Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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sexta-feira, 7 de novembro de 2014

O Bolsa Imprensa e a mídia do dinheiro fácil

bolsaimprensa
Ontem, logo após a entrevista da Presidenta Dilma Rousseff, postei aqui minha sugestão que o tão desejado corte nas despesas públicas comece pela mídia.

Hoje, tenho a ótima companhia de Paulo Nogueira, do Diário do Centro do Mundo que aprofunda e quantifica o que chama de “Bolsa Imprensa” que os governos brasileiros sempre concederam ao baronato de uma mídia decadente – em qualidade e controle da comunicação – neste país.

Ninguém está sugerindo que se pare de veicular publicidade nos veículos privados, ou que para isso eles apoiem o governo.

Mas há medidas de austeridade a tomar.

É muito “bonito” criticar o gasto de R$ 1 bilhão em obras públicas e receber R$ 1 bilhão (só no 1° turno, R$ 839 milhões), sem esforço algum, pela veiculação do horário eleitoral em suas concessões públicas de rádio e televisão, sem que para isso gaste um ceitil ou deixe de faturar outros, porque não me consta – e duvido e faço pouco – que suas tabelas de preço baseadas em grade de programação tivessem sido canceladas. Ou alguém viu a novela sem comerciais, já que o seu horário normal do pago pelos cofres públicos.

Gastar menos e gastar melhor.

Porque não faz sentido que a televisão – leia-se:a Globo – tenha a mesma parcela nas verbas se não tem, faz muito tempo, a mesma participação na comunicação.

Idem o da escolha de perfis de público, que é parte de uma “mídia técnica” e não um fator estranho a ela.
Ou será que um anúncio da Petrobras,  publicado num blog de política e economia, será menos eficiente do que um anúncio na Contigo?

Dinheiro de publicidade é gasto público, tanto quanto qualquer outro. Deve seguir o princípio da economicidade, da eficiência.

Fazer o que se pretende – informar ou promover empresas públicas, comportamentos e atitudes – com o menor gasto possível.

A mídia não quer que o governo mexa no ‘Bolsa Imprensa’

Paulo Nogueira

“O PT  busca golpear as receitas publicitárias dos veículos de informação – o que poderia redundar, no futuro, no controle de conteúdo pelo governo.”
Está na Veja, e raras vezes ficou tão clara a dependência financeira e mental que as grandes corporações jornalísticas têm do dinheiro público expresso em publicidade federal.

Havia, naquela frase, uma alusão à decisão do governo de deixar de veicular propaganda estatal na Veja, em consequência da capa criminosa que a revista publicou às vésperas das eleições.

Era o mínimo que se poderia fazer diante da tentativa de golpe branco da Abril contra a democracia.

Mas a revista fala em “golpear as receitas publicitárias” da mídia corporativa.

A primeira pergunta é: as empresas consideram direito adquirido o ‘Bolsa Imprensa’, o torrencial dinheiro público que há muitos anos as enriquece – e a seus donos – na forma de anúncios governamentais?

Outras perguntas decorrem desta primeira.

Que capitalismo é este defendido pelas empresas jornalísticas em que existe tamanha dependência do Estado e do dinheiro público?

Elas não se batem pelo Estado mínimo? Ou querem, como sempre tiveram, um Estado-babá?

Os manuais básicos de administração ensinam que você nunca deve depender de uma única coisa para a sobrevivência de seu negócio.

E no entanto as grandes empresas de comunicação simplesmente quebrariam, ou virariam uma fração do que são, se o governo federal deixasse de anunciar nelas.

Tamanha dependência explica o pânico que as assalta a cada eleição presidencial, e também ajuda a entender as manobras que fazem para eleger um candidato amigo.

Essa festa com o dinheiro público tem que acabar, e famílias como os Marinhos e os Civitas têm que enfrentar um choque de capitalismo: aprender a andar sem as muletas do dinheiro público.

Ou, caso não tenham competência para sobreviver num universo sem favorecimentos, que quebrem. O mercado as substituirá por empresas mais competitivas.

Não são apenas anúncios: são financiamentos a juros maternais em bancos públicos, são compras de lotes de assinaturas de jornais e revistas, são aquisições enormes de livros da Abril, da Globo etc.

Numa entrevista a quatro jornais, ontem, Dilma disse que o novo governo vai olhar com “lupa” as despesas, para equilibrar as contas e manter sob controle a inflação.

Não é necessária uma lupa para examinar as despesas com publicidade.

Entre 2003 e 2012, elas quase dobraram, segundo dados do Secom. De cerca de 1 bilhão de reais, foram para as imediações de 2 bilhões ao ano.

Apenas a Globo – com audiência em franca queda por causa da internet – recebeu 600 milhões de reais em 2012.

Um orçamento base zero, como os livros de gestão recomendam, evitaria a inércia dos aumentos anuais do governo com esse tipo de despesa.

Murdoch, em seu império mundial de mídia, tem dependência zero de publicidade de governos.

Banco estatal nenhum financia seus empreendimentos, e por isso ele quase quebrou na década de 1990 quando não conseguiu honrar os empréstimos para ingressar na área de tevê por satélite.

Foi obrigado a se juntar a um rival em tevê por satélite. Só agora Murdoch teve os meios para tentar comprar a outra parte, mas o governo inglês negou por conta do escândalo do News of the World.

Ele se bate pelo capitalismo, e pratica o capitalismo.

As empresas jornalísticas brasileiras pregam o capitalismo, mas gostam mesmo é de cartório.

E julgam, pelo que escreveu a Veja, que até o final dos tempos estão aptas a receber o Bolsa Imprensa.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

A moto da Dilma e o ônibus do Brizola

moto


Sensacional a matéria da Folha hoje sobre o passeio de moto de Dilma por Brasília.
Para quem não leu: a Presidenta driblou os seguranças, colocou um capacete e saiu de moto pelas ruas de Brasília, livre, leve e solta.
Se é verdade ou não, não sei.
Mas se não é, deveria ter sido.
Um dos maiores males de que se acometem os governantes é o isolamento palaciano.
A maioria porque gosta de bajulação e salamaleques, mesmo.
Mas também aos que não o querem, pela liturgia e responsabilidade dos cargos.
E isso, exceto a fenômenos políticos como um Lula ou um Brizola, personagens especiais que dificilmente perdem a sintonia com o povão, gera um desconhecimento que induz a erros e armadilhas que estão sempre a nos espreitar, ao governar.
O episódio me lembrou outro, que vivi.
Às vésperas da inaguração da primeira etapa da Linha Vermelha, lligando a Ilha do Governador ao Centro do Rio e ao Elevado da Paulo de Frontin, fui ao apartamento de Leonel Brizola, conversar sobre assuntos de Governo.
Ele estava reunido com duas pessoas, uma delas o Secretário de Transportes. Sentei-me no sofá próximo à mesa redonda onde ele despachava e esperei.
À saìda do secretário, dei o bote.
- Dr. Fulano, foi ótimo o senhor estar por aqui: eu preciso divulgar quais serãos as linhas de ônibus que vão passar pela Linha Vermelha…
Eu sabia que uma empresa, a Paranapuã, detinha quase o monopólio dos ônibus na Ilha do Governador e não ia pegar nada bem se só ela pudesse usar a nova via.
- Olha, ainda está em estudos, porque é uma via segregada, temos de considerar a velocidade do tráfego, etc, etc…
E o velho Briza olhando…
- Mas Doutor, eu não sou técnico de transportes, mas fico pensando no sujeito ali, no ônibus lotado, pendurado no balaústre, suando e vendo os carros particulares ..zupt!…pela Linha Vermelha e o ônibus dele parado para pegar o engarrafamento da Avenida Brasil.. .Será que ele náo vai ficar chamndo o Brizola de fdp, que faz obra só para uem tem carro?
O homem ficou pasmo…
E o Brizola, que sacou tudo, não perdoou:
- Olha, Dr. Fulano, o Brito pega ônibus, escute o que ele fala…Há quanto tempo o senhor não pega um ônibus, Dr. Fulano?
Suba na moto, Presidenta.
Dirija seu próprio governo, acelere, até mesmo correndo riscos, porque risco se corre em tudo.
E ficar parado, sendo corroído pelo tempo, é o pior deles, porque tem 100% de possibilidades de acontecer.
Não havia uma história sobre não ter medo de ser feliz?
Por: Fernando Brito

sexta-feira, 5 de julho de 2013

BARBOSA: FILHO NA GLOBO E VIAGENS PAGAS PELO STF

domingo, 25 de novembro de 2012

Corruptos não ajudam a polícia a investigá-los


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Ainda está distante o dia em que conseguirão um mísero elemento para acusar Lula de alguma coisa. O caso da chefe do gabinete da Presidência em São Paulo, Rosemary Noronha – indiciada pela PF por suspeita de tráfico de influência –, será só mais uma entre tantas apostas similares contra o ex-presidente que deram com os burros n’água.
Ainda me espanto com a falta de inteligência de um setor pequeno e barulhento da sociedade que não consegue enxergar que desde a ação penal 470 (mensalão) até esse último caso envolvendo uma assessora próxima do presidente anterior e da atual, tudo que a oposição e a mídia usaram até hoje contra os petistas decorreu de ações de Lula e Dilma no sentido de investigarem corrupção doa a quem doer, mesmo que doa a eles mesmos.
Vamos esclarecer uma coisa: quem nomeou os procuradores-gerais da República que acusaram petistas pelo mensalão, foi Lula. Quem nomeou a maioria dos ministros do STF que condenou aliados do ex-presidente e da sucessora, foram estes dois. Quem dotou a Polícia Federal, a Controladoria Geral da União e todos os demais órgãos de controle de meios para investigar o governo, foi o governo.
Alguns dirão que os governos Lula e Dilma não fizeram nada além da obrigação ao nomearem juízes e procuradores isentos, que, assim, poderiam lhes causar constrangimento pela natureza do cargo a que foram conduzidos – só o procurador-geral da República pode denunciar um presidente.
Não é bem assim. Antes de Lula, as nomeações eram de apaniguados do governo. Fernando Henrique Cardoso teve um só procurador-geral da República durante oito anos – Lula nomeou quatro. E o procurador nomeado por FHC jamais instalou uma investigação contra o governo, apesar da fartura de provas que havia em casos, por exemplo, como o da compra de votos da reeleição. Já os procuradores nomeados por Lula… Bem, leitor, você já sabe.
Assim, para validar o julgamento de exceção que toda imprensa admite, ao menos, que inovou em termos de aplicação da lei, dizem que a prova de que estaria sendo um julgamento justo é a de que foram Lula e Dilma que nomearam os juízes que estão decidindo contra o partido de ambos. Ora, isso só prova que os dois não usaram critério de escolha incorreto, ou seja, não escolheram aliados políticos. Ponto.
Voltando ao caso “Rose”, então. Apesar de mídia e oposição estarem achando, mais uma vez, que agora pegam Lula, fica a dúvida sobre se apostam nisso só por má fé ou se é, também, por burrice. Essa gente acredita mesmo que Lula e Dilma dariam a independência que dão aos órgãos de controle se algum dos dois estivesse envolvido em alguma ilegalidade?
Claro que, até aqui, tentam atingir só a Lula. Contudo, basta refletir que Rosemary trabalhava com Dilma até há pouco para entender como, no futuro, a proximidade de um subordinado envolvido em malfeitos pode atrair a boa e velha teoria do “domínio do fato”, que, agora, poderia ser usada para acusar a presidente…
Seja como for, a cada vez que uma instituição como a Polícia Federal ou o Ministério da Justiça, ambas comandadas pelo governo federal, apura alguma coisa errada neste governo ou no anterior, isso só prova que os titulares desses governos nada têm a temer. Ou alguém acha que um presidente não tem como impedir PF ou MJ de agirem em seu desfavor?
*
PS: Cuidado! Não se esqueçam de Erenice Guerra. Em 2010, foi colocada na mesma situação de Rosemary Noronha e neste ano, há poucos meses, foi inocentada de todas as acusações.

terça-feira, 26 de junho de 2012

Lula salvou Dilma de golpe orquestrado por Demóstenes e Cachoeira, revela jornal


A operação era ousada, mas se comprova pela rede montada pela dupla em todo o Brasil que se estendia em todo o tecido dos três poderes. Para isso, não titubearam em mexer e usar todas as peças do tabuleiro, incluindo gente do Executivo, Judiciário e do Legislativo, em todas as esferas.

Segundo o veículo de comunicação goiano Diário da Manhã, Lula teria abortado um golpe, cuidadosamente articulado pelo senador Demóstenes Torres e o bicheiro Carlinhos Cachoeira, contra o governo da presidenta Dilma Rousseff. Vale a pena ler o artigo para conhecer mais dos objetivos do ambicioso senador. Segue abaixo a íntegra do texto.

Lula aborta o golpe. Cai a mais audaz e ambiciosa conspiração política do Brasil

Nos bastidores da Operação Monte Carlo, deflagrada pela Polícia Federal, o senador Demóstenes Torres (ex-DEM) e o empresário de jogos de azar Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, gestavam uma estratégia que passou ao largo das investigações: pavimentar a candidatura do parlamentar para o Palácio do Planalto em 2014.
Lula utilizou de visão política para evitar um golpe. O objetivo: alçar Demóstenes Torres (ex-DEM) à Presidência da República
A meta de Demóstenes e Cachoeira era construir uma teia de relações políticas e uma estrutura financeira que viabilizassem a candidatura à sucessão da presidenta Dilma Rousseff. Segundo políticos e interlocutores do senador, o projeto foi a senha para o desencadeamento da operação policial e a entrada do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas articulações, com vistas a abortar a estratégia.

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Como se viu, a articulação política de Demóstenes e Cachoeira foi marcada por tentativas como, por exemplo, a discussão sobre a troca de partidos, daí as conversas sobre a saída do senador no DEM e o ingresso no PMDB. Na prática, o próprio movimento para a entrada do ex-democrata no ninho peemedebista e, portanto, na base aliada da presidenta Dilma, naufragou quando o PT e o Planalto perceberam a relação de Demóstenes com o contraventor.
A estratégia do senador e Cachoeira, segundo esses mesmos políticos e interlocutores, fica clara em trechos das gravações em que, a despeito de exaltarem suposta proximidade com o governo de Goiás, eles criticam o governador Marconi Perillo e reclamam de planos frustrados para a administração estadual.
O maior sonho do Demóstenes sempre foi pavimentar a candidatura nacional e subir a rampa do Planalto, por isso ele foi tão longe na defesa da bandeira da ética e encampou tantas propostas polêmicas na área de segurança pública e peitou caciques como (José) Sarney (PMDB-AP) e Renan (Calheiros, PMDB-AL)”, diz um amigo do senador.
O senador goiano foi longe em seu intento. Reeleito senador pelo Estado, o nome de Demóstenes entrou novamente, e com mais força, na bolsa de cotações para uma eventual candidatura de vice na chapa do PSDB ao Planalto. Nos momentos de estremecimento entre tucanos e democratas, o nome do senador goiano era citado até mesmo como alternativa para uma candidatura própria. Daí a profunda mágoa e a rápida reação dos líderes democratas em expulsá-lo do partido quando as denúncias contra ele e Cachoeira vieram à tona.
A princípio, a percepção era de que Demóstenes visava uma candidatura ao governo de Goiás em 2014, apresentando-se como uma alternativa ao PMDB e ao PSDB goianos. Mas o projeto, segundo interlocutores, sempre foi a Presidência da República.
“Demóstenes dizia que, para garantir a candidatura à presidência, ele precisava marcar o debate nacional com um discurso mais elaborado e convincente do que dos seus opositores. Ele encontrou no debate sobre a ética na política a ponte perfeita para encurtar esse caminho até o Planalto”, diz outra fonte, que também preferiu não se identificar. Aliás, segundo esse interlocutor, o projeto de Demóstenes para o Planalto nunca levou a aliança com o PSDB goiano em consideração. Era uma carreira solo entre Demóstenes e Cachoeira.
Na esteira do debate político e ético, o lastro financeiro era Cachoeira e sua rede de contatos no Estado e no cenário nacional. O empresário de jogos de azar foi o primeiro, segundo interlocutores do senador, a abraçar a proposta e se apresentar como colaborador na área financeira.
“O Cachoeira ficava imaginando os negócios que poderia fechar se tivesse nas mãos a fatura de uma corrida vitoriosa para a Presidência da República”, diz outro interlocutor.
“Nascia ali um PC Farias com muito mais bala na agulha”, comenta a fonte, em referência ao pivô da crise política que levou ao impeachment do então presidente Fernando Collor de Mello.
O cenário para a consagração de Demóstenes era perfeito. O político surgiu para o Brasil nas asas de uma carreira incontestável no Ministério Público, de onde foi catapultado para a Secretaria de Segurança Pública. Aí, o xerifão mais uma vez ganhou as manchetes da imprensa com a atuação para desvendar o sequestro de Welington Camargo, irmão da dupla sertaneja Zezé e Luciano. A fama de durão e incorruptível pavimentou o caminho para duas eleições consagradoras para o Senado.
Com o discurso de paladino da moralidade na ponta da língua na tribuna do Senado, temperado com frases espirituosas e inteligentes, Demóstenes logo virou o queridinho da imprensa nacional. Não custou muito para ganhar as páginas da Veja como o mosqueteiro da ética. Pilotando este marketing de Catão, surfou fácil nas ondas da maré anticorrupção que inunda o País.
Não poderia ser um nome melhor para enfrentar o petismo atolado até a garganta com denúncias de corrupção, entre elas o mensalão e a demissão de oito ministros do governo Dilma. Demóstenes, sem dúvida, despontava como o Dom Quixote brasileiro que lutava contra os moinhos verdadeiros da corrupção nacional, tendo como fiel escudeiro o empresário Carlinhos Cachoeira.
Isso deixou Lula angustiado, pois certamente colocaria fim ao domínio petista no País, que se aproxima de 16 anos e caminha tranquilo para uma hegemonia de 20 anos. O senador goiano poderia ser o homem que dispararia o tiro de misericórdia no lulismo. Lula, porém, teve a competência de enxergar a ameaça e abrir fogo contra o inimigo, agora desmascarado em todo o Brasil, depois de reveladas as estrepolias demostenianas.
A operação era ousada, mas se comprova pela rede montada pela dupla em todo o Brasil que se estendia em todo o tecido dos três poderes. Para isso, não titubearam em mexer e usar todas as peças do tabuleiro, incluindo gente do Executivo, Judiciário e do Legislativo, em todas as esferas.
Tanto é que quando o escândalo explodiu, o Senado solidarizou-se de imediato com Demóstenes. Mas, em seguida, o DEM o expulsou e agora até mesmo o PMDB de Iris Rezende, acostumado a abrigar em suas fileiras políticos com vasto currículo de malfeitos, o rejeitou.
Tudo foi pelos ares, porém, pela astúcia do ex-presidente Lula, que, mesmo abatido pelo câncer, não perdeu o faro e a visão que o tornaram o maior político do Brasil.
E o cenário dos Moinhos de Ventos de La Mancha (da corrupção) terminou com dois Sancho Pança, personificados em Demóstenes Torres e Carlos Cachoeira como as tristes figuras do épico de Cervantes.

Diário da Manhã

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Globalização, ou “o mundo é dos EUA”

As primárias de Iowa podem dar força ao ultradireitista Rick Santorum
Começam hoje as eleições primárias que não escolher o candidato republicano à Presidência dos Estados Unidos – entre os democratas, a escolha de Obama é óbvia.
E, por mais decepcionante que possam ter sido as atitudes do atual presidente, a alternativa republicana é mil vezes pior.
Hoje, numa expressão crua do que é a economia globalizada, um dos candidatos favoritos, Mitt Roomey, disse que os EUA não ajudariam “nem com um dólar” a Europa a vencer a crise; crise, aliás, que tem suas origens exatamente no sistema bancário americano.
Outro republicano – que pode crescer nas pesquisas com o resultsdo da primeira prévia, hoje, em Iowa – o ultradireitista Rick Santorum começou o ano afirmando que, eleito, bombardearia o Irã.
Decadentes ou não, o fato é que os EUA ainda são o império. E impérios, na decadência, tornam-se pateticamente agressivos.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

ITAMAR FRANCO: UM HONRADO PATRIOTA

O homem que morreu neste sábado não pertencia às elites políticas ou empresariais de Minas. Engenheiro, filho de descendentes de imigrantes (o pai, de alemães, e a mãe, de italianos) Itamar teve uma infância de classe média modesta. Não chegou a conhecer o pai, que morreu pouco antes que nascesse. Formado, com as dificuldades da situação familiar, em engenharia, aos 24 anos, trabalhou no saneamento básico na periferia de Juiz de Fora, antes de integrar os quadros do DNOCS. Esse contato com o povo o levou à vida pública.
Itamar não foi um político definido pelos estereótipos. Destacaram-se em sua personalidade e ação política os dois sentimentos que orientam os grandes homens públicos de Minas: o do nacionalismo – que vem da Inconfidência - e o da justiça social. Não há como negar a Itamar o alinhamento ideológico à esquerda. Um de seus ídolos desde a adolescência foi o gaúcho Alberto Pasqualini, dos mais importantes pensadores políticos brasileiros e conselheiro de Getúlio.
Como é de conhecimento público, prestei assessoria informal ao Presidente, e, mais tarde, ao governador. Pude acompanhar, de perto, seu empenho na defesa dos interesses nacionais e da moralidade no governo. Acompanhei, de perto, as suas preocupações, quando decidiu adotar, a conselho de membros da equipe econômica, o expediente antiinflacionário da Alemanha dos anos 20 – o Plano Schacht. Era a segunda vez que se tentava, no continente, a mesma estratégia contra a hiperinflação, bem conhecida como matéria de estudos financeiros. A primeira fora a do Plano Austral, da Argentina. Também o Plano Cruzado, de Sarney, contemplava algumas de suas medidas.
Conhecedor de matemática, Itamar reviu o plano, ponto a ponto, fez correções que lhe pareceram apropriadas e, só depois disso, assinou a medida provisória que o implantou.
Poucos dias antes de sua internação, estive em seu gabinete, em companhia do Embaixador Jerônimo Moscardo, que foi seu Ministro da Cultura. Ao nos cumprimentar, visivelmente gripado, Itamar reclamou do ambiente frio do Senado. “Esse ar acondicionado é de matar”. E disse que estava com uma gripe que não cedia.
Convidou-nos para uma visita ao gabinete do presidente José Sarney, ao lado do seu. Conversamos os quatro, alguns minutos, sobre a situação do país e do mundo. Relembramos a personalidade de Tancredo Neves e episódios menos conhecidos do processo de transição democrática que, pelas circunstâncias do tempo, Sarney e este jornalista haviam vivido mais de perto.
Itamar estava preocupado com a situação do país, e a necessidade de que se formassem líderes capazes de enfrentar as dificuldades internacionais do futuro próximo. Naquele mesmo dia, ele solicitara da Mesa do Senado a transcrição de um artigo meu, publicado neste jornal, de reparos ao seu sucessor.
O grande êxito de Itamar pode ser explicado pela renúncia pessoal às glórias e pompas do poder. Não foi açodado em assumir o governo, depois do impeachment de Collor. Coube a Simon instá-lo a isso, sob o argumento da razão de Estado: o poder não admite o vazio. Logo que assumiu a Presidência, reuniu todos os dirigentes partidários e líderes no Congresso, sem excluir ninguém, nem mesmo o folclórico Enéas Cardoso. Disse-lhes que estava disposto a convocar eleições imediatas para a Presidência e Vice-Presidência, se estivessem de acordo. Silenciou-se, à espera da resposta – e ninguém concordou. Por duas ou três vezes, ele me disse que, apesar daquela recusa unânime, talvez tivesse sido melhor consultar o povo, naquela difícil circunstância.
Quando se pôs o problema de sua sucessão, tendo em vista a sua altíssima popularidade – de mais de 80% - alguns líderes políticos lhe propuseram a apresentação de emenda constitucional permitindo a sua reeleição. Itamar recusou, com veemência, a proposta. O democrata não poderia admitir o golpe que seu sucessor desfecharia.
Mais do que sanear a moeda, Itamar ficará na História por haver recuperado a credibilidade da Presidência da República junto ao povo brasileiro. Poucos, muito poucos, dos que exerceram o alto cargo ao longo da História, ficarão na memória da Nação com a mesma e sólida presença de Itamar Franco, modesto homem do povo, intransigente patriota, severo guardião do bem público.