguém antes jamais se atrevera a tanto. E foi ainda mais violento, porque o PATCO foi um dos três únicos sindicatos que haviam apoiado a candidatura de Reagan à presidência! A decisão de Reagan disparou uma onda de choque que atingiu todos os trabalhadores nos EUA. Se fez o que fez contra sindicato que o apoiara, o que mais faria contra nós?
Reagan tivera o apoio de Wall Street nas eleições à Casa Branca e eles, aliados aos cristãos de direita, queriam “reestruturar” os EUA e fazer recuar a maré que aumentava desde o primeiro governo do presidente Franklin D. Roosevelt – maré que visava a garantir melhores condições de vida aos trabalhadores norte-americanos da classe média, as pessoas comuns. Os ricos detestaram ser obrigados a pagar melhores salários e a garantir benefícios. Mais ainda, odiavam ter de pagar impostos. E desprezavam os sindicatos. Os cristãos de direita odiavam tudo que cheirasse a socialismo ou desse qualquer sinal de estender a mão às minorias ou às mulheres.
Reagan prometeu pôr fim a tudo aquilo. Então, quando os controladores de tráfego aéreo declararam-se em greve, ele aproveitou a ocasião. Ao demitir todos e ao tornar ilegal seu sindicato, enviou mensagem clara e violenta: acabava ali o tempo da vida decente e confortável para as pessoas comuns. Os EUA, daquele dia em diante, passavam a ser governados do seguinte modo:
* Os super-ricos ganharão mais, mais, mais, cada vez mais dinheiro, e o resto de vocês terão de satisfazer-se com as migalhas que sobrarem das mesas deles.
* Todo mundo terá de trabalhar! Mãe, pai, adolescentes, todos! O pai, que consiga um segundo emprego! Crianças, não percam a chave sobressalente! De agora em diante, pai e mãe só chegarão em casa para metê-los na cama!
* 50 milhões de norte-americanos terão de viver sem seguro-saúde! Empresas serviços de saúde: encarreguem-se, vocês mesmas, de decidir quem querem atender e os que não serão atendidos.
* Sindicatos são a casa do demônio! Ninguém será sindicalizado! Gente comum não precisa de advogado nem de defesa! Trabalhador tem de trabalhar. Calem o bico e voltem à fábrica. Não, ninguém pode sair. O trabalho não está feito. As crianças, em casa, que preparem o próprio jantar.
* Quer estudar? Na universidade? OK. Basta assinar as promissórias, e você estará endividado pelos próximos 20 anos, preso a um banco, até ficar velho!
* Aumento? Que aumento? Volte ao trabalho e cale o bico!
E assim foi. Mas Reagan não conseguiria, sozinho, fazer tudo que fez em 1981. Contou com uma grande ajuda:
Da Federação Americana do Trabalho e Congresso de Organizações Industriais (orig. American Federation of Labor and Congress of Industrial Organizations – AFL-CIO [1])
A maior organização de sindicatos dos EUA disse aos trabalhadores que furassem os piquetes da greve dos controladores de tráfego aéreo e voltassem ao trabalho. E foi o que os empregados sindicalizados fizeram. Pilotos, comissários de bordo, encarregados de bagagens, motoristas de empilhadeiras, carregadores – todos furaram os piquetes e ajudaram a pôr fim àquela greve. E todos os sindicalizados furaram todas as greves e continuaram a encher os aviões de carreira.
Reagan e Wall Street quase nem acreditaram no que viram! Centenas de milhares de trabalhadores, apoiando a demissão de outros trabalhadores, sindicalizados como eles. Foi um Papai Noel em agosto, para as grandes empresas dos EUA.
E foi o começo do fim. Reagan e os Republicanos sabiam que se safariam – e safaram-se. Cortaram impostos dos ricos. Tornaram impossível organizar sindicatos nos locais de trabalho. Eliminaram leis de segurança no trabalho. Ignoraram leis antimonopólios e permitiram milhares de fusões entre empresas, com muitas empresas vendidas para serem fechadas. As empresas congelaram salários e ameaçaram os trabalhadores com a chantagem da transferência de empresas e empregos para o exterior, caso não aceitassem trabalhar por salários menores e sem garantias nem benefícios. E os trabalhadores aceitaram trabalhar por menores salários... E mesmo assim as empresas mudaram-se para o exterior, levando com elas os nossos empregos.
E em cada passo desse processo, a maioria dos norte-americanos também se deixou levar. Praticamente não houve nem oposição nem resistência. As “massas” não se levantaram nem defenderam seus empregos, suas casas, a escola dos filhos (consideradas das melhores do mundo). Apenas aceitaram o destino e curvaram-se.
Muitas vezes me pergunto o que teria acontecido se todos, simplesmente, tivéssemos deixado de viajar de avião, ponto final, em 1981. E se todos os sindicatos tivessem dito a Reagan “Devolva os empregos dos controladores, ou fechamos o país: ninguém entra e ninguém sai.” Sabem o que teria acontecido? A elite corporativa e Reagan, seu moleque de recado, teriam afinado.
Mas não fizemos nada disso. E assim, pedaço a pedaço, peça a peça, ao longo dos 30 anos seguintes, os que passaram pelo poder destruíram as pessoas comuns nos EUA e, em troca, desgraçaram o futuro de, no mínimo, uma geração de jovens norte-americanos. Os salários permaneceram estagnados durante 30 anos. Basta olhar as estatísticas e vê-se que todas as perdas de tudo que hoje tanta falta nos faz começaram no início de 1981 (assista: cenas de meu último filme, que ilustram isso).
Tudo começou no dia 5 de agosto, há 30 anos. Foi dos dias mais terríveis em toda a história dos EUA. E deixamos que acontecesse. Sim, eles tinham o dinheiro, a imprensa e os policiais. Mas nós éramos 200 milhões! Quem duvida de que teríamos vencido, se nós, todos os 200 milhões de enganados, ficássemos realmente furiosos e decidíssemos recuperar para nós o nosso país, nossa vida, nosso trabalho, nossos fins de semana, nosso tempo para educar e ver crescer nossos filhos?
Será que já desistimos, mesmo? O que estamos esperando? Esqueçam aqueles 20% que apóiam o Tea Party – ainda temos os outros 80%! Esse declínio, nossa queda ladeira abaixo só parará quando exigirmos que pare. E não por “abaixo-assinado” ou gorjeios pelo Twitter.
Temos de desligar a televisão e o computador e os videogames e sair às ruas (como fez o pessoal de Wisconsin). Alguns de nós têm de candidatar-se às prefeituras, ano que vem. Temos de exigir que os Democratas, ou criem vergonha e parem de viver sustentados pelo dinheiro dos bancos e grandes empresas – ou pulem fora e devolvam os postos para os quais foram eleitos para fazer o que não estão fazendo.
Quando chega, chega, ok? O sonho comum da vida das pessoas comuns nos EUA não renascerá por mágica ou milagre. O plano de Wall Street é claro e está aí à vista de todos: os EUA serão nação dividida entre os Que-têm e os Que-não-têm. Está bom, assim, prá vocês?
Vamos usar esse fim de semana para parar e pensar sobre os pequenos passos que podemos dar para virar esse jogo, com os vizinhos, no trabalho, na escola. Que melhor dia para começar que hoje, 30 anos depois?!

Fraternalmente,
[assina] Michael Moore
PS. Aqui vão alguns endereços onde todos podem se encontrar e começar:
How to Join a Union, from the AFL-CIO (O pessoal lá aprendeu a lição e afinal elegeu um bom presidente) ou UE
High School Newspaper (Você ter menos de 18 anos não significa que você nada possa fazer. Acorde!)

Nota de tradução
[1] AFL-CIO é a maior central operária dos EUA e Canadá. Formada em 1955 pela fusão da AFL (1886) com a CIO (1935). É composta de 54 federações nacionais e internacionais de sindicatos dos EUA e Canadá que juntos representam mais de 10 milhões de trabalhadores. É membro da Confederação Internacional das Organizacões Sindicais Livres. Até 2005, operou na prática como central sindical unitária, mas devido a discrepâncias internas, várias das maiores agremiações que a formavam se separaram da organização.

http://redecastorphoto.blogspot.com/2011/08/ha-30-anos-nos-eua-o-dia-em-que-o-homem.html



Praga da Imprensa brasileira contra as Olimpíadas Rio 2016 foi tão forte que pegou nas Olimpíadas Londres 2012


Presidente do COI trata a segurança como um
dos principais pontos a ser analisado pelo Rio?????

Os integrantes do Comitê Olímpico Internacional (COI) visitaram nesta sexta-feira, no Rio de Janeiro, o Centro de Operações Rio e o projeto do Porto Maravilha, dois centros nas áreas de segurança, operações e urbanismo. Os projetos analisados estão ligados aos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016.
Recepcionado pelo prefeito do Rio, Eduardo Paes, o presidente do COI, Jacques Rogge, foi conferir as instalações da cidade carioca. A questão da segurança é um dos principais pontos debatidos pelo COI.
By: Aposentado Invocado
Por acaso, se esta situação fosse no meu Rio de Janeiro, o que estariam falando a imprensa de merda, (sem ofender a merda), que infesta este país.
Seria a gloria dos cansei, milenium, kamel, ...e outros da mesma escória.
 
 

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

UMA 2º FEIRA COMO MANDA O FIGURINO NEOLIBERAL: AO SABOR DOS MERCADOS 'AUTORREGULÁVEIS'

**Londres enfrenta mais uma madrugada de conflitos de rua nesta 3º feira.Saques e incendios atingem também outras cidades (Leia nesta pág.) ** Obama faz pronunciamento para devolver confiança aos mercados: 'EUA serão sempre triple AAA'. Em seguida Wall Street desaba.

A calmaria na manhã desta 2º feira era do tipo que antecede as tempestades. O  anúncio de que o Banco Central europeu compraria títulos da dívida pública espanhola e italiana reverteu a espiral de juros que os investidores vinham impondo a Roma e Madrid. Ao final da manhã, porém, recomeçou o vento forte e quente. Era Angela Merkel acionando o lança chamas conservador: a dama de ferro avisou que não haveria recursos adicionais para acudir economias  incendiadas pela crise mundial. A reticência da dama-de-ferro a uma ofensiva estatal contra a crise atiçou as labaredas da incerteza que alimentam fugas e ataques de capitais. Mais que isso deu aos mercados financeiros nova evidência de que o dinheiro é Rei. Manda e desmanda porque a Política resignou-se ao papel de  vassala que lhe coube no enredo do neoliberalismo. Países e lideranças apequenaram-se ao longo de décadas de submissão à agenda dos mercados. Agora revelam seu despreparo, tropeçam, emitem sinais contraditórios. Obama fala em confiança nos EUA: em seguida Wall Street desaba mais de 5%. A única certeza é a falta de qualquer certeza, exceto uma: a economia capitalista não volta ao trilho do crescimento sem uma ação estatal coordenada e contundente. A agonia pode demorar anos em lenta espiral declinante porque faltam os atores principais desse enredo: líderes e partidos progressistas.  Quem tem dinheiro em ações e depende de  lucros para obter dividendos se acautela e  dispara ordens de vendas. Poucos se dispõem a aceitar o convite para a compra. Bolsas despencaram em todo o mundo nesta 2º feira. Caiu a ficha: a crise dos mercados financeiros desregulados requer ação política forte para devolver as manadas ao piquete. Se ninguém se apresenta para botar sela e bridão no dinheiro chucro ele continua a distribuir coices urbi et orbi.
(Carta Maior; 3º feira, 09/08/ 2011)

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Uma catástrofe em múltiplos níveis

 

A rendição do Presidente Obama 
Não se iludam: o que estamos presenciando aqui é uma catástrofe em múltiplos níveis. 
Por Paul Krugman 
Tradução de Idelber Avelar 

Está sendo gestado um acordo para aumentar o teto da dívida federal. Se ele passar, muitos comentaristas dirão que se evitou o desastre. Mas eles estarão errados.

Porque o acordo mesmo, dada a informação disponível, é um desastre, e não apenas para o Presidente Obama e seu partido. O acordo vai causar danos a uma economia já deprimida; provavelmente tornará o velho problema do déficit estadunidense pior, não melhor; e, mais importante, ao demonstrar que a pura extorsão funciona e não traz custos políticos, ele leva os EUA mais perto ainda do estatuto de ´república bananeira´.

Comecemos com a economia. Temos, no momento, uma economia profundamente deprimida. É quase certo que continuaremos a ter uma economia deprimida ao longo do ano que vem. E provavelmente teremos uma economia deprimida ao longo de 2013, se não mais além.

A pior coisa que você pode fazer nestas circunstâncias é cortar os gastos do governo, pois isso deprime a economia ainda mais. Não preste atenção aos que invocam a fadinha da confiança, que argumenta que ações orçamentárias duras reasseguram os negócios e os consumidores, levando-os a gastar mais. Não funciona assim, isso é fato já confirmado por inúmeros estudos históricos.

Na verdade, cortar gastos quando a economia está deprimida não ajuda nem mesmo a situação orçamentária, e pode na verdade torná-la pior. Por um lado, as taxas de juros sobre os empréstimos federais são hoje bem baixas, portanto cortar gastos agora faz muito pouco para reduzir as futuras despesas com juros. Por outro lado, tornar a economia mais fraca agora também causa dano a suas chances a longo prazo, o que por sua vez reduz a receita futura. Portanto, aqueles que exigem cortes de gastos agora são como aqueles médicos medievais que tratavam os doentes sangrando-os, e assim adoecendo-os ainda mais.

Ainda por cima, há os termos do acordo, que se reduzem a uma rendição abjeta por parte do Presidente. Primeiro, haverá cortes de gastos, sem nenhum aumento de receita. Depois, um painel fará recomendações para mais redução de deficit – e se essas recomendações não forem aceitas, haverá mais cortes de gastos.

Os Republicanos supostamente têm um incentivo para fazer concessões desta vez, porque os gastos com defesa estarão entre as áreas a serem cortadas. Mas o Partido Republicano já demonstrou sua disposição de arriscar o colapso financeiro a menos que ele receba tudo o que seus membros mais extremos querem. Por que esperar que eles sejam mais razoáveis da próxima vez?

Na verdade, os Republicanos na certa se sentirão encorajados pela forma como Obama continua a se dobrar ante suas ameaças. Ele se rendeu em dezembro, ao estender os cortes de impostos de Bush; rendeu-se na primavera, quando eles ameaçaram fechar o governo; e acaba de se render de novo, em enorme escala, a uma pura extorsão no tema do teto do endividamento. Talvez seja só eu, mas vejo um padrão aqui.

O presidente tinha outra alternativa desta vez? Sim.

Em primeiro lugar, ele poderia e deveria ter exigido um aumento no teto do endividamento em dezembro. Ao ser perguntado por que não o fez, ele respondeu que tinha certeza de que os Republicanos agiriam com responsabilidade. Belo palpite.

E mesmo agora, a administração Obama poderia ter recorrido a manobras legais na questão do teto da dívida, usando qualquer uma de várias opções. Em circunstâncias normais, poderia ter sido um passo extremo. Mas, ante a realidade do que está acontecendo, ou seja, a extorsão crua por parte de um partido que, afinal de contas, só controla uma casa do Congresso, a medida teria sido totalmente justificável.

Pelo menos, Obama poderia ter usado a possibilidade de um impasse legal para fortalecer sua posição de barganha. Em vez disso, no entanto, ele eliminou todas essas opções desde o começo.

Mas será que uma posição mais dura de Obama não teria preocupado os mercados? Provavelmente não. Na verdade, se eu fosse investidor, eu me sentiria assegurado, não chocado, por uma demonstração de que o presidente é capaz de e está disposto a enfrentar a chantagem dos extremistas de direita. Em vez disso, ele escolheu demonstrar o oposto.

Não se iludam, o que estamos presenciando aqui é uma catástrofe em múltiplos níveis.

Trata-se, claro, de uma catástrofe política para os Democratas, que até poucas semanas atrás pareciam ter os Republicanos contra as cordas por tentarem desmantelar o Medicare: agora, Obama jogou tudo isso fora. E o dano ainda não acabou: ainda haverá mais pontos de estrangulamento com os quais os Republicanos podem ameaçar criar uma crise ao menos que o presidente se renda, e eles agora podem agir com a expectativa confiante de que ele se renderá.

A longo prazo, no entanto, os Democratas não serão os únicos perdedores. O que os Republicanos acabam de conseguir fazer põe em questão todo o nosso sistema de governo. No fim das contas, como a democracia estadunidense pode funcionar se o partido que está mais preparado para ser sangrento, ameaçar a segurança econômica da nação, ganha como prêmio o direito de ditar a politica? A resposta é: talvez não, talvez ela não possa funcionar.

Original  AQUI.

Via  O Esquerdopata

29/07/11

Os extremistas de direita nos EUA

luisnassif

Por Marco Antonio L.Da CartaCapitalExtremistas de direita estão em ascensão, apontam analistas
Redação Carta Capital 28 de julho de 2011 às 18:07h
Os atentados que aconteceram na sexta-feira 22 na Noruega provocaram questionamentos sobre a capacidade das agências policias federais dos Estados Unidos de reagir a possíveis reações similares da extrema direita americana. Com isso, policiais de todo o país têm reivindicado aumento no orçamento para poderem se dedicar à tarefa, segundo o Huffington Post.
Funcionários do Departamento de Segurança Interna afirmam que o nível de atividade desses grupos se manteve constante ao longo dos últimos anos. Mas analistas entendem que a ameaça representada por extremistas americanos de direita está em ascensão e que as agências federais podem não estar dando-lhes a atenção necessária.
De acordo com reportagem do Huffington Post, as atividades dos grupos de extrema direita nos Estados Unidos aumentaram entre 2008 e 2009. Para o ex-analista de terrorismo da DHS, empresa que acompanha atividades deles, Daryl Johnson, em 2009 a produção de um relatório causou furor entre os políticos porque o documento alertava para uma onda de extremismo com a eleição do primeiro presidente negro do país e da recessão econômica. Johnson disse que o movimento vem estocando “armas e fazendo conspiração para matar funcionários do governo em Michigan e no Alasca”.
Para o analista, um incidente como o que aconteceu na Noruega “definitivamente poderia acontecer nos EUA “. “Os extremistas são muito mais capazes de cometer atos violentos aqui devido a seu acesso a armas e munições, que eles não têm na Europa.”
Esta conclusão é contestada por um funcionário oficial do DHS, que diz que o aumento da percepção da atividade extremista é baseado na maior conscientização da ameaça por parte do governo e do público. E que agora o extremistas de direita estão interconectados. “Eles eram muito isolados e agora eles estão conectados através do ambiente de rede social. Johnson diz também que o relatório, que nunca foi formalmente retirado, deveria ter sido revisto e re-lançado, o que nunca ocorreu.
De acordo com o Southern Poverty Law Center, havia 824 grupos de milícias nos EUA no ano passado. Um aumento significativo a partir do 149 contados em 2008. No seu relatório, o centro observou que os militantes foram inspirados por causa da preocupação sobre a imigração e pelo temor de que a composição racial dos Estados Unidos está mudando na medida em que os brancos são projetados para estar em minoria em 2050.