Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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quinta-feira, 11 de agosto de 2011

TRÊS DIAS QUE ABALARAM O MUNDO

** Presidente Dilma Rousseff e direção da CUT reunem-se no próximo dia 17 para discutir agendas de interesse mútuo diante da crise mundial** reservas brasileiras atingem US$ 350 bilhões** ministros da Fazenda dos países da Unasul reunem-se nesta sexta-feira em Buenos Aires para apressar medidas de integração que protejam a economia sulamericana da longa crise internacional.
Domingo, 6 de agosto, Tel Aviv: 350 mil israelenses protestam nas ruas do país por melhores condições de vida. Segunda- feira, 7 de agosto, Londres: distúrbios sociais iniciados nos subúrbios pobres transformam-se em explosão viral  que envolve milhares de jovens em diferentes pontos do país. Terça-feira, 8 de agosto, Santiago: 150 mil estudantes vão às ruas em defesa de uma reforma educacional  que universalize o ensino público, gratuito, de qualidade.  O que interliga esses levantes quase sincronizados em lugares tão díspares, antecedidos de rebeliões massivas que irromperam como que abruptamente das areias dos países árabes e da modorra social em outras partes do mundo? A mera coincidência do calendário?  Certamente não. A resposta  mais próxima talvez tenha que ser buscada na percepção difusa mas crescente, enraivecida em alguns casos, consciente em outros, da brutal desigualdade herdada  do ciclo de supremacia das finanças desreguladas -- o ciclo dos bancos, o dos endinheirados, das corporações invisíveis e ubíquas ao mesmo tempo.  Sejam quais forem as denominações sedimentadas no discernimento popular elas guardam aderência consistente com a abrangência intolerável de uma espiral do privilégio que consolidou duas humanidades socialmente  imiscíveis nas últimas décadas. Em quase todos os países, e na maioria das grandes cidades, de um lado, derrama-se a riqueza num grau de ostentação jamais registrado na história; de outro, o bem-estar social e sua contrapartida em subjetividade, dissolvem-se em sucessivas ondas de saque, desregulamentação e delinqüência institucional  contra o patrimônio público, os direitos e valores que  enlaçam a convivência compartilhada. No  crepúsculo turbulento do ciclo, a ganância em fuga  ameaça agora  esfarelar os últimos centímetros de chão firme de vidas  expostas às intempéries de toda sorte. E a tal ponto encurraladas por dentro e por fora em sua precariedade estrutural que só lhes resta uma fresta: as ruas. 
(Carta Maior; 6º feira, 12/08/ 2011)

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