Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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terça-feira, 19 de novembro de 2013

SANTAYANA E BARBOSA: O JÚBILO E A HIPOCRISIA Escândalos que envolvem a Justiça de outros países ou que se arrastam desde a época da aprovação da reeleição — sempre ao abrigo de gavetas amigas


Conversa Afiada reproduz artigo de Mauro Santayana, extraído do JB Online:

O JÚBILO E A HIPOCRISIA



O ministro Joaquim Barbosa escolheu a data de 15 de novembro, Proclamação da República, para ordenar a prisão e a transferência para Brasília, em pleno feriado, e sem carta de sentença, de parte dos réus condenados pela Ação-470.

O simples fato de saber que os “mensaleiros” — como foram batizados pela grande mídia — viajaram algemados e em silêncio; que estão presos em regime fechado, tomando banho com água gelada, e comendo de marmita, encheu de regozijo parte das redes sociais.

É notável o ensandecido júbilo, principalmente nos sites e portais frequentados por certa minoria que se intitula genericamente de “classe média”, e se abriga nas colunas de comentários da mídia mais conservadora.

Parte da população, a menos informada, é levada a comemorar a prisão do grupo detido neste fim de semana como se tratasse de uma verdadeira Queda da Bastilha, com a ida de “políticos” “corruptos” para a cadeia.

Outros, menos ingênuos e mais solertes, saboreiam seu ódio e tripudiam sobre cidadãos condenados sob as sombras do “domínio do fato”, quando sabem muito bem que  dezenas, centenas de corruptos de outros matizes políticos — alguns comprovadamente envolvidos com crimes cometidos anos antes desse processo — continuam soltos, sem nenhuma perspectiva de julgamento.

Esses, para enganar os incautos, já anteveem a queda da democracia. Propõem a formação de grupos de “caça aos corruptos”, desde que esses tenham alguma ligação com o governo. Sugerem que cidadãos se armem. Apelam para intervenções golpistas. Torcem para que os presos de ontem, que estejam doentes morram, ou que sejam agredidos por outros presos. 

Ora, não existe justiça sem isonomia. Já que não se pode exigir equilíbrio e isenção de quem vive de manipular a opinião pública, espera-se que a própria população se manifeste, para que, na pior das hipóteses, o furor condenatório e punitivo de certos juízes caia, com a sutileza de um raio lançado por Zeus, sobre a cabeça de outros pecadores.

Há casos dez, vinte vezes maiores, que precisam ser investigados e julgados. Escândalos que envolvem inclusive a justiça de outros países, milionários e recentes ou que se arrastam desde a época da aprovação do instituto da reeleição — sempre ao abrigo de gavetas amigas, ou sucessivas manobras e protelações, destinadas a distorcer o tempo e a razão, como se estivéssemos em órbita de um buraco negro.

Seria bom, no entanto, que tudo isso se fizesse garantindo o mais amplo direito de defesa, no  exclusivo interesse da Justiça. Ou a justiça se faz de forma equânime, desinteressada, equilibrada, justa, digna e contida, ou não pode ser chamada de Justiça. 


Em tempo: o Bessinha continua intrigado: de onde o Gilmar Dantas (*) foi tirar aquela ideia bizarra de guichês no Supremo ? PHA



Clique aqui para ler “Homem que comprou a reeleição quer Justiça”

E aqui para “Dirceu, Genoino e Delúbio não se humilham”.


(*) Clique aqui para ver como notável colonista da Globo Overseas Investment BV se referiu a Ele. E aqui para vercomo outra notável colonista da GloboNews e da CBN se referia a Ele. O Ataulfo Merval de Paiva (**) preferiu inovar. Cansado do antigo apelido, o imortal colonista (***) decidiu chamá-lo de Gilmar Mentes. Esse Ataulfo é um jenio. O Luiz Fucks que o diga..

(**) Ataulfo de Paiva foi o mais medíocre – até certa altura – dos membros da Academia. A tal ponto que seu sucessor, o romancista José Lins do Rego quebrou a tradição e espinafrou o antecessor, no discurso de posse . Daí, Merval merecer aqui o epíteto honroso de “Ataulfo Merval de Paiva”, por seus notórios méritos jornalísticos,  estilísticos, e acadêmicos, em suma. Registre-se, em sua homenagem, que os filhos de Roberto Marinho perceberam isso e não o fizeram diretor de redação nem do Globo nem da TV Globo. Ofereceram-lhe à Academia.E ao Mino Carta, já que Merval é, provavelmente, o personagem principal de seu romance “O Brasil”.

(***) Não tem nada a ver com cólon. São os colonistas do PiG (****) que combateram na milícia para derrubar o presidente Lula e, depois, a presidenta Dilma. E assim se comportarão sempre que um presidente no Brasil, no mundo e na Galáxia tiver origem no trabalho e, não, no capital. O Mino Carta costuma dizer que o Brasil é o único lugar do mundo em que jornalista chama patrão de colega. É esse pessoal aí.
.

(****) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

As lições de um falso republicanismo

republica_proc


18 de novembro de 2013 | 14:42
Esse comentário, publicado no blog do Nassif, traz alguns argumentos importantes para a construção de uma filosofia de Estado, que contemple soberania popular e respeito à política. Prestem atenção nos argumentos sobre a escolha dos procuradores e ministros do STF, e sobre o exagero das penas impostas a personagens secundários, como Simone Vasconcelos, secretária de Marcos Valério.
A ingenuidade petista e o fator Márcio Thomaz Bastos
sab, 16/11/2013 – 19:34 – Atualizado em 16/11/2013 – 19:59
Por Motta Araujo, no blog do Nassif.
Nenhum governo pode se escusar por ingenuidade no Poder. O PT cometeu erros em sequencia, a fatura desses erros chegou agora no martírio desse processo de Kafka, uma catarse para os réus e uma tragicomédia felliniana pela absurdidade do conjunto da obra, exaltada pela transmissão ao vivo, algo inédito no mundo jurídico do planeta.
1. Nomear um “amigo” sem ideal politico para o Ministério da Justiça, uma pessoa “nefasta”, vocacionada apenas pelo ego, pela vaidade e pelo ambição de ter ligações para inflar seu papel de advogado criminalista mais caro do Pais.
Quando chegou a Ministro disse que “estava adorando ser Ministro”, frase vulgar e frívola, ninguém é Ministro para “adorar” o usufruto do cargo e sim para prestar serviços ao Pais. Depois disse que estava aposentado e não iria mais advogar, disse publicamente. Mal deixou o cargo voltou a advogar até para o Carlinhos Cachoeira e para quem mais lhe pagasse. Depois do estrago que legou para o PT continua desfilando por festas, coquetéis, etc. como se nada houvesse acontecido e como se o mensalão não fosse come ele, que já faturou direta ou indiretamente seus honorários que são estratosféricos.
2. Por ter um Ministro da Justiça sem visão e muito menos estrategia politica, esse personagem essencialmente negativo para o projeto do PT deixou passar frangos inacreditáveis para cargos chaves da governabilidade, dois Procuradores Gerais e três Ministros do STF que só agiram contra o PT, nunca a favor, nem para disfarçar.
Um dos Ministro sem vida pregressa conhecida, cheio de cursos no exterior mas sem experiencia de juiz, de perfil incógnito e sem que alguém conhecesse mesmo superficialmente sua personalidade nebulosa.
Roosevelt nomeou 7 juízes da Suprema Corte de sua absoluta confiança, frequentadores de sua casa de campo em Hyde Park, como Felix Frankfurter. Foi inacreditável Lula nomear Ministros do STF sem que ele nunca tivesse conversado com eles, quer dizer sem ao menos vê-los face a face, o que uma patroa faz até antes de contratar uma cozinheira.
Pior ainda foram os Procuradores Gerais, os maiores carrascos do PT, a manobra de juntar 37 sem foro privilegiado a 3 com foro foi uma rasteira que o PT (a partir do Ministro da Justiça) deixou passar batido. É esse o DNA da condenação. Naquele momento o “”Deus”” (só se for de confraria de vinhos) tinha força politica para impedir essa loucura e não o fez. Mais ainda, depois do Procurador Geral montar a arapuca inda foi reconduzido ao cargo.
Na bissecular democracia americana o Procurador Geral é de ABSOLUTA confiança do Presidente, que pode demiti-lo a qualquer instante, não só ele como qualquer um dos 75 Procuradores Federais. Bush demitiu 8 em um só dia e quando lhe perguntaram porque respondeu “Porque eu quis. Posso nomeá-los e demiti-los”. E ninguém contesta que os EUA são uma democracia, de tal forma solida que elegeu um fulano filho de muçulmano do Kenia e não branco.
3. O PT chegou ao poder em 2003 sem conexões ou relações do meio jurídico. Se tivesse não teria feito essas nomeações sem logica, fiou-se exclusivamente nesse MTB que levou os melhores lideres do PT para um alçapão.
O PT tinha que nomear Procuradores Gerais e Ministros do STF alinhados com o PT, como fazem todos os Presidentes dos Estados Unidos e da França. É prerrogativa de governos preencherem esses cargos com nomes de sua confiança MAS o inefável homem das meias de seda suíças, sua marca registrada (e que recomendou a Lula) inventou uma bobageira de que ele se orgulhava “”o republicanismo” para nomear titulares de cargos-chaves como Diretor da PF, Procuradores e Ministros de Tribunais Superiores, ” ah, eu sou republicano” se gabava enquanto preparava a corda para o PT com o tal republicanismo fajuto de surfadores da “Democracia da Constituição de 88″, aquela que impede o Brasil de ter governabilidade e que saiu dos corredores da OAB( que ele presidiu) em combinação com o MDB.
NÃO EXISTE REPUBLICANISMO, isso é uma falacia. Governo existe para governar, não para escolher gente sem compromisso algum com quem o nomeou, em homenagem de um teórico REPUBLICANISMO, de que se orgulhava esse Zé Colmeia sem noção e que inventou os personagens que crucificaram o PT com prisão de seus maiores lideres.
4. A conta dos erros chegou, com um julgamento-show de péssimo gosto onde poucos se salvam, alguns por papeis de carrascos, outros por omissão e falta de coragem para enfrentar aberrações jurídicas. E o show vai continuar mesmo na execução das penas, a Globo passando horas a fio sobre o embarque dos presos em um avião, uma coisa de virar o estomago pela estupidez e mau gosto, convocando “”professores de direito”” sempre os mesmos dois para falar obviedades, a linha-merval é de sempre demonizar o PT e nunca contestar o absurdo das penas e da destruição de pessoas laterais como Simone Vasconcelos e Katia Rabelo, esta uma frágil bailarina condenada a pena muito pior do que o assassino Pimenta Neves, mas será que ninguém vê o absurdo disso? Qual o imenso perigo que Simone Vasconcelos e Katia Rabelo representam para a sociedade? Katia passou a dirigir o banco pela morte trágica da irmã Junia, que foi estraçalhada pelas pás de um helicóptero, precedida pela morte do pai, Sabino Rabelo, um respeitado empresario. Qual imenso erro ela praticou? Dirigentes dos bancos que provocaram a crise de 2008 não tiveram esse tipo de pena.
Simone é uma funcionaria da agência, nem sócia menor é, condenada a uma pena que nem Stalin daria a um personagem secundário, como passou batido por 11 sumidades do Direito? Traficantes, estupradores, contrabandistas, receptadores de carga, assaltantes a mão armada, não tem penas tão longas, como isso não ressalta aos olhos? Ou será que o meda de enfrentar o bullying forense foi maior? Quando TODOS foram chamados de chicaneiros, porque não individuado o xingamento, porque ficaram todos quietos? Essa questão é muito maior e muito mais grave do que o próprio julgamento do mensalão, em que mãos o PT nos colocou?
E o processo-simbolo vai servir como exemplo para ACABAR COM A CORRUPÇÃO? Aonde? Na Índia? Francamente.
semi

fechado

Luiz-Fux
 O que leva um governo a nomear Luiz Fux?
Fonte: O Cafezinho
Por: Miguel do Rosário

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Globalização, ou “o mundo é dos EUA”

As primárias de Iowa podem dar força ao ultradireitista Rick Santorum
Começam hoje as eleições primárias que não escolher o candidato republicano à Presidência dos Estados Unidos – entre os democratas, a escolha de Obama é óbvia.
E, por mais decepcionante que possam ter sido as atitudes do atual presidente, a alternativa republicana é mil vezes pior.
Hoje, numa expressão crua do que é a economia globalizada, um dos candidatos favoritos, Mitt Roomey, disse que os EUA não ajudariam “nem com um dólar” a Europa a vencer a crise; crise, aliás, que tem suas origens exatamente no sistema bancário americano.
Outro republicano – que pode crescer nas pesquisas com o resultsdo da primeira prévia, hoje, em Iowa – o ultradireitista Rick Santorum começou o ano afirmando que, eleito, bombardearia o Irã.
Decadentes ou não, o fato é que os EUA ainda são o império. E impérios, na decadência, tornam-se pateticamente agressivos.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

‘Saberes’ dos Republicanos-EUA (que chegam, de segunda mão, ao Grupo GAFE – Globo-Abril-Folha-Estadão):Como falar de/sobre/com Occupy Wall Street

1/12/2011, Chris Moody, The Ticket (Opednews) – http://www.opednews.com/populum/linkframe.php?linkid=142167
LEGENDA: Protesters form a wall of signs at the Occupy Portland camp in downtown Portland, Oregon. (AP)

ORLANDO, Fla. – A Associação de Governadores Republicanos reuniu-se essa semana na Florida, num treinamento para dirigentes e quadros de PR (‘relações públicas’ e ‘marketeiros’ em geral) e jornalistas alinhados com o Partido Republicano) que visa a rejuvenescer e tornar ‘estratégicos’ os discursos do grupo. Na sessão plenária da 4ª-feira, contudo, uma questão dominou todos os trabalhos: “Como melhorar os discursos dos Republicanos (e do Grupo GAFE – Globo-Abril-Folha-Estadão, em São Paulo) quando falam de/sobre/com Occupy Wall Street?”

“Estou muito assustado com essa onda, dentro do Partido, contra o movimento Wall Street. Estou morto de medo” – disse Frank Luntz, estrategista e marketeiro Republicano e uma das estrelas, nos EUA, da carpintaria de discursos políticos e de campanha eleitoral, para construir e distribuir mensagens políticas ‘perfeitas’. – “A verdade é que Occupy Wall Street está conseguindo mudar o que o americano médio pensa do capitalismo. Temos de reagir imediatamente”.

Luntz deu algumas ‘dicas’ de como os Republicanos devem discutir as reivindicações dos Ocupantes, para ajudar os governadores e políticos Republicanos e os jornalistas alinhados aos Republicanos a enfrentar questões novas para eles, como “desigualdade”, “exploração” e “injusta distribuição da riqueza de todos”.

Yahoo News assistiu a essa sessão e reuniu 10 ‘dicas’ de “sempre diga” e “jamais diga” sugeridos por Luntz, em sua ‘aula’ de como os Republicanos (e o Grupo GAFE – Globo-Abril-Folha-Estadão, em São Paulo) devem falar, nas discussões de/sobre/com o Movimento Occupy Wall Street.
1. Jamais utilize a palavra “capitalismo”“Estou tentando remover totalmente a palavra “capitalismo” dos discursos do Partido (o Grupo GAFE – Globo-Abril-Folha-Estadão, em São Paulo, teve a mesma ideia!), e substituí-la por “liberdade econômica” ou “livre concorrência” ou “livre mercado” – disse Luntz. “O público aind usa a palavra “capitalismo”, mas, hoje, muitos pensam no capitalismo como coisa imoral. Se os Republicanos (e o Grupo GAFE – Globo-Abril-Folha-Estadão, em São Paulo) passarmos a ser vistos como defensores de Wall Street... teremos problemas eleitorais.”2. Jamais diga que os impostos “taxam os ricos”. Diga que os impostos “sacrificam os ricos”“Se se fala de ‘impostos sacrificam os ricos’, o público responde favoravelmente” – alertou Luntz. – Não digam que os impostos sacrificam os trabalhadores, porque o público discordará de vocês. Mas se disserem que os ricos são sacrificados, o grande público concordará com vocês.” 3. Digam sempre “trabalhadores contribuintes”“Os Republicanos jamais vencerão a disputa, se se puserem contra os “trabalhadores contribuintes”. O público não acreditará, se dissermos que defendemos “a classe média”. Para aumentar nossa vantagem, temos de dizer que defendemos “os trabalhadores contribuintes”.4. Jamais fale de “empregos”. Fale sempre de “carreiras”“Todos, nessa sala, falam de ‘empregos’ – disse Luntz. Em seguida, pediu que todos os que desejassem um “emprego” levantassem a mão. Poucos se manifestaram. Em seguida pediu que levantassem a mão os que desejassem uma “carreira”. Praticamente todos os presentes levantaram a mão. “Estão vendo? Até os desempregados, podendo escolher, preferirão “carreiras” a “empregos”.

5. Não falem de “investimentos do governo”. Digam sempre “dinheiro mal administrado”, “dinheiro mal gasto” ou “desperdício” Jamais digam “investimentos do governo”. A palavra tem de ser, sempre, “gastos”. E o problema é o “desperdício”. O público apoia que o governo invista, mas fica furioso se ouve falar de “gastos” e “desperdício”.6. Jamais diga que você fará “concessões” “Se vocês falam de fazer ‘concessões’, estão dizendo que cederão, que entregarão os pontos. Nossos eleitores não querem nos ver nessa posição. Em vez de dizer que farão ‘concessões’, digam que vocês ‘colaborarão’ para algum acordo. Significa quase a mesma coisa, Mas ‘colaboração’ sugere que você conseguirá o que quer, sem mudar de posição. ‘Fazer uma concessão’ significa que você mudou de posição e abriu mão de princípios.” 7. As duas palavras mais importantes, que se devem repetir o mais possível, em discussões de/sobre/com o Movimento Occupy, são “Entendo perfeitamente” “A fórmula é repetir sempre ‘Entendo perfeitamente...’ (que vocês estejam zangados). ‘Entendo perfeitamente” (que vocês protestem contra a desigualdade). ‘Entendo perfeitamente’ que vocês queiram consertar o sistema.”

Em seguida – ensinou o especialista – “ofereçam soluções do Partido Republicano, uma solução para cada problema”.
8. Palavra proibida: “Empreendedor”; troque-a por “criador de empregos” Fale de “lojistas”, “pequenos comerciantes” e “criadores de empregos, em vez de “empresários”, “empreendedores” e “inovadores”. 9. Não peça “sacrifícios” a ninguém“Não há um norte-americano hoje, em novembro de 2011, que não sinta que já fez todos os sacrifícios possíveis. Se você lhe pedir mais “sacrifícios”, você só o enfurecerá ainda mais. Repita sempre que: “estamos juntos nessas dificuldades. Venceremos juntos ou fracassaremos juntos.” 10. Culpe Washington (Brasília). O governo Obama (Dilma) é culpado de tuuuuuuuuuuudo!Diga ao Movimento Occupy: “Estão perdendo tempo ocupando Wall Street. Vocês deveriam estar ocupando Washington (Brasília). Ocupem a Casa Branca (o Palácio do Planalto), porque as políticas que saem ‘de lá! De lá! De láááá!’ [como guinchava o ex-Bob Jefferson, tambiqueiro ‘ético’, quando trabalhava com o Grupo GAFE – Globo-Abril-Folha-Estadão, para construir a farsa do ‘mensalão’] são a causa de todas as nossas dificuldades.BÔNUS:Nunca mais pronunciem ou escrevam a palavra “bônus”! Luntz aconselhou que sempre que os Republicanos façam pagamentos extras a seus empregados, a título de recompensa de fim de ano (ou a qualquer título), jamais pronunciem a palavra “bônus”. “Se distribuírem bônus aos seus empregados no final do ano, em tempos de graves dificuldades, só conseguirão enfurecer ainda mais o eleitorado. Digam sempre ‘recompensa por desempenho’ ou ‘prêmio por produtividade’.”

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

EUA afundam na crise com impasse no orçamento

Arnaldo Comin - Com Reuters e AFP
Bank of America reviu para baixo previsão de crescimento para 2012, a 2%
Bank of America reviu para baixo previsão de crescimento para 2012, a 2%

Collapse Falta de consenso entre as duas forças políticas do país se agrava em um momento de piora dos indicadores econômicos.
Em clima amargo e cheio de incertezas econômicas, chega nesta quarta-feira (23/11) ao fim o prazo para que a "supercomissão" do Congresso americano encarregada de aprovar um profundo corte de US$ 1,2 trilhão nas despesas públicas ao longo de dez anos chegue a uma solução de consenso.
As negociações entre democratas e republicanos, que atingiram o ápice do confronto na segunda-feira (21/11), na última tentativa frustrada de acordo, deverão obrigar o presidente Barack Obama a aplicar cortes automáticos no orçamento a partir de 2013, trazendo consequências imprevisíveis na corrida eleitoral do ano que vem.
"Eu ficarei muito surpreso se houver um acordo de última hora hoje no Congresso, que está completamente radicalizado", afirmou ao Brasil Econômico o ex-embaixador do Brasil nos Estados Unidos, Rubens Barbosa.
Mais devagar
A falta de consenso entre as duas forças políticas do país se agrava em um momento de piora dos indicadores econômicos dos Estados Unidos.
Na terça-feira (22/11), o governo divulgou o resultado do Produto Interno Bruto do terceiro trimestre, que apresentou alta de 2%, ante a previsão original de 2,5%.
Em reunião na tarde de ontem, os diretores do Fed, o banco central americano, optaram por não estabelecer objetivos formais de crescimento para os próximos meses, em função das incertezas nas variáveis políticas e macroeconômicas.
Em relatório a investidores, o Bank of America elevou sua previsão de crescimento para o quarto trimestre para a economia americana de 3% para 3,3%. Em compensação, reviu para baixo em 0,2 ponto percentual sua previsão de crescimento para 2012, a 2%.
"Tudo vai depender de como a população americana vai reagir a esse cenário de crise política, gastando mais ou menos no Natal", disse ao Brasil Econômico o professor de ciências políticas da Universidade Federal de Brasília (UNB), o americano David Fleischer.
A incerteza, segundo ele, recai no reflexo do racha político do país. "Os republicanos querem prejudicar Obama o máximo que puderem antes da corrida eleitoral, mas o presidente já deixou claro que não cederá às pressões e responderá com cortes automáticos na Defesa, o que pode ser um tiro no pé dos conservadores", diz Fleischer.
De fato, Obama enfrenta agora a difícil tarefa de equilibrar a natureza dos cortes, que superarão os US$ 100 bilhões anuais a partir de 2013.
Do ponto de vista mais imediato, outro fator que pode complicar o cenário dos Estados Unidos é o reflexo nas empresas e outros agentes econômicos em meio a uma taxa persistente de desemprego de 9% e o agravamento da crise na Europa.
"A falta de acordo pode levar a um novo rebaixamento do rating da dívida, o que complica ainda mais a recuperação do país", destaca Barbosa.
Ontem, as agências de classificação de risco não se pronunciaram sobre o fracasso das negociações. Para analistas nos Estados Unidos, a Standard & Poor's, após rebaixar sua nota de AAA para AA+ em agosto, não deve mudar a curto prazo sua posição.
Já a agência Moody's - que no início do mês mudou sua perspectiva de "estável" para "negativa" - seria a mais sensível aos solavancos no Congresso neste momento. A Fitch declarou, antes do fracasso nas negociações de anteontem, que poderia levar a uma revisão para "negativa", mas que só se pronunciaria sobre o assunto no final do mês.
Reflexos políticos
O embate entre democratas e republicanos sobre o orçamento do ano que vem, agora que só um acordo de emergência poderá evitar os cortes automáticos em 2013, torna mais nebuloso o cenário da corrida eleitoral.
Visivelmente contrariado com a recusa dos republicanos em aprovar o fim das isenções fiscais para os mais ricos, Obama tentará se esquivar da culpa pela falta de uma solução para a crise.
Por esse motivo, ainda não enfrentou a oposição direta do movimento de insatisfação popular "Occupy Wall Street", cujos enfrentamentos com a polícia de Nova York têm se agravado nos últimos dias. Mas tampouco demonstrou que é capaz de solucionar esse impasse, sob o risco de ver sua popularidade deteriorar com cortes obrigatórios na área social.
"O que conta a favor para o Obama neste momento é a ausência de um candidato republicanos forte para a Casa Branca", diz Barbosa.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

O PONTO A QUE CHEGAMOS:O MUNDO NAS MÃOS DO TEA PARTY

Os republicanos querem manter Obama sob rédea curta e aprovar uma elevação do endividamento público dos EUA suficiente para mais seis meses à base de pão e água. Depois, negociam mais meia cuia de água. Assim por diante, até Obama chegar às eleições de 2012 como um cachorro velho, mudo e sem dente. Um cão arrastado pelo rabo. Mas a extrema direita do partido, meia centena de membros do Tea Party, acha pouco e entornou o caldo da votação do pacote conservador na Câmara, deixando as finanças do mundo de cabelos em pé. O Tea Party quer recolher Obama/'a gastança' na carrocinha e é já. Um clamor uníssino de vozes  cortou a narrativa dominante do Financial Times ao Globo, qualificando os indômitos seguidores de Sarah Palin de demenciais. É preciso cautela. O  Tea Paty pode ser tudo, mas não é um hospício encastoado na alavanca republicana que embalou Bush, concluiu a desregulação das finanças até o colapso de 2008, dizimou o Iraque, retalhou o Afeganistão e agora incendeia a Líbia, entre outras miudezas do ramo. O neonazista norueguês que encravou balas dum-dum nas vísceras de um pedaço da juventude progressista do seu país tampouco é um demente, como querem rapidamente resolver o caso certos veículos e personagens do conservadorismo urbi et orbi. Tea Patty e Andres Behring Breivik  são um produto refinado da história. De anos --décadas--  de ódios e pregação conservadora contra o Estado, contra a justiça fiscal; contra o pluralismo religioso; contra os valores que orientam a convivência compartilhada. Sobretudo, o princípio da igualdade e da solidariedade que norteia a destinação dos fundos públicos à universalização do amparo aos doentes, à velhice, aos desempregados, aos famintos, aos loosers brancos ou negros, nacionais ou imigrantes. Breivik e o Tea Party assimilaram o cânone.  Se agora escapam ao criador, louve-se a competência da madrassa  neoliberal. Na crise, ambos apenas confirmam a esférica densidade da formação que receberam e investem contra a desordem. Com fé no mercado e o dedo no gatilho.
(Carta Maior; 6º feira, 29/07/ 2011)

terça-feira, 5 de julho de 2011

Fox News foi um projeto secreto da era Nixon, revela site dos EUA

Postado por Vinna Domingo, Julho 03, 2011

A emissora de TV americana Fox News --conhecida pela posição abertamente conservadora--, criada em 1996 pelo estrategista de mídia republicano Roger Ailes como um ponto de vista "juto e equilibrado", já havia sido prevista na década de 70 como uma forma de transmitir matérias "pró-governo", revela o Gawker, um site de notícias sobre mídia dos EUA.

Uma pesquisa encontrou o documento entitulado "Um Plano para colocar o Partido Republicano no noticiário de TV" na Biblioteca Presidencial Richard Nixon.

O memorando faz parte de uma seção com 318 páginas que detalha os esforços de Ailes, considerado um intelectual republicano, junto às administrações de Nixon e de Bush "pai", o ex-presidente George H.W. Bush.



Contratado como consultor, ele ofereceu conselhos e expertise aos dois líderes, nos anos 70 e 90.

De acordo com o Gawker, os arquivos --que incluem notas escritas à mão-- mostram Ailes como um mago da propaganda republicana e um "incansável produtor de TV" que levava em consideração detalhes como a árvore de Natal da Casa Branca. Para ele, a televisão tinha um caráter decisivo na construção da narrativa política, diz o site.

"Ele frequentemente lançava ideias sobre a realização de eventos fabricados e estratégias para manipular a grande mídia para coberturas favoráveis, e usava seus contatos nas emissoras para evitar a ocorrência de narrativas ameaçadoras", afirma o Gawker.

Ailes chegou a montar a Television News Incorporated (TVN) no início da década de 70 como uma emissora abertamente republicana, que, embora tenha durado menos de cinco anos, serviu de embrião para o que anos mais tarde seria a Fox News.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Republicanos declaram guerra à radiodifusão pública nos EUA


Agora que os republicanos têm a maioria na Câmara de Representantes, uma das primeiras medidas que tomaram foi reduzir a zero o atual financiamento da Corporação de Radiodifusão Pública. Como se isso não bastasse, um deputado republicano apresentou um projeto de lei para acabar definitivamente com o financiamento à radiodifusão pública. Nas regiões rurais dos EUA e nas reservas indígenas norte-americanas, as emissoras comunitárias de rádio dependem de 25 a 50% dos fundos públicos para o seu funcionamento. O artigo é de Amy Goodman.

O bosque de álamos de Kebler Pass, estado do Colorado, nos Estados Unidos, é um dos maiores organismos vivos do mundo. Milhares de álamos compartilham o mesmo sistema de raízes interconectadas. No fim de semana passado, atravessei o caminho de Kebler Pass, que está a três mil metros de altura, numa moto de neve. Fiz o percurso entre as localidades de Paonia e Crested Butte. Realizei uma viagem relâmpago ao Colorado para ajudar as rádios comunitárias a arrecadarem fundos, razão pela qual assisti a nove eventos beneficentes em apenas dois dias. O diretor de programação da emissora de rádio comunitária KVNF de Paonia deixou-nos onde começa o caminho. Ali nos recolheu o diretor de programação da rádio comunitária KBUT de Crested Butte e, junto com um grupo de DJs da emissora, percorremos rapidamente em motos de neve os 50 quilômetros de caminho que há entre as duas localidades.

Agora que os republicanos têm a maioria na Câmara de Representantes, uma das primeiras medidas que tomaram foi reduzir a zero o atual financiamento da Corporação de Radiodifusão Pública (CPB, na sigla em inglês). Mesmo assim, o deputado Doug Lamborn, de Colorado Springs, apresentou um projeto de lei para tirar em definitivo o financiamento à CPB. Lamborn disse a NPR, emissora de rádio pública do país: "Vivemos numa realidade em que há 150 canais de cabo. Pode dizer-se que 99% dos norte-americanos têm televisão. Temos Internet nos nossos telefones celulares. Estamos numa época em que já não é necessário subsidiar a radiodifusão".

Mas a radiodifusão pública e comunitária estabeleceu-se precisamente sob os perigos dos meios comerciais. Quando falamos da guerra, precisamos de meios de comunicação que não estejam ligados aos fabricantes de armas. Quando falamos da reforma do sistema de saúde, precisamos de meios que não sejam patrocinados por empresas de seguros de saúde ou por grandes farmacêuticas.

Numa declaração realizada na semana passada no Senado, a Secretária de Estado Hillary Clinton criticou duramente os meios de comunicação comerciais. Disse: "A audiência da Al Jazeera está aumentando nos Estados Unidos porque transmite notícias reais. Pode ser que alguém não esteja de acordo com elas, mas este alguém sente que está recebendo notícias reais todo o dia no lugar de um milhão de comerciais e, vocês sabem, discussões entre charlatães e o tipo de coisas que fazemos nos nossos noticiários, algo que não é particularmente informativo para nós e muito menos para os estrangeiros".

Clinton pediu mais financiamento para os órgãos de propaganda do governo dos Estados Unidos no estrangeiro, como o Voice of America, a Rádio Martí e o canal de televisão Al-Hurra, produzido em árabe no estado de Virginia e transmitido para os países do Médio Oriente. Está previsto que esse braço do Departamento de Estado receba 769 milhões de dólares, quase o dobro de recursos que a Corporação de Radiodifusão Pública recebia. O sistema midiático das forças armadas dos Estados Unidos tem um orçamento anual que supera 150 milhões de dólares e distribui programação de entretenimento às bases no estrangeiro e conteúdo propagandístico durante 24 horas através da sua plataforma de televisão, o Canal do Pentágono.

Clinton acrescentou: “Assistimos a uma guerra da informação. Já sabem, durante a Guerra Fria, saímo-nos muito bem ao transmitir a mensagem dos Estados Unidos pelo mundo fora. Depois da queda do Muro de Berlim dissemos: ‘Está bem. Já é suficiente. Nós conseguimos. Terminamos nossa tarefa’. E lamentavelmente estamos a pagar um preço muito alto por isso. Os nossos meios privados não podem ocupar esse vazio”.

Se por um lado o diagnóstico de Clinton sobre as falhas dos meios comerciais norte-americanos é correto, por outro, a sua resposta é equivocada. Precisamos de mais notícias genuínas e menos propaganda. O professor Robert McChesney, especialista em estudos dos meios de comunicação de massa, concorda com a afirmação. Disse-me: "O que se tem de fazer é tomar boa parte desses 769 milhões de dólares, agregá-la ao que se está a gastar atualmente nos Estados Unidos e criar um sistema de radiodifusão público e comunitário que seja realmente dinâmico, forte e competitivo, que trate o governo dos Estados Unidos da mesma forma que trata qualquer outro governo, que tenha o mesmo padrão de jornalismo, e depois o transmita ao mundo, e faça isso completamente acessível ao mundo. Acho que isso mostraria o melhor dos Estados Unidos. E essa seria uma voz que teria uma grande atração para as pessoas de todo o planeta que estão sedentas de liberdade e democracia. Reforçaria também a posição dos Estados Unidos no mundo mais do que qualquer outra coisa".

Na zona rural do Colorado, nas regiões rurais de todo o país e nas reservas indígenas norte-americanas, as emissoras comunitárias de rádio dependem de 25 a 50% dos fundos da CPB para o seu funcionamento. No evento beneficente em Paonia, que foi um sucesso de público, a Diretora Geral da emissora KVNF, Sally Kane, explicou a crise: "A Lei de Comunicações de 1934 reserva só um pequeno espectro dos sinais de rádio para que sirvam ao interesse público e estejam livres de influência comercial. Este serviço público é essencial para a população rural dos Estados Unidos. Paradoxalmente, são as emissoras de rádio rurais as que sofrerão as consequências de modo desproporcional caso o financiamento acabe. Novamente, trata-se de cortar os serviços de quem mais precisa, enquanto se protege grupos que podem pagar um pelotão de lobistas para defenderem os seus interesses. Eu recuso-me a imaginar a minha região sem a minha rádio comunitária".

A resposta foi a mesma em todas as paradas do percurso: Idaho Springs, Carbondale, Panoia, Crested Butte, Monarch Pass, Salida (o limite ocidental do distrito do congressista Lamborn), Tellkuride, Rico e por último Durango. Nos salões dos municípios, auditórios e teatros lotados, a paixão dos habitantes locais pelas suas emissoras de rádio demonstra que, igual aos álamos das Montanhas Rochosas, estas pequenas emissoras de rádio são resistentes, fortes e estão profundamente enraizadas nas suas comunidades. O seu financiamento é um investimento que deve ser mantido.

(*) Denis Moynihan colaborou na produção jornalística desta coluna. 

(**) Texto en inglês traduzido para espanhol por Mercedes Camps, editado por Gabriela Díaz Cortez y Democracy Now! Traduzido de espanhol para português por Rafael Cavalcanti Barreto, revisto por Bruno Lima Rocha. Publicado pelo portal Estratégia & Análise.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

O nível de corrupção política nos Estados Unidos é assombroso




A luta de classes política nos Estados Unidos
O nível de corrupção política nos Estados Unidos é assombroso. Agora tudo gira em torno do dinheiro para as campanhas eleitorais que se tornaram incrivelmente caras. As eleições da metade do mandato tiveram um custo estimado de US$ 4,5 bilhões, e a maior parte desse dinheiro veio de grandes empresas e contribuintes ricos. Estas forças poderosas, muitas das quais operando de forma anônima sob as leis dos EUA, trabalham sem descanso para defender aqueles que se encontram no topo da pirâmide da riqueza. 
O artigo é de Jeffrey Sachs.
Os Estados Unidos estão em rota de colisão consigo mesmo. O acordo firmado em dezembro entre o presidente Barack Obama e os republicanos no Congresso para manter os cortes de impostos iniciados há uma década pelo presidente George W. Bush está sendo saudado como o começo de um novo consenso bipartidário. Creio, ao contrário, que é uma falsa trégua naquilo que será uma batalha campal pela alma da política estadunidense.

Do mesmo modo que ocorre em muitos países, os conflitos sobre a moral pública e a estratégia nacional se reduzem a questões envolvendo dinheiro. Nos Estados Unidos, isso é mais certo do que nunca. O país tem um déficit orçamentário anual ao redor de US$ 1 trilhão, que pode aumentar ainda mais como resultado de um novo acordo tributário. Esse nível de endividamento anual é demasiadamente alto. É preciso reduzi-lo, mas como?

O problema é a política corrupta e a perda de moral cívica dos EUA. Um partido político, o Republicano, aposta em pouco mais do que reduzir os impostos, objetivo que coloca acima de qualquer outro. Os democratas têm um leque mais amplo de interesses, como o apoio ao serviço de saúde, a educação, a formação e a infraestrutura. Mas, como os republicanos, também estão interessados em presentear com profusão cortes de impostos para seus grandes contribuintes de campanha, entre os quais predominam os estadunidenses ricos.

O resultado é um paradoxo perigoso. O déficit orçamentário dos EUA é enorme e insustentável. Os pobres são espremidos pelos cortes nos programas sociais e um mercado de trabalho fraco. Um em cada oito estadunidenses depende de cartões de alimentação para comer. No entanto, apesar deste quadro, um partido político quer acabar com as receitas tributárias por completo, e o outro se vê arrastado facilmente, contra seus melhores instintos, na tentativa de manter contentes seus contribuintes ricos.

Este frenesi de cortes de impostos vem, incrivelmente, depois de três décadas de um regime tributário de elite nos EUA, que favoreceu os ricos e poderosos. Desde que Ronald Reagan assumiu a presidência em 1981, o sistema orçamentário dos Estados Unidos se orientou para apoiar a acumulação de uma imensa riqueza no topo da pirâmide da distribuição de renda. Surpreendentemente, o 1% mais rico dos lares estadunidenses tem agora um valor mais alto que o dos 90% que estão abaixo. A receita anual dos 12 mil lares mais ricos é maior que o dos 24 milhões de lares mais pobres.

O verdadeiro jogo do Partido Republicano é tratar de fixar em seu lugar essa vantagem de receitas e riquezas. Temem, corretamente, que cedo ou tarde todo o mundo comece a exigir que o déficit orçamentário seja atacado, em parte, elevando os impostos para os ricos. Depois de tudo o que ocorreu, os ricos vivem melhor do que nunca, enquanto que o resto da sociedade estadunidense está sofrendo. Tem todo sentido aplicar mais impostos aos mais ricos.

Os republicanos se propõem a evitar isso a qualquer custo. Até aqui tiveram êxito. Mas querem fazer com que sua vitória tática – que propõe o reestabelecimento das taxas tributárias anteriores a Bush por dois anos – seja seguida por uma vitória de longo prazo na próxima primavera. Seus líderes no Congresso já estão dizendo que vão cortar o gasto público a fim de começar a reduzir o déficit.

Ironicamente, há um âmbito onde certamente se justifica fazer grandes cortes orçamentários: as forças armadas. Mas esse é o tema que a maioria dos republicanos não vai tocar. Querem cortar o orçamento não mediante o fim da inútil guerra no Afeganistão e a eliminação dos sistemas de armas desnecessários, mas sim cortando recursos da educação, da saúde e de outros benefícios da classe pobre e trabalhadora.

Ao final, não creio que o consigam. No momento, a maioria dos estadunidenses parece estar de acordo com os argumentos republicanos de que é melhor diminuir o déficit orçamentário mediante cortes de gastos ao invés de aumento de impostos. No entanto, quando chegar a hora de fazer propostas orçamentárias reais, haverá uma reação cada vez maior.

Prevejo que, empurrados contra a parede, os estadunidenses pobres e da classe trabalhadora começarão a se manifestar por justiça social.
Isso pode levar tempo. O nível de corrupção política nos Estados Unidos é assombroso. Agora tudo gira em torno do dinheiro para as campanhas eleitorais que se tornaram incrivelmente caras. As eleições da metade do mandato tiveram um custo estimado de US$ 4,5 bilhões, e a maior parte desse dinheiro veio de grandes empresas e contribuintes ricos. Estas forças poderosas, muitas das quais operando de forma anônima sob as leis dos EUA, trabalham sem descanso para defender aqueles que se encontram no topo da pirâmide da riqueza.

Mas não nos equivoquemos: ambos partidos estão implicados. Já se fala que Obama vai arrecadar US$ 1 bilhão ou mais para sua campanha de reeleição. Esta soma não virá dos pobres.

O problema para os ricos é que, tirando os gastos militares, não há mais espaço para cortar o orçamento do que em áreas de apoio básico para a classe pobre e trabalhadora. Os EUA realmente vão cortar os auxílios de saúde e as aposentadorias? O orçamento será equilibrado reduzindo-se o gasto em educação, no momento que os estudantes dos EUA já estão sendo superados por seus colegas da Ásia? Os EUA vão, de fato, permitir que sua infraestrutura pública siga se deteriorando? Os ricos tratarão de impulsionar esse programa, mas ao final fracassarão.

Obama chegou a poder com a promessa de mudança. Até agora não fez nenhuma. Seu governo está cheio de banqueiros de Wall Street. Seus altos funcionários acabam indo se unir aos bancos, como fez recentemente seu diretor de orçamento, Peter Orszag. Está sempre disposto a atender os interesses dos ricos e poderosos, sem traçar uma linha na areia, sem limites ao “toma lá, dá cá”.

Se isso seguir assim, surgirá um terceiro partido, comprometido com a limpeza da política estadunidense e a restauração de uma medida de decência e justiça. Isso também levará um tempo. O sistema político está profundamente ligado aos dois partidos no poder. No entanto, o tempo da mudança virá. Os republicanos acreditam que têm a vantagem e podem seguir pervertendo o sistema para favorecer os ricos. Creio que os acontecimentos futuros demonstrarão o quanto estão equivocados.

(*) Jeffrey Sachs é professor de Economia e Diretor do Earth Institute da Universidade de Columbia. Também é assessor especial do secretário geral das Nações Unidas sobre as Metas de Desenvolvimento do Milênio.

Traduzido do inglês para www.project-syndicate.org por David Meléndes Tormen.

Tradução para Carta Maior: Katarina Peixoto

http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=17290&boletim_id=801&componente_id=13256

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

OBAMA SOB FOGO INTENSO

Começa na próxima semana o embate entre a maioria republicana do Congresso e o governo Barack Obama. Os republicanos assumiram o comando da Câmara ontem e chegaram dispostos, nas suas palavras, ' a desfazer tudo o que Obama fez nos últimos anos, a começar pela reforma do sistema de saúde, alvo da ofensiva neoconservadora a partir da próxima 2º feira. Muitos dos 242 congressistas republicanos (os democratas somam 193 cadeiras) inspiram-se nos preceitos do rastejante conservadorismo vocalizado pelo Tea Party. Para esse núcleo duro da direita norte-americana, Obama é comunista e seu governo está suprimindo o espaço de livre arbítrio dos cidadãos da  América. Por exemplo, ao propugnar que todos tem direito a um serviço de assistência de saúde e que o conjunto da sociedade, sobretudo os endinheirados, devem bancar o acesso dos mais pobres a essa prerrogativa. A repulsa anti-social dos neocons gringos lembra o comportamento de uma certa coalizão política  em relação aos programas sociais do governo Lula. Puro ódio de classe
(Carta Maior; Quinta-feira, 06/01/2011)