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quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Neoliberalismo século XXI?

Emir Sader


 

 

 

 

 

 

 

 

 

O neoliberalismo do século XX foi uma tragédia. Um neoliberalismo do século XXI seria uma nova tragédia e uma farsa.

por Emir Sader

O neoliberalismo surgiu com o diagnóstico de que a economia capitalista deixava de crescer por excesso de regulamentações. “O Estado não é uma solução, é o problema”, não se cansou de proclamar Ronald Reagan. O que seria problema no Estado seria o excesso de limitações à livre circulação do capital. Liberado desses entraves, o capital voltaria a investir, a economia a crescer e todos voltariam a ganhar.

Porem Marx dizia que o capital não está feito para produzir, mas para acumular. Se ele ganha mais na especulação do que na produção, ele se transfere maciçamente para a especulação. Que foi o que aconteceu em escala mundial, fazendo do capital financeiro, na sua forma especulativa, o setor hegemônico no capitalismo, conforme o modelo neoliberal foi se impondo em escala mundial.

Na América Latina, a crítica ao Estado – que abre caminho para o neoliberalismo – se fez em torno da inflação. Ela foi transformada no problema central das nossas sociedades pela propaganda neoliberal, valendo-se de que a crise da dívida de final dos anos 1970 e começo dos anos 1980, acelerou os desequilíbrios econômicos e, com eles, a inflação.

As candidaturas e os governos providenciais que se valiam do combate à inflação voltaram todas suas baterias contra o Estado porque afinal de contas é o Estado quem, com as contas desequilibradas, gasta mais do que arrecada e emite mais moeda do que a criação de riqueza, gerando inflação. Terminar com a inflação a todo custo levou a Carlos Menem, depois de crises de hiperinflação, a decretar a paridade entre o peso e o dólar, como se fosse possível fazê-lo por decreto. Se estancava a hemorragia, mas ao preço de terminar com a vida do paciente, que foi o que aconteceu com a mais grave crise a historia argentina, entre 2001 e 2002, quando explodiu a paridade e o país se viu jogado na miséria.

FHC subiu nessa onda, com seu Plano Real, que lhe permitiu se eleger e reeleger como presidente do combate à inflação. Ele usava um mote com raízes na realidade: a inflação é um imposto aos pobres que, quanto mais avança o mês, mais perdem seu poder aquisitivo, enquanto outros setores se defendem o até ganham com a inflação. E esta havia realmente ficado fora de controle, sem chegar à hiperinflação pelos mecanismos de indexação que existiam na economia brasileira.

Daí veio o sucesso do governo de FHC, sua eleição e reeleição. Porém, nao distribuiu renda, promoveu a desigualdade e a exclusão social, levou à quebra da economia brasileira, transferindo a inflação para dívida pública, que aumentou mais de 10 vezes no seu governo. Assinou três leoninos acordos com o FMI, com todas suas implicações econômicas e sociais, jogando o país numa estagnação profunda e prolongada, de que só saímos no governo Lula.

Este não apenas conseguiu retomar o crescimento econômico, como o fez com distribuição de renda e saída dos endividamentos com o FMI. Se FHC já havia sido derrotado pela incapacidade de eleger seu sucessor, a consagração do modelo levado a cabo por Lula fez da imagem de FHC uma das mais desgastadas no país.

Como é possível que agora o Brasil esteja sob o risco de um novo ciclo neoliberal? Sem ir às discussões dos erros do governo e da esquerda em geral – incluindo os movimentos do campo popular -, é preciso destacar a monstruosa campanha que a mídia monopolista privada desenvolve contra o governo há anos, preparando um cenário como o atual.

Para criar um clima que necessitaria soluções neoliberais – como corte dos salários, elevação do desemprego, redução a um mínimo dos bancos públicos, duro ajuste fiscal – foi necessário criar um pais fictício, em que a inflação de 6% ao ano foi tornada um clichê de “descontrole inflacionário”. Sem este mote seria impossível elaborar o programa de ajuste da direita. Associado ao diagnóstico absurdo de que seria um salario mínimo alto que brecaria a retomada da expansão, fica pronto o cenário para as medidas impopulares que Aécio anuncia.

Da primeira vez, no governo FHC, o neoliberalismo foi uma tragédia. Desta vez seria uma farsa, porque nem sequer o descontrole inflacionário existe. Foi em nome dele que FHC fez os ajustes que levaram ao Estado mínimo, às privatizações, à abertura escancarada da economia ao mercado internacional, a precarização das relações de trabalho, entre outras medidas antipopulares. Agora, nem sequer o detonante – o descontrole inflacionário – existe. Seriam medidas tomadas a frio, contra os salários, contra o nível de emprego, contra os bancos públicos, contra o papel regulador do Estado, contra a política externa soberana, contra a exploração do pré-sal pelos e para os brasileiros.

A crise profunda e prolongada da economia na Europa, no EUA, no Japão ou, aqui mesmo, a situação catastrófica do México, confirmam o que o neoliberalismo pode prometer para os países no século XXI.

O neoliberalismo do século XX foi uma tragédia. Um neoliberalismo do século XXI seria uma nova tragédia e uma farsa.

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Merval e Jabor pressionam: tem que ser Marina

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Poucas horas depois de um acidente trágico, que vitimou Eduardo Campos, dois colunistas da Globo assumiram o lobby para que Marina Silva seja candidata à presidência da República pelo PSB; "ela assume um protagonismo natural nessa tragédia", disse Merval Pereira, na CBN; Arnaldo Jabor foi ainda mais explícito, na mesma emissora: "Não acredito que o PSB seja tão burro a ponto de não indicar Marina"; escute os áudios

247 – Os comentaristas da Globo Merval Pereira e Arnaldo Jabor assumiram o papel de defensores de Marina Silva como candidata, depois da tragédia que provocou a morte do candidato a presidente da República Eduardo Campos. A ex-senadora era candidata a vice na chapa do ex-governador de Pernambuco. Merval disse que "ela assume um protagonismo natural nessa tragédia". Jabor foi mais explícito: "Não acredito que o PSB seja tão burro a ponto de não indicar Marina".
"Muda completamente a campanha eleitoral, o cenário político brasileiro", comentou Merval sobre a morte de Campos, na rádio CBN. "Marina passa a ser a figura central nessa tragédia e ganha um protagonismo natural nessa tragédia. Já dá para dizer que ela é a indicada [a substituir Campos]", afirmou ainda o colunista.

"Tenho a impressão que o comando da campanha e desta nova opção política passa automaticamente para a Marina e a união da Rede e do PSB ganha uma nova história daqui pra frente", acrescentou. Segundo Merval Pereira, a sucessão presidencial "fica sem perspectiva diante de fatos tão trágicos" e a perda de Eduardo Campos "vai ter consequências profundas nessa campanha", em sua avaliação.
Já Arnaldo Jabor afirmou que "certamente" Marina será indicada pelo PSB nesse novo cenário eleitoral.

"Tem gente achando que vai prejudicar o [candidato do PSB], Aécio Neves, tem gente achando que vai prejudicar a [presidente] Dilma, tem gente achando que fará um segundo turno sem dúvida, porque a Marina certamente vai ser indicada pelo PSB, apesar de ter diferenças com o PSB, não acredito que o PSB seja tão burro a ponto de não indicá-la".

O comentarista comentou ainda que "estamos perplexos diante da imprevisibilidade das coisas", e acrescentou: "aliás, é até bom viver assim porque... não adianta ter certezas". Arnaldo Jabor disse que espera "que as eleições sejam justas, porque o Brasil está precisando de uma benção". O colunista aproveitou para criticar o PT, partido que, segundo ele, "está no poder e se agarra no poder como se o poder fosse a salvação da humanidade, quando na verdade é a salvação deles".

Ouça aqui o comentário de Merval Pereira.

E aqui o de Arnaldo Jabor.