A composição das matérias acima é só um pequeno exemplo da péssima qualidade e da irresponsabilidade do jornalismo econômico do nosso país.
Não é economia, é “chutonomia”, onde os fatos são “ajeitados” para chegar a uma conclusão pré-determinada.
Não raro, uma conclusão pessimista ou, até, apavorante.
A onda de calor e seca são um prato feito para isso.
Na Folha, a consultoria LCA prevê um aquecimento da economia, com o crescimento das vendas de produtos e serviços ligados ao calor.
O Globo, curiosamente, ouve a mesma consultoria, mas o que dizem só vai lá para o finalzinho da matéria, não sendo considerado para rebater o argumento econômico de imensa profundidade do professor Jose Julio Senna, diretor do BC no governo Sarney, que afirma:
“Há uma deterioração do balanço de pagamentos e uma inflação alta. Os agentes já acham que o governo não toma as medidas necessárias para contornar esses problemas. O verão tórrido acaba exacerbando a falta de confiança”.
Como assim, professor? O pessoal fica de mau-humor? Não tem ar condicionado nos centros de comércio do Mercado?
Ora, é obvio que se chegasse a haver um racionamento ou se houvesse o que não é possível dizer até agora, uma quebra da safra agrícola, certo.
Mas tudo é possível para dizer que o Brasil não vai crescer.
E – aí sim – entra em ação uma regra subjetiva da economia: a das profecias auto-realizáveis, que depende não do sol e da chuva, mas do comportamento dos agentes econômicos: quando só se espera coisas ruins, elas acabam por acontecer.
Não se iluda, caro leitor.
A campanha eleitoral, até junho, está mais no caderno de economia que no de política.
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