Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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sexta-feira, 29 de julho de 2011

Breivik ‘mora’ em Higienópolis e odeia ‘gente diferenciada’


Além da diferença óbvia quanto a métodos, alguém sabe explicar a diferença ideológica entre o terrorista norueguês Anders Behring Breivik e os três mil moradores do bairro paulistano de Higienópolis que não querem dividir espaços públicos do seu bairro – que bem poderia ser um Estado ou um país – com “gente diferenciada”?
Tenho visto pessoas que reconheceram o “direito” dos moradores do bairro paulistano de não quererem pessoas “diferenciadas” onde vivem criticarem Breivik por exigir o mesmo “direito”. No fundo, portanto, é tudo a mesma coisa: o incômodo com pessoas de outras etnias, de outros credos, nascidas em outras partes, é o mesmo.
Ah, mas alguém dirá que Breivik é racista porque criticou a miscigenação no Brasil. É mesmo, é? Então ele é diferente, por exemplo, dos paulistanos de classe média alta – e, sobretudo, dos ricos – dos bairros nobres de São Paulo que chamam nordestinos (negros e mestiços) de “baianos” e que os dizem “raça indolente e burra”?
Alguém aqui tem a coragem de negar que, durante a vida, conheceu várias pessoas do Sul e do Sudeste do Brasil – não só, mas principalmente – que chegam a pregar que não se dê emprego a “baianos” ou “paraíbas” porque pessoas que cabem nesse preconceito não seriam confiáveis, não teriam inteligência ou não gostariam de trabalhar?
Cena meio recente: durante comemoração do aniversário de uma moça de classe média em um amplo apartamento de um bairro nobre de São Paulo, grupo de sete pessoas (três homens e duas mulheres de meia idade, uma jovem e uma mulher idosa) conversam sobre separatismo. Isso mesmo: querem separar o Estado do resto do país.
A garota diz que não suporta “baianada”, ao que os mais velhos aderem. “Baianada” seriam os costumes de qualquer nordestino descendente de negros, sobretudo se tiver sotaque pronunciado. Fala-se da cultura (música, forma de se comunicar, gosto por roupas), mas não só. Sobretudo, falam sobre degenerescência genética.
Faça um teste: procure se lembrar de onde já leu ou ouviu “idéias” como a do extremista norueguês de direita Anders Breivik sobre etnias (cor da pele e traços físicos) ou sobre a cultura de outro povo.
Reflita: o demente europeu, ao dizer que a “mistura de raças” no Brasil é responsável pela nossa suposta “falta de coesão interna”, mentiu? Não é verdade que setores da sociedade brasileira não aceitam conviver ou sequer dar emprego a “baianos”, a “paraíbas” ou a “veados”?
Qual é a diferença entre Breivik e a deputada carioca Myriam Rios, que exibiu outra das características do congênere ideológico europeu, a homofobia, pregando que se neguem empregos a homossexuais? Quantas pessoas por aqui, da mesma forma que Breivik, concordaram, sobretudo na internet, com o “perigo gay” dito pela deputada?
Não é verdade que há falta de coesão no Brasil entre a etnia indo-européia, de um lado, e, por exemplo, a afro-brasileira de outro lado? Não é verdade que há uma intolerância aberta e assumida à orientação homossexual igualzinha à de Breivik?
Sim, resta a diferença de que a maioria desses setores da sociedade brasileira não transforma seus preconceitos contra “gente diferenciada” em ações violentas. Todavia, a maioria não é o todo, ou seja, há uma minoria capaz de ações como a do terrorista noruguês, no Brasil. E, apesar de ainda agir em baixa escala, age.
É provável que alguém como o psicopata norueguês que viva em Higienópolis e odeie “gente diferenciada” tenha assinado o manifesto dos moradores do bairro pedindo que o Estado não construísse uma estação de metrô ali para não atrair esse tipo de gente. Será então que Breivik mentiu sobre falta de coesão interna no Brasil?
Ele apenas constatou o preconceito de setor minoritário da sociedade brasileira que separa etnias e culturas, pois todos sabem onde negros, homossexuais e nordestinos não entram.  A solução é a lei ser dura com pessoas como aqueles três mil moradores de Higienópolis que, como Breivik, odeiam “gente diferenciada”.

O PONTO A QUE CHEGAMOS:O MUNDO NAS MÃOS DO TEA PARTY

Os republicanos querem manter Obama sob rédea curta e aprovar uma elevação do endividamento público dos EUA suficiente para mais seis meses à base de pão e água. Depois, negociam mais meia cuia de água. Assim por diante, até Obama chegar às eleições de 2012 como um cachorro velho, mudo e sem dente. Um cão arrastado pelo rabo. Mas a extrema direita do partido, meia centena de membros do Tea Party, acha pouco e entornou o caldo da votação do pacote conservador na Câmara, deixando as finanças do mundo de cabelos em pé. O Tea Party quer recolher Obama/'a gastança' na carrocinha e é já. Um clamor uníssino de vozes  cortou a narrativa dominante do Financial Times ao Globo, qualificando os indômitos seguidores de Sarah Palin de demenciais. É preciso cautela. O  Tea Paty pode ser tudo, mas não é um hospício encastoado na alavanca republicana que embalou Bush, concluiu a desregulação das finanças até o colapso de 2008, dizimou o Iraque, retalhou o Afeganistão e agora incendeia a Líbia, entre outras miudezas do ramo. O neonazista norueguês que encravou balas dum-dum nas vísceras de um pedaço da juventude progressista do seu país tampouco é um demente, como querem rapidamente resolver o caso certos veículos e personagens do conservadorismo urbi et orbi. Tea Patty e Andres Behring Breivik  são um produto refinado da história. De anos --décadas--  de ódios e pregação conservadora contra o Estado, contra a justiça fiscal; contra o pluralismo religioso; contra os valores que orientam a convivência compartilhada. Sobretudo, o princípio da igualdade e da solidariedade que norteia a destinação dos fundos públicos à universalização do amparo aos doentes, à velhice, aos desempregados, aos famintos, aos loosers brancos ou negros, nacionais ou imigrantes. Breivik e o Tea Party assimilaram o cânone.  Se agora escapam ao criador, louve-se a competência da madrassa  neoliberal. Na crise, ambos apenas confirmam a esférica densidade da formação que receberam e investem contra a desordem. Com fé no mercado e o dedo no gatilho.
(Carta Maior; 6º feira, 29/07/ 2011)

quarta-feira, 27 de julho de 2011

O nazista norueguês e os racistas nativos

O neonazista Anders Behring Breivik, que já confessou à polícia ter recebido a ajuda de “outras células” terroristas nos atentados na Noruega, pode virar um herói dos racistas brasileiros. No manifesto publicado na internet poucas horas antes da ação criminosa, o direitista cita o Brasil, fazendo duras críticas à miscigenação racial existente no país.
A miscigenação no Brasil
No texto “Declaração Européia de Independência”, com 1.500 páginas, ele condena a pretensa “revolução marxista” no Brasil, que teria resultado na mistura de povos europeus, africanos e asiáticos. Na sua visão racista, esta mistura seria culpada pelos “altos níveis de corrupção, falta de produtividade e em um conflito eterno entre várias culturas”.
O neonazista também condena a existência de “mulatos e mestiços” no Brasil, afirmando que eles são “subtribos”. Os bárbaros atentados em Oslo e na ilha de Utoeya, que causaram 76 mortes (número oficial), objetivariam evitar esta miscigenação na Noruega. “É evidente que um modelo semelhante na Europa seria devastador”, concluiu o direitista.
A força do preconceito
Apesar de a mídia relativizar a ação criminosa do extremista, tratando-o como um maluco – como insinua a Folha no seu editorial de hoje –, as suas idéias têm força em vários países. Na Noruega, o Partido do Progresso, organização de extrema direita da qual o assassino foi militante, obteve 614 mil votos (23% do total) nas eleições de 2009. Nos EUA, os racistas estão presentes no Tea Party, a extrema-direita do Partido Republicano, que prega o ódio aos imigrantes.
Mesmo no Brasil, Anders Breivik tem os seus adeptos. Há grupos fascistas históricos, como a TFP e a seita Opus Dei, e também setores mais recentes, que ficaram indignados com as políticas distributivas do governo Lula. A campanha presidencial do ano passado confirmou a existência destes segmentos preconceituosos, racistas e homofóbicos.
Serra, a mídia e o ódio
Incentivados pelo discurso direitista do tucano José Serra, eles vieram à tona. Na internet, jovens da chamada classe média pregaram o ódio racial. “Mate um nordestino”, foi uma das mensagens mais difundidas pelas redes sociais. No período da eleição, várias agressões homofóbicas ocorreram na Avenida Paulista e outras partes da capital.
O preconceito também está presente na mídia burguesa. É só lembrar as declarações racistas de Boris Casoy, âncora da TV Bandeirantes, contra os garis; ou as bravatas elitistas do ex-comentarista da RBS, filial da TV Globo, contra o consumo de carros pelos “pobres”. Nos jornalões, nas rádios e TVs, as visões direitistas são totalmente hegemônicas.
"O terrorismo de cada dia"
Como aponta Luciano Martins Costa, no comentário “A mídia e o terrorismo de cada dia”, postado no Observatório da Imprensa, as sandices do direitista norueguês infelizmente “freqüentam o ambiente midiático” no Brasil. “Não são raros os articulistas e até mesmo editorialistas que acreditam em teses de supremacia racial”.
“Na mídia do sul do Brasil proliferam apresentadores de rádio e TV, colunistas e outros jornalistas que costumam debitar as históricas carências nacionais ao que consideram como o ‘peso’ do Nordeste. Mesmo com os altos índices de desenvolvimento das regiões Norte e Nordeste, registrados nos últimos anos, o mote preconceituoso ainda acompanha, explicitamente ou de maneira velada, comentários sobre corrupção, violência e deficiência educacional”.
Como atento observador da mídia nativa, Luciano se mostra preocupado com o avanço das idéias racistas no país:
“Com a conivência da imprensa – que continua cedendo espaço ao que há de mais conservador por aí – a reiteração de raciocínios tortos contribui para desvalorizar a diversidade cultural e racial e estimular o preconceito... Um ato terrorista como o que atingiu a Noruega sempre produz reações de choque, mas o noticiário e o opiniário do dia a dia dissimulam o fato de que a intolerância amadurece até o ponto da explosão por meio da repetição de conceitos anti-humanitários através da mídia”.
Altamiro Borges

Qual é a diferença entre a imprensa internacional e a brasileira?

É curioso comparar alguns dos sites de notícias mais importantes do planeta com os principais aqui do Tupiniquim. Fiz isto domingo de manhã: 24 horas depois da Amy morrer; 48 horas depois do ataque terrorista na Noruega. A maior parte deles noticiava ambos os fatos. Mas enquanto os internacionais davam destaque para o assassinato das 92 pessoas, os brasileiros só falavam da falecida britânica, da homenagem dos artistas no Twitter, e outras coisas do tipo.
É pra pensar, não? É como se os veículos do mundo estivessem nos dizendo: É triste que uma inglesa morreu, mas não é um fato mais importante do que 92 outras mortes.
 
Veículos internacionais:
 
Veículos nacionais:
Saulo Mileti
By: B9

sábado, 23 de julho de 2011

Neonazistas suspeitos dos atentados na Noruega


A polícia já excluiu a hipótese de terrorismo internacional e estabeleceu a ligação entre o suspeito preso, um norueguês, e os dois ataques que provocaram pelo menos 16 mortos e muitos feridos graves. Nesta sexta à tarde, uma bomba explodiu junto à sede do governo em Oslo, fazendo sete mortos e nove feridos graves. Pouco depois, pelo menos um atirador semeou o pânico a poucos quilômetros da capital, no acampamento dos jovens do partido trabalhista, com nove mortos confirmados ao princípio da noite.

O suspeito dos ataques claramente dirigidos politicamente é norueguês e segundo a polícia terá ligações a um "meio circunscrito adversário do sistema político", a terminologia usada para referências aos movimentos neonazis e de extrema-direita.

Esta sexta à tarde, uma bomba explodiu junto à sede do governo em Oslo, fazendo sete mortos e nove feridos graves. Pouco depois, pelo menos um atirador semeou o pânico a poucos quilômetros da capital, no acampamento dos jovens do partido trabalhista, com nove mortos confirmados ao princípio da noite. No local do acampamento foram também encontrados explosivos por detonar.

A polícia norueguesa prendeu um suspeito do ataque ao acampamento desta se e diz já ter estabelecido uma ligação entre os dois ataques. O suspeito é norueguês, o que afasta a hipótese de um atentado com origem internacional.

O edifício do governo ficou muito destruído quando uma ou mais bombas explodiram por volta das 15h30 locais. O primeiro-ministro trabalhista Jens Stoltenberg não se encontrava no local e veio mais tarde classificar a situação de "muito grave".

A vinte quilômetros da capital, realizava-se o acampamento dos jovens do partido trabalhista, quando um atirador disparou sobre os presentes.

AS DIMENSÕES CATASTRÓFICAS DO MASSACRE NA NORUEGA E O IMPÉRIO DO PRECONCEITO


A primeira reação da chamada grande imprensa diante dos atentados de dimensões catastróficas ocorridos em Oslo, em que morreram cerca de 80 pessoas, foi relacionar sua autoria a grupos terroristas islâmicos. O 'New Yok Times' chegou a divulgar um texto atribuído a um desses grupos,  que confirmava a autoria dos massacres. A informação foi rapidamente replicada em todo o mundo, sem qualquer investigação empírica, como algo dotado de uma lógica  autoexplicativa. Era falso. Tudo isso aconteceu antes que o próprio governo noruegues fornecesse uma pista para elucidar as motivações dos atentados. Quando se pronunciou, foi para advertir  que as maiores suspeitas recaíam sobre grupos noruegueses de extrema direita sediados em Oslo, onde acontece a festa anual de entrega do Prêmio Nobel da Paz. O enredo não fazia sentido. Na pauta esfericamente blindada da narrativa dominante  quase não há espaço para interações entre extrema direita política e violência terrorista. Uma precipitação em circunstancias como essa envolve o risco, nada desprezível, de desencadear represálias violentas contra comunidades etnicas e religiosas em diferentes pontos do planeta. É inevitável lembrar que a manipulação do medo e do ódio nos EUA, através de mídias como a Fox News, de Rupert  Murdoch, após o repulsivo atentado de 11 de Setembro, pavimentou o caminho de uma guerra desordenada em busca de 'armas e destruição em massa', de resto nunca encontradas. Sobretudo em situações extremas, a pluralidade da informação de alcance isonômico mostra-se uma salvaguarda indispensável da democracia contra a manipulação do medo e da dor pelo império do preconceito.
(Carta Maior; Sábado, 23/07/ 2011)

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Liu Xiaobo merece o prêmio Nobel da Paz?



O governo chinês cometeu a bobagem de transformar Liu Xiaobo em mártir Ele nunca deveria ter sido preso, mas os políticos que compõem o comitê do Nobel, liderados por Thorbjorn Jagland, ex-primeiro ministro trabalhista, quiseram dar uma lição a China e, para isso, fecharam os olhos para os pontos de vista de seu herói. En tre outras coisas, Xiaobo defende as guerras da Coréia, do Vietnã e do Iraque e sustenta que a tragédia da China é não ter sido colonizada ao menos durante 300 anos por uma potência ocidentral ou pelo Japão. O artigo é de Tariq Ali.
O vencedor do prêmio Nobel da Paz de 2010 intensificou a guerra no Afeganistão poucas semanas depois de receber a honraria. O prêmio surpreendeu ao próprio Obama. Este ano o governo chinês cometeu a bobagem de transformar em mártir o ex-presidente do Independent Chinese PEN Centre e neocon Liu Xiaobo. Ele nunca deveria ter sido preso, mas os políticos noruegueses que compõem o comitê, liderados por Thorbjorn Jagland, ex-primeiro ministro trabalhista, quiseram dar uma lição a China e, para isso, fecharam os olhos para os pontos de vista de seu herói.

Ou talvez não tenham feito exatamente isso, uma vez que suas perspectivas não são muito diferentes. O comitê pensou em conceder a Bush e Blair o prêmio da paz conjunto por invadir o Iraque, mas o protesto público obrigou a que desistissem da ideia.

Para constar, registre-se que Liu Xiaobo declarou publicamente que, na sua opinião:

(a) A tragédia da China é não ter sido colonizada ao menos durante 300 anos por uma potência ocidental ou pelo Japão. Aparentemente isso teria civilizado a China para sempre;

(b) As guerras da Coréia e do Vietnã empreendidas pelos Estados Unidos foram guerras contra o totalitarismo e aumentaram a "credibilidade moral" de Washington;

(c) Bush fez bem em ir à guerra no Iraque, e as críticas do senador Kerry eram "propagadoras de calúnias";

(d) Afeganistão? Aqui não há nenhuma surpresa: apoio completo à guerra da OTAN.

Ele tem todo o direito a ter essas opiniões, mas, considerando as mesmas, deveria receber um prêmio da Paz?

O jurista norueguês Fredrik Heffermehl disse que o comitê infringe a vontade e o testamento deixados pelo inventor da dinamite, cuja fortuna financia os fundos para os prêmios:

"O comitê do Nobel não recebeu o dinheiro do prêmio para uso livre, mas sim foi encarregado de outorgá-lo a um elemento fundamental no processo de paz, rompendo o círculo vicioso da corrida armamentista e dos jogos do poder militar. Deste ponto de vista, o Nobel de 2010 é d enovo um prêmio ilegítimo outorgado por um comitê ilegítimo".

(*) Tariq Ali é jornalista, escritor e membro do conselho editorial de Sin Permiso. Seu último livro publicado é "The Protocols of the Elders of Sodom: And Other Essays", publicado pela editora Verso de Londres. Tradução para
http://www.sinpermiso.info/: Daniel Raventós. Tradução do espanhol para o português: Katarina Peixoto.