*Cameron demite 111 mil**sindicatos ingleses marcam greve**conflitos violentos nas ruas da Itália** arrocho fiscal de Berlusconi racha o Parlamento** desacelera a criação de emprego industrial no Brasil**54% desaprovam condução de Obama na economia* gelo no Ártico atinge a menor extensão em 32 anos*
Os bancos franceses tiveram sua avaliação de risco piorada hoje. Motivo: o sistema financeiro gaulês tem mais de 59 bi de euros empenhados na Grécia, cuja dívida soma 300 bi de euros. O FMI reúne-se para discutir o colapso da Grécia. Merkel, Sarkozy e Papandreu fazem teleconferência para evitar o 'default' grego. O secretário norte-americano Timothy Garthner vai à Polônia nesta 6ª feira para a reunião de ministros da economia do euro. Assunto: eurobonus e Grécia. A profusão de reuniões e declarações que não levam a nada reflete ao mesmo tempo um sentimento de prontidão e um vácuo de lideranças e instrumentos à altura da crise mundial. Se nem mesmo um calote de 300 bi de euros encontra solução nesse corre-corre sem rumo, que esperança pode haver para desafios sistêmicos, a exemplo de uma reforma que devolva o dentifrício das finanças desreguladas de volta ao tubo? Por que as peças do quebra-cabeças não se juntam, ao contrário, se dissolvem, em contraposição ao que ocorreu em 1929? É singelo apontar o dedo para a medíocre expressão dos personagens que atravessam a tela em direção ao rodapé da história: Merkel, Sarkozy, Barroso, Cameron, Lagarde, Obama. Melhor do que o escarnecer os tripulantes do naufrágio seria arguir a estrutura à pique. Falta à crise um interlocutor social organizado, partidos e sindicatos consequentes, uma mídia progressista de qualidade e disseminada, enfim, idéias e forças que desloquem e ampliem o patamar das respostas sistêmicas requeridas. Foi num aluvião de mobilização social que surgiu um Roosevelt; um Getúlio Vargas; uma Frente Popular na França e a proeminência de forças que ensejaram o New Deal e uma espiral de planejamento público, direitos sociais e coerção saudável das finanças pelo Estado. Juntos, subordinariam os mercados às demandas da sociedade -em maior ou menor graduação, a depender da relação de forças local. Não se pode exigir dos personagens transitórios que cruzam a tela nesse momento mais do que mitigação. Cores e contornos acima de sua palidez terão que ser buscados na palheta progressista, ou nada deterá o rumo funesto dos acontecimentos. Singelo exemplo: em recente entrevista ao jornal Valor, o presidente do sindicato dos metalúrgicos do ABC, Sergio Nobre, lamentou que o PT tenha abandonado a organização de células de base -numa das quais ele despertou para a militancia discutindo política, projetos e lutas. Por quê? Ou ainda: que fim levou o projeto de escola de quadros do PT? Com a palavra, a direção do partido.
(Carta Maior; 4ª feira, 14/09/ 2011)
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