Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista
Mostrando postagens com marcador desvalorização do real. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador desvalorização do real. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 20 de maio de 2015

PSDB mentiu para reeleger FHC; não pode acusar o PT de mentir

fhc capa

Na noite da última terça-feira, um partido político conseguiu a façanha de esbofetear um país inteiro usando meia dúzia de palavras. O autoproclamado partido da “social democracia brasileira” – que hoje se equilibra entre a centro-direita e a extrema-direita – teve a ousadia de acusar o PT e Dilma Rousseff de mentirem para que ela se reelegesse.
Qualquer brasileiro, qualquer entidade, qualquer partido político tem todo o direito de questionar o discurso adotado pela campanha de Dilma Rousseff à reeleição, no sentido de que ela teria “mentido” sobre a situação do país para se reeleger. Ainda que este Blog não concorde com tal premissa, é direito das pessoas entenderem assim o tom da campanha da reeleição da atual presidente da República.
Este texto, portanto, não é uma defesa de Dilma e/ou de seu partido, no sentido de negar que tenham mentido – esta página já publicou textos explicando por que acha que ela não mentiu, já que a presidente disse, durante a campanha, que a crise internacional cobraria seu preço e que, portanto, ajustes teriam que ser feitos.
Mas se você, seja de que posição político-ideológico-partidária for, quiser achar que Dilma e seu partido só não teriam mentido se tivessem exposto, durante a campanha eleitoral, os detalhes das medidas que iriam tomar, é seu direito.
Não apenas porque é liberdade de expressão, mas porque no mundo ideal todos os políticos teriam que dizer seus planos com detalhes ao pedirem voto ao eleitor, ainda que nenhum partido brasileiro já tenha feito isso.
Porém, existe um grupo político e um sujeito político em especial que não podem, de maneira alguma, acusar qualquer político ou partido de mentirem para se reeleger. Esse grupo político e esse sujeito político são, respectivamente, o PSDB e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. No entanto, eles fizeram isso na noite da última ter
psdb 1
É revoltante. O PSDB não tem a mínima condição moral de dizer uma coisa dessas simplesmente porque fez muito pior.
Não existe um único economista sério que seja capaz de comparar a situação econômica do Brasil de hoje com a de 1998, quando o ex-presidente Fernando Henrique, tal qual Dilma, candidatou-se à reeleição, ou com a de 1999, quando a mentira que contou no ano anterior para se reeleger, desmoronou.
Fernando Henrique mentiu tanto, na campanha de 1998, que se recusou a participar de qualquer debate com outros candidatos, pois não teria respostas aos questionamentos sobre a economia e, mais do que tudo, sobre como faria para cumprir uma promessa que fizera ao país, de que não desvalorizaria o real caso fosse reeleito, apesar de que não havia um só economista, jornalista econômico ou até mesmo instituição financeira, à época, que não soubesse que a desvalorização sobreviria.
Três dias antes de FHC reeleger-se em primeiro turno (1998), o professor de economia do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts) Rudiger Dornbusch declarou, publicamente, que a desvalorização do real, que o então presidente do Brasil negava que ocorreria, iria ocorrer em até três meses após ele se reeleger. E ainda disse que Brasil era um país “malgovernado”.
FHC passou a campanha eleitoral inteira afirmando que seria “desnecessário” desvalorizar o real, que isso não iria ocorrer. E a estratégia que usou para vencer a eleição foi desqualificar os alertas que o principal adversário (Lula) fazia no sentido de que a desvalorização seria inevitável.
Em 30 de janeiro de 1998, em seu discurso no encontro anual do Fórum Econômico Mundial, Fernando Henrique Cardoso atacou os que diziam que ele iria desvalorizar o real acusando-os de terem “obsessão com o pessimismo”. FHC estocou economistas que, na véspera, haviam previsto um colapso do real a curto prazo pelos problemas do Brasil com suas contas externas.
Depois do discurso de FHC, o presidente do Fórum Econômico mundial lhe fez quatro perguntas. A primeira foi sobre desvalorização do real. FHC respondeu com outra pergunta: “Como se pode realmente avaliar o valor de uma moeda?”.
Conforme diz a reportagem da Folha de São Paulo linkada acima, FHC terminou sua participação em Davos, Suíça, “negando enfática, embora previsivelmente”, uma “eventual desvalorização da moeda”.
Os seus auxiliares também eram orientados a negar, de mãos juntas, que haveria desvalorização.
Armínio Fraga, aquele que Aécio Neves queria colocar no comando da economia caso fosse reeleito, ainda não era membro do governo FHC, mas já estava com um pé dentro – três meses depois, seria recrutado para o Banco Central.
Assim, Fraga tratava de referendar a mentira tucana de que não haveria desvalorização. Veja, leitor, como em 18 de janeiro de 1998 ele reagiu a pergunta de um repórter da mesma Folha de São Paulo sobre se o Brasil deveria desvalorizar o real:

— Um alcoólatra monetário reformado como o Brasil não pode se dar ao luxo de tomar um golinho. Acho que a desvalorização seria isso (…)

Bem, o Brasil não tomaria apenas “um golinho” de desvalorização, tomaria um porre.
Mas os auxiliares diretos de FHC também mentiam como o chefe. Segundo a Folha de São Paulo, em novembro de 1998 o então ministro da Fazenda, Pedro Malan, em encontro com banqueiros alemães, negou, peremptoriamente, a desvalorização do real que ocorreria dália a cerca de um mês.
Mas vamos adiante.
Apesar das negativas tucanas, segundo coluna do jornalista Fernando Rodrigues, em 1998, “A desvalorização no Brasil” passara a ser “A principal preocupação dos participantes do mercado”. Segundo o colunista disse à época, “Para 19% dos investidores” a maxidesvalorização aconteceria ainda naquele ano, e para 33% seria “No primeiro semestre de 99”.
Mas o maior vendedor da mentira de que o real não seria desvalorizado era o próprio FHC. E ainda atacava a proposta pública do PT de desvalorizar a moeda antes que o mercado o fizesse, o que seria muito pior, como realmente foi. O PT pregava uma desvalorização controlada, mas o presidente tucano dizia que não era “necessário”.
Em junho de 1998, em plena campanha eleitoral, em uma de suas constantes reuniões com jornalistas amigos (dos veículos que não lhe denunciavam a farsa), FHC repetiu que não concordava com a proposta do PT de desvalorizar o real:

— Não precisa. Tanto não precisa que as exportações estão crescendo!

Enquanto FHC e seu partido mentiam sobre a iminente desvalorização do real e sobre a catastrófica situação da economia com vistas a garantir a reeleição à Presidência da República, o jornal americano Wall Street Journal decretava em manchete: “O Brasil agoniza”.
No centro da tempestade financeira mundial, o país deu uma guinada na sua política econômica. Na mais dramática semana do Real, a perda de credibilidade empurrou o governo a derrubar o grande pilar do plano de estabilidade, a âncora cambial, ou variação controlada da cotação do dólar.
A atrapalhada desvalorização de 8,26% na quarta-feira, 13 de janeiro de 1999, poucas semanas após a última negativa de FHC de que desvalorizaria o real, em vez de acalmar os mercados internacionais gerou uma fuga de capitais sem precedentes – US$ 4 bilhões saíram do País em três dias.
A rigor, na noite da última terça-feira os autores de todas essas peripécias estavam lá – na sua casa, no seu escritório, em sua TV ou rádio –, acusando Dilma Rousseff daquilo que eles mesmos fizeram dezesseis anos antes.
O Fernando Henrique Cardoso que apareceu na terça-feira 19 no programa eleitoral do PSDB é o mesmo que passou a campanha eleitoral de 1998 inteirinha negando medida que adotaria 13 dias após a posse do segundo mandato como presidente da República. E o PSDB é o partido que, ao governar o Brasil, ajudou FHC a mentir.
Qualquer cidadão brasileiro pode, se assim entender, acusar Dilma de ter mentido durante a campanha eleitoral. E essa pessoa não precisa de autorização de ninguém e sua crítica tem que ser respeitada, além de rebatida por quem não concorda. Mas Fernando Henrique Cardoso e seu partido fazerem isso é uma bofetada em cada brasileiro.

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Estelionato eleitoral foi o que FHC fez em 1999



Na semana passada, após anúncios de aumentos da taxa Selic e de 3% no preço da gasolina, lideranças do PSDB e os jornais de sempre qualificaram a medida como “estelionato eleitoral” que teria sido praticado pela presidente Dilma Rousseff porque, durante a campanha de sua reeleição, teria negado que o governo fosse aumentar juros e combustíveis.
Em primeiro lugar, há que dizer que é mentira. Dilma nunca disse que deixaria de fazer política monetária. Aliás,até abril deste ano o governo dela aumentou a taxa Selic NOVE vezes consecutivas. Quanto à gasolina, o último aumento foi de 4% e ocorreu em novembro do ano passado. E a presidente jamais disse, durante a campanha deste ano, que não haveria aumento.
Detalhe: a inflação do ano passado e deste girou em torno de 6%, bem maior que os aumentos dos combustíveis.
O mais curioso, porém, é ver o jornal Folha de São Paulo publicar, em sua última edição dominical (9/11),editorial em que chama de “estelionato eleitoral” os aumentos de juros e combustíveis – que já estavam previstos –, a divulgação da oscilação do percentual de miseráveis no país e um aumento do desmatamento.
Por que é “curioso”? Porque esse jornal nunca chamou assim o que foi o maior estelionato eleitoral da história recente do país: a desvalorização do real a partir de 14 de janeiro de 1999, três meses e dez dias após Fernando Henrique Cardoso ter sido reeleito presidente da República com 53,06% dos votos válidos, em primeiro turno.
Por que foi estelionato eleitoral? Porque FHC passou a campanha eleitoral daquele ano acusando o principal adversário, Lula, de pretender desvalorizar o real caso se elegesse e, ao fim, quem desvalorizou a moeda foi quem acusou o petista, segundo reportagem da mesma Folha publicada em 25 de junho de 1998.
Foi um legítimo estelionato eleitoral o que FHC fez. Em 1998, o país estava à beira da bancarrota, mas a propaganda eleitoral tucana vendia outro mundo ao eleitor e garantia que estava tudo bem.


Nenhum grande veículo de comunicação fez o que fizeram Folha, Estadão, Globo e Veja neste ano, que anunciaram o fim do mundo após o fim da campanha eleitoral. Pelo contrário: todos esses veículos compactuaram com o acobertamento dos problemas do país.
Eis que em 14 de janeiro de 1999, 3 meses e 10 dias após a reeleição de FHC e duas semanas após ter iniciado seu segundo mandato, o país foi surpreendido por uma mudança na economia que, nos anos seguintes, jogaria o país no buraco, com explosão de inflação, desemprego, racionamento de energia elétrica etc., etc., etc.
Passada a eleição e materializado o desastre, finalmente sai um texto na grande mídia criticando FHC, mas sem chamar o estelionato eleitoral tucano pelo nome.
Os mais jovens certamente não se lembram de quanto o país sofreu. Em 1999, mais de 26 mil empresas pediram falência. Só para comparar, no ano passado apenas 1,7 mil empresas faliram. 
Tucanos e jornais que nunca falaram em “estelionato eleitoral” mesmo após o governo de 8 anos do PSDB ter promovido o mais descarado estelionato eleitoral da história não é apenas vergonhoso, é uma bofetada no rosto da nação. Sobretudo porque, à diferença da época de FHC, o Brasil, hoje, é outro país.
Com quase 400 bilhões de dólares de reservas cambiais, com a inflação estabilizada dentro da meta, com a mais baixa taxa de desemprego da história, com os salários se valorizando ano a ano, à diferença de 1999 o povo brasileiro sabe muito bem por que reelegeu Dilma Rousseff. Mas nunca descobriu como pôde ser tão burro ao reeleger FHC.

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Acervo: lembranças do governo FHC.


Extraído do site de Carta Capital. ( Des Governinho maldito !!!!!!)

Uma reportagem de 1998 e outra de 1999 ajudam a refrescar a memória sobre a gestão do tucano no Planalto 
 
por Redação — publicado 15/10/2014 15:13, última modificação 15/10/2014 15:29 
 
Eduardo Knapp / Folha Imagem
 
1999 dólar
Um retrato de janeiro de 1999: a desvalorização do real provocou tensão

A disputa de um segundo turno presidencial entre o PT e o PSDB trouxe à tona, como deixou claro a atuação de Dilma Rousseff no debate da Band, na terça-feira 14, os pontos negativos da administração tucana de Fernando Henrique Cardoso no Palácio do Planalto (1995-2002). No embate com Aécio Neves, Dilma lembrou inúmeros escândalos de corrupção da era FHC, todos sem condenação dos culpados, e também as crises econômicas da década de 1990.

CartaCapital acompanhou aquele período com atenção. Duas capas, uma de novembro de 1998 e outra de fevereiro de 1999, ilustram alguns dos eventos da gestão de FHC.

Em 25 de novembro de 1998, em sua edição 87, CartaCapital trouxe detalhes do escândalo de grampos no BNDES, no qual gravações revelaram a existência de um esquema para favorecer, na privatização do Sistema Telebrás, um consórcio que uniria o banco de investimentos Opportunity, de Daniel Dantas, e a Telecom-Itália. Os áudios mostravam que o governo se sentia à vontade para tocar as privatizações, em parte porque contava com o apoio da imprensa. “A imprensa está muito favorável, com editoriais”, diz o então ministro das Comunicações, Mendonça de Barros, a FHC. “Está demais, né? Estão exagerando, até”, responde o ex-presidente, em tom de brincadeira.

A operação irregular captada pelos grampos incluía Mendonça de Barros, André Lara Resende e Pio Borges, então presidente e vice do BNDEs, e Pérsio Arida, ex-presidente do Banco Central e então sócio do Opportunity. O Previ, fundo de Pensão dos funcionários do Banco do Brasil, foi pressionado a se juntar ao consórcio escolhido para arrematar a Tele Norte Leste, um dos ramos da Telebrás colocado à venda pelo governo. Para conseguir o que desejavam do Previ, Mendonça de Barros e Lara Resende usaram o que chamavam de “bomba atômica”, a influência de Fernando Henrique sobre o fundo. FHC foi contatado e deixou claro que intercederia no caso.

Após a revelação do escândalo, Mendonça de Barros e Lara Resende perderam seus cargos, mas a investigação não avançou, apesar das acusações de que envolvidos no caso teriam enriquecido de forma ilícita.

Em 3 de fevereiro de 1999, em sua edição 91, CartaCapital trazia na capa o termo “quebramos”, em referência ao desastre econômico provocado pela desvalorização do real ocorrida no governo FHC após a reeleição do presidente, em outubro de 1998. A moeda começou a perder o valor 12 dias após a vitória do tucano nas urnas, uma tendência que se acentuou em janeiro de 1999, quando o Banco Central abandonou o regime de câmbio fixo, passando a operar em regime de câmbio flutuante, o que efetivamente colocou fim no Plano Real como concebido no governo de Itamar Franco (PMDB).

A análise publicada por CartaCapital mostrava que a desvalorização da moeda, em combinação com as mudanças estruturais realizadas anos antes por conta da supervalorização da moeda, da abertura comercial e da ausência de controle sobre preços internos, provocaria uma alta generalizada de preços e aumento brusco nas dívidas pública e privada. Para piorar, uma segunda reportagem de CartaCapital mostrava que uns poucos investidores souberam com antecedência da desvalorização planejada pelo governo FHC e compraram um volume anormal de dólar futuro dois dias antes de a moeda nacional começar a perder valor.

Clicando nas imagens abaixo, o leitor pode ver o PDF das reportagens completas:

cartacapital87.jpg
cartacapital91.jpg

quarta-feira, 31 de julho de 2013

GLOBO ESTAVA QUEBRADA AO SONEGAR Edu mostra que a Globo confessou que estava quebrada quando o Lula tomou posse

Saiu no Blog da Cidadania, do Edu: 

À ÉPOCA DA FRAUDE FISCAL, GLOBO ANUNCIAVA DIFICULDADES




Entre 2001 e 2002, a Globo Comunicações e Participações Ltda. (Globopar) operou um esquema financeiro para adquirir os direitos de transmissão da Copa do Mundo de 2002 que terminou sendo considerado fraudulento e criminoso pela Receita Federal, que a autuou.

A Globopar adquiriu uma empresa nas Ilhas Virgens Britânicas que cerca de um ano depois foi dissolvida, e os recursos apurados na operação foram usados pela Holding da família Marinho para pagar por aqueles direitos de transmissão.

A Receita representou com fins penais por aquela operação ter gerado evasão do pagamento do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ), entre imposto principal devido, correção e multa. No total, a autuação somou mais de 600 milhões de reais.

Tudo isso ocorreu em uma época em que as notícias sobre os problemas financeiros das Organizações Globo se espalhavam pela imprensa brasileira e mundial.

Em outubro de 2002, a Globopar, então acionista da operadora de TV a cabo Net – da qual, futuramente, venderia a participação, para o grupo de comunicação mexicano Telmex – anunciou que iria renegociar novos prazos para quitar dívidas geradas por aquela participação societária.

À época, especialistas do mercado consideraram a medida como uma espécie de “concordata branca” da Globo.  O anúncio de suas dificuldades ocorreu no primeiro dia de operações do mercado financeiro após a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência.

Naquele mesmo mês, em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, o ainda presidente do PT, deputado José Dirceu, tratou da situação financeira dos grupos de mídia, incluindo a imprensa escrita.

Naquela entrevista, Dirceu afirmara que, apesar de a situação da imprensa nacional ser “preocupante” e merecer “ser analisada com cautela pelo novo governo” – o qual, pouco depois, passaria a integrar como chefe da Casa Civil -, não se pretendia utilizar recursos do BNDES para prestar socorro nem à Globo nem a outros veículos da mídia eletrônica ou impressa que se endividaram em dólar durante o governo Fernando Henrique Cardoso e que, com a maxidesvalorização do real, haviam ficado em situação econômica “preocupante”.

Eis, assim, a razão pela qual o governo Lula se tornaria “inaceitável” para esses grandes grupos de mídia: por se recusar a ajudar Globo, Folha, Veja, Estadão e companhia limitada a saírem do buraco em que FHC os meteu ao promover, no primeiro mês de seu segundo governo, a desvalorização do real que garantira, durante a campanha eleitoral de 1998, que não faria.

Parece difícil entender por que esses grupos de mídia defendem tanto um político que os meteu em uma fria como a descrita acima – FHC. A explicação é simples: se José Serra tivesse vencido Lula em 2002, o BNDES teria sido muito mais generoso com a Globo.

Isso sem dizer que as manobras do grupo empresarial da família Marinho para sair do buraco – as quais, tudo indica, passaram pela fraude fiscal – não teriam sido coibidas pela Receita, caso o PT não tivesse sido eleito e abandonado os barões da mídia à própria sorte.

Leia, abaixo, matéria de O Globo de 29 de outubro de 2002 sobre as próprias dificuldades financeiras.

—–

“Desvalorização do real faz Globopar reavaliar sua estrutura de capital”

copyright O Globo

29/10/02

“A Globo Comunicações e Participações S.A. (Globopar) anunciou ontem que vai reavaliar sua estrutura de capital, devido à desvalorização do real e da deterioração das condições econômicas no Brasil. A Globopar, controlada pela família Marinho, tem participações acionárias nos setores de televisão a cabo e via satélite, programação para TV por assinatura, editora de revistas e livros, gráfica e internet. As operações da TV Globo, da Infoglobo (que edita os jornais GLOBO, Extra’ e Diário de S.Paulo) e do Sistema Globo de Rádio são diretamente controladas pela família e administradas independentemente da Globopar.

Nesse processo de reavaliação, a Globopar e algumas de suas empresas controladas estão procedendo a uma revisão de seus planos de negócios, com ênfase na melhora da geração de caixa. Ao mesmo tempo, a Globopar e algumas de suas empresas controladas, a partir de hoje, reescalonarão o fluxo de pagamentos de suas obrigações financeiras. A Globopar espera dar novas informações sobre o processo nos próximos 90 dias.

A TV Globo é garantidora de parte das dívidas da Globopar, que já começou a conversar com alguns de seus credores. A Globopar contratou a Goldman Sachs & Co. e Houlihan Lokey Howard & Zukin Capital para o processo de reavaliação e atração de investidores. Debevoise & Plimpton e Barbosa, Müssnich e Aragão estarão prestando assessoria jurídica à Globopar. Já o Unibanco vai assessorar a Globopar com relação ao mercado brasileiro.

Membros da família Marinho investiram mais de US$ 170 milhões na empresa e em suas controladas nos últimos seis meses. Apesar do forte apoio financeiro de seus acionistas, a contínua desvalorização do real e a significativa redução de crédito para empresas brasileiras afetaram a dívida que a Globopar tem em dólares. Além disso, o prazo de retorno dos investimentos nos negócios de TV por assinatura se mostrou mais longo do que o esperado.

Apesar dos esforços da empresa e de seus acionistas para gerenciar a dívida da Globopar, por meio de significativos aportes de capital, a deterioração do ambiente macroeconômico evidenciou a necessidade de reavaliar o cronograma de pagamento da dívida da Globopar. Estamos trabalhando para rever nossos planos de negócios e tomar medidas para reduzir custos e aumentar o fluxo de caixa líquido. Esses esforços servirão como base para as conversas que pretendemos ter com os credores, disse Ronnie Moreira, presidente da Globopar.

A TV Globo não deve ser afetada de forma negativa pelo processo de reavaliação da Globopar. Segundo Roberto Irineu Marinho, presidente da TV Globo, a performance da TV Globo continua sólida, apesar das difíceis condições econômicas atuais. A programação da TV Globo permanece com os maiores índices de audiência e a empresa continua revendo suas operações para melhorar sua geração de caixa, mantendo a posição de líder baseada na alta qualidade de suas produções nacionais.
Como se sabe, a Globo quebrou porque acreditou na Urubóloga e no Fernando Henrique, achou que o Real não ia se desvalorizar, e se endividou em dólares.
Foi um hara-kiri exemplar.
E a Urubóloga dá aula até hoje …
E levam o Farol de Alexandria a sério até hoje …
E o Catão do Lago Sul, o Alexandre Maluf Garcia, vai dizer o quê ?
E o Catão de Harvard, o dos múltiplos chapéus, vai ficar quieto ?
E a Urubóloga, vai denunciar a queda da arrecadação da Receita por causa dos paraísos fiscais ?
Cuidado com o superavit primário, Urubóloga …
Ou, como diz o ansioso blogueiro, no PiG (**) opinião é só a do patrão.
O resto é figuração !
Ou como diz o Mino Carta, no Brasil, jornalista é pior que o patrão.
Paulo Henrique Amorim


(*) Ataulfo de Paiva foi o mais medíocre – até certa altura – dos membros da Academia. A tal ponto que seu sucessor, o romancista José Lins do Rego quebrou a tradição e espinafrou o antecessor, no discurso de posse –http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=12297&sid=256 – . Daí, Merval merecer aqui o epíteto honroso de “Ataulfo Merval de Paiva”, por seus notórios méritos jornalísticos,  estilísticos, e acadêmicos, em suma. Registre-se, em sua homenagem, que os filhos de Roberto Marinho perceberam isso e não o fizeram diretor de redação nem do Globo nem da TV Globo. Ofereceram-lhe à Academia.E ao Mino Carta, já que Merval é, provavelmente, o personagem principal de seu romance “O Brasil”.
(**) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Obrigado por nada, FHC


Posted by  


O primeiro dia útil da semana começou com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso no ataque, no âmbito da antecipação da campanha eleitoral à Presidência que só ocorrerá no fim do ano que vem, portanto daqui a quase dois anos, e que está sendo abraçada pelos dois partidos que, mais uma vez, devem protagonizar a disputa: PT e PSDB.
FHC, talvez o político mais cara-de-pau de todos os tempos – mais até do que Paulo Maluf –, teve a coragem de dizer que a presidente Dilma Rousseff “cuspiu no prato que comeu”, ou seja, que os êxitos de seu governo e do de seu antecessor Lula se devem ao governo tucano (1995-2002).
O ex-presidente peessedebista tem lá seus motivos para apostar nesse discurso de que legou uma herança bendita que Lula e Dilma tentaram “usurpar”, como também teve coragem de afirmar junto à afirmação sobre “ingratidão”. Afinal, desde que deixou o poder conta com veículos de comunicação que tentam empurrar essa versão aos brasileiros, porém sem o menor êxito, do que são provas as três eleições presidenciais sucessivas que o PSDB perdeu desde que deixou o poder.
FHC aposta na proverbial falta de memória dos brasileiros. Assim sendo, vale revisitar um pouco a história recente do país para verificarmos em que situação ele estava ao fim do governo tucano, em 2002.
E como a imprensa que, segundo o colunista da Folha de São Paulo Janio de Freitas “Serviu de suporte político ao governo FHC”, diz que a situação falimentar do Brasil no último ano do governo dele se deveu ao “risco Lula”, investiguemos se foi isso mesmo.
No dia 4 de janeiro de 1999, pouco antes de uma das maiores hecatombes econômicas que o Brasil viveu, matéria da insuspeita Folha de São Paulo trazia no título a síntese do que fora o ano eleitoral de 1998, quando o então candidato à reeleição, Fernando Henrique Cardoso, venceu o pleito garantindo que, se não fosse reeleito, Lula é quem desvalorizaria o real.
O título da matéria assinada pelo igualmente insuspeito colunista da Folha Fernando Rodrigues era o seguinte: “Credibilidade do Brasil no exterior despenca em 1998” – assinantes da Folha podem conferir a íntegra do textoaqui.
O trecho abaixo traduz o estelionato eleitoral de que o Brasil fora alvo poucos meses antes, quando reelegeu FHC sem fazer a menor ideia de que tudo que ele prometera era mentira e de que o país estava quebrado.
—–
FOLHA DE SÃO PAULO
4 de janeiro de 1999
Credibilidade do Brasil no exterior despenca em 98
FERNANDO RODRIGUES
da Sucursal de Brasília  
“(…) Há duas razões básicas para que os títulos do governo brasileiro tenham perdido tanto valor em 98. A primeira razão, e mais óbvia, é que as crises da Ásia e da Rússia deixaram os especuladores internacionais com medo de perder dinheiro também no Brasil. Por isso, passaram a vender os papéis brasileiros. Isso provocou a queda dos preços. Ao vender os papéis, os especuladores deixam implícito que acreditam cada vez menos na capacidade do Brasil de honrar seus compromissos (…)”
—–
As crises da Ásia e da Rússia foram crises de países que tinham problemas localizados em suas economias. Não era uma crise mundial da gravidade da que há hoje, que afeta o mundo inteiro e, sobretudo, os países ricos, que, àquela época, não tinham crise nenhuma, ao lado de países com economias organizadas como o Chile, que, entre tantos outros “emergentes”, não fora afetado.
Na verdade, o naufrágio da credibilidade do Brasil ao longo do ano em que FHC se reelegeu graças a mudança que promoveu nas regras do jogo com ele em andamento, obtendo do Congresso o direito de se recandidatar ao cargo sob denúncias de compra de votos de parlamentares que votaram a emenda constitucional que instituiu a reeleição, deveu-se ao fato de que, naquele 1998, o então presidente da República “segurou” a desvalorização do real, que se fazia desesperadamente necessária, a fim de não atrapalhar suas pretensões políticas.
O mundo inteiro sabia que a paridade de um para um que vigera desde 1994 entre o real e o dólar era uma farsa e que, a qualquer momento, FHC teria que fazer aquilo que, meses antes, dissera que Lula faria caso vencesse a eleição: ele teria que promover uma maxidesvalorização de nossa moeda que jogaria o país no fundo do poço.
Enquanto o desastre caminhava, o suporte político de que falou Janio de Freitas que a mídia deu a FHC continuava vendendo ilusões a um público que, a partir dali, começaria a se dar conta de que não deveria acreditar no que ela dizia. No mesmo dia da matéria acima, na mesma Folha, outro texto dizia que a evasão de divisas no dia anterior fora de “apenas” 153 milhões de dólares e acenava com um cenário róseo que, pouco depois, mostrar-se-ia uma falácia.
Abaixo, trecho de matéria que pode ser conferida na íntegra aqui.
—–
FOLHA DE SÃO PAULO
5 de janeiro de 1999
MERCADO FINANCEIRO
Evasão de divisas é de US$ 153 milhões
da Reportagem Local
O Brasil teve nova evasão de divisas ontem, mas de volume pouco preocupante, segundo especialistas. Até as 19h30, o fluxo cambial estava negativo em US$ 97 milhões pelo mercado de dólar comercial e financeiro e em mais US$ 56 milhões pelo flutuante, um segmento do turismo.
(…)
Segundo especialista, depois da forte evasão de dólares em dezembro [de 1998], de US$ 5,25 bilhões, o fluxo negativo em janeiro deve ser menor.
(…)
No ano passado, o fluxo cambial foi negativo em US$ 14,89 bilhões. As reservas cambiais, o caixa em moeda forte do país, iniciam o ano em US$ 35 bilhões, segundo estima o mercado. O Banco Central fala em US$ 38 bilhões.

Com o fraco saldo cambial negativo ontem, o dólar perdeu força contra o real. Nos mercados futuros, as projeções de desvalorização cambial para janeiro (contratos com vencimento em fevereiro) caíram de 1,28% na quarta-feira passada para 1,17% ontem.

Para Nicolas Balafas, do BNP Asset Management, o governo não vai precisar desvalorizar o real contra o dólar mais do que os 7,5% ou 8% previstos em 99.
(…)
“Ninguém espera uma saída de dólares muito forte neste mês. O mercado está otimista, apostando que o Congresso vai votar a favor da CPMF e do aumento da contribuição dos funcionários públicos federais à Previdência”, diz o especialista Manuel Maceira.
(…)
—–
Note, leitor, que, enquanto hoje você vê na Folha e no resto da imprensa oposicionista todo dia desgraças anunciadas que jamais se concretizam, àquela época, com o país afundando – como se veria em poucos dias – o tom era de otimismo.
Três dias depois, em 8 de janeiro de 1999, outra matéria – sempre da Folha, fonte escolhida para evitar questionamentos de tucanos quanto à “imparcialidade” das notícias –, outra matéria dá bem a dimensão da situação catastrófica com que FHC chegara ao segundo mandato.
O então governador de Minas Gerais, Itamar Franco, acabara de decretar moratória de seu Estado no âmbito de uma taxa básica de juros (Selic) que batia nos 30% (!!). Para acessar a íntegra da matéria, assinante da Folha pode clicar aqui. Veja, abaixo, trechos do texto.
—–
FOLHA DE SÃO PAULO
8 de janeiro de 1999
MERCADO FINANCEIRO

Futuros projetam taxas de juros maiores

da Reportagem Local

A moratória anunciada pelo governador de Minas Gerais, Itamar Franco, fez com que os mercados futuros na Bolsa Mercantil & de Futuros passassem a projetar juros e desvalorização cambial maiores para os próximos meses.
(…)
No ano passado, o medo de que o Brasil não honrasse seus compromissos, como fez a Rússia em agosto, provocou uma evasão de divisas de US$ 15 bilhões. Foi para conter a sangria de dólares que o governo subiu os juros do over, o mercado por um dia com títulos públicos, de 19% para 40% ao ano. Os juros do over estão em torno de 29% ao ano hoje.
Com a crise de credibilidade ganhando força agora, os juros vão cair com mais dificuldade. Por isso, na BM&F, os contratos para vencimento em abril passaram a projetar taxas de juros de 30,25% para março, contra os 28,59% de anteontem. A desvalorização cambial projetada para março passou de 1,26% para 1,48%.
(…)
—–
A situação do Brasil – causada exclusivamente pelo adiamento da desvalorização do real adotado por FHC para não atrapalhar sua reeleição – piorava a cada dia, a ponto de a esfrangalhada economia brasileira estar, então, “contaminando” outros países. Abaixo, matéria que mostra isso. A íntegra da matéria na Folha pode ser acessada aqui.
—–
FOLHA DE SÃO PAULO
13 de janeiro de 1999
Situação se reflete na Argentina
de Buenos Aires
A alta instabilidade na economia brasileira, acentuada há uma semana pela moratória do Estado de Minas Gerais, está se refletindo diretamente nos mercados argentinos, cujos temores se concentram em três pontos: desvalorização do real, renúncia da equipe econômica e fracasso do ajuste fiscal acordado com o FMI.
A Bolsa local, acompanhando o índice Bovespa, caiu 3,67% na segunda-feira e ontem teve nova queda de 3,48. As quedas dessa semana foram impulsionadas quando se soube que as reservas brasileiras chegariam a U$ 31 bilhões no final de janeiro, segundo informe divulgado pelo Citibank.
Os mais apressados já inventaram até um nome para o possível colapso do Brasil: “efeito carnaval”
—–
No mesmo dia, outra matéria já deixava ver que as tentativas da mídia de suavizar as notícias já não eram mais possíveis. O clima de pânico se acentuava. O Brasil estava quebrando, com fuga de dólares e sucessivos aumentos dos juros – íntegra da matéria abaixo (só para assinantes da Folha), aqui.
—–
FOLHA DE SÃO PAULO
13 de janeiro de 1999
MERCADO TENSO
Fuga de recursos para o exterior neste mês já chega a US$ 2 bi; nervosismo traz de volta o risco cambial
Saída de dólares e juro futuro se elevam
CRISTIANE PERINI LUCCHESI
da Reportagem Local
A sangria de dólares cresceu ontem e trouxe mais intranquilidade ao mercado financeiro. Até as 19h30, o fluxo estava negativo em aproximadamente US$ 1 bilhão. O mercado fecha às 21h30.
A Bolsa de Valores de São Paulo voltou a despencar, chegando a um passo do “circuit breaker”, mecanismo que interrompe os negócios toda vez que a queda atinge 10%. Fechou em baixa de 7,61%.
Os mercados futuros passaram a projetar juros e desvalorização cambial bem mais fortes no curto prazo. Para março, os juros anuais projetados pularam de 32,43% ao ano anteontem para 39,75% ao ano ontem. Hoje, os juros de referência para toda a economia estão em torno de 29% ao ano.
(…)
—–
Taxa de juros básica da economia chegando a 40%. Imaginem o que seria de Lula ou de Dilma se o país estivesse hoje em situação igual. Hoje, com juros em um dígito, centenas e centenas de bilhões de dólares de reserva e quase sem desemprego, a mídia trata a economia como se estivéssemos quebrando.
No mesmo dia 13 de janeiro de 1999 em que eram publicadas as matérias acima, o governo FHC tentou uma desvalorização controlada do real de 8,26%, que, como se sabe, o mercado rejeitaria, levando o Brasil a uma crise econômica sem precedentes, causada, exclusivamente, pela postergação de uma desvalorização da moeda que se fosse feita em 1998 não teria custado tão caro ao país.
A “feitiçaria” econômica do governo, porém, já não enganava mais ninguém. O economista Rudiger Dornbusch, 54, professor do mitológico MIT (Massachusetts Institute of Technology), dos EUA, disse que a nova política cambial do Brasil, com uma tal “banda diagonal endógena”, era “um blefe”, e que FHC era “ineficiente”.
Abaixo, trecho da matéria da Folha contendo as críticas de Dornbusch, publicadas em um momento em que, apenas temporariamente, FHC começava a ser abandonado pela mídia. E isso algumas míseras semanas após o estelionato eleitoral que o reelegeu. A íntegra, assinante da Folha lê aqui.
—–
FOLHA DE SÃO PAULO
14 de janeiro de 1999
Para o professor, mudança só vai desafogar a pressão sobre as reservas
Nova política cambial é um “blefe”, afirma Dornbusch
ANTONIO CARLOS SEIDL
da Reportagem Local
O economista Rudiger Dornbusch, 54, professor do mitológico MIT (Massachusetts Institute of Technology), dos EUA, disse que a nova política cambial do Brasil é “um blefe”.
“Serve apenas para desafogar um pouco a pressão sobre as reservas brasileiras”, afirmou em entrevista, por telefone, à Folha.
Para Dornbusch, o fim da fuga de dólares do país depende do ajuste fiscal. “Um profundo ajuste fiscal, com um corte drástico de gastos, é a condição para a volta da confiança dos investidores.”
“O Brasil tem um presidente ineficiente, que só sabe gastar e tomar emprestado.”
(…)
—–
Enquanto isso, o grupo G7, que congregava os sete países mais ricos do mundo, falava em “derretimento” do Brasil, conforme noticiava a Folha aqui. Textualmente, a nota do grupo dizia: “É o longamente esperado derretimento do Brasil? Parece [que sim].
Chega a ser inacreditável que o presidente que produziu a notícia a seguir arrogue para si o soerguimento quase incrível do país que, em verdade, foi o ex-presidente Lula que logrou operar após reparar o desastre que o antecessor deixou. Matéria da Folha ainda de 14 de janeiro de 1999 anuncia: o “Mundo vive pânico com Brasil”. A íntegra, aqui. Abaixo, um trecho.
—–
FOLHA DE SÃO PAULO
14 de janeiro de 1999
BOLSAS
Ações caíram na Europa e na América após queda do real, puxadas por empresas que mantêm investimentos no país
Mundo vive pânico com Brasil

de Buenos Aires

As principais Bolsas do mundo tiveram ontem um dia de fortes baixas geradas pela desvalorização do câmbio no Brasil.
O índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, terminou o dia com uma queda de 125,12 pontos, ou 1,32%, depois de chegar a cair 260 pontos em meia hora. A baixa abrupta foi decorrente da mudança cambial brasileira.
A Bolsa abriu o pregão às 9h locais (12h de Brasília), quando já havia sido mudado o comando do Banco Central e anunciada a desvalorização do real. Imediatamente, o índice Dow Jones recuou 260 pontos.
O índice eletrônico Nasdaq despencou 114,56 pontos.
Com a preocupação diante da situação brasileira e com medo de que a desvalorização atingisse outros mercados, os acionistas saíram vendendo papéis, num mecanismo conhecido como “efeito dominó”.
(…)
—–
Em tal situação de calamidade que o país vivia, a situação do mercado de trabalho, que do terceiro ano do primeiro governo FHC para frente já vinha sendo ruim, com queda dos salários e aumento do desemprego, atingia proporções catastróficas. A matéria da mesma Folha, com trecho logo abaixo e íntegra aqui, resume o sofrimento que a irresponsabilidade tucana trouxe ao país.
—–
FOLHA DE SÃO PAULO
15 de janeiro de 1999
ECONOMIA
Metalúrgica de Matão suspende a partir de hoje um dia de trabalho para gastar 16% menos em pagamentos
Bambozzi reduz carga horária e salários

da Folha Ribeirão

A metalúrgica Bambozzi, de Matão, vai parar a produção às sextas-feiras a partir de hoje e diminuiu o salário dos funcionários para reduzir gastos e enfrentar a crise.
A proposta de diminuição de carga horária e salários foi aprovada na terça-feira em assembléia com os trabalhadores.
A empresa tem 430 funcionários e espera economizar cerca de 16% do total da folha de pagamentos, que não foi divulgado.
(…)
Ribeirão
A metalúrgica Penha, de Ribeirão Preto, está trabalhando com redução de carga horária e salários desde setembro do ano passado.
Os 168 funcionários deixaram de trabalhar às sextas-feiras e a empresa passou a economizar cerca de 10% da folha de pagamento.
O Sindicato dos Metalúrgicos de Ribeirão Preto e Região não aprova a redução de salário.
(…)
—–
Lembre-se, leitor: o presidente que produziu isso é aquele que está se dizendo o verdadeiro responsável por tudo de bom que aconteceu ao longo do governo Lula, que encontrou o país nessa situação, que recebeu essa herança maldita.
E o “Efeito Brasil” continuava afetando o mundo. O sujeito que acusa Dilma de ser “mal-agradecida” ao governo “maravilhoso” que diz que fez é o mesmo que arrastou o mundo para os problemas que sua administração gerou por ter adiado uma medida (desvalorização do real) com vistas a conseguir mais um mandato.
A notícia da Folha também é de 15 de janeiro, pois o noticiário econômico, quando FHC governava, ocupava incontáveis páginas dos jornais todos os dias, só noticiando desgraças. Nessa matéria, com trecho reproduzido abaixo e íntegra aqui, o jornal relata que o “Efeito Brasil” continuava gerando pânico nos mercados.
—–
FOLHA DE SÃO PAULO
15 de janeiro de 1999
MERCADOS
Pregão passa o dia com tendência de queda e, para agravar a situação, senadores começam a julgar Clinton
‘Efeito Brasil’ faz Bolsa de NY cair 2,45%

de Nova York

O “efeito Brasil” fez a Bolsa de Nova York fechar o dia ontem em forte queda. O índice Dow Jones (que reúne as 30 ações mais negociadas) recuou 2,45%, fechando a 9.120,93 pontos.
A queda representa 226,63 pontos e anula todos os ganhos conquistados na Bolsa de Nova York neste ano.
O índice Dow Jones esteve em tendência de queda durante todo o dia de ontem.
O grande vilão foi o Brasil. Os investidores reagiram ao rebaixamento da dívida brasileira promovida pela agência de crédito Standart & Poor’s e à possibilidade de a crise atingir outros países latino-americanos.
O Brasil representa 45% do PIB (Produto Interno Bruto) da América Latina.
Durante o dia, Wall Street foi assolado por boatos vindos do Brasil. Eles diziam que o governo iria liberar o câmbio e que o real sofreria uma nova desvalorização.
Os investidores estavam preocupados também com a depreciação de papéis de companhias que mantêm negócios no Brasil. As multinacionais devem apresentar queda no faturamento, por causa da retração no mercado.
(…)
—–
O desastre na economia não parava de crescer. Uma das consequências da irresponsabilidade tucana foi o crescimento da dívida externa. Em 16 de janeiro de 1999, a Folha dá conta de que o endividamento do país, que peregrinava pelos países ricos com o pires na mão, crescera R$ 35,8 bilhões EM UMA SEMANA. Abaixo, trecho da matéria, com íntegra aqui.
—–
FOLHA DE SÃO PAULO
16 de janeiro de 1999
DESVALORIZAÇÃO
Dívida externa aumentou R$ 35,8 bi em uma semana e será problema para empresas, diz pesquisa da Sobeet
Real fraco reduz patrimônio
VANESSA ADACHI
da Reportagem Local
As empresas brasileiras terão grande trabalho para lidar com uma dívida externa que cresceu nada menos que R$ 35,8 bilhões em uma semana.
A desvalorização cambial acumulada na semana fez com que a dívida de US$ 140 bilhões do setor privado brasileiro saltasse, em reais, de R$ 169,4 bilhões para R$ 205,2 bilhões.
(…)
—–
A desorganização da economia que marcou a era FHC do seu terceiro ano até o último, como é óbvio, não deixaria o país impune. Todos, de ricos a pobres, comeram o pão que o diabo amassou, razão pela qual, desde que o país conduziu o PT ao poder, nunca mais os tucanos tiveram chance real em eleições para presidente.
Notícias como a que segue abaixo (íntegra aqui) e que dá conta de redução nas vendas de varejo de 30% no âmbito da crise brasileira ainda estão frescas na memória de uma parcela imensa e majoritária dos brasileiros. Só quem tem menos de vinte anos não sabe o que se passou neste país quando ele cometeu o desatino de colocar o PSDB e o DEM no poder.
—–
FOLHA DE SÃO PAULO
16 de janeiro de 1999
Lojas têm queda de até 30% nas vendas
FÁTIMA FERNANDES
da Reportagem Local
A confusão gerada no mercado brasileiro com a mudança da política cambial resultou ontem na paralisação dos negócios entre indústria e comércio e numa queda de 20% a 30% nas vendas de algumas grandes redes.
(…)
—–
Agora, a cereja do bolo. Atualmente, uma das colunistas da grande mídia tucana mais críticas do país que temos é Eliane Cantanhêde. Enquanto escrevo, reflito que as críticas acerbas que ela faz hoje a um governo que é aprovado pela imensa maioria por estar gerando emprego, renda e bem-estar social em nada lembram a condescendência que tinha com um governo que gerou o caos que você acaba de ler.
Compare, abaixo, o discurso dessa mulher hoje em relação ao governo, quando o país está indo de vento em popa, com o que adotou também para o governo quando o país estava arrasado. O tom dela é o que dominava a mídia. Não havia críticas ao governo e muito menos ao presidente da República. Muito menos os xingamentos feitos a Lula.
—–
FOLHA DE SÃO PAULO
17 de janeiro de 1999
O bode
ELIANE CANTANHÊDE

Brasília – A semana passada foi uma roleta-russa, e a que começa hoje é tão incerta quanto uma mesa de pôquer.
O câmbio rachou o governo, atraiu a ira de empresários, expulsou quadros como Pérsio Arida, alijou outros como José Serra. E o que estamos descobrindo? Que desvalorizar o real não está sendo um monstro tão monstruoso. Até agora, pelo menos.
Há um ano, as reservas estavam tão altas quanto a credibilidade do governo. Os governadores acabavam de renegociar suas dívidas. Os empresários ainda não estavam demitindo. Os partidos aliados já andavam se assanhando, mas mantinham uma certa compostura. A situação internacional tremelicava, mas se mantinha.
Com o tempo, deterioraram-se essas condições favoráveis, até se acenderem os sinais vermelhos. A evidente, inevitável, inexorável desvalorização acabou saindo no tapa, no último minuto. E insuficiente. Tanto que dois dias depois veio o câmbio livre.
Pois, vejam só, apesar de tudo isso o Brasil sobreviveu. A taxa ditada pelo mercado na sexta-feira (R$ 1,47) é bastante razoável. As Bolsas tiveram um pique espetacular, e com entrada de capital externo. A sangria de dólares caiu de quase US$ 1,8 bilhão na quinta para US$ 340 milhões na sexta. Já se fala até em liberar o câmbio de vez.
E mais: um novo aumento de juros foi descartado, e alguns setores, abatidos pela perversa competição dos importados, recuperam o ânimo. Há até alguma perspectiva de empregos.
Bem, estamos então no paraíso? A léguas e léguas disso. Há incertezas, dúvidas e um pânico renitente e justificável. O Brasil sacode mais do que avião em nuvem negra. E a famosa estabilidade continua instável.
Mas o secretário dos Direitos Humanos, José Gregori (que não é economista), resumiu: “Tiraram o bode da sala”. O bode era o câmbio, um erro que cresceu como elefante e se arrastou como tartaruga.
Agora é correr contra o tempo e corrigir outros muitos erros. Até porque o Brasil não aguenta mais. Nem nós.
—–
Quanto otimismo, não? Você acredita que essa criatura escreveu uma COMEMORAÇÃO?!! Que diferença para o pessimismo de hoje, quando qualquer boato ruim sobre a economia vira certeza e gera condenação do governo via acusações de incompetência etc. Não é à toa que o colunista da mesma Folha Janio de Freitas disse que a mídia foi “suporte político” de FHC.
Está claro o desastre que foi o governo do sujeito que está clamando para si a volta por cima que o Brasil daria na era Lula? Inflação e desemprego ascenderam nos anos seguintes à crise de 1998/1999. A renda caiu. A credibilidade do país era tão baixa que até a alternância no poder, em 2002, fez a economia derreter de novo.
A falta de investimentos que a má gestão de FHC gerou fez com que no penúltimo e no último ano daquele governo desastroso eclodisse um racionamento de energia elétrica que fez o país retroceder anos.
Contudo, o que de pior o governo FHC produziu foi o desemprego. Não foi à toa que José Serra, em sua candidatura a presidente em 2002, fez aquela propaganda eleitoral com uma multidão de homens vestidos com macacões de operários brandindo carteiras de trabalho. O desemprego estava em dois dígitos e subindo.
Para quem tiver dúvida de quanto o governo Lula e, depois, o governo Dilma melhoraram a vida dos brasileiros – que FHC piorou como poucos presidentes –, que veja, abaixo, o que ocorreu com o desemprego estratosférico herdado do ex-presidente tucano pelo ex-presidente petista.