Diogo Mainardi, uma espécie de ícone de boçalidade da direita brasileira produz hoje um artigo primoroso na Folha de S. Paulo.
Primoroso porque é a selvageria desnuda, que não se acanha em mostrar-se e muito menos se camufla em “transversalidades” e “disrupturas”.
Mainardi é o troglodita pós-moderno, mas evidente.
Define com espantosa sinceridade, ainda que apele para descontextualizar Montesquieu e pô-lo a serviço de sua idiotia:
- “Sou um homem simples: acredito que, a cada quatro anos, é
necessário trocar o bandido que nos governa. Tira-se um, põe-se outro
qualquer em seu lugar. Nunca votei para presidente e, por isso mesmo,
nunca me arrependi por ter votado num determinado candidato”.
É um indivíduo que acha que pertence ao mundo, e basta-se como sua própria tribo.
Faz parte daquele grupo de selvagens exportados nas naus para serem exibidos às cortes e que, de tantos paparicos, vestem veludos e se acham nobres e europeus.
Mainardi crê-se um homem importante e diante do qual todos devem ficar embasbacados.
Ele é claro sobre Marina.
Não espera que ela faça grande coisa no governo, porque do governo ele em nada depende, ao contrário dos pobres coitados que vivem ainda no mundo do salário, da escola pública, da falta de médicos e, sobretudo, num país mergulhado no atraso, não na Veneza onde flutua.
O que ele espera é, apenas, que não ganhem os que que represente a ideia de mudarmos o país, não de bandidos no poder.
Mainardi é o espetáculo da sinceridade, que só em uma coisa se falseia.
Quando ele afirma e reafirma ser um homem simples.
Não, ele não é.
Mainardi um produto complexo do pensamento elitista, que se desnatura da humanidade ao extremo e, aí sim, pergunta, com a ingenuidade de Maria Antonieta por que é que não comem brioches.
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