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quarta-feira, 23 de novembro de 2011

EUA afundam na crise com impasse no orçamento

Arnaldo Comin - Com Reuters e AFP
Bank of America reviu para baixo previsão de crescimento para 2012, a 2%
Bank of America reviu para baixo previsão de crescimento para 2012, a 2%

Collapse Falta de consenso entre as duas forças políticas do país se agrava em um momento de piora dos indicadores econômicos.
Em clima amargo e cheio de incertezas econômicas, chega nesta quarta-feira (23/11) ao fim o prazo para que a "supercomissão" do Congresso americano encarregada de aprovar um profundo corte de US$ 1,2 trilhão nas despesas públicas ao longo de dez anos chegue a uma solução de consenso.
As negociações entre democratas e republicanos, que atingiram o ápice do confronto na segunda-feira (21/11), na última tentativa frustrada de acordo, deverão obrigar o presidente Barack Obama a aplicar cortes automáticos no orçamento a partir de 2013, trazendo consequências imprevisíveis na corrida eleitoral do ano que vem.
"Eu ficarei muito surpreso se houver um acordo de última hora hoje no Congresso, que está completamente radicalizado", afirmou ao Brasil Econômico o ex-embaixador do Brasil nos Estados Unidos, Rubens Barbosa.
Mais devagar
A falta de consenso entre as duas forças políticas do país se agrava em um momento de piora dos indicadores econômicos dos Estados Unidos.
Na terça-feira (22/11), o governo divulgou o resultado do Produto Interno Bruto do terceiro trimestre, que apresentou alta de 2%, ante a previsão original de 2,5%.
Em reunião na tarde de ontem, os diretores do Fed, o banco central americano, optaram por não estabelecer objetivos formais de crescimento para os próximos meses, em função das incertezas nas variáveis políticas e macroeconômicas.
Em relatório a investidores, o Bank of America elevou sua previsão de crescimento para o quarto trimestre para a economia americana de 3% para 3,3%. Em compensação, reviu para baixo em 0,2 ponto percentual sua previsão de crescimento para 2012, a 2%.
"Tudo vai depender de como a população americana vai reagir a esse cenário de crise política, gastando mais ou menos no Natal", disse ao Brasil Econômico o professor de ciências políticas da Universidade Federal de Brasília (UNB), o americano David Fleischer.
A incerteza, segundo ele, recai no reflexo do racha político do país. "Os republicanos querem prejudicar Obama o máximo que puderem antes da corrida eleitoral, mas o presidente já deixou claro que não cederá às pressões e responderá com cortes automáticos na Defesa, o que pode ser um tiro no pé dos conservadores", diz Fleischer.
De fato, Obama enfrenta agora a difícil tarefa de equilibrar a natureza dos cortes, que superarão os US$ 100 bilhões anuais a partir de 2013.
Do ponto de vista mais imediato, outro fator que pode complicar o cenário dos Estados Unidos é o reflexo nas empresas e outros agentes econômicos em meio a uma taxa persistente de desemprego de 9% e o agravamento da crise na Europa.
"A falta de acordo pode levar a um novo rebaixamento do rating da dívida, o que complica ainda mais a recuperação do país", destaca Barbosa.
Ontem, as agências de classificação de risco não se pronunciaram sobre o fracasso das negociações. Para analistas nos Estados Unidos, a Standard & Poor's, após rebaixar sua nota de AAA para AA+ em agosto, não deve mudar a curto prazo sua posição.
Já a agência Moody's - que no início do mês mudou sua perspectiva de "estável" para "negativa" - seria a mais sensível aos solavancos no Congresso neste momento. A Fitch declarou, antes do fracasso nas negociações de anteontem, que poderia levar a uma revisão para "negativa", mas que só se pronunciaria sobre o assunto no final do mês.
Reflexos políticos
O embate entre democratas e republicanos sobre o orçamento do ano que vem, agora que só um acordo de emergência poderá evitar os cortes automáticos em 2013, torna mais nebuloso o cenário da corrida eleitoral.
Visivelmente contrariado com a recusa dos republicanos em aprovar o fim das isenções fiscais para os mais ricos, Obama tentará se esquivar da culpa pela falta de uma solução para a crise.
Por esse motivo, ainda não enfrentou a oposição direta do movimento de insatisfação popular "Occupy Wall Street", cujos enfrentamentos com a polícia de Nova York têm se agravado nos últimos dias. Mas tampouco demonstrou que é capaz de solucionar esse impasse, sob o risco de ver sua popularidade deteriorar com cortes obrigatórios na área social.
"O que conta a favor para o Obama neste momento é a ausência de um candidato republicanos forte para a Casa Branca", diz Barbosa.

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